Os dois visitaram, no começo da manhã, o reservatório instalado na cidade, que armazena as águas do São Francisco, no final dos 270 quilômetros do Eixo-Leste da transposição. Em seguida, cercados por uma multidão, que disputava cada aceno dos dois ex-presidentes, se dirigiram à praça central de Monteiro, onde cerca de 50 mil pessoas, segundo o Partido dos Trabalhadores, esperavam a comitiva.
O ato contou ainda com a presença de senadores como Lindbergh Farias, Gleisi Hoffmann e Humberto Costa, todos do PT, além do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e um grande números de deputados federais e estaduais, que se revezaram nas falas em defesa das obras de transposição do São Francisco e a defesa da candidatura de Lula, nas próximas eleições presidenciais, em 2018.
O petista já declarou a disposição de concorrer ao pleito e inclusive lidera pesquisas de intenção de voto, divulgadas este ano. Mas o ex-presidente convive com o que ele chama de "perseguição" do Judiciário brasileiro, que o investiga em mais de cinco processos, três deles no âmbito da operação Lava Jato.
As obras da transposição foram iniciadas em 2007, na segunda gestão de Lula à frente da presidência - apesar de ter sido aventada ainda no tempo do Brasil Império e rechaçada por diversos presidentes da República. "A transposição era uma obra de conveniência. Só defendiam quando precisavam de votos", afirmou Lula.
O ex-presidente disse que, com a transposição, "esse povo pobre começou a ter esperança", e lembrou que, sua infância, no sertão de Pernambuco, foi decisiva para que a obra fosse levada a cabo. "Eu não pensei nessa obra porque eu sou letrado. Eu pensei porque, quando eu tinha sete anos de idade eu já carregava lata de água na cabeça, eu sei o que o povo sofre sem água", apontou Lula.
O senador Lindbergh Farias, defendeu a "paternidade" de Lula na transposição do São Francisco, a maior obra hídrica do Brasil, que deverá beneficiar populações do semiárido brasileiro nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
"Lula levou muita água na cabeça, sabe o que é a seca. O povo sabe que foi Lula quem colocou essa obra no papel. Chega a ser ridícula essa posição do Temer", disse o senador, em referência a membros do governo Temer, que tentaram, durante a semana, reivindicar celeridade na entrega das obras.
Na sexta-feira (17), o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, chegou a postar no Twitter, que a ex-presidenta "Dilma não conseguiu entregar as obras" em seis anos, enquanto o governo Temer entregou em "seis meses".
Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o evento deste domingo mostrou para o país, "que quem é o verdadeiro pai da obra é o Lula. Aliás, as pessoas vieram aqui, chorando, emocionadas, para dizer isso", disse.
"Muita gente veio falar comigo, dizendo: 'olha, eles tentam enganar a gente, mas a gente sabe que quem fez essa obra foi o Lula'", destacou a petista.
O cearense Junior Coutinho, 43 anos, que trabalha em uma ONG, no estado vizinho, e veio até a Paraíba, só para acompanhar o evento com Dilma e Lula, destacou que "a transposição das águas do Velho Chico traz esperança e alento para todos nós nordestinos. Se Deus quiser, cada vez mais, o Brasil vai reconhecer o trabalho desse grande nordestino [Lula] para o nordeste e para o Brasil.
Pedro Limeira, paraibano de 46 anos, servidor público, afirmou que "se existe um pai para essa obra é Lula. A Dilma deu continuidade e o Temer apenas inaugurou", disse. "A figura do Lula é uma figura emblemática e não é de hoje, o Temer é que é o estranho no ninho", completou o servidor.
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), destacou que a transposição do São Francisco é a "obra do século". "Talvez poucas pessoas no Brasil tenham a noção do que seja essa obra. Em 40, 60 dias, 1 milhão de paraibanos estarão bebendo dela. É uma obra que vai dar capacidade de desenvolver a economia do semiárido nordestino", afirmou. Coutinho apontou, no entanto, que para ele, o maior legado da obra "é fazer com que o coronelismo sofra o seu mais duro golpe", na região.
Segundo o governador, "as pessoas não imaginem o que tenha sido, ao longo dessa caminhada, o domínio das oligarquias, através da lata de água, da terra que não se podia cultivar. E isso significa libertação, que significa, inevitavelmente desenvolvimento", completou. Lula advertiu o governador da Paraíba, para que ele impeça "fazendeiros de pegarem toda água só para eles, com bomba. Esse projeto tem função social", disse.
Durante sua fala, a ex-presidenta Dilma Rousseff lembrou que o Partido dos Trabalhadores irá disputar as eleições de 2018, para "reestabelecer a democracia" no país. Após sofrer o impeachment durante sua gestão, no ano passado, Dilma afirma que é preciso ter "cuidado" no processo eleitoral do próximo ano. A presidenta conclamou todos a buscarem a retomada da democracia e destacou: "Que eles não venham impedir candidaturas legítimas", disse. "No tapetão não"!, bradou. Por José Eduardo Bernardes Brasil de Fato | Monteiro (PB) Edição: Vivian Fernandes.
Créditos: Brasil de Fato
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