quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Disputa territorial com conseqüências econômicas


China, Japao, Senkaku, conflitoAs autoridades chinesas apelaram aos organizadores e participantes das manifestações anti-nipónicas para porem termo às desordens. 

As ações de protesto prosseguem desde o dia 11 de setembro após Tóquio ter declarado a intenção de comprar as ilhas Diaoyu (Senkaku). Ao mesmo tempo, Pequim não deixa de anunciar que a política do governo japonês terá efeitos negativos no estado das relações econômicas bilaterais.
Na quarta-feira, porém, pela primeira vez nos últimos dias, não foram registradas quaisquer ações de protesto em Pequim e outras cidade chinesas. O governo da China exortou pôr fim à violência depois de um incidente ocorrido, esta terça-feira, ao Embaixador dos EUA que, felizmente, se escapou ileso.
Enquanto isso, os peritos avisam que o agudizar do conflito entre Pequim e Tóquio poderá provocar uma autêntica guerra comercial entre os dois países. A tal perspectiva alude também o governo chinês. Alguma mídia da China lança insistentes apelos no sentido de proibir as importações de artigos nipônicos. Paralelamente, vão surgindo exigências de suspender as exportações chinesas de metais de terras raras que se revestem de enorme importância para a indústria japonesa. Em todo o caso, uma confrontação econômica aberta afetará ambas as partes conflitantes, considera o perito do Instituto do Médio Oriente, Yakov Berger.
"Com efeito, a guerra comercial seria mais perigosa para o Japão que depende da China em maior medida. Mas a China também sofrerá prejuízos. O Japão, por sinal, tem investido muito na economia chinesa. Criou ali novos empregos. No entanto, os operários chineses de baixa qualificação trabalham, sobretudo, em cadeias de produção. Por isso, eventual encerramento de fábricas fará com que eles voltem para os seus lares em zonas rurais onde não há trabalho."
Na seqüência das agitações que eclodiram na China foram fechadas, por um período indeterminado, as filiais de várias companhias nipônicas, inclusive da Panasonic e Canon. Foi igualmente suspenso o funcionamento de numerosas firmas daquele país. Todavia, uma guerra comercial de larga escala não se configura num horizonte próximo, reputa o perito em questões do Oriente, Alexander Salitski.
"No século XXI, tudo se resolve por companhias industriais e mercados. O grande capital, naturalmente, fará parar quaisquer ações que ultrapassem os limites do razoável. Não se trata, pois, de uma confrontação séria, pelo que os processos de produção estão interligados."
A China possui experiência da regularização de disputas territoriais com os Estados vizinhos, incluindo com a Rússia. Mas o caso com Tóquio incide sobre um dos conflitos mais agudos, razão pela qual as partes conflitantes, na pior das hipóteses, podem esquecer-se de motivos econômicos reais e de atitudes sensatas. O governo da China guarda a memória da ocupação chinesa dos 30-40 do século passado. Os centros de educação e a comunicação social também têm apelado para não esquecer esse período dramático e vergonhoso na historia do país.
Enquanto peritos e analistas se envolvem em polémicas, o investimento estrangeiro na econômica chinesa tem vindo a diminuir. O Japão reduziu o volume de alocações em mais de duas vezes, embora a queda geral se cifre em apenas 1,5%%, informa a agênciaBloomberg. A principal causa disso reside na desaceleração de ritmos do crescimento econômico na China. Mas, de qualquer maneira, a escalada do conflito é capaz de afetar os planos de investidores.

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