O comício realizado hoje (22) pelo PT em Brasilândia, na zona norte de São Paulo, marcou o início da estratégia de trazer para Fernando Haddad o eleitor ligado ao partido e que neste momento manifesta intenção de votar em Celso Russomanno (PRB). Durante todo o evento, os líderes petistas trabalharam sobre a ideia de que o ex-ministro da Educação é o único representante dos governos Lula e Dilma nas eleições municipais.
“Tem muita gente equivocada. Você já imaginou acordar no dia depois da eleição e dar com quem pode dar? O que a gente vai fazer da vida esses quatro anos?”, manifestou a ministra da Cultura e ex-prefeita Marta Suplicy. “Tem um candidato que eles [os eleitores] gostam, mas não sabem muita coisa. Acham que sabem porque ele apareceu na televisão.”
Conforme apurou a RBA, pesquisas qualitativas realizadas pelo PT mostraram que o eleitor identificado com o partido e menos politizado entende que Russomanno também é representante do projeto de governo nacional liderado atualmente por Dilma Rousseff. Residiria aí uma das grandes dificuldades em garantir o crescimento de Haddad nas pesquisas de intenções de voto.
Com isso, o petista, que durante debate na segunda-feira (17) havia centrado fogo em José Serra (PSDB), principal oponente para chegar ao segundo turno, passou agora a destacar também suas diferenças em relação ao candidato do PRB. “Temos um fenômeno que temos de saber lidar, que é o Celso Russomanno. Pergunto a vocês se sabem quantos CEUs o Russomanno prometeu fazer. Sabem quantos quilômetros de ônibus o Russomanno prometeu fazer? Quantas escolas ou quantos hospitais? Vocês não sabem, eu não sei. E tem uma coisa que é pior: ele não sabe. Ele não sabe o que ele pode prometer”, disse. “Ele vai empurrando com a barriga. São Paulo não é uma cidade para amador tocar.”
Na mesma linha foi o discurso de Marta Suplicy, que ressaltou o fato de Russomanno pertencer a um partido pequeno e de sua trajetória política ser relativamente desconhecida do eleitorado. No principal ponto do discurso, a ministra lembrou que ela, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva têm Haddad como único candidato na capital. “Os três estão falando: vota nele. Vota nele porque é o melhor. Vota nele porque é o bom”, destacou. “O outro ninguém sabe. Não dá para governar sozinho. Ninguém sabe a história, ninguém sabe a trajetória. Não tem programa. E aí peço para que vocês confiem na minha palavra.”
Propostas
A falta de propostas efetivas do candidato do PRB é um dos motes da campanha petista nas duas semanas restantes até o primeiro turno. A campanha eleitoral na TV começou a exibir hoje um vídeo dizendo que não se pode votar em alguém simplesmente porque é “amigão”. Na inserção, um homem diz no bar que votará no amigo. “Mas eu não tenho nenhuma proposta!”, se espanta o companheiro de mesa. “Na hora você inventa uma e tudo bem!”, responde o outro, acrescentando que para ser prefeito basta dizer que entende de “eletrodoméstico, troca de mercadoria, garantia”.
Conhecido pela quase totalidade do público, Russomanno alcançou popularidade graças a programas de televisão nos quais aborda os direitos do consumidor. Haddad aproveitou o comício em Brasilândia para destacar esta questão e rebater o que acredita ser um desconhecimento do adversário sobre a viabilidade da implementação do Bilhete Único Mensal. Segundo o petista, o cartão no valor de R$ 140 para permitir viagens ilimitadas consumiria 1% do orçamento municipal. Em sentido contrário, o político do PRB afirma que é necessário cobrar um valor maior de quem faz um trajeto mais longo.
“Não é por mal: é por desconhecer a administração pública”, lamentou Haddad, acrescentando que a proposta acabaria por punir os mais pobres, que fazem deslocamentos longos. “Cidadão não é só consumidor. Você para o SUS? Não. Você para a educação pública? Não. Não é uma relação de compra. É uma relação de direito.”
Rede Brasil Atual
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