Segundo Pyongyang, a participação do porta-aviões nuclear Nimitz nas manobras de três dias dos EUA e Coreia do Sul representa uma grave ameaça à sua segurança nacional.
A maioria dos especialistas, por sua vez, chamam as ações dos Estados Unidos uma provocação que poderia ter sido evitada por considerações de senso comum.
Os exercícios navais conjuntos das Marinhas dos EUA e da Coreia do Sul na área da península Coreana começaram na segunda-feira. Seus participantes estão trabalhando missões de interceptação e destruição de mísseis inimigos, métodos de defesa contra submarinos e repelimento de ataques aéreos.
É evidente que a situação na península está longe de ser ideal. Muito recentemente, a comunidade mundial receava seriamente uma grande guerra. Nos últimos tempos, a tensão parece ter começado a diminuir. Mas os sulistas e os norte-americanos continuam a manter a linha de força. Não deixam a Coreia do Norte desviar a atenção de seu tema favorito. Logo que sua retórica se torna mais pacífica, o lado oposto põe lenha no fogo. Por consequente, a crise na península Coreana toma um carácter permanente.
Eis o que diz o diretor do Centro de Pesquisas Políticas Públicas, Vladimir Evseev:
"Eu acredito que os EUA estão tentando acalmar o conflito e, ao mesmo tempo, fortalecer as relações com o seu aliado. Sem dúvida, o envio do porta-aviões vai significar uma provocação para a Coreia do Norte. A resposta pode vir, por exemplo, na forma do quarto teste nuclear. Deste ponto de vista, seria prudente que os Estados Unidos se abstivessem de provocações. Especialistas sérios, até recentemente, partiam do fato que a situação começou a melhorar. Da parte de Pyongyang foram feitos certos passos. Podia se esperar se não uma normalização, mas pelo menos uma suspensão da crise. As ações dos Estados Unidos, no entanto, podem contribuir para o agravamento da crise na península Coreana".
Por um lado, os norte-americanos (assim como seus aliados sul-coreanos) parecem ter algo a temer. Acredita-se que a Coreia do Norte pode, dentro dos próximos cinco anos, conseguir ter ao ser dispôr mísseis balísticos com ogivas nucleares. Por outro lado, isso é uma questão do futuro. E atualmente, o exército sul-coreano é capaz de derrotar os nortistas mesmo sem a ajuda do Pentágono (sem falar de ações conjuntas).
Assim que, segundo especialistas, os sulistas não têm realmente nada a recear. Os nortistas só podem ameaçar, mas eles não têm capacidade de fazer algo de concreto que colocasse em risco a própria existência do estado sul-coreano. Realizar manobras militares intermináveis em tal situação é, no mínimo, irracional.
Para quê, então, gastar enormes somas de dinheiro de contribuintes norte-americanos em demonstrações de força lá, onde estão muito bem informados dela? Aparentemente, a fim de fortalecer o seu domínio na região. Mas isso não muito a ver com a segurança da Coreia do Sul e não está ajudando a reduzir o grau de confrontação na península Coreana.
Portanto, não se deve esperar mudanças significativas do ambiente muito tenso. Diz o doutor em filosofia, pesquisador sênior do Centro Coreano do Instituto do Extremo Oriente, Evgueni Kim:
"São compreensíveis as intenções dos EUA. São compreensíveis as intenções da Coréia do Sul. São compreensíveis também os motivos das ações da Coreia do Norte. Eu prevejo que em julho haverá uma nova fase de tensões. E a próxima terá lugar em agosto. Em julho – por causa do 60º aniversário do Acordo de Armistício na Guerra da Coreia. Ambos os lados vão dizer: "Nós vencemos!" Mais uma vez começará um sério duelo verbal. E em agosto começam os novos exercícios militares em grande escala dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Eles também contarão com a participação de um porta-aviões nuclear, um submarino nuclear, contratorpedeiros com o sistema Aegis, e assim por diante".
Infelizmente, surge um círculo vicioso, escapar ao qual se torna cada vez mais difícil. Em tal situação, uma vez já estiveram também as grandes potências do século XX: a União Soviética e os Estados Unidos. A Crise dos mísseis de Cuba foi resolvida literalmente na última hora. Terão as partes da península Coreana suficientes capacidades técnicas, organizacionais e simplesmente comunicacionais para isso? Esta é a grande questão que, por enquanto, permanece sem resposta.
Fonte: Voz da Rússia.
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