Após os golpes israelitas dirigidos à Síria, o Oriente Médio ficou à beira de uma guerra de grandes proporções. Há quem considere que este perigoso limite não será, contudo, ultrapassado.
Como era de esperar, a reação das autoridades sírias foi profundamente negativa. Os militares sírios receberam a ordem de virar os complexos de mísseis na direção de Israel. O Ministério das Relações Exteriores qualificou a operação aérea israelense de uma assistência direta aos grupos terroristas. Resta saber, se às palavras seguirão as ações concretas. Disto duvida um politólogo sírio Hassan Hassan.
“Agora Damasco se defronta com uma opção relativamente fácil: ora a Síria recorrerá a uma vingança banal, ora vai seguindo o rumo anterior em relação a Israel. Claro que a primeira variante parece mais rápida e demonstrativa. Mas ajudará tal opção a alcançar objetivos políticos externos? Creio que não. Por isso, é pouco provável que Damasco vá proceder a ações de represália. A propósito, alguns meios de comunicação social tanto árabes como ocidentais filmaram o ataque aéreo desde o início. Isto quer dizer que tudo havia sido planejado a fim de provocar o Exército sírio a empreender golpes de resposta apressados. Todavia, o ataque israelense terá consequências.”
A atual situação marcada pela indefinição não deixa de causar apreensão. A Síria se abstém de passos decisivos que possam vir a ser qualificados como um “golpe de retaliação”. Alguns projeteis sírios rebentaram nas colinas de Golã. No parecer de peritos militares de Israel, este foi apenas um incidente. Mas em face da situação muito tensa, tal incidente pode causar uma guerra.
O MRE da Rússia considera que o fomento da confrontação armada poderá criar focos da tensão no Líbano e levar à desestabilização na zona da fronteira entre o Líbano e Israel. Por isso, a Síria está interessada em mostrar a moderação máxima, procurando atrair a atenção da comunidade mundial para o facto de agressão, afirma o redator-chefe da revista Defesa Nacional, Igor Korotchenko.
“É evidente tratar-se de um ato de agressão. Não existiram nem existem causas para realizar ataques como esse. Israel inventou-as. No que tange à reação síria, não haverá a escalada da tensão nessa vertente. Para Damasco é importante lidar com a situação do conflito armado interno. Claro que os maiores esforços estão virados para a solução desse problema”.
É óbvio que os motivos da ação divulgados por Tel Aviv causam algumas dúvidas por ter atraído e envolvido para a eventual guerra seus aliados e países vizinhos. É bom que Assad não se preocupe muito com Israel, diz o professor associado da Cadeira de Orientalismo do Instituto das Relações Internacionais, Nikolai Surkov.
“Não devemos esperar por um golpe potente da parte da Síria. Tanto mais que este não é o primeiro caso em que os militares israelenses passam a aniquilar alvos no território da Síria. Damasco não tem a possibilidade de retaliar o golpe de forma adequada. A única coisa que a Síria pode fazer é prestar apoio aos grupos de combatentes anti-israelenses. Todavia, a maior parte de recursos se destina agora para a luta contra a oposição síria”.
Violar a soberania e a integridade territorial de um país em guerra civil poderá suscitar problemas enormes. Neste caso, vai crescendo o perigo de um sério conflito regional. Mas há uma esperança de que a provocação israelense não seja, desta vez, atendida. Nesse sentido, não importa muito a causa disso: seja por fraqueza de sírios ou por sua sabedoria e sagacidade.
VOZ DA RÚSSIA |
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