O colunista e escritor Xico Sá, cearense do Crato, 52 anos completados há uma semana, pediu demissão do jornal Folha de S. Paulo após ver vetado um artigo em que manifestava voto na presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, conforme já havia feito pela rede social Twitter. A saída do jornalista, hoje mais conhecido por títulos sobre comportamento e comentários esportivos, mas que durante muito tempo atuou como repórter político, foi confirmada ao site Brasil 247 por Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal, que alegou a preocupação da Folha de evitar proselitismo entre seus colunistas. “E o chapeleiro Azevedo?”, questionou, também via Twitter, o jornalista Rodrigo Vianna, referindo-se a Reinaldo Azevedo.
De acordo com o site, após o veto ao texto que sairia sábado (11) no caderno Esporte, foi dada a Xico Sá a opção de escrever um artigo na editoria de opinião. Mas o colunista recusou a alternativa.
O episódio, em certa medida, lembra o ocorrido há pouco mais de quatro anos, em 6 de outubro de 2010, com a psicanalista Maria Rita Kehl. Ela foi demitida do jornal O Estado de S. Paulo depois de escrever um artigo, publicado na véspera, sobre “desqualificação” dos votos das pessoas pobres. Na ocasião, deu entrevista ao repórter Bob Fernandes, no portal Terra Magazine, e disse ter sido dispensada por um “delito” de opinião.
O artigo, intitulado Dois Pesos..., terminava assim: “Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do país, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos”.
Na entrevista, Maria Rita chegou a declarar que considerava um “erro estratégico” do governo queixar-se da imprensa, mas também não conhecia nenhuma ação concreta para cercear a mídia. Por outro lado, acrescentou: “A imprensa, que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um 'delito' de opinião”.
Nos últimos dias, Xico Sá manifestou-se várias vezes no Twitter a favor de Dilma e contra o candidato do PSDB, Aécio Neves: “na boa, do fundo del corazón, cuma alguém pode em Aécio? juro q não vou julga-lo por nenhuma das 50 escrotidões q poderia julgá-lo”, escreveu no sábado, quando também anunciou seu voto: “se fosse votar por vocês burguês era Aécio até o talo; mas cuma prefiro votar pelo meu povo da porra e q necessita, é Dilma, carajo”.
Ele também criticou o comportamento da imprensa: “peguei um tempo no jornalismo q investigava todo mundo, mas foi so um tempim d nada, era acocho em todo mundo, agora so vale prum lado, é foda”, ou “um dia ainda vou contar tudo q a imprensa ñ deixa sair se for contra a orientação política dos grandes jornais. só podem os reinaldões etc”.
E fez restrições sobre a cobertura eleitoral: “lindo qdo um menino d hj fala no roubo do PT, sobre o qual há dúvida, e mal sabe q fui repórter d política e provei muitos roubos do PSDB”.
Créditos: Rede Brasil Atual
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