Estrelas da abertura do 5º Congresso Nacional do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff fizeram discursos distintos na forma, mas convergentes no conteúdo. Para militantes e delegados presentes no Hotel Pestana, em Salvador, em evento encerrado por volta da meia-noite de ontem (11). "Não mudamos de lado", disse Dilma. "Não alteramos os compromissos que temos com o Brasil e que o PT tem com o país. Vim aqui lembrar que nosso quarto mandato está apenas no início. Vamos dar continuidade ao processo de inclusão."
A fala da presidenta foi técnica, a de Lula emocional, embora ele tenha levado um discurso escrito "em colaboração com os companheiros do Instituto (Lula) para não falar com o fígado", afirmou. Segundo ele, o partido "nasceu para mudar o Brasil e esta é a razão da nossa existência".
Na fala do ex-presidente, está clara, embora implícita, a dificuldade de falar a uma militância que não concorda com o ajuste fiscal de Joaquim Levy, no início do quarto mandato de um governo que desde 2003, quando ele começou a governar com o PT, resiste contra "os que querem fazer o Brasil voltar à Idade Média social". Lula procura não deixar transparecer suas próprias discordâncias da política econômica, apontadas por parte da mídia.
Como Dilma, Lula não nega as dificuldades. "É claro que que temos problemas", disse. "Quem pode nos ensinar que caminhos devemos seguir são os trabalhadores, e o povo mais pobres deste país. É com eles que devemos conversar sobre os nossos acertos e os nossos erros", acrescentou mais à frente. Segundo Lula, o povo "está dizendo que devemos manter o combate implacável à inflação. O povo está dizendo que temos de arrumar a casa, como o governo da presidenta Dilma está fazendo, para continuar inspirando segurança e recebendo investimento."
Ao mesmo tempo em que defendeu a política econômica, no discurso de Lula está embutida a angústia de parte significativa da sociedade preocupada com a os rumos da economia e com as conquistas dos governos petistas. "O povo está dizendo ao PT neste momento: não deixem o país parar de crescer e incluir, não se acomodem, pelo amor de Deus, não nos decepcionem, façam aquilo que acreditamos que vocês são capazes de fazer."
Dilma discursou depois e foi enfática. Falou de números e programas que deram certo nas gestões do PT. "Estamos há sete anos lutando contra a crise", lembrou. "Temos que fazer o ajuste, sim, tanto por razões externas quanto por razões internas."
A presidenta usou duas vezes a expressão "tática" para caracterizar a atual política. "Somos um governo que tem coragem de fazer ajustes. Muitas vezes as circunstâncias impõem movimentos táticos para a manutenção do objetivo mais estratégico, no nosso caso a transformação do Brasil em uma nação desenvolvida, menos desigual e mais justa. O PT deve saber fazer a leitura correta da conjuntura."
A presidenta não vaio abrir mão do ajuste fiscal. "Eu não tenho receio de ser submetida ao julgamento da história. Estive sempre deste lado do qual estamos."
Créditos: Rede Brasil Atual
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