Bonn, na Alemanha, onde diversos chefes de Estado estão em uma das últimas reuniões preparatórias à vigésima primeira edição da Conferência das Partes (COP-21, na sigla em inglês) da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU. A seis meses do encontro marcado para Paris, no qual os 196 países signatários da Convenção terão a difícil missão de fechar um acordo que possa dar continuidade ao que foi iniciado com o finado Protocolo de Kyoto, persistem centenas de colchetes [lacunas em partes não consensuais] no documento prévio da COP-21, assim como o duradouro impasse em relação aos dois principais entraves a um acordo global para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Na mesa de negociações, as divergências estão concentradas nos mesmos temas das últimas cinco COPs realizadas e já são uma ameaça concreta ao objetivo de aprovar em Paris um novo acordo a tempo de ser aplicado a partir de 2020. Não há consenso sobre a definição de metas obrigatórias de redução para países ricos, pobres e "emergentes". O primeiro grupo, capitaneado pelos Estados Unidos, quer compromissos concretos, sobretudo dos países emergentes. Já as economias em desenvolvimento, o Brasil entre elas, cobra uma participação maior dos países industrializados, considerados responsáveis históricos pelo atual ciclo de aquecimento global, e a aplicação do conceito de "responsabilidades comuns, porém diferenciadas" estabelecido no Protocolo de Kyoto.
A segunda divergência diz respeito à concretização do Fundo do Clima, fundo global criado para permitir a transferência de recursos e tecnologia aos países pobres para o combate e adaptação ao aquecimento do planeta. E, sobretudo, à definição de quais países irão financiar essa iniciativa, já que a meta de alimentar o fundo com US$ 100 bilhões anuais até 2020 está longe de ser alcançada. Anfitriã da reunião em Bonn, a primeira-ministra alemã Angela Merkel anunciou que o país doará 4 bilhões de euros anuais e tem a expectativa de alavancar outros 6 bilhões de euros junto à iniciativa privada. Até o fim do encontro, que prosseguirá até 11 de junho, é possível que outros países do G7 também anunciem valores concretos de contribuição com o Fundo do Clima.
Mas, apesar das reiteradas manifestações de boa-vontade de diversos governantes, o fato é que um acordo pós-Kyoto ainda não está alinhavado. Enquanto isso, cresce a pressão para que cada país defina ao menos suas metas de redução definidas em âmbito doméstico, movimento que tem o apoio de China, EUA e União Europeia, maiores emissores do planeta. No entanto, como ressaltou a anfitriã da reunião de Bonn, a primeira-ministra alemã Angela Merkel, apenas 37 países apresentaram até agora suas propostas de "contribuição nacional". O limite para a entrega das metas é 30 de outubro, um mês antes do início da COP-21 em Paris.
Na Alemanha, o presidente da França, François Hollande, que presidirá também a COP-21, não escondeu o seu medo de a Conferência redunde em um novo fracasso que acabe por impedir a retomada das bases de Kyoto: "Tudo deverá estar preparado antes do início das tratativas em Paris, mas os documentos simplesmente não estão chegando. Sem eles, não lograremos um acordo que seja global, ambicioso e obrigatório", disse. Dias antes, Hollande já demonstrava angústia: "Precisamos nos esforçar para realizar uma soma de engajamentos. Entender-se entre 196 países não é uma tarefa simples, é quase um milagre". Leia mais no portal Rede Brasil Atual.
Créditos : Rede Brasil Atual
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