sábado, 22 de fevereiro de 2014

"Biópsia líquida" identifica câncer no sangue

Dois estudos publicados nos Estados Unidos comprovam a eficácia de uma técnica que, num futuro próximo, poderá permitir o monitoramento do câncer por meio de exames de sangue e, talvez, num futuro um pouco mais distante, a detecção superprecoce de tumores pequenos demais para serem percebidos pelos métodos de diagnóstico convencionais.
Apelidada de ""biópsia líquida"", a estratégia é baseada na análise de pedaços de DNA que vazam dos tumores para a corrente sanguínea, chamados de DNA tumoral circulante (ou ctDNA, na sigla em inglês). Eles funcionam como impressões digitais da doença, que os cientistas podem "ler" para extrair informações genéticas essenciais para a caracterização do tumor e a seleção do melhor tratamento.
A ideia não é nova; já vem sendo testada há alguns anos por vários laboratórios ao redor do mundo. O que os novos trabalhos trazem é uma "prova de conceito" contundente do seu potencial para aplicações práticas na medicina. A principal vantagem seria a possibilidade de monitorar continuamente a doença por meio de um método relativamente simples, rápido e não invasivo - muito mais prático do que a realização de biópsias "sólidas" de tumores (que muitas vezes estão em locais de difícil acesso no corpo) e muito mais informativo do que o monitoramento de outros marcadores moleculares - como o PSA, relacionado ao câncer de próstata.
""É uma estratégia que, provavelmente, vai ter uma utilidade clínica muito grande"", prevê a pesquisadora Suely Marie, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ela e a colega Sueli Shinjo são coautoras em um dos trabalhos, que testou o uso do ctDNA na detecção e caracterização de tumores de 640 pacientes com vários tipos de câncer. A eficácia da técnica variou entre 50% e 75%, dependendo do tipo de tumor e do estágio da doença. A eficiência mais alta foi na detecção de tumores avançados do pâncreas, ovários, intestino, bexiga, esôfago, mama e pele. A mais baixa foi para tumores primários nos rins, próstata, tireoide e no cérebro - órgão no qual o trabalho das pesquisadoras brasileiras está mais focado.
Créditos: Primeira Edição

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