A vida não anda fácil no mundo e no Brasil, é verdade. A partir de 2007/2008, as economias desenvolvidas provocaram a mais grave crise do capitalismo desde 1929. “A grande recessão”, segundo economistas, trouxe aos países desenvolvidos alto desemprego, arrocho salarial, perda de direitos e da proteção social como remédio para a crise.
A atividade econômica caiu nos países em desenvolvimento e a China passou a mostrar seu poder econômico. Com políticas anticíclicas, o Brasil permaneceu em pé, garantindo empregos, preservando salários e políticas sociais, bem como protegendo e incentivando a atividade produtiva. É muito difícil enfrentar essa crise. Há acertos e erros que fazem parte do risco de quem governa e decide diante de tantas incertezas.
O Brasil enfrenta inúmeros desafios de curto prazo: a pressão dos preços internacionais de alimentos; a severa seca, a mais grave dos últimos 60 anos, que comprometeu a safra agrícola, elevando preços de insumos, alimentos e energia elétrica; a Copa do Mundo, que reduziu a quantidade de dias úteis, com impacto sobre a atividade econômica; a desvalorização do Real (R$ 1,6 para R$ 2,3 por dólar), que ajuda a proteger a indústria, mas tem impactos sobre preços; a queda na receita fiscal do governo; a redução na venda de manufaturados para a Argentina; a China ganhando espaço comercial na América Latina e no nosso mercado interno; a enorme pressão dos rentistas pelo aumento dos juros, entre outros.
Apesar disso, os números da atual conjuntura evidenciam que ainda estamos em pé, senão vejamos:
· No primeiro semestre de 2014, houve aumento salarial em 93% das Convenções Coletivas, com ganhos reais entre 1% e 3%;
· O preço da cesta básica caiu nas 18 capitais pesquisadas pelo DIEESE, entre julho e agosto (-7,69% a -0,48%).
· O Índice do Custo de Vida do DIEESE, na cidade de São Paulo, variou 0,68% em julho e 0,02% em agosto, arrefecendo.
· O mercado de trabalho formal criou mais de 100 mil postos de trabalho em agosto.
· O comércio calcula que serão criadas mais de 135 mil vagas no final do ano.
· O BC estimou a variação positiva do PIB para julho em 1,5% e indicou trajetória de queda da inflação.
· A atividade produtiva da indústria cresceu 0,7% em julho.
A ciência dos números é insubstituível para dar qualidade ao debate público e apoiar um olhar criterioso sobre a dinâmica da realidade. O desafio é correlacionar as informações para produzir o conhecimento e compreender o movimento do real.Por Lúcio Clemente.
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