O que leva uma pessoa a se alistar no Estado Islâmico ou em outras organizações terroristas que cometem atentados a bomba, cortam cabeças e dominam cidades inteiras na base do medo? Um estudo feito com jovens sírios traz conclusões que desafiam o senso comum. A crença em ideologias extremistas parece ser secundária na decisão de se juntar a um grupo violento. A religião serve mais como uma justificativa moral” International Alert
De acordo com a pesquisa, realizada pela organização International Alert, a radicalização religiosa não é a principal motivação. Necessidade financeira, desejo de vingança por causa de traumas pessoais de guerra e falta de acesso à educação são fatores que explicam melhor o que o que tem levado tantos jovens a aderirem à causa jihadista. “A crença em ideologias extremistas parece ser um fator secundário na decisão de se juntar a um grupo violento. A religião serve mais como uma justificativa moral para a adesão à luta”, afirmam os pesquisadores.
O levantamento entrevistou 311 jovens sírios que vivem em seu país, no Líbano e na Turquia. Alguns são ex-membros dos grupos terroristas, outros estão considerando a possibilidade de se juntar a eles e um terceiro grupo é de amigos ou parentes de combatentes de grupos armados. O objetivo era avaliar quais fatores tornam os jovens sírios vulneráveis ao recrutamento por grupos extremistas e também o contrário, ou seja, o que os torna resilientes e dificulta que decidam seguir esse caminho. Os grupos jihadistas estudados foram o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, que tem ligação com a Al Qaeda.
Jihadistas do Estado Islâmico exibem suas armas e bandeiras do grupo em comboio em uma estrada de Raqqa, na Síria (Foto: Militant website via AP)
A primeira motivação detectada nas pesquisas é bem pragmática: necessidade de sobrevivência. Após mais de cinco anos de guerra e com a economia do país destruída, a taxa de desemprego em algumas áreas da Síria chega a 90%. A restrição à movimentação interna também dificulta e encarece o comércio.
Sem oportunidade de emprego, muitos sírios enxergam nos grupos terroristas a possibilidade de atender às necessidades básicas suas e de suas famílias. “A situação econômica para homens jovens, dentro da Síria, é ruim. Eles só conseguem sobreviver se unindo a uma facção militar”, afirmou um dos entrevistados pela pesquisa.
Além de tudo, lutar para um grupo extremista costuma ser mais lucrativo do que para um grupo moderado. Segundo a International Alert, a Frente al-Nusra paga de US$ 300 a US$ 400 por mês a seus combatentes. Já no Free Syrian Army, grupo mais moderado, o salário é de cerca de U$ 100 e ainda é pago com atraso frequentemente. O estudo pontua, inclusive, que muitos membros de grupos terrorista seguem a lógica de mercado e trocam de organização com base no salário e nos benefícios que recebem ou pela insatisfação com nepotismo ou corrupção em determinada facção, por exemplo.(G1).
Créditos: Focando a Notícia
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