quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Defesa no Senado mostrará ruptura democrática no país, afirma Dilma

dlm.jpg
No último ato em defesa da democracia antes de sua ida ao Senado Federal, previsto para segunda-feira (29), a presidenta Dilma Rousseff lembrou, na noite de ontem, no Teatro dos Bancários, em Brasília, o simbolismo da data, dia da morte de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. “Getúlio Vargas suicidou-se porque queria preservar a democracia e sabia que ela corria risco. Hoje não tenho de renunciar, não tenho que me suicidar. É outro momento histórico. Esse processo nós construímos”, disse.
Segundo Dilma, os golpistas acreditavam que, por ser mulher, ela não aguentaria ser pressionada. “Acharam que com a pressão eu seria levada a renunciar. Eu não renuncio porque sou incômoda. Como não cometi nenhum crime, a minha presença coloca que há uma ruptura democrática. Para impedir que isso possa acontecer, precisa necessariamente que eu vá ao Senado. Vou defender a democracia, o projeto político que eu represento, os interesses legítimos do povo brasileiro e sobretudo a construção dos instrumentos para impedir que isso nunca mais aconteça no país. Estamos juntos nessa luta”, afirmou.
A presidenta lembrou que o processo golpista nasceu do inconformismo das forças conservadoras diante das quatro sucessivas derrotas do PSDB nas últimas eleições presidenciais, de 2002 a 2014. “A quarta entornou o caldo, quando eu fui reeleita.”
Ela disse que o impeachment tem o objetivo, entre outros, de “acabar com o modelo de partilha” do pré-sal e citou a participação da grande imprensa no processo. “Sabemos que houve participação de setores da mídia oligopolista, e ficou muito claro para a imprensa internacional. Qualquer setor econômico tem que ser regulado. No setor de mídia, isso é mais grave, porque controla informações e não garante acesso democrático às informações.”
A presidenta afirmou que o país passa hoje por “tempos sombrios” e que, passado o processo do impeachment, desencadeado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), poderão vir as medidas que norteiam o governo ainda interino, como a adoção da PEC 241, que congela investimentos em educação e saúde por 20 anos. "A PEC 241 significa um golpe grandão", disse.

“Caso eles ganhem, adotarão medidas impopulares. Falam com a maior cara de pau. É muito grave o fato de estarem tentando destruir o Mercosul, esvaziar a Unasul, adotar uma posição de neutralidade em relação aos Brics.”
Dilma mencionou Chico Buarque para dizer que a atual política do Itamaraty é a de “falar fino com os Estados Unidos e falar grosso com a Bolívia”. Em 2010, Chico disse, em um comício da então futura presidenta, sobre a política externa do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva: “É um governo que fala de igual para igual: não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai e, por isso mesmo, é respeitado no mundo inteiro”. Mas ela não citou o nome do ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, que articula com a Argentina para enfraquecer o bloco econômico.
Créditos: Rede Brasil Atual

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.