terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

1 em cada 4 pacientes intubados com covid que recebem alta morre

Em um período de seis meses, especialistas observaram que, a cada quatro pacientes intubados com Covid-19 que chegam a receber alta, um morre.

Os resultados preliminares são do estudo Coalizão, conduzido por oito hospitais de excelência do Brasil e institutos de pesquisa, que avalia a qualidade de vida e os desfechos de sobreviventes de hospitalizações por Covid-19. Os participantes são pacientes internados nessas instituições. São monitorados por ligações telefônicas a cada três, seis, nove e 12 meses após a alta hospitalar.

“Trabalho em UTI, estou envolvido com vários estudos e fiquei muito surpreso com esses resultados. Mesmo nos casos mais leves, a doença não tem uma evolução tão benigna quanto pensávamos”, diz Alexandre Biasi, diretor de pesquisa do HCor (Hospital do Coração) e membro da Coalizão Covid-19 Brasil.

A rede é formada pelos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa e os institutos Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). Embora a intubação esteja associada a uma maior taxa de mortalidade e complicações na internação e após a alta, é a gravidade da doença, e não o procedimento em si, a responsável pelos desfechos ruins.

O estudo Coalizão ainda está compilando as causas das mortes e das reinternações dos sequelados pela Covid, mas os dados preliminares já servem de alerta para a importância do acompanhamento desses pacientes após a alta. O trabalho mostra que 20% dos pacientes que foram intubados ainda não tinham voltado a trabalhar seis meses após deixarem o hospital. fonte: Folha de São Paulo. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

Petrobras perde quase R$ 75 bilhões em valor de mercado após intervenção de Bolsonaro

Com enorme desvalorização das ações na segunda-feira (22), a Petrobras perdeu bilhões em valor de mercado. Segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica, a estatal encolheu R$ 74,2 bilhões apenas no pregão de ontem. Foi a segunda maior queda diária em valor da mercado da Petrobras desde o início do plano Real.

Na sexta-feira (19), antes mesmo do anúncio do presidente Jair Bolsonaro da indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras, a estatal já tinha visto o seu valor na Bolsa encolher R$ 28 bilhões.

Na noite de sexta, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando muitas críticas. Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).
O levantamento da Economatica desta segunda considera o valor de fechamento dos papéis. As ações ordinárias (PETR3) recuaram 20,48% (R$ 21,55), e as preferenciais (PETR4) registraram queda de 21,51% (R$ 21,45).

A Petrobras foi avaliada nesta segunda na bolsa em R$ 280,5 bilhões, contra R$ 382,9 bilhões no fechamento da última quinta-feira (18), retrocedendo para o menor patamar desde novembro de 2020. No início do governo Bolsonaro, valia na bolsa R$ 316 bilhões. Em maio de 2008, chegou a valer R$ 510 bilhões. Créditos: G1

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Ministério ignorou oferta de 160 milhões de doses da CoronaVac, diz Butantan


O Ministério da Saúde ignorou uma oferta feita em julho do ano passado para o fornecimento de 160 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, disse na sexta-feira o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado, Covas disse que a oferta foi reiterada nos meses de agosto, outubro e dezembro novamente sem resposta por parte da pasta.

“Vamos colocar a responsabilidade em quem tem responsabilidade. Estão aqui os ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas. O primeiro em 30 de julho de 2020. Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos resposta”, disse Covas enquanto mostrava uma apresentação com a imagem dos ofícios.

“Fizemos novos ofícios com o mesmo teor em agosto, em outubro e em dezembro. Não tivemos resposta. A resposta saiu com a assinatura do contrato no dia 7 de janeiro”, acrescentou.

O contrato assinado entre o Butantan e o Ministério em janeiro prevê a entrega de 46 milhões de doses da CoronaVac até abril, com a opção, exercida pela pasta em fevereiro, de mais 54 milhões de doses da vacina.

Na manhã desta sexta, o ministério disse que manifestou ao Butantan a intenção de comprar mais 30 milhões de doses entre outubro e dezembro. Procurado, o Butantan disse que está analisando a manifestação.

A declaração de Covas foi uma resposta à manifestação na véspera do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, que atribuiu ao Butantan o atraso na entrega de doses da vacina aos Estados e municípios.

Covas reiterou que o Butantan já entregou 9,8 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde e que, além da CoronaVac, há apenas 2 milhões de doses importadas prontas da vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford no PNI.

Ele disse que o envase da vacina pelo Butantan foi atrasado pela demora na chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) vindo da China, que deveria ter chegado em janeiro, mas acabou chegando somente no início de fevereiro, o que impactou as entregas previstas para este mês.

O atraso na chegada do IFA, de acordo com Covas, aconteceu devido aos problemas diplomáticos do governo do presidente Jair Bolsonaro com a China e à demora na decisão do ministério de adquirir doses da CoronaVac. Créditos: InfoMoney

Brasil completa um mês com média móvel de mortes por covid-19 acima de mil

A média móvel de mortes por conta da covid-19 no Brasil está acima de 1 mil desde o dia 21 de janeiro. Em nenhum outro momento da pandemia o país havia completado o período de um mês em um patamar tão alto.

No domingo (21), segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média ficou em 1.037. O resultado é calculado a partir da soma de todos os óbitos dos últimos sete dias, dividida por sete. Considerado o mais negativo do Brasil até agora, o mês de julho de 2020 registrou uma média acima de mil entre os dias 3 e 28.

Ainda segundo o Conass, foram confirmados 29.026 novos casos da doença no país nas últimas 24h, com um total de 10.168.174 infectados pela covid-19 desde o início da pandemia. Ao todo, 246.504 óbitos já foram registrados no país em decorrência da doença. Nas últimas 24h, o Brasil registrou 527 mortes pelo vírus. Foto: SECOM. Créditos: Brasil de Fato

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Quase 40 milhões de pessoas no Brasil vivem com renda de até R$ 89 por mês

Segundo dados do Ministério da Cidadania 39,9 milhões de brasileiros vivem em famílias com renda per capita de até R$ 89 por mês,  São 14 milhões de famílias que vivem na extrema pobreza e que estão inscritas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em apenas cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões o número de pessoas no país em situação de insegurança alimentar grave (fome), chegando a, pelo menos, cerca de 10,3 milhões os brasileiros.

Entram na conta somente os moradores de domicílios permanentes, ou seja, estão excluídas do levantamento as pessoas em situação de rua, o que aumenta ainda mais o rastro da fome pelo país. Vale lembrar que o Brasil é um dos países com maior carga tributária no mundo e com menos retorno à população. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Escolas de São Paulo já têm 741 casos confirmados de covid-19 e 1.133 suspeitos

Após primeiro balanço da volta às aulas presenciais em São Paulo, contabiliza 741 casos de covid-19 confirmados nas escolas, entre alunos e professores. Desses, 456 casos foram na rede estadual, 14 nas redes municipais e 271, na particular. Outros 1.133 casos suspeitos estão em análise.

Os dados contabilizam os casos notificados entre 2 de janeiro e 13 de fevereiro. Em janeiro, escolas da rede estadual abriram para orientação de estudantes e familiares sobre ensino remoto e entrega de kits, aulas de reforço, além das atividades de planejamento, iniciadas em 26 de janeiro.  

Os dados constam do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid-19 (Simed), plataforma que reúne informações sobre casos da infecção nas redes de ensino e foram divulgados nesta terça-feira (16) pelo secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares. Os números confirmam as razões para a preocupação de famílias e trabalhadores contrários à volta às aulas em meio ao pior momento da pandemia no país.

Dos 456 casos na rede estadual, 83 foram de estudantes. Os demais de professores e outros trabalhadores da educação. Nove escolas estaduais foram fechadas na última semana. Na rede privada, foram 130 casos de covid-19 em alunos e 141 em profissionais. Na semana passada, quatro escolas consideradas de elite tiveram parte das aulas suspensas por casos confirmados de covid-19 entre estudantes e professores. Por Rodrigo Gomes. Créditos: Brasil de Fato

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O triste fim do Minha Casa Minha Vida

No governo Dilma Rousseff o programa Minha Casa Minha Vida entregava 1.257 casa por dia, em média. De 2009, ano de criação do Minha Casa Minha Vida, até o fim de 2018, antes de Bolsonaro chegar à Presidência, o investimento anual destinado ao programa era de R$ 11,3 bilhões, em média. 

No primeiro ano do governo Bolsonaro, o valor caiu para R$ 4,6 bilhões. Em setembro de 2019, foi previsto um corte de 42% no orçamento do ano seguinte, estipulado inicialmente em R$ 2,71 bilhões.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou em janeiro de 2021 uma proeza que parecia impossível no início do seu mandato: acabar com o maior programa habitacional da história do Brasil sem alarde.

Para que ninguém sentisse saudades quando o Minha Casa Minha Vida (MCMV) fosse extinto, o governo rebaixou o orçamento do programa a níveis inéditos. Há sete meses, apresentou um substituto, batizado de Casa Verde e Amarela, sem ouvir as demandas dos movimentos por moradia e sem garantias de que a população de renda mais baixa será beneficiada.

Com os dados consolidados de 2020, a queda foi ainda maior. Conforme planilha obtida pelo Brasil de Fato via Lei de Acesso à Informação (LAI), o gasto final foi de R$ 2,54 bilhões.

O Brasil possui um déficit de 7,797 milhões de moradias, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O estudo se baseia em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diante desse cenário, o fim do MCMV foi criticado por organizações como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e movimentos populares pelo direito à moradia.O programa Casa Verde e Amarela apresenta como principal novidade a redução de até 0,5% nas taxas de juros. A projeção do governo é atender 1,6 milhão de famílias por meio de financiamento habitacional até 2024.

Graça Xavier alerta que o público-alvo da vez são famílias com renda média mensal de até R$ 7.000,00. A tendência, segundo ela, é que se privilegiem aquelas cujos ganhos estão mais perto do teto.

“Na gestão do governo Dilma, a cada dez pessoas atendidas, sete eram de famílias de baixa renda [até dois salários mínimos]”, ressalta. “Nós lemos e relemos o programa e chegamos à seguinte conclusão: é mais um retrocesso na política de habitação. O público que deveria ser o foco, que são famílias que ganham de zero a dois salários mínimos, não vai ser atendido. Ele foi excluído do Casa Verde e Amarela”, diz Xavier.

O desmonte, segundo a integrante da UNMP, começou após o golpe de 2016, quando o governo federal parou de assinar novos convênios para construção de casas no âmbito do MCMV.

Desde 2009, foram mais de 4 milhões de unidades habitacionais, totalizando um investimento de R$ 105 bilhões, que beneficiou cerca de 16,5 milhões de pessoas.

“No governo Temer (MDB), isso já foi diminuindo, permanecendo apenas os convênios assinados no governo anterior. E, no governo Bolsonaro, foram feitas várias normativas, mas nenhum convênio novo”, enfatiza Xavier. “O Ministério [do Desenvolvimento Regional] não chama mais reunião com os movimentos, o Conselho das Cidades foi destruído. Foi uma devassa mesmo, acabando com tudo que beneficia a população de baixa renda”, conclui.

Em entrevista recente ao Brasil de Fato, Felipe Vono, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo, ressaltou a gravidade da intransigência do governo Bolsonaro.

“Quando não se ouve a sociedade e aqueles segmentos que, de fato, representam os sem-teto, que são os que mais estão sendo atingidos pela pandemia e pelos despejos, isso é muito grave, tanto do ponto de vista do atendimento aos direitos sociais quanto do ponto de vista da democracia”, disse, por ocasião do lançamento do novo programa.

Para viabilizar o programa Casa Verde e Amarela, governo planeja remanejar R$ 5,5 bilhões em recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para saúde, saneamento e infraestrutura. 

O orçamento total do Fundo para políticas públicas cairá gradativamente nos próximos anos: de R$ 77,947 bilhões em 2020 para R$ 77,447 bilhões em 2021, com perspectiva de chegar a R$ 76 bilhões em 2024.Por Daniel Giovanaz. Edição: Leandro Melito. Créditos: Brasil de Fato