quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Desemprego atinge 12,9 milhões, informalidade cresce e renda cai

A taxa de desocupação do trimestre agosto-outubro caiu 2,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período no ano passado. Desse modo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego atingiu o índice de 12,1%. A situação afeta uma população de 12,9 milhões de pessoas. Entretanto, o trabalho informal representa 40,7% da população ocupada, uma piora de 2,4 pontos percentuais em relação ao trimestre agosto-outubro de 2020. Isso significa, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) divulgada nesta terça (28), 38,2 milhões de pessoas desempenhando ocupações sem direitos e nenhum tipo de proteção.

Além disso, a sutil “recuperação” no índice de emprego não representou melhora na renda do trabalho. De acordo com a Pnad Contínua, o rendimento real habitual caiu 11,1% em um ano. A renda média dos ocupados, de R$ 2.756 em outubro de 2020, ficou em R$ 2.449, o pior nível desde 2012. Entre os trabalhadores com carteira assinada, a redução no ganho mensal foi de 8% e entre os informais foi de 11,9%. Em todas as demais formas de ocupação consideradas pelo IBGE os rendimentos também caíram: trabalhador doméstico (-5,1%), do setor público (-10,6%), empregador (-15%) e trabalhadores por conta própria (-4%).

Na comparação anual, também não houve crescimento no rendimento em nenhum grupamento de atividade verificado pelo IBGE. Ao contrário, em seis deles houve reduções: Indústria (-16,1%), Construção (-7,4%), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (- 10%), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (-9,3%), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-11,6%) e Serviços domésticos (-5,1%).

Os empregos com carteira seguem crescendo muito menos do que os sem carteira. Em outubro, segundo o IBGE, enquanto o primeiro grupo aumentou 8,1% em um ano, o segundo cresceu 19,8%. O cenário acaba refletindo – além da queda na renda do trabalho – na qualidade dos empregos. O país tem ainda 7,7 milhões de pessoas trabalhando menos horas do que precisariam, a chamada subocupação de mão de obra. Isso representa um aumento de 17,7% dessa taxa em um ano – pois em outubro de 2020 eram 6,5 milhões.

Já a população subutilizada ainda apresenta números alarmantes. São 29,9 milhões de pessoas nessa condição, apesar da redução de 3,2 milhões de pessoas em relação ao ano anterior. O desalento – quando a pessoa desiste de procurar trabalho por falta de condições – também segue afetando 5,1 milhões de pessoas. Com informações da Agência IBGE. Créditos: Rede Brasil Atual

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Vacina é insuficiente contra ômicron


(AFP) - Uma "ação forte" é "urgente" diante do rápido avanço da variante ômicron, e "a vacinação sozinha não será suficiente" - alertou o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), nesta quarta-feira (15).

"Na atual situação, a vacinação sozinha não permitirá impedir o impacto da variante ômicron, porque não há tempo para cobrir os déficits de vacinação existentes", declarou a diretora do (ECDC), Andrea Ammon, em um comunicado.

A agência europeia também elevou em um grau sua avaliação de risco dessa variante, para um nível "muito alto", e recomendou uma série de medidas. Entre elas, estão o retorno ao trabalho remoto e uma maior cautela nas comemorações e viagens de fim de ano.

Segundo o ECDC, é "muito provável" que a nova variante cause internações e mortes, para além das já previstas nas projeções anteriores concentradas na delta, até então dominante.

Para que a carga sobre o sistema de saúde continue sendo "administrável", o ECDC reiterou seu apelo à "reintrodução rápida e do fortalecimento" das chamadas medidas "não farmacêuticas" contra a covid-19, um termo que engloba restrições em geral.

"É urgente que se adotem medidas enérgicas para reduzir a transmissão, reduzir a pesada carga sobre os sistemas de saúde e proteger os mais vulneráveis nos próximos meses", acrescentou o ECDC, que abrange todos os 27 países da UE, Noruega e Islândia.

Para a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, este relatório evidencia que "os próximos meses serão difíceis".

"A ômicron pode chegar por meio de uma grande onda, o que significará novas pressões sobre os sistemas de saúde", destacou em uma declaração à AFP.

"Precisamos que haja o maior respeito possível das medidas de saúde pública, junto a um rápido aumento da vacinação de reforço para enfrentar a ômicron", disse Kyriakides, acrescentando que é "muito preocupante" que alguns países estejam atrasados na vacinação.

A variante ômicron se propaga "a uma taxa jamais vista com qualquer outra variante", advertiu ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Diante desse quadro, a agência pediu que se usem todas as ferramentas anticovid disponíveis para evitar que os sistemas de saúde entrem em colapso.

Para o ECDC, usar máscaras, teletrabalho, evitar locais lotados e transporte público, ficar em casa quando doente, manter espaços arejados e um alto nível de higiene "continuam sendo uma prioridade".

O Reino Unido, onde a variante ômicron do coronavírus avança com muita velocidade, registrou nesta quarta-feira seu recorde de casos diários de covid-19 desde que começou a pandemia, segundo dados oficiais.

Um dos países mais castigados da Europa, com 146.791 mortos até o momento, registrou 78.610 novos casos em 24 horas. O recorde diário anterior era de 68.053 em 8 de janeiro, em pleno avanço da variante alfa. Da agência AFP. Créditos: UOL

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Metais pesados e agrotóxicos proibidos no nosso alimento

Divulgado discretamente, passou praticamente despercebida a publicação de resultados do Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em alimentos (PNCRC) por meio da Portaria do Ministério da Agricultura SDA 448, em 17 de novembro. O programa analisa a presença de metais pesados, micotoxinas, MDT (Morfolina, Dietanolamina e Trietanolamina), salmonella, e resíduos de agrotóxicos em uma ampla gama de alimentos consumidos diariamente pelos brasileiros, inclusive alguns produzidos no exterior.

Entre os alimentos analisados estão abacaxi, alface, alho, amêndoa, amêndoa de cacau, amendoim, arroz, avelã, banana, batata, beterraba, café, castanha de caju, castanha do Brasil, cebola, cenoura, cevada malteada, cítricos, farinha de trigo, feijão, goiaba, kiwi, maçã, mamão, manga, melão, milho, morango, pera, pimenta do reino, pimentão, soja, tomate, trigo e uva.

Os resultados da análise, preliminar, aponta para um grave problema de contaminação – o que muito provavelmente explica a tentativa do Ministério da Agricultura de escondê-los. Foram detectados contaminantes em praticamente todos os alimentos analisados.

E mais do que isso: contaminantes combinados entre si. Ou seja, agrotóxicos misturados com outros agrotóxicos e com metais pesados. E a mistura de tudo com tudo o mais.

Essas combinações, aliás, incluem metais pesados acima do limite estipulado pela legislação – ou sem conformidade com ela. É o caso do alho, tanto o nacional, como o importado – da China e da Espanha –, cujas amostras analisadas apresentaram contaminação por chumbo. Ou mesmo do arroz, com 74 das 75 amostras apresentando contaminação por arsênio.

O chumbo afeta o sistema nervoso central, os rins, o fígado, o sangue, o aparelho digestivo e os órgãos sexuais. Nas crianças, causa dano maior no sistema nervoso, ainda em processo de desenvolvimento. A exposição a longo prazo pode causar déficit intelectual.

Já o arsênio, dependendo do tempo de exposição, causa diferentes efeitos tóxicos. A exposição de curto prazo está associada à conjuntivite, hiperqueratose, hiperpigmentaç´ão, doenças cardiovasculares, distúrbios no sistema nervoso central e vascular periférico. E a exposição prolongada pode levar ao aparecimento de diversos tipos de câncer, como de pele, pulmão, próstata, bexiga, rim e fígado.

“Mas se observarmos os resultados para os resíduos de agrotóxicos, a situação parece ser ainda mais dramática, pois a presença de substâncias altamente tóxicas além do limite permitido está disseminada em toda a gama de produtos analisados. Um detalhe a mais é que os resultados do PNCRC detectaram algo que já é sabido, mas nem sempre facilmente documentável, que é o uso de agrotóxicos que não são permitidos para determinadas culturas”, disse o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Marcos Pedlowski.

Exemplo, segundo ele, é o “famigerado Fipronil” que foi encontrado no tomate. “Mas além do Fipronil, muitos outros agrotóxicos foram aplicados em culturas para as quais não possuem aprovação, demonstrando que essa prática está disseminada, representando não apenas uma violação da lei, mas também grave risco à saúde humana. Temos substâncias que são potencialmente causadoras de doenças graves, como o inseticida Acefato, banido na União Europeia por causar, entre outras coisas, a perda da fertilidade masculina, e por causar a morte de aves e espécies marinhas, como anfíbios e peixes". Foto: Arquivo EBC. Por Cida Oliveira. Créditos: Rede Brasil Atual

domingo, 5 de dezembro de 2021

80 dos mortos pela covid-19 não tomaram vacina

A importância da vacinação no combate ao covid-19 ficou evidente no mais recente estudo divulgado pelo portal UOL 

79,7% das pessoas que morreram de Covid-19 no Brasil entre 1º março e 15 de novembro deste ano não receberam nenhuma dose da vacina, aponta levantamento feito a pedido do UOL pela Info Tracker, plataforma de dados da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Das 306.050 pessoas que morreram no período, 243 mil não haviam recebido nenhuma dose. 32 mil morreram após completar o ciclo vacinal e 29 mil entre os que tomaram apenas uma dose. 

Desde março, quando a segunda dose passou a ser aplicada no país, as mortes caíram 94%. Com informações de UOL. Créditos: Brasil 247

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Nova variante do coronavírus preocupa cientistas e governos do mundo

Em meio a piora da pandemia do novo coronavírus, com a Europa, Rússia, China e Alemanha registrando recordes de casos de Covid-19, uma nova variante do vírus, com múltiplas mutações e potencialmente mais contagiosa, foi detectada na África do Sul, país que já dá sinais de uma nova onda.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25) por cientistas e pelo governo da África do Sul. Segundo informações, a linhagem B.1.1.529 do novo coronavírus foi identificada pela primeira vez em Botsuana, no sul da África, e em Hong Kong. Até o momento, não há registros da variante no Brasil.

A nova cepa gerou uma série de preocupações de cientistas e governos do mundo todo no momento em que vários países registram aumento de casos de Covid-19 e já se fala em quarta onda da doença.

Nesta sexta-feira (26), uma reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) busca identificar se há ou não gravidade nesta cepa, disse a diretora-geral de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da (OMS), Mariângela Simão, em entrevista à CNN Brasil.

Uma outra preocupação é que o índice de vacinação contra a Covid-19 nos países africanos ainda é muito baixo, o que facilita a proliferação do vírus. A desigualdade na cobertura vacinal entre os países é um dos motivos que vem sendo apontados pela OMS como propulsor do aparecimento de novas variantes. No continente africano, por exemplo, apenas 1 em cada 4 profissionais de saúde está vacinado contra Covid-19. Imagem: Google. Créditos: CUT

terça-feira, 23 de novembro de 2021

120 mil famílias podem ser despejadas

RBA-O Brasil pode começar o ano de 2022 com uma avalanche de famílias inteiras sendo despejadas de suas casas sem amparo do poder público. Com isso, essas famílias podem ir parar nas ruas das grandes cidades, agravando ainda mais a atual crise humanitária em que já vivem milhares de pessoas. Balanço da Campanha Nacional Despejo Zero mostra que, desde março de 2020, quando foi declarada a emergência da pandemia do novo coronavírus no Brasil, mais de 23 mil famílias foram expulsas de suas casas. E hoje, outras 123 mil estão sob risco de despejo nos próximos meses.

O advogado Benedito Barbosa, o Dito, coordenador da Central de Movimento Populares, ressalta que a situação é consequência da ausência de políticas públicas de habitação. Além disso, os aumentos do desemprego e da inflação impedem que as famílias consigam, até mesmo, morar em favelas ou cortiços, terminando jogadas nas ruas.

“A relação da moradia e da pobreza é direta. Há uma inflação da moradia até nas regiões mais empobrecidas. Como não tem políticas habitacional – nem municipal, nem estadual, nem federal – a situação se agrava ainda mais. Outro elemento é o aumento brutal da população em situação de rua”, afirma Dito. Segundo ele, antes da pandemia dados oficiais apontam para um aumento de 25 mil para 60 mil das pessoas vivendo nas ruas somente da cidade de São Paulo. “E esses números aumentaram em todo o Brasil.”

Os dados mostram relação direta entre agravamento da pandemia e crise econômica com aumento dos despejos. Entre agosto de 2020 e outubro desse ano, o número de famílias vivendo sob risco de despejo aumentou 554%, de 18.800 para 123.150. No mesmo período, o total de famílias efetivamente despejadas subiu 269%, de pouco mais de 6 mil para 23.500.

A mestra em Planejamento e Gestão do Território e integrante da Campanha Despejo Zero, Talita Anzei Gonsales, destaca que leis foram aprovadas ao redor do mundo para evitar desocupações na pandemia e considera que o número de pessoas despejadas no Brasil é inaceitável. “É um número muito alto, sobretudo num momento de crise econômica extrema. E pagar o aluguel tem sido uma das contas mais caras, e isso rebate imediatamente nas condições de vida das pessoas”, afirma Talita. “Aprovar legislações de proteção à moradia é fundamental.”

Segundo Talita, pesquisas internacionais revelam que locais onde houve maior número de despejos durante a pandemia também apresentaram maiores índices de contaminação pela covid-19. “O que parece uma coisa meio óbvia, porque, afinal de contas, estar em casa foi uma das principais formas de conter a disseminação do vírus, o que acabou cientificamente comprovado”, observa.

A campanha mostra ainda que medidas judiciais e leis estão sendo desrespeitadas. Entre elas, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, que proíbem os despejos, e a Lei Federal 14.216/2021, sancionada em outubro de 2021, que suspende a execução de qualquer determinação de despejo ou reintegração de posse determinada a partir de março de 2020.

A lei também proíbe a desocupação de imóveis alugados nos casos de inquilinos com aluguel atrasado, de fim do prazo de contrato ou de demissão do locatário em contrato vinculado ao emprego.

Com base nessas normas e em outras regras estaduais, a Campanha Despejo Zero identificou ao menos 11 mil famílias, em 81 comunidades, tiveram seus despejos suspensos. No entanto, Dito destaca que o poder judiciário tem sido extremamente insensível com as condições das famílias mais pobres na pandemia. Por Rodrigo Gomes. Créditos: Rede Brasil Atual

sábado, 20 de novembro de 2021

População negra é a que mais sofre com a fome e o desemprego, segundo pesquisa

O racismo estrutural que condiciona as situações mais precárias, aprofundada pela crise econômica e pela alta inflação atual, relega os altos índices de insegurança alimentar e desemprego majoritariamente aos brasileiros negros.

Segundo dados do relatório sobre “Insegurança alimentar e covid-19 no Brasil”, publicados pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), na população negra do país (que representa mais da metade da população total), o índice de insegurança alimentar em algum nível é de 59,2%. Entre os brancos, ainda que menos numerosos que os negros, a parcela de insegurança alimentar chega a 51%. 

Os dados relatam que 43 milhões de brasileiros não possuem acesso alimentar em quantidade suficiente e 19 milhões estão em situação de fome 

A pesquisa mostra relativa piora quando se observam os dados referente ao gênero e a escolaridade, somados à cor. De acordo com os levantamentos, as mulheres negras são um grupo de alta vulnerabilidade, representando cerca de 27% da população total e sendo maioria no trabalho informal, principalmente no trabalho doméstico. Um grupo mais atingido pelo racismo no mercado de trabalho e pela falta de direitos trabalhistas e precarização do trabalho, sendo a parcela da população com os menores salários.

A população negra amarga os mais altos índices de desemprego do país, sendo de 16,2%, enquanto entre os brancos era de 11,7%, no segundo trimestre de 2021, segundo dados do Pnad.

Mais do que nunca, são os negros e trabalhadores, em especial as mulheres, que sofrem com a miséria profunda da crise atual, sendo cerca de um quarto da população do país que não possuem sequer condições de alimentação e sobrevivência. 

O mesmo racismo que condena milhares de negros à morte violenta nas periferias e que nega direitos básicos ao povo, é o racismo que, no maior acentuamento da miséria, ataca e retira ainda mais direitos dos trabalhadores, com retiradas de auxílios históricos, como o Bolsa Família, que prestava assistência as famílias mais vulneráveis. Créditos: Esquerda Diário

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

PEC dos Precatórios teria custado até R$ 15 milhões por voto

RBA-O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teria prometido até R$ 15 milhões em emendas para que parlamentares votassem a favor da chamada PEC dos Precatórios. As cifras da negociação foram divulgadas pelo jornal O Globo, ontem (4), com base em relatos dos próprios deputados. A edição do O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (5), revela também que, além desse valor, o governo Bolsonaro empenhou, desde a semana passada, R$ 1,2 bilhão das chamadas emendas de relator-geral, manobra que ficou conhecida como “orçamento secreto”.

No mês passado, durante a primeira investida para a aprovação da proposta, o valor empenhado chegou a R$ 2,95 bilhões. Dessa maneira, a PEC dos Precatórios foi aprovada na madrugada de ontem, com 312 votos a favor e 144 contra.

De acordo com a professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada, esse tipo de manobra revela que o presidente Jair Bolsonaro “abriu mão” do controle do Orçamento, que vem sendo manobrado por Lira, em troca de apoio no Parlamento. Ela também afirma que a votação da PEC dos Precatórios serve de “termômetro” para avaliar o grau de adesão dos partidos a Bolsonaro. É esse tipo de barganha por emendas que explica, segundo ela, a adesão até mesmo de deputados de partidos de oposição, como o PDT e o PSB. Em função dessa postura dúbia, Mayra classificou a ambos como uma espécie de “centro-esquerda” perdida.

Mais à direita, o PSDB também enfrenta contradições. O partido abriu mão do seu discurso fiscalista, votando majoritariamente a favor da medida que representa um rombo bilionário no alardeado teto de gastos.

Para Mayra, essas articulações representam um novo tipo de estratégia para a formação de maiorias parlamentares. Desde a redemocratização, vigorou o modelo chamado de “presidencialismo de coalizão”. Para obter apoio no Congresso, o presidente oferecia participação nos ministérios a uma aliança de partidos. No entanto, com Bolsonaro, esse modelo teria sido deixado de lado.

“Nesse novo padrão, saem os partidos, enquanto mecanismos de estabilização, e entram os deputados sendo conquistados no varejo, a cada votação. É feito um sistema de distribuição de recursos que não passa mais propriamente pelo loteamento dos ministérios, o que implicaria numa cessão de poder. A maioria dos ministros de Bolsonaro não tem autonomia. Então não tem como fazer uma coalizão”, disse, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual.

Segundo a especialista, esse novo tipo de relação com o Congresso se dá porque Bolsonaro é “extremista”, e não aceita abrir mão de parte de sua agenda em troca de um apoio institucional. “O que lhe resta é esse tipo de articulação precária, pontual, ad hoc e custosa. Essa é a grande diferença.”

Falta, ainda, transparência nesse tipo de estratégia, já que não é possível saber efetivamente quanto cada deputado recebeu em emendas, nem exatamente onde os recursos foram efetivamente aplicados. Além disso, ao delegar o Orçamento às elites políticas, em negociações individuais, esse pode legar “uma bomba prestes a explodir” no colo de outro presidente que se oponha ao modelo. Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 2 de novembro de 2021

22 milhões de pessoas ficarão sem auxílio com o fim do Bolsa Família

 

O fim do programa de distribuição de renda do governo federal, o "Bolsa Família", criado no governo Lula e extinto por Bolsonaro, deixa dois tipos de órfãos: quem não está inscrito no CadÚnico por não se encaixar nos requisitos do Bolsa Família e quem teria direito a receber renda mínima, mas está na “fila” do cadastro ou nem conseguiu pedir o cadastramento.

O governo limitou o acesso do Auxílio Brasil aos inscritos no CadÚnico, que já tinha uma fila de 1,2 milhão de pessoas. Fora do banco de dados federal, milhões de brasileiros podem não ser contemplados pelo Auxílio Brasil.

O Ministério da Cidadania deu informações vagas sobre a resposta do governo à crise social. Disse apenas que o programa Auxílio Brasil vai entrar em vigor em novembro. Créditos: Brasil 247.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

COVID-19 mata importantes células do sistema vascular cerebral, diz estudo

 Pesquisas mostraram que o SARS-CoV-2 faz com que as células infectadas produzam uma "espécie de tesouras moleculares" a partir de seu próprio material genético, "cortando" uma proteína importante para sua sobrevivência.

Uma equipe de cientistas de diferentes centros de pesquisa europeus descobriu como o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, afeta importantes células vasculares do cérebro que têm um papel importante no adequado funcionamento do órgão, informou o Instituto Nacional de Pesquisa Médica da França. 

Após analisar os órgãos de pacientes que morreram em decorrência do vírus, em um estudo publicado na revista Nature, os pesquisadores descobriram que o patógeno causou a morte das células endoteliais vasculares, componentes essenciais da barreira hematoencefálica que protege o cérebro e o isolam de moléculas potencialmente tóxicas, para além de desempenharem um papel importante na sua adequada irrigação.

De acordo com os especialistas, quando o SARS-CoV-2 infecta um grupo de células endoteliais, este "obriga" as células a produzirem uma "espécie de tesouras moleculares" a partir de seu próprio material genético, que "cortam" uma proteína chamada NEMO, essencial para sua sobrevivência".

Segundo os cientistas, uma vez que as células endoteliais dos vasos sanguíneos morrem, elas se convertem em algo conhecido como "vasos fantasmas", já que, ao ficarem vazios, perdem sua capacidade de isolar o cérebro de substâncias estranhas, o que poderia resultar em uma série de micro-hemorragias cerebrais.

Além disso, conforme aumenta o número de vasos fantasmas, o fluxo sanguíneo diminui nas áreas afetadas, fazendo com que outros tipos de células cerebrais fiquem sem oxigênio e glicose, causando falhas que, em casos mais graves, podem ser fatais, apontam os cientistas.

No entanto, Vincent Prevot, coautor do estudo, explica que o potencial dano cerebral e das estruturas vasculares afetadas poderia ser reversível, segundo observou no laboratório. "Notamos que, nos ratos, que desenvolvem formas muito leves da COVID-19, o fenômeno é aparentemente reversível, de maneira que podemos esperar que também seja nos seres humanos", afirmou. Foto: Arquivo EBC. Créditos: Sputnik Brasil

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Mais de 220 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil

 


O número de pessoas em situação de rua no Brasil cresceu 140% entre 2012 e março de 2020, chegando a quase 222 mil pessoas, é o que diz nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em sua maioria, as pessoas em situação de rua encontram-se desempregadas ou em trabalhos informais, atuando como guardadores de carros e vendedores ambulantes, por exemplo.

O estudo ‘Estimativas da População em Situação de Rua no Brasil‘ utilizou dados de 2019 do censo anual do Sistema Único de Assistência Social (Censo Suas), que conta com informações das secretarias municipais.

Outra fonte de dados para o levantamento foi o Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal. No total, 81,5% da população em situação de rua está em municípios com mais de 100 mil habitantes, principalmente das regiões Sudeste (56,2%), Nordeste (17,2%) e Sul (15,1%).

É importante salientar que em 2020 18,5% da população de rua estava em municípios pequenos ou médios, indicando a necessidade de se pensar também em políticas públicas adequadas a essas localidades.

No total, até março o Brasil registrava 221.869 pessoas em situação de rua. A análise seguiu o modelo de contagem utilizado em 2015, quando foi lançado o último balanço pelo Ipea, utilizando os dados oficiais informados pelos municípios por meio do Censo Suas. No entanto, agora a pesquisa usa dados de mais municípios do que em 2015.

Esses municípios representam 84% da população total brasileira. Em 2015, a pesquisa usou dados de municípios que representavam 69% da população.

O Ipea também produziu outro levantamento, desta vez focando no impacto da pandemia na população em situação de rua.

No estudo ‘Populações em Situação de Rua em Tempos de Pandemia: Um Levantamento de Medidas Municipais Emergenciais‘, o Ipea mapeou, por meio dos sites oficiais, as principais medidas de assistência adotadas pelas prefeituras, nas capitais do Nordeste e Sudeste.

No total, entre as 13 capitais dessas regiões, as ações reportadas foram: abrigamento (12), higiene (9) e alimentação (8). As ações menos frequentes foram: centros emergenciais de serviço (2) e atividades específicas de orientação (6) para usuários de álcool e outras drogas, pessoas com transtornos mentais e iniciativas específicas para crianças e adolescentes em situação de rua.

Mesmo com as ações emergenciais que as prefeituras vêm realizando, o estudo alerta para o aumento da população em situação de rua durante a pandemia, por conta da desocupação crescente e mais intensa devido aos problemas econômicos.

Além das ações listadas, as pessoas em situação de rua ouvidas também apontaram iniciativas como instalação de pias em espaços públicos e unidades de abrigamento para pessoas que não conseguem fazer isolamento social (inclusive pessoas em situação de rua que recebem auxílio-moradia).

A oferta de novos serviços também foi ressaltada, assim como a instalação de lavanderias e banheiros públicos.

Entre os principais limitadores diante das medidas emergenciais, houve destaque para a dificuldade de testagem das pessoas em situação de rua, a insuficiência das vagas de abrigamento e os obstáculos para acesso às transferências de renda para esta população, especialmente vinculadas ao acesso à informação, documentação e tecnologia.

Também foi pontuada a necessidade de se buscar os mais “vulneráveis entre os vulneráveis”, aí incluídas as pessoas com transtornos mentais ou que vivem em situação de rua fora dos grandes centros e, por consequência, com menos acesso aos serviços públicos. Por: Mariana Lima. Foto: Zito Bezerra. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Covid-19 deixa sequelas em mais de 50%

Estudo divulgado pelo portal científico Jama Network Open mostra o percentual de pessoas com pelo menos uma sequela, as proporções observadas foram: 54% em um mês; 55% entre dois a cinco meses; 54% em seis ou mais meses. As desordens mais frequentes são anomalias em exames de imagem do tórax (pulmões); distúrbios de saúde mental, como dificuldade de concentração e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); e distúrbios de mobilidade funcional, como fadiga, perda acentuada de peso ou fraqueza muscular.

Também foram observadas sequelas da covid graves como distúrbios cardíacos, dermatológicos, de garganta, dermatológicos, perda de massa cinzenta no cérebro, entre outros. “E as consequências disso, além de afetar a qualidade de vida das pessoas após a recuperação da infecção? Esses efeitos de longo prazo ocorrem em uma escala que pode sobrecarregar a capacidade existente de assistência à saúde, particularmente em países de baixa e média renda”, explica a neurocientista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Mellanie Fontes-Dutra.

Diante deste cenário de incertezas no longo prazo, os cientistas destacam que a melhor maneira de evitar problemas individuais e de saúde coletiva é a vacinação em massa. Créditos: Rede Brasil Atual

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Invasão de guerrilheiros na Amazônia ameaça soberania do Brasil

Garimpo ilegal na Amazônia/Folhapress
Sputnik Brasil-Recentemente,  Polícia Federal (PF) confirmou que estrangeiros suspeitos de ligação com as antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão entrando em território brasileiro atraídos pelo 
garimpo ilegal de ouro nos rios da Amazônia.

De acordo com as investigações, os dissidentes estão extorquindo garimpeiros que atuam de forma clandestina nos rios da região e cobrando uma espécie de "pedágio" para poderem trabalhar.

Para compreender melhor esta situação, bem como as causas, os riscos e quais as possíveis medidas que o governo brasileiro pode tomar, a Sputnik Brasil conversou com o professor de Relações Internacionais Thomas Ferdinand Heye da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Instituto de Estudos Estratégicos, especialista em questões de Defesa e Segurança da América do Sul.

O especialista ressalta que o problema do garimpo ilegal na Amazônia não é um problema recente para o Brasil, já que nos anos 1980 houve fenômenos como o de Serra Pelada, além de "figuras sinistras como o major Curió". Nos anos 1990, o garimpo ilegal chegou a influenciar a política externa com os demais países da região, especificamente com a Venezuela, em função da utilização do mercúrio que contaminava os afluentes dos rios venezuelanos em território brasileiro.

Na época, as tensões entre os dois países fizeram com que o embaixador venezuelano no Brasil tivesse sido chamado de volta ao seu país, mostrando um profundo desagrado, o que resultou em tensão nas relações diplomáticas entre os dois países.

Contudo, segundo ele, a principal diferença é que o atual problema conta com a presença de ex-guerrilheiros das Farc.

Aqueles que não aderiram ao tratado de paz com o governo colombiano, não aceitaram deixar a guerrilha a se tornar um partido político, tornaram-se reais criminosos envolvidos com todos os tipos de listas nacionais.

"Eles não são mais guerrilheiros no sentido político do termo. Ou seja, eles ambicionavam mudar o poder político na Colômbia através do uso da força para implementar o socialismo. Não se trata mais disso, é justamente ao contrário. As Farc em 2016 foram transformadas em partido político. São esses que não aderiram ao tratado de paz com o governo colombiano, não aceitaram deixar a guerrilha se tornar um partido político", ressaltou.

"Em outras partes da Colômbia, por exemplo na fronteira com a Venezuela, estes atuais criminosos, ex-guerrilheiros, já estão mais ativos, mas em relação ao Brasil, é um fenômeno mais recente e que vem ganhando cada vez mais importância", afirmou.

Um dos desdobramentos visíveis disso é que agora "nós temos na região norte do país, assim como o Comando Vermelho no Rio de Janeiro e o PCC em São Paulo, facções criminosas" que também vão se envolver com todo tipo de atividades, como extração de madeira ilegal", disse.

De acordo com o professor, estes grupos são compostos por veteranos de combate na selva e não devem ser encarados como bandidos ou criminosos normais dos grandes centros urbanos do Brasil.

"São indivíduos que são extremamente bem preparados, bem treinados para fazer este tipo de serviços, e precisam ser encarados com poder de fogo semelhante", ressaltou.

Com relação à facilidade de acesso ao território brasileiro, o professor afirmou que a razão disso é que nenhum Estado ou poucos Estados conseguem controlar completamente suas fronteiras.

"Para dar um exemplo, basta pensar nos EUA, a maior potência do planeta, que tem fronteira simples com um único país, o México, não consegue controlar o fluxo migratório e isso para eles está sendo um problema. Mas a gente não está falando de guerrilheiros ou ex-guerrilheiros das Farc, com décadas de treinamento de combate, a gente está falando de pessoas em busca de qualidade de vida melhor. E nem esses a maior potência do mundo consegue impedir. Então seria muito difícil o Brasil conseguir impedir, vedar totalmente a fronteira da região norte do país ou de qualquer região do país", explicou.

Thomas Ferdinand Heye ressalta que isso não significa que o Brasil não tenha tomado uma série de iniciativas para proteger suas fronteiras na região norte e sul.

Para o professor, o Brasil até pouco tempo atrás possuía todos os meios possíveis e os recursos necessários para conseguir enfrentar esses ilícitos transnacionais de uma forma mais eficaz.

"É claro que no atual governo tivemos graves retrocessos, mas em termos gerais, temos os recursos necessários, ou podemos fomentar os recursos necessários para lidar com essas questões de uma maneira mais coordenada por parte do Estado brasileiro, sem ser uma atribuição única de uma agência ou instituição", explicou.

"Falta mais vontade política [...] É uma oportunidade para o Brasil ter uma posição de protagonismo na região. O que falta nesta equação é que não é somente um problema de segurança pública, a questão do garimpo ilegal, a presença de atores externos, a questão dos ex-guerrilheiros colombianos, mas a ausência de um modelo de desenvolvimento socioeconômico sustentável para a região, sem que seja predominante a série de medidas ilegais que são tomadas na região, principalmente o grave impacto no meio ambiente", afirmou o professor.

Essa é uma região com muitas preocupações estratégicas, principalmente envolvendo a invasão das terras indígenas, garimpo, desmatamento e pecuária, que estão presentes em todos os documentos de Defesa do país.

De acordo com o professor, o país vem fazendo uma série de iniciativas na esfera militar, como patrulhamentos na fronteira, aplicação do sistema integrado de proteção da Amazônia, que faz parte do sistema de vigilância da Amazônia.

"Nós temos grande capacidade de penetração, não somente no que se refere ao nosso espaço aéreo, mas também ao espaço aéreo dos países vizinhos, no que se refere a qualquer espécie de aeronave e que possa parecer suspeita que possa ter sua presença questionada", observou.

Segundo Thomas Ferdinand Heye, uma série de questões relativas à segurança, que são muito preocupantes, está emergindo na Amazônia.

Ao ser questionado como os dois países têm tentado resolver este problema na fronteira, o professor afirma que, caso o assunto seja tratado, não deverá ser de uma forma tão ostensiva, e recorda que em breve os líderes dos dois países devem se encontrar.

Com todos os países atentos e "palpitando" sobre a Amazônia, certamente é hora de o Brasil demonstrar seu poder e soberania para despachar não apenas os "curiosos e palpiteiros" como também os invasores.

Falando sobre o assunto, Thomas Ferdinand Heye cita que essa "vilanização" do Brasil, "mais especificamente do atual presidente" na comunidade internacional "é extremamente prejudicial" não apenas para a região amazônica, mas para o país como um todo.

"É importante assinalar politicamente para os demais países que, se o atual governo é um problema, o Brasil como Estado, é a solução. Ou seja, da mesma forma que tivemos um enorme retrocesso em questões relativas à proteção do meio ambiente e à promoção de qualquer espécie de desenvolvimento regional sustentável, isso não impede que no futuro o façamos", afirmou.

Thomas Ferdinand Heye cita que, ao se tratar de fronteiras, fala-se de dois atores, mas as áreas de fronteira são áreas extremamente vivas e diferentes dos estados restantes.

Nas cidades fronteiriças, é frequente ver os habitantes cruzarem as fronteiras por diversos motivos.

O professor recorda que o Brasil vem desenvolvendo no sul o sistema integrado de monitoramento de fronteiras, que é um esforço coordenado das Forças Armadas, justamente em fiscalizar esta faixa de fronteira junto com as demais forças.

Além disso, na região sul, a Força Aérea Brasileira recorre frequentemente à interceptação de aeronaves suspeitas, bem como a pelotões de fronteira no Extremo Norte, que "são indivíduos extremamente corajosos, solitários, mas que são a cara do estado do Brasil, nos lugares mais inóspitos e inacessíveis".

Ao ser questionado como os dois países têm tentado resolver este problema na fronteira, o professor afirma que, caso o assunto seja tratado, não deverá ser de uma forma tão ostensiva, e recorda que em breve os líderes dos dois países devem se encontrar.

"Sem dúvida nenhuma, a região carece de um ator que assuma o protagonismo na Amazônia, e esse ator naturalmente é o Brasil, não somente por deter a maior parte da Amazônia, mas também por ser o país com maior capacidade de recursos e ser capaz, justamente, de desenvolver as relações diplomáticas, políticas com os demais países vizinhos, em um esforço colaborativo entre os países da região para coibir a propagação destas atividades como o garimpo ilegal, desmatamento ou qualquer questão relativa", observou.

O professor ainda enfatiza que essa questão deve ser percebida nas atuais relações com as demais grandes potências globais.

"Eu me refiro especificamente aos EUA, China e alguns países da Europa Ocidental. Todos eles têm como prioridade nas suas respectivas agendas de segurança, a questão do meio ambiente, e todos eles estão voltados para a Amazônia", destacou.

Um dos pontos que vai ser discutido na COP26, que será realizado neste mês em Glasgow, será justamente a maneira como podemos financiar ou obter recursos para promover o desenvolvimento sustentável da região, contribuindo significativamente para a diminuição da ocorrência de atividades ilícitas, de maneira geral.

Contudo, infelizmente, tendo em conta as atitudes do atual governo em relação à questão ambiental, "provavelmente esta oportunidade será perdida", mas vai ficar na agenda para o próximo governo, ressalta o professor. Por Felipe Camargo e Luiza Ramos/Sputnik Brasil. Créditos: Sputnik Brasil

domingo, 10 de outubro de 2021

Com a volta da inflação aumenta o empobrecimento, arrocho salarial, desemprego e juros mais altos

Com a volta da inflação anual de dois dígitos após mais de 5 anos tem consequências diretas não só para o bolso do brasileiro, mas também nas perspectivas para o emprego, renda, crédito e crescimento da economia.

A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, atingiu 10,25% no acumulado em 12 meses, a maior taxa anual desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36% 

Economistas explicam as causas da escalada inflacionária, os efeitos do rompimento da barreira simbólica dos 10% e os impactos do aumento generalizado dos preços na economia e na vida do brasileiro.

"É mais que uma barreira psicológica, é uma tragédia mesmo. Quando chegamos a uma inflação de dois dígitos, há uma pressão muito forte para reajustes e para indexação da economia", afirma Carlos Honorato, economista e professor da FIA e Saint Paul.

Honorato destaca que o brasileiro ainda tem uma "memória inflacionária" e carrega no DNA o "medo da inflação".

O momento atual de inflação nas alturas é ainda mais grave em virtude do desemprego ainda elevado enquanto a economia segue em ritmo fraco de recuperação. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, menor taxa no ano, mas que ainda atinge 14,1 milhões de pessoas.

Apesar dos desarranjos provocados pela pandemia nas cadeias produtivas e da alta nos preços internacionais das commodities, os economistas destacam que a escalada da inflação no Brasil tem causas predominantemente domésticas.

Um país que tem dois dígitos de desemprego e de inflação é porque tem outra causa provocando isso. Na raiz desse problema está a taxa de câmbio brasileira. O real é uma das moedas que mais se desvalorizou na pandemia", diz Gonçalves.

Em 2020, a moeda americana subiu 29% em relação ao real. Neste ano, a alta é de mais 6,34%, rompendo o patamar de R$ 5,50. Em boa parte, a instabilidade política é uma das principais responsáveis pela cotação do dólar, como explica o economista da FGV.

Juros mais altos, significam crédito mais caro, menos investimento, mais freio para o Produto Interno Bruto (PIB) e salários mais achatados.

No Brasil, como mostra o IBGE, dos 10,25% de alta da inflação em 12 meses, a gasolina foi o item individual com o maior impacto. Ela representou 1,93 ponto percentual (p.p.) sobre o indicador geral. Os maiores impactos depois dela vieram da energia elétrica (1,25 p.p.), das carnes (0,67 p.p.) e do gás de cozinha (0,38 p.p.). Itens altamente influenciados pelo dólar. Créditos: G1

sábado, 9 de outubro de 2021

Brasil ultrapassa marca de 600 mil mortes por covid-19

 

RBA-O Brasil ultrapassou a marca de 600 mil mortes causadas pela pandemia de covid-19. É como se toda a população do estado de Roraima morresse em um ano e meio. Muitas destas mortes seriam evitáveis, não fosse a desastrosa condução do governo Bolsonaro ante a maior crise sanitária da história do país. O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, resumiu, em seu Twitter, o que representa a marca trágica alcançada pelo país: “600 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil. Destas, 480 mil estariam vivas se tivéssemos mortalidade igual à média mundial (…) Definitivamente, não era uma gripezinha.”

O acadêmico defende que o negacionismo de Bolsonaro tem relação direta com o fato de o Brasil ser o segundo do mundo em total de óbitos causados pela covid oficialmente registrados. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, que tem população 50% maior e soma 708 mil mortos.

Outro cientista, o biólogo e divulgador Atila Iamarino, também lamentou as centenas de milhares de mortes evitáveis. Além disso, pontuou o desastre da gestão de Bolsonaro em outros setores, como na Economia. Além de não preservar vidas, impõe sacrifícios extremos aos brasileiros. “600 mil mortes registradas, redução em 2 anos da expectativa de vida em 2020, meio país em insegurança alimentar e 19 milhões passando fome… Mas qual o problema em seguir medidas sanitárias vindas do Ministério da Economia? Tem que ver pelo lado bom: quem tem dólar ganhou dinheiro”, disse, em referência direta ao ministro Paulo Guedes, que mantém reservas milionárias em paraíso fiscal. Por Gabriel Valery/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

46 milhões brasileiros vivem sem renda do trabalho

 Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), produzido a partir de dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46 milhões de pessoas vivem em lares sem renda de trabalho no Brasil. Neste cenário, a recuperação do quadro ainda não ocorreu de maneira completa.

No segundo trimestre de 2021, a proporção de domicílios sem renda de trabalho chegou a 28,5%. Isso significa que quase 3 em 10 domicílios estão em residências sem dinheiro obtido por meio de atividades profissionais.

O sustento dessas pessoas vem de aposentadorias, pensões e programas sociais, como o auxílio emergencial. 

Antes da pandemia, no quarto trimestre de 2019, a proporção era de 23,54%, o equivalente a 36,5 milhões de pessoas. Ou seja, o número de brasileiros que entraram nesta situação foi de 9,5 milhões de pessoas.

A proporção de famílias sem renda do trabalho foi de 31,56% no segundo trimestre de 2020. Ainda, o rendimento habitual médio dos trabalhadores ocupados apresentou uma queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020.

Já a renda efetiva subiu em 0,9% no segundo trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. Por: Isabela Alves Fonte: Folha de São Paulo Créditos: Observatório do Terceiro Setor

domingo, 3 de outubro de 2021

5 milhões de hectares foram desmatadas no Pantanal

 Em 1988, o total do campo alagado no Pantanal chegava a 5,8 milhões de hectares. Em 2018, a área alagada havia diminuído 29%, indo para 4,1 milhões de hectares, segundo o MapBiomas, rede brasileira de dados e mapas. Em 2020, o valor foi de 1,5 milhão de hectares, o menor nos últimos 36 anos.

Somente a agricultura e a pecuária desmataram quase 5 milhões de hectares de mata nativa, conforme os dados do MapBiomas.

Em razão das grandes variações de inundações no bioma, o problema pode ser muito mais grave, segundo diz o coordenador dos estudos do MapBiomas no Pantanal, Eduardo Reis Rosa.

“A gente identificou nesses 36 anos de análise: o Pantanal ainda tem 84% do bioma preservado, com sua vegetação nativa com áreas de campestre, formação florestal, formação savânica. Já na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, apenas 43% do planalto é de área natural, com área de vegetação natural, o restante é de pastagem e agricultura”, detalha o pesquisador.

O pesquisador destaca que a perda significativa na área de planalto para a agricultura e pecuária faz com que os rios no Pantanal recebam sedimentos gerados pela pastagem.

Diante deste cenário, é extremamente necessária a adoção de técnicas de conservação e de manejo de solo. “Conservar as nascentes e os rios pantaneiros, de forma única, é a saída viável”, finaliza o pesquisador. Fonte: g1. Por Maria Fernanda Garcia. Foto: EBC. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Prevent Senior obrigou médicos a receitar ‘kit covid, diz advogada de médicos

 

 RBA-A Prevent Senior é investigada por fraudar prontuários de pacientes que morreram de covid-19 e receberam o chamado “kit covid”, com medicamentos sem eficácia. De acordo com a denúncia, pacientes foram cobaias de um estudo sem autorização para testar a eficiência dos medicamentos.

Em seu depoimento na CPI, a advogada Bruna Morato também contou que foi procurada por pacientes, ainda neste ano, e os inúmeros relatos confirmaram as versões passadas pelos médicos. Na semana passada, o diretor da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, disse que havia consentimento dos pacientes e que a autonomia média era respeitada. A advogada, entretanto, desmente.

“Os pacientes davam o ok sobre o tratamento, mas não sabiam que seriam cobaias. Eles só sabiam que receberiam algum medicamento, mas o hospital não detalhava os riscos. Quando os pacientes retiravam os medicamentos ainda no hospital, eles assinavam um documento sem saber que era um termo de consentimento, pois era um termo era genérico”, afirmou a advogada.

De acordo com Bruna, a orientação na Prevent Senior para a prescrição do “kit covid” vinha da direção executiva. “É um protocolo institucional e os médicos não têm autonomia”, explicou. Ela acrescentou ainda que um dos diretores da Prevent, Felipe Calvaca, disse aos médicos que não era para informar os pacientes sobre o tratamento realizado. “A Prevent Senior tem hospitais próprios e por isso dava as orientações. É algo verticalizado.”

Ainda durante as perguntas do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Bruna negou que os médicos da Prevent Senior tenham alterado uma tabela com número de mortes por Covid-19, em estudo realizado em hospital da rede – acusação feita pelo diretor Pedro Batista, na semana passada.

“Ele prestou uma informação equivocada sobre os nomes divulgados. Eu disponibilizei a tabela com o nome dos participantes e verifiquei os nove óbitos. Os nove mortos continuam falecidos. A CPI precisa investigar isso porque são pessoas que constam do Cadastro Nacional de Óbitos, mas ele disse que a paciente ainda está viva. Isso é uma situação atípica”, respondeu a advogada.

A representante dos médicos respondeu também sobre o caso específico do médico Anthony Wong, defensor do tratamento precoce, que morreu de covid-19, em janeiro, no hospital da Prevent Senior. Ela disse que teve acesso ao prontuário enviado pela própria operadora de saúde ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Bruna conta que, no prontuário, consta que Wong fez uso de hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e colchicina. “Ele ficou internado numa unidade para pacientes cardiológicos, mas com covid-19. Ou seja, ele estava com pacientes com outras comorbidades. Ele passou por tratamentos com medicamentos do kit covid”, afirmou. Por Felipe Mascari/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual

sábado, 25 de setembro de 2021

Infração é a maior em 27 anos

 O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), “prévia” da inflação oficial, atingiu 1,14% em setembro, maior taxa para o mês desde 1994. Agora, o IPCA-15 soma 7,02% no ano e 10,05% em 12 meses. Com esses números a inflação é a mais alta desde o lançamento do do Plano Real, à 27 anos atrás. 

O IBGE, que divulgou os dados na sexta-feira (24), apurou alta em oito dos nove grupos pesquisados. Destaque, mais uma vez, para os preços dos combustíveis. Apenas a gasolina subiu 2,85% neste mês e acumula 39,05% em um ano. O custo com energia elétrica também subiu em setembro (3,61%). E deve continuar subindo, com a crise hídrica. Preocupado, o presidente da República sugeriu que todos tomem banho frio e usem escadas em vez de elevador.

 O preço da alimentação e bebidas subiu 1,27% em setembro, com influência, principalmente, dos gastos no domicílio, que subiram 1,51%. O preço das carnes, por exemplo, teve alta de 1,10% – e representou impacto de 0,03 ponto no resultado geral. O IBGE apurou aumento de batata inglesa (10,41%), café moído  (7,80%), frango em pedaços (4,70%), frutas (2,81%) e leite longa vida (2,01%), entre outros itens. Caíram os preços de arroz (-1,03%) e cebola (-7,51%).

Comer fora também ficou mais caro. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,69, quase o dobro de agosto (0,35%). O preço da refeição disparou, de 0,10% para 1,31%. Já o lanche subiu menos (de 0,75% para 0,46%).

Com alta de 2,22% neste mês, o grupo Transportes teve influência dos combustíveis, que subiram 3%, ainda mais do que em agosto (2,02%). A gasolina (2,85%) representou impacto de 0,17 ponto percentual no índice total. Também aumentaram os preços do etanol (4,55%), gás veicular (2,04%) e óleo diesel (1,63%). Os veículos próprios subiram 1,19%.

Segundo o IBGE, automóveis novos (1,70%), usados (1,34%) e motocicletas (1,04%) permaneceram em alta e responderam por 0,08 ponto. Produtos relacionados a esses itens também subiram, casos do seguro de veículo (3,08%), óleo lubrificante (2,37%), pneu (1,88%) e conserto de automóveis (0,81%).

Ainda nesse grupo, as passagens aéreas, que haviam caído 10,90% em agosto, subiram 28,76%. A tarifa de ônibus intermunicipal teve elevação de 0,40%, com reajustes aplicados em Salvador e Fortaleza. Mais altas: aluguel de veículo: 4,63% e transporte por aplicativo (4%).

Em Habitação, além da energia (que respondeu por 0,17 ponto percentual), houve redução na taxa da água e agosto (-0,08%), “consequência da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte”. Mas houve reajustes em Recife e Porto Alegre. Já o gás encanado subiu 2,20%, com aumentos no Rio de Janeiro e em Curitiba.

Entre as áreas pesquisadas, o IPCA-15 variou de 0,58% (região metropolitana de Fortaleza) a 1,58% (Grande Curitiba). Em 12 meses, a taxa média vai de 8,75% (Rio de Janeiro) a 12,61% (Curitiba). Também aparece com dois dígitos em Fortaleza (11,49%), Porto Alegre (11,37%), Belém (10,90%), Goiânia (10,48%), Recife (10,37%) e Belo Horizonte (10,06%). Na região metropolitana de São Paulo, soma 2,86% no mês e 9,39%.

Os resultados da inflação medida pelo IPCA e INPC deste mês serão conhecidos em 8 de outubro. Na próxima quinta-feira (30), o IBGE divulga novos resultados sobre a situação do desemprego no país, que tem batido recordes no atual governo. Por Vitor Nuzzi/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Brasil registrou 12,9 mil suicídios em 2020

 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é líder mundial em casos de ansiedade e está em 2º lugar no ranking de casos de depressão – uma doença que tem forte ligação com muitos casos de suicídio.

A média anual é de 12 mil mortes no Brasil em decorrência do suicídio.  No mundo são 800 mil pessoas se suicidam por ano. E 79% dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). 

Com o início da pandemia de Covid-19, muitas pessoas tiveram que lidar com o isolamento e com a solidão, o que levou especialistas a temerem um aumento dos transtornos mentais. No entanto, no primeiro ano de pandemia não foram registrados aumentos nem nos casos de transtornos mentais nem nos suicídios. 

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 12.895 suicídios em 2020, uma média de 35 casos por dia. A variação foi de 0,4% em relação a 2019, quando foram registrados 12.745 casos. 

Os estados que apresentaram maior número, repetindo o ano anterior, foram São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre. 

Apesar de os números terem permanecido estáveis, eles são altos e merecem atenção.

Durante a quarentena, houve um aumento na procura por tratamentos psicológicos em todo o país. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google Trends, já no início da pandemia entre 29 de março e 4 de abril de 2020, a busca por atendimento psicológico no Google chegou a 88%.

A busca por serviços on-line também cresceu, chegando a 41%, enquanto na semana de maior popularidade do assunto, em 2019, a procura era de apenas 11%. Outra pesquisa, divulgada no Valor Econômico, apontou que 53% dos brasileiros relataram uma piora na sanidade mental durante a pandemia. Por Isabela Alves. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

sábado, 18 de setembro de 2021

34% dos trabalhadores brasileiros ganham menos que um salário mínimo

30,2 milhões de trabalhadores são remunerados com até um salário mínimo (R$ 1,1 mil) por mês, o que equivale a 34,4% do total ocupado o país, percentual que também é o mais alto já apurado desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), em 2012.

Os dados, sistematizados em um estudo elaborado pela consultoria IDados, com base nas estatísticas do segundo trimestre deste ano e divulgados pelo portal G1, refletem também a desigualdade brasileira, já que as remunerações mais baixas afetam em especial alguns segmentos sociais. O levantamento mostra que 43,1% dos negros ocupados recebem até um salário mínimo. No melhor momento da série, no quarto trimestre de 2015, este percentual era de 34,4%.

O cenário é ainda pior para o trabalhador quando são considerados os efeitos da inflação no salário mínimo. De acordo com o Dieese, o custo da cesta básica subiu em 13 das 17 capitais pesquisadas em agosto. No período de 12 meses, a cesta subiu em todas, com aumentos que variaram entre 11,90%, em Recife, e 34,13%, em Brasília.

Ainda de acordo com a entidade, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em agosto, 55,93% do salário mínimo líquido, já descontada a contribuição previdenciária, para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.

O piso nacional não tem reajuste acima da inflação há seis anos e a proposta do governo Bolsonaro para o salário mínimo nos próximos três anos acaba de vez com a política de valorização.

Em 2004, as centrais sindicais lançaram uma campanha de valorização, que teve como resultado a elevação do piso nacional acima da inflação em três anos seguidos, até a implementação, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da política permanente. Ela levava em conta critérios como o repasse da inflação do período, o aumento real pela variação do Produto Interno Bruto (PIB), além da antecipação da data base de sua correção até ser fixada em janeiro, como é hoje.

Com a política de valorização, houve aumento de poder de compra no período. Para efeito de comparação, em 1995 o salário mínimo comprava 1,2 cesta básica, já em 2016, o trabalhador podia adquirir 2,4 cestas. Créditos: Rede Brasil Atual

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Brasil volta a registrar aumento de mortes diárias por covid


Depois de período de queda significativa no número de mortes por Covid-19, o Brasil vive um novo momento de elevação das mortes diárias de covid-19. Ontem (15), o país registrou 800 vítimas em 24 horas, segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Com o acréscimo, já são 588.597 mortos, sem contar com subnotificação apontada por cientistas e admitida até pelo governo federal. No mesmo período, foram notificadas 14.780 novos casos, totalizando 21.034.610 infectados pelo coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020.

A média diária de mortes passou de 454, no dia 10 de setembro, para os atuais 597 óbitos a cada um dos últimos sete dias – um salto de 31,5%. Esta tendência não se repete na média diária de novos casos, que apresentou queda no período, e estabilidade nos últimos dois dias, com 15.229 infectados também a cada um dos últimos sete dias. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma que a tendência nacional atualmente percebida é de estabilidade e queda nos casos.

Por outro lado, a transmissão segue em níveis “extremamente elevados”, especialmente entre os mais jovens. Foram precoce a liberação das medidas de isolamento social, que vigoraram pouco e de forma ineficaz no país, o que reflete para o ainda alto patamar de contágio. Já a estabilização em valores relativamente mais altos na população mais jovem é reflexo da manutenção de transmissão elevada na população em geral. 

Além de apresentar resultados evidentes para a redução das mortes, as vacinas deverão em breve impactar significativamente também na transmissão comunitária do novo coronavírus. É o que aponta estudo publicado na revista científica The Lancet. Os dados positivos são essenciais para a epidemiologia, já que é necessário reduzir a transmissão para evitar o surgimento de novas cepas virais. Essas mutações mais agressivas surgem em regiões de contágio descontrolado. Foto: Conass. Créditos: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Uma em cada cinco meninas já sofreu violência sexual no Brasil

A pesquisa revelou que os jovens em idade escolar que sofreram violência sexual foram tocados, manipulados, beijados ou tiveram o corpo exposto contra a vontade. Destes, 6,3% afirmaram ainda que foram forçados a manter relações sexuais ao menos uma vez na vida, sendo 3,6% dos meninos e 8,8% das meninas.

Um em cada cinco meninas (20,1%) entre 13 e 17 anos já sofreu violência sexual, segundo dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada em 2019 com estudantes entre o 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Entre os meninos, a porcentagem dos que relataram ter sido vítimas desse tipo de abuso cai para 9%.

Também foram realizados levantamentos sobre o uso de álcool e outras drogas, além de questões sobre sexualidade e outros tipos de violências físicas ou psicológicas. Foram ouvidos 11,8 milhões de estudantes, sendo 10,8 milhões alunos de escolas públicas e 1,7 milhão, de instituições privadas.

Além de concluir o número elevado de casos de abusos, especialmente entre meninas, o estudo identificou que as ocorrências são mais prevalentes entre estudantes de escolas privadas. Entre os estudantes no ensino particular, 16,3% relataram o abuso, frente a 14,4% em escolas do ensino público. “Entre os escolares que sofreram abuso sexual, 29,1% apontaram o namorado ou namorada como agressor. Outros 24,8% apontaram um amigo ou amiga e 20,7%, um desconhecido. Em seguida vêm: outros familiares que não o pai ou mãe (16,4%), outras pessoas fora do círculo familiar (14,8%) e pai, mãe ou responsável (6,3%)”, informa o IBGE.

Os dados da pesquisa mostram que mais de um terço (35,4%) dos estudantes entre 13 e 17 anos já tiveram relações sexuais. Foi observado uma queda de 2,1% em comparação com estudo similar realizado em 2015. A taxa foi consideravelmente mais alta entre estudantes do ensino público (37,5%), ante 23,1% no ensino privado. Entre adolescentes mais velhos, entre 16 e 17 anos, o número é maior (55,8%).

Entre os jovens que disseram que já tiveram relações sexuais, apenas 63,3% usaram camisinha na primeira vez. Depois da camisinha, o método contraceptivo mais adotado é a pílula anticoncepcional feminina, com 52,6% de adesão entre as meninas com vida sexual ativa. Outro dado preocupante aponta que 45,5% das meninas utilizaram a chamada pílula do dia seguinte ao menos uma vez na vida. Além de possíveis problemas hormonais, os métodos, à exceção da camisinha, não previnem contra doenças sexualmente transmissíveis.

Além da violência sexual, entre outros tipos de abuso relatados se destaca o bullying e ofensas em redes sociais. O percentual de estudantes que relataram episódios de humilhação por colegas duas ou mais vezes no mês anterior à pesquisa foi de 23%. Os motivos principais foram: aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor da pele (4,6%). Já entre os agressores, 12% assumiram o papel. Também neste ponto é maior a prevalência de agressões psicológicas em escolas privadas.

O cenário sofre alteração nos casos de violência sexual ou psicólogica em ambientes virtuais. “Foi perguntado aos escolares se eles se sentiram ameaçados, ofendidos ou humilhados nas redes sociais ou aplicativos de celular nos 30 dias anteriores à pesquisa e 13,2% responderam positivamente. A proporção foi maior para as meninas (16,2%) do que para os meninos (10,2%). Os alunos de escolas públicas (13,5%) tinham percentuais pouco mais elevados do que os de escolas privadas (11,8%)”.

Dentro do universo de imposição de padrões estéticos, visto como motivador para casos de bullying e assédio moral, apenas a metade dos estudantes consideram seu corpo “normal” (49,8%). Disseram se achar muito magros 28,9% e muito gordos, 28,9%. A autoimagem de sobrepeso é maior entre as meninas, com 25,2%, ante os meninos, com 15,9%. Na tentativa de se “enquadrar nos padrões”, 6,1% dos estudantes afirmaram que já induziram vômito para emagrecer e 5,4% deles consumiram laxantes com o mesmo objetivo.

Diante de todo o contexto de violências e humilhações, o IBGE identificou um dado classificado como “alarmante” pelo instituto. Entre os estudantes, 21,4% afirmam que “a vida não vale apena”, sendo 29,6% das meninas e 13% dos meninos. “O estudo buscou captar como os adolescentes se sentiam nos 30 dias anteriores à pesquisa. Mais da metade (50,6%) sentiam muita preocupação com as coisas comuns do dia a dia, na maioria das vezes ou sempre. As meninas (59,8%) se preocupavam mais que os meninos (41,1%) e os alunos da rede privada (63%) mais que os da rede pública (48,5%)”.

Outro indicador que acende um alerta para a saúde mental dos jovens é o aumento de casos de depressão e ansiedade. Mais de 5% dos alunos já praticou autoagressão ou automutilação, sendo que 60% das vezes os episódios são ligados a quadros depressivos, de ansiedade ou de problemas de relacionamento em casa e na escola. Do total de estudantes, 21% afirmaram que foram agredidos fisicamente pelo pai, mãe ou responsável no último ano, com maior prevalência novamente entre matriculados no ensino privado (23,6%). Créditos: Rede Brasil Atual. Foto: Google. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Cesta básica já consome 65% do salário mínimo

Nos 12 meses o preço da cesta subiu mais de 10% em todas as capitais pesquisadas, de acordo com estudo realizado pelo Dieese. O estudo apontou, que o preço da cesta básica de alimentos chegou a consumir 65,32% dos ganhos mensais nas famílias com renda de um salário mínimo. 

O percentual foi registrado em Porto Alegre, onde a cesta é a mais cara do país, a R$ 664,67. Em Aracaju (SE), que tem a cesta mais barata entre os locais pesquisados (R$ 456,40), o conjunto de alimentos representa um gasto de 44,86% do salário mínimo.

Nos 12 meses até agosto, o preço da cesta subiu mais de 10% em todas as capitais pesquisadas, de acordo com o estudo.

A maior alta foi registrada em Brasília (DF). O valor dos 17 itens que compõem a cesta subiu 34,13% em um ano.

Em outras sete capitais, o aumento acumulado passou dos 20%: Campo Grande (25,78%), Porto Alegre (24,84%), Florianópolis (24,24%), Vitória (21,50%), Natal (21,11%), São Paulo (20,47%) e Belém (20,07%). Créditos: Brasil 247

domingo, 5 de setembro de 2021

CNBB pede respeito à democracia e às instituições


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através de seu presidente dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou na sexta-feira, 3 de setembro, vídeo com mensagem sobre o Dia  da Pátria.

De acordo com o presidente da CNBB, “os católicos e cristãos não podem ficar indiferentes à realidade que mistura desemprego e alta inflação, num contexto agravado pela pandemia, situação que acentua as exclusões sociais”.

Na manifestação, a CNBB defende a democracia, com respeito às instituições, adverte para a disseminação da raiva e da intolerância e condena o estímulo ao armamento da população.

“Quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da Paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta verdade é sublinhada pelo Papa Francisco na carta encíclica Fratelli Tutti”, disse Dom Walmor.

“Não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a existência de totalitarismos”, disse Dom Walmor, sem citar nomes, em alusão às manifestações de Bolsonaro.

O presidente da CNBB pregou a solidariedade à luta dos povos indígenas, lembrando que “nossa pátria não começa com a colonização europeia” e denunciando às agressões aos direitos do povos originários.

Diante do quadro atual, o arcebispo defendeu urgente “implementação de politicas públicas para a retomada da economia e a inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho”. Créditos: Agência PT

sábado, 4 de setembro de 2021

Só lhe resta o golpe

 Eleito com quase 60 milhões de votos,  com grande maioria no Congresso, e com apoio da mídia tradicional, Bolsonaro assumiu a presidência da República em 1° de janeiro de 2019, sem programa de governo,  sem projeto para o país, pois na sua campanha para presidente não existia projetos relevantes,  acabar com o comunismo no Brasil, (Nunca ouve comunismo no Brasil) e principalmente acabar com o Partido dos Trabalhadores (PT), foi o tom da campanha, campanha feita em cima de fake news e do discurso de ódio, preconceito e violência, ameaçando inclusive adversários de fuzilamento. 

Passado mais da metade de seu governo, Bolsonaro até agora não apresentou nem uma realização de impacto no seu governo, o país piorou em todos os aspectos, o desemprego aumentou, a infração disparou, o PIB despencou,  a fome voltou, o preço dos combustíveis disparou, e pra piorar a situação veio a pandemia do novo coronavírus, e sua atuação desastrosa em relação pandemia fez com que sua popularidade despencasse. 

Além do fracasso da sua administração Bolsonaro convive com várias denúncias de corrupção, inclusive no combate à pandemia, com acusações gravíssimas na compra de vacinas. Acusado de vários crimes de responsabilidade Bolsonaro já tem mais de 100 pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados. Bolsonaro também é acusado de crimes contra a humanidade por atitudes irresponsáveis e negacionistas durante a pandemia de coronavírus, acusações estas que já foram enviadas ao Tribunal Internacional. 

Se não  bastasse o presidente resolveu atacar as instituições e a democracia, com ameaças de ruptura institucional. 

A cada dia Bolsonaro vem perdendo apoio de setores determinantes do país. Além disso as pesquisas eleitorais para 2022, não lhe são favoráveis,  mostra seu adversário o ex-presidente Lula com grande vantagem e com possibilidade de vencer no primeiro turno.

Lula que  não pode concorrer na eleição passada por que estava preso, condenado pela operação Lava Jato, num julgamento que foi considerado parcial e anulado pelo STF. Lula que liderava as pesquisas na época, foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, que virou ministro do governo Bolsonaro.

Diante de tantos obstáculos, sem apoio, sem programa de governo, com ameaça de ser cassado ou até mesmo preso, para o presidente Jair Bolsonaro não resta outra alternativa a não ser o golpe, se vai conseguir realizar essa aventura não sabemos, isso só as Forças Armadas tem a resposta. Por Zito Bezerra. 

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Brasil ganha 42 novos bilionários, enquanto 20 milhões passam fome

 Enquanto mais de 15 milhões de brasileiros estão sem emprego, milhares de famílias moram na rua e mais de 20 milhões de pessoas passam fome e em plena pandemia o país ganhou 42 novos bilionários. 

Segundo a revista Forbes o Brasil ganhou 42 super-ricos em 2021. Se forem divididas as famílias, o ranking aparece com 77 nomes a mais do que em 2020. A lista traz um total de 315 bilionários bilionários.

O Brasil se destacou no mundo em relação à capitalização de mercado, somando US$ 5,5 trilhões em 388 empresas.

Juntos, os bilionários brasileiros acumularam patrimônio de R$ 1,9 trilhão no primeiro semestre deste ano.

A lista de bilionários brasileiros da Forbes considera como principal fonte de informação a participação dos bilionários em empresas listadas em bolsa. Os dados consideram os valores apurados no primeiro semestre de 2021, ou seja, até 30 de junho.

O Brasil é o país com uma das maiores concentração de renda do mundo, reflexo do sistema capitalista neoliberal. Foto: Google. 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Febre "misteriosa" mata 68 pessoas em uma semana


Uma "febre misteriosa"  preocupa o povo indiano, tendo já vitimado em apenas uma semana quase 70 pessoas, das quais 40 eram crianças, no estado indiano de Uttar Pradesh.  A maior parte dos falecidos tinha reportado febre alta, desidratação e um decréscimo repentino no número de plaquetas no sangue. O resto das vítimas mostrava sintomas da dengue.

Inúmeros casos estão sendo reportados de vários distritos do referido estado indiano, tendo Firozabad sido apontado como o distrito mais afetado pela febre mortal.

O jornal The Times of India informou que, de momento, 72 crianças das 135 internadas no Colégio Médico de Firozabad estão lutando pela vida, sendo que a metade delas apresentam sintomas da dengue. Segundo as autoridades de saúde, 12 crianças morreram devido a essa febre nas últimas 24 horas.

"A causa exata está sendo estudada", disse a diretora clínica do distrito de Firozabad, dra. Neeta Kulshrestha.

Kulshrestha sublinhou ainda que todos os pacientes internados em hospitais estatais estão sendo testados à COVID-19, mas até agora nenhum dos casos da infecção viral pode ser correlacionado. Créditos: Sputnik Brasil

domingo, 29 de agosto de 2021

Congresso terá 5 mil agentes de segurança no dia 7 de setembro

 


Cinco mil policiais do governo do Distrito Federal irão fazer a segurança do prédio do Congresso no dia 7 de setembro, data marcada para manifestação bolsonarista. A Polícia Legislativa também atuará na proteção do prédio. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Democratas), já teve uma conversa com o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), sobre o tema. Outro encontro acontecerá na segunda-feira (30).

Os Ministérios Públicos de São Paulo e do Distrito Federal querem impedir a presença de policiais militares na manifestação por classificarem como ilegal a participação de PMs da ativa em atos políticos.

A Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais Militares, Bombeiros Militares e Pensionistas Estaduais (Anermb) decidiu deixar as representações regionais livres para estimular ou não a participação nos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente da entidade, sargento Leonel Lucas, defendeu o direito de manifestação dos policiais, desde que desarmados e à paisana.

"Não há hipótese de se poder comparecer, enquanto militar da ativa, do ponto de vista do regulamento em vigor. Não há margem de discussão. Mesmo sem farda e em horário de folga o PM está submetido ao regulamento disciplinar", afirmou o procurador de Justiça Pedro Falabella que atua junto ao TJM. Com informações do blog de Lauro Jardim. Créditos: Sputnik Brasil