A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, atingiu 10,25% no acumulado em 12 meses, a maior taxa anual desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36%
Economistas explicam as causas da escalada inflacionária, os efeitos do rompimento da barreira simbólica dos 10% e os impactos do aumento generalizado dos preços na economia e na vida do brasileiro.
"É mais que uma barreira psicológica, é uma tragédia mesmo. Quando chegamos a uma inflação de dois dígitos, há uma pressão muito forte para reajustes e para indexação da economia", afirma Carlos Honorato, economista e professor da FIA e Saint Paul.
Honorato destaca que o brasileiro ainda tem uma "memória inflacionária" e carrega no DNA o "medo da inflação".
O momento atual de inflação nas alturas é ainda mais grave em virtude do desemprego ainda elevado enquanto a economia segue em ritmo fraco de recuperação. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, menor taxa no ano, mas que ainda atinge 14,1 milhões de pessoas.
Apesar dos desarranjos provocados pela pandemia nas cadeias produtivas e da alta nos preços internacionais das commodities, os economistas destacam que a escalada da inflação no Brasil tem causas predominantemente domésticas.
Um país que tem dois dígitos de desemprego e de inflação é porque tem outra causa provocando isso. Na raiz desse problema está a taxa de câmbio brasileira. O real é uma das moedas que mais se desvalorizou na pandemia", diz Gonçalves.
Em 2020, a moeda americana subiu 29% em relação ao real. Neste ano, a alta é de mais 6,34%, rompendo o patamar de R$ 5,50. Em boa parte, a instabilidade política é uma das principais responsáveis pela cotação do dólar, como explica o economista da FGV.
Juros mais altos, significam crédito mais caro, menos investimento, mais freio para o Produto Interno Bruto (PIB) e salários mais achatados.
No Brasil, como mostra o IBGE, dos 10,25% de alta da inflação em 12 meses, a gasolina foi o item individual com o maior impacto. Ela representou 1,93 ponto percentual (p.p.) sobre o indicador geral. Os maiores impactos depois dela vieram da energia elétrica (1,25 p.p.), das carnes (0,67 p.p.) e do gás de cozinha (0,38 p.p.). Itens altamente influenciados pelo dólar. Créditos: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.