No dia 19 de maio, o então coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, Dimas Tadeu Covas, declarou que, em virtude da baixa adesão ao isolamento social e ao aumento de casos e mortes, o estado estava “perdendo a batalha contra o vírus”. Naquele dia, havia 9.500 internações devido à covid-19 em SP, sendo 3.659 em UTI e 5.902 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI era de 71,4% no Estado de São Paulo e 88% na Grande São Paulo.
Uma semana depois, o discurso mudou e teve início o processo de implementação do Plano São Paulo, que coordena a flexibilização da quarentena e a reabertura do comércio e dos serviços no estado. A principal justificativa é que o número de novos casos e novas mortes havia se estabilizado, bem como a ocupação de leitos de UTI havia caído. No entanto, essa queda se deveu a abertura de novos leitos, tanto de terapia intensiva, quanto de enfermaria. E não a uma redução na demanda de internações por causa da covid-19.
Essa demanda, inclusive, vem aumentando desde então. Dados divulgados nesta quinta-feira (11) pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostram que há 13.496 internações por covid-19 em São Paulo, sendo 8.085 em enfermaria e 5.211 em unidades de terapia intensiva. Um aumento de 42%, ou 3.996 pacientes novos pacientes internados. Apesar desse aumento, a ocupação dos leitos de UTI está em 69,4% no estado e 77% na Grande São Paulo. Taxa influenciada pelo aumento no número de leitos disponíveis que foi de 3.500, no início da pandemia, para pouco mais de 7 mil atualmente.
No mesmo período, o número de casos mais que dobrou, indo de 65.995, no dia 19 de maio, para 162.520 ontem. E o número de mortes confirmadas quase dobrou, indo de 5.147 para 10.145. As diretrizes para flexibilização também foram alteradas. Em vez de queda no número de casos, adesão ao isolamento de 55% ou maior e ocupação de UTI em no máximo 60%, o governo paulista criou um sistema sob medida para justificar a abertura.
Dentre os novos critérios estão o número de leitos de UTI por 100 mil habitantes, as variações semanais de novos casos, novas mortes e novas internações, além do percentual de ocupação das UTI, que passou a ter quatro níveis, de acordo com Plano São Paulo: acima de 80% (alerta máximo); entre 70% e 80% (controle); entre 60% e 70% (flexibilização) e abaixo de 60% (abertura parcial). Por Rodrigo Gomes / Foto: Agencia Brasil.
Créditos: Rede Brasil Atual
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