quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Seis em cada 10 pacientes com covid-19 internados em UTI morrem

No Brasil, a taxa de mortalidade de pessoas com covid-19 intubadas em UTI chega a 65%. Isso significa que a cada 10 pessoas que necessitam de ventilação mecânica por complicações da infecção pelo novo coronavírus, seis acabam morrendo. Ou, mais precisamente: a cada 20, morrem 13. Os dados são do projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que reuniu informações sobre 1.289 Unidades de Terapia Intensiva de 617 hospitais públicos e privados do Brasil, entre 1º de março e 12 de agosto.

Os dados da Amib revelam um cenário trágico em meio a uma estabilização do número de internações pela covid-19. A situação é um pouco mais grave na rede pública, onde a mortalidade da infecção em UTI para pacientes intubados chega a 69,8%. Na rede privada, é de 62,1%. Já entre pacientes que não necessitam de intubação, a taxa de mortalidade geral é de 8,6% para covid-19 – mas chega a 16,4% na rede pública.

Essa diferença se dá principalmente por uma maior espera pelo leito de UTI na rede pública – que leva ao agravamento do caso – do que na rede privada, já que esta recebe menor demanda por atendimento. Em maio, o governo de São Paulo apontou para uma letalidade de 20% dos pacientes com covid-19 internados em UTI.

Os números mostram que, no período do levantamento, foram internadas 211 mil pessoas, das quais 40,1 mil tiveram diagnóstico confirmado para covid-19 e outras 62 mil tiveram diagnóstico de Síndrome da Angústia Respiratória Idiopática (Sari) – situação em que o agente causador do problema não foi identificado, podendo também ser covid-19. A mortalidade por Sari em pacientes intubados em UTI é a mesma: 65%.

O levantamento da Amib também revela que a quantidade de dias de internação de pacientes com covid-19 na UTI é um fator que aumenta o risco de morte. A média das internações foi de 18 dias, mas cerca de 15% dos pacientes chegaram a superar os 30 dias de internação. Nesses casos, a letalidade geral chegou a 34,1% – indo a 49,2% na rede pública.

Além disso, houve necessidade de uso de medicamentos anticoagulantes em 34,6% dos pacientes com covid-19 em UTI. E suporte para o funcionamento dos rins em 15,3%. Pacientes com covid-19 que necessitaram de hemodiálise tiveram agravamento ainda maior do quadro, com a mortalidade em UTI chegando a 72,6%.

O perfil dos internados mostra que quase 60% dos pacientes com covid-19 em UTI eram idosos. E 35,8% deles tinham comorbidades. Os homens são a maioria dos que necessitam de cuidados intensivos: 59% dos pacientes eram do sexo masculino. Po Rodrigo Gomes, da RBA. 

Créditos: Rede Brasil Atual


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