Tropas brasileiras em missão de paz no Haiti já identificaram mais de 1.200 pessoas em situação de emergência em Porto Príncipe, devido à passagem da tempestade tropical Issac pelo Haiti.
Bases do Brasil no Campo Charlie - a maior instalação militar da ONU no mundo - e em Cité Soleil foram parcialmente destelhadas e perderam boa parte de sua capacidade de comunicação devido a ventos cuja velocidade ultrapassa 100 km/h "Caíram muitas árvores e postes de luz. Algumas portas dos alojamentos foram danificadas, uma foi até arrancada, e houve muito destelhamento. Estamos agora reinstalando as antenas de rádio para retomar as comunicações. A internet não está funcionando", afirmou à BBC Brasil o tenente-coronel Rubens Costa Neto, porta-voz do Brabatt 1, um dos batalhões brasileiros no país.
O pico da tempestade ocorreu na madrugada, quando era possível transitar pela cidade apenas em blindados anfíbios. Apesar dos estragos nas bases brasileiras, segundo ele, as tropas continuam em condições de atuar e inciaram na manhã deste sábado um processo de identificação das regiões mais atingidas.
Após o levantamento, operações de socorro devem ser iniciadas sob o comando das agências de ajuda humanitária da ONU e do governo haitiano.
Até a tarde de sábado, ao menos quatro mortes foram notificadas à organização britânica Oxfam. Apenas uma delas foi confirmada, a de uma menina soterrada no desabamento de um muro.
Segundo Costa Neto, parte de uma companhia de engenharia brasileria chegou a ser despachada para Les Cayes, a cidade no sul do país onde esperava-se os maiores danos. Contudo, eles não se confirmaram.
Aproximadamente 400 mil pessoas ainda vivem em tendas e acampamentos improvisados no país após terem perdido suas casas no terremoto de janeiro de 2010, que matou cerca de 300 mil pessoas.
Há dois dias, quando a tempestade Isaac se aproximava, a ONU levou cerca de 80% dos moradores de acampamentos para abrigos de tempestade feitos de alvenaria, segundo a entidade.
Áreas afetadas
Mas, segundo Costa Neto, cerca de 700 novos desabrigados foram identificados na favela de Cité Soleil e 500 no bairro industrial de Sonapi. "Muitas construções foram afetadas nessas regiões. Os moradores estão em situação de calamidade", disse
"Na sexta-feira todos foram orientados a não deixarem suas casas. O tempo melhorou na manhã de hoje (sábado) mas voltou a piorar agora de tarde. Está chovendo muito forte as áreas alagadas devem aumentar", afirmou.
Segundo ele, a tempestade começa a deixar o país, mas a chuva continua forte. Diversas regiões da capital estão alagadas.
A Comissão de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da União Europeia monitora a situação e deve acionar equipes de socorro. A entidade afirmou que os ventos chegaram à velocidade de 375 km/h no centro da tempestade.
A comunidade internacional deve ajudar o governo do Haiti no socorro aos desabrigados. Há reserva de alimentos para 300 mil pessoas, estoque de água para 400 mil e abrigos de emergência para atender 70 mil famílias.
Além das equipes das agências humanitárias, 5.700 fuzileiros estão de prontidão nas bases da ONU aguardando o fim da tempestade. Eles devem garantir a segurança das equipes de socorro e impedir eventuais ações criminosas nas áreas mais afetadas.
A tempestade Isaac agora se dirige para Cuba. Especialistas estimam que em seguida ela atinja a Flórida, nos Estados Unidos.
BBC Brasil