Ao menos sete pessoas morreram nesta sexta-feira em violentos protestos contra embaixadas ocidentais, por causa de um filme anti-islâmico produzido nos EUA.
Duas das mortes ocorreram na Tunísia, onde uma multidão invadiu o terreno da embaixada americana em Tunis. A representação diplomática dos EUA em Cartum, no Sudão, também foi invadida, e três pessoas morreram. Uma pessoa morreu no Egito e outra no Líbano, depois da depredação de um restaurante da rede americana KFC. Também há relatos de confrontos e protestos no Iêmen, na Nigéria, no Afeganistão, em Bangladesh, nos territórios palestinos e no Egito.
Até quinta-feira, apenas embaixadas americanas estavam sendo alvejadas, mas agora representações da Grã-Bretanha e da Alemanha também foram atacadas.
No Sudão, manifestantes conseguiram iniciar um incêndio na Embaixada americana e arrancar a bandeira do país hasteada no local, colocando uma faixa islâmica no lugar.
No Cairo, cinco pessoas ficaram feridas em um protesto em frente à Embaixada americana. A polícia disparou gás lacrimogêneo contra cerca de 500 pessoas. As ruas no entorno foram bloqueadas com arame farpado, barricadas de concreto e veículos policiais.
Os protestos começaram na terça-feira, após a divulgação de um filme chamado Innocence of Muslims ("Inocência dos Muçulmanos", em tradução livre), que mostra o profeta Maomé como mulherengo e como líder de um grupo de homens que têm prazer em cometer assassinatos. A origem e a motivação do filme são incertas.
No mesmo dia, uma manifestação semelhante provocou um incêndio no consulado americano em Benghazi, na Líbia, matando quatro americanos – entre eles o embaixador dos Estados Unidos no país.
Protestos
Em Tunis, capital da Tunísia, os protestos começaram logo depois das preces de sexta-feira, relata a correspondente Leana Hosea, da BBC News. Um dos manifestantes diante da embaixada americana na cidade disse que sua religião fora insultada pelos EUA e que “Alá e o profeta são mais importantes do que a minha própria vida”.
Outros manifestantes disseram considerar insuficiente o fato de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ter pedido desculpas pelo filme e dito que o governo dos EUA não tem relação com a obra. “Queremos uma desculpa de verdade e que o cineasta seja preso”, disseram. No Egito, alguns grupos islâmicos convocaram passeatas pacíficas de "um milhão de pessoas" contra o filme, mas a convocatória havia diminuído na tarde desta sexta. A Irmandade Muçulmana, grupo ao qual pertence o presidente do país, Mohammed Mursi, disse que pretende organizar protestos em massa em frente a mesquitas, mas longe da Embaixada americana.
Mursi disse que seu governo protegerá os diplomatas estrangeiros em seu território, mas afirmou que o filme sobre Maomé é “inaceitável”.
Os EUA, por sua vez, disseram que vão aumentar a segurança de suas missões diplomáticas ao redor do mundo. Até a embaixada americana em Londres foi palco de protestos, ainda que sem relatos de violência.