A atual crise na União Europeia, que tem uma base financeira, tráz em si outro perigo: o crescimento das tendências separatistasAqui uma ameaça especial é representada pelo flanco europeu oriental com sua complexa hereditariedadehistórica .
Quando falam da ameaça de nova transformação das fronteiras europeias têm em vista, antes de mais nada, os Balcãs – este barril de pólvora da Europa. Ainda não foi esgotado o potencial de desagregação no espaço da antiga Iugoslávia. Causa especial inquietação a circunstância de o atual separatismo balcânico, diferentemente dos acontecimentos dos anos de 1990, ter um caráter especificamente étnico.
O separatismo baixou ao nível de comunidades e territórios étnicos. Os albaneses, e não apenas os de Kosovo, são os líderes nesse processo perigoso. Na Bulgária os líderes dos albaneses macedônios falam do desejo de divisão da Macedônia em partes albanesa e búlgara. Algumas centenas de milhares de habitantes legais e ilegais do Norte da Grécia, de nacionalidade albanesa, estão dispostas a repetir o roteiro de Kosovo em casa.
Base para o separatismo existe também no espaço da Europa Central e Oriental. Por exemplo, o atual primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban tem pretensão ao papel de reunir atualmente as terras húngaras – do Adriático até Bukovina, e de Viena à Transilvânia.
Por enquanto os nacionalistas húngaros acalentam o sonho de retorno da Transilvânia, Bucareste, não menos ativamente, tece considerações sobre a injustiça das próprias fronteiras. A aspiração dos grandes círculos romenos, à frente dos quais está hoje o presidente da Romênia, Traian Basescu, à unir as terras moldavas realiza-se nas mesmas ações que a política de Budapeste, em relação aos húngaros da Transilvânia: generosa distribuição de passaportes e garantias financeiras acompanhadas de declarações sobre a injustiça dos resultados das guerras mundiais, inclusive da segunda guerra mundial.
A causa primeira da atual ativação das tendências separatistas na Europa Oriental é a eficácia do separatismo de Kosovo, apoiado pela OTAN e UE – consideram os especialistas. Com relação a isto eles indicam mais um sério perigo. Fala a analista do centro russo de estudo da crise balcânica atual, Anna Filimonova:
"Do território do quase-estado de Kosovo parte ameaça de crescimento da atividade diversionista terrorista na Europa. E ela se intensifica com as ações das forças correspondentes e estruturas do ocidente, que apóiam Kosovo".
Na tentativa de colocar uma barreira no caminho do separatismo nos países europeus orientais, a União Europeia ainda em 1999 colocou em vigor o Pacto de Estabilidade para a Europa Sul-Oriental. Em sua base entrou o princípio da solução dos problemas de cada um dos países da região isoladamente um do outro. Como definiu esta situação o professor de direito público da Universidade em Pristina, Enver Hasani, trata-se da "política focada no Estado" e não no território.
Entretanto o desenvolvimento da situação em torno de Kosovo e ativação do separatismo em outras regiões da Europa Oriental demonstraram que a União Europeia não conseguiu deter o vírus do separatismo em suas fronteiras.