Na reta final da disputa pela prefeitura paulistana, a campanha de Fernando Haddad (PT) teve de reagir às investidas finais do candidato José Serra (PSDB). A criação de um falso site do petista, atitude atribuída à campanha do adversário, acusações sobre faixas apócrifas e a circulação de notícias falsas pelas redes sociais marcam as últimas horas do embate em São Paulo.
A eleição será realizada neste domingo (28). Segundo as pesquisas de intenção de voto Ibope e Datafolha, Haddad lidera a disputa com uma diferença que varia de 17 a 20 pontos percentuais sobre o tucano, considerados os votos válidos.
Os advogados da campanha de Haddad ingressaram hoje (26) no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com uma representação contra Serra, a coligação Avança São Paulo e a empresa Soluções Originais em Desenvolvimento e Arte Ltda., responsável pela confecção de sites da campanha, pela elaboração do site falso "Propostas Haddad 13", tirado do ar por determinação judicial no último dia 19.
A Soluções Originais, cujo nome fantasia é Soda Virtual, foi notificada pelo departamento jurídico do PT depois que a provedora de internet GVT informou à Justiça eleitoral que o referido site foi criado em sua sede. A representação menciona que a empresa consta das prestações de contas parciais da campanha de Serra e do comitê financeiro para prefeito do PSDB como tendo recebido pelo menos R$ 531 mil para "criação e inclusão de páginas na internet''. A mesma empresa registrou o site SerraJá, punido por propaganda antecipada, e o jogo de Facebook "Missão Impossível", já fora do ar e também sob apuração da Justiça Eleitoral.
Entre os textos divulgados no site falso, estavam "Haddad vai criar 50 novas Escolas de Lata", "Haddad vai aumentar o IPTU" e "Haddad vai voltar com a Taxa do Asfalto".
Segundo a GVT, a conexão de internet usada para criar o site está em nome de Huayna Batista Tejo, presidente da Soda Virtual, e é acessada pela Rua Borja Peregrino, 318, João Pessoa, sede da empresa. À reportagem de O Estado de S.Paulo, Tejo negou a criação do site e disse que vai investigar o ocorrido. A assessoria de Serra informou, por meio de nota, que o site não é de iniciativa da campanha.
Delinquente
Também nesta sexta-feira a coordenação da campanha de Serra divulgou nota em que chama o adversário petista de “delinquente” e o acusa de usar recursos “ilegais”. A nota acusa a “campanha do PT” de ter espalhado faixas pela cidade com os dizeres “Serra Nunca Mais!”.
A campanha do candidato petista divulgou nota na qual contesta as acusações dos tucanos, afirmando que não produziu "faixas apócrifas nem usa recursos ilegais". Para a coordenação de Haddad, o PSDB faz uma nova tentativa de "manipulação ou armação eleitoral", na antevéspera do segundo turno. Isso demonstra, afirma a coordenação, "o incorrigível baixo nível, o reiterado desrespeito e o crescente desespero do candidato José Serra".
Boato plantado
O publicitário Eden Wiedemann, coordenador de redes sociais da campanha de Serra, pode ser investigado pela Polícia Federal por ter plantado no Twitter o boato de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para 3 e 4 de novembro, teria sido cancelado. O Enem é uma das principais realizações de Haddad, ex-ministro da Educação.
Às 20h11 de quarta-feira (24) Wiedemann postou em sua conta no Twitter: “VAI HADDAD! MEC confirma cancelamento das provas do Enem”. Na sequência, indicou um link para notícia do portal Terra publicada em 2009 – quando as provas foram realmente canceladas. O título da matéria de três anos atrás era “MEC confirma cancelamento das provas do Enem”.
Rede Brasil Atual