O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), recebeu na tarde de hoje (30), em seu gabinete, o prefeito eleito pelo PT, Fernando Haddad, que na manhã do mesmo dia já havia visitado o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
O objetivo da reunião entre Kassab e Haddad é “dar curso a uma transição de alto nível”, segundo o petista. O encontro serviu para dar início às “tratativas, que vão durar os próximos dois meses”. O atual prefeito reservou para a equipe do eleito uma sala no palácio, localizado no centro da cidade. A equipe petista terá também um escritório cedido pela Caixa Econômica Federal no centro de São Paulo.
“Estamos em condições ótimas de promover um entendimento tranquilo, assegurando ao povo de São Paulo que venceu a democracia, e agora é a união de esforços em torno de um plano de governo que foi aprovado e tem de se transformar em realidade”, afirmou Haddad ao lado de Kassab. “Concluo visitas que reputo muito importantes para a cidade, à presidenta Dilma, ao governador Alckmin e agora ao prefeito Kassab”, disse também.
“Quero registrar minha alegria como prefeito, como cidadão, de estar recebendo aqui pela primeira vez o prefeito [eleito] de São Paulo, que em algumas semanas estará neste prédio exercendo o seu cargo”, disse Kassab. Declarou também que seu sentimento é o “de todos os milhões de brasileiros que votam em São Paulo” e que a cidade “com certeza estará em ótimas mãos”.
Gilberto Kassab ressaltou estar “ratificando publicamente a minha disposição não apenas no período de transição, mas depois, ao longo do seu governo, de contribuir onde ele [Haddad] entender que seja necessário, para que ele possa alcançar os objetivos que definiu como prioritários pra cidade de São Paulo”, e vaticinou: “Tenho certeza que daqui a quatro anos ele vai entregar uma cidade melhor.”
Perguntado se sua contribuição poderia se dar na Câmara Municipal, por exemplo, Kassab desconversou. “Não vou responder perguntas agora, não é uma coletiva. Estou à disposição diariamente de vocês, acho que não é o local adequado”, disse, passando a palavra a Haddad.
“Vamos promover uma transição com tranquilidade, sem nenhum tipo de solavanco, com os serviços públicos sendo prestados”, garantiu o petista. “Pretendo manter os programas da prefeitura de São Paulo que vêm correspondendo aos anseios da população, e obviamente executar o plano que foi apresentado à cidade durante as eleições”, acrescentou. “Tenho certeza de que vou sempre contar com a boa vontade do prefeito Kassab, que, como todo prefeito de São Paulo, deseja o bem da cidade. Vai ser uma transição republicana, de alto nível, as equipes vão se constituir, começar a conversar.”
O vereador Antonio Donato (PT), coordenador da campanha vitoriosa e também da equipe de transição de Haddad, disse que a meta agora “é garantir, da nossa parte e da parte do prefeito Kassab, que a cidade não sofra nenhuma descontinuidade”. De acordo com ele, a agenda municipal tem questões conhecidas no início do ano que precisam entrar na pauta das discussões de transição. “Existem problemas de enchente, o carnaval para ser organizado, questões que, se não começarmos a discutir agora, terão descontinuidade administrativa”, explicou.
Negociações políticas
Perguntado se um eventual apoio da bancada do PSD de Kassab poderia resultar na defesa, por parte do novo governo, de legados da gestão que está terminando ou se há possibilidade de ceder em alguns pontos defendidos na campanha, como fiscalização de obras e a questão da Controlar, empresa investigada por irregularidades no contrato da inspeção veicular, Donato negou. “O que foi defendido na campanha foi sufragado pelos eleitores. E é isso que vale”.
Sobre o diálogo com o Legislativo, disse que “as propostas serão apresentadas à Câmara Municipal. O que for de iniciativa do Executivo será feito pelo Executivo. Foi aprovado um programa pelo eleitor e ele será posto em prática”. Segundo Donato, discussões com os partidos, em especial o PSD, não estão em pauta no momento. “Temos até a nova legislatura dois meses que serão de intensas conversas com todas as forças políticas da Câmara, no sentido de permitir que o prefeito Haddad possa ter maioria na Câmara para apresentar e aprovar seus projetos que foram defendidos na eleição.”
Donato garantiu que o objetivo da reunião de hoje foi estritamente tratar da transição e acrescentou que o trabalho de transição não vai influenciar a escolha de nomes de secretários do futuro governo municipal. “Não, é completamente independente.”
Seu interlocutor na gestão de Kassab durante a transição será o secretário de Governo, Nelson Harvey.
Rede Brasil Atual