terça-feira, 19 de março de 2013

Espião dos EUA distribuía dinheiro à oposição e dividia o chavismo


Espião 'machista e temperamental' dos EUA distribuía dinheiro à oposição e dividia o chavismo

Eduardo Fernandez é um nome comum. Tão comum que é impossível encontrar informações sobre um determinado Eduardo dentre milhares deles em dezenas de países da América Latina. Mas o argentino-americano Eduardo Fernandez não é um homem nada comum. Entre 2004 e 2009, era ele quem dirigia o Development Alternatives (DAI) em Caracas, que recebia milhões de dólares da Usaid para seguir o plano estabelecido pelo Departamento de Estado dos EUA para a Venezuela: fortalecer grupos de oposição, dividir o chavismo e isolar Hugo Chávez internacionalmente. (Leia mais sobre a estratégia da USAID)
O papel de Fernandez talvez passasse despercebido como o nome comum, não fosse o seu temperamento explosivo, desbragadamente machista e indiscreto – o que o levou a ser investigado por comportamento impróprio na empresa em que trabalhava – e que desapareceu da noite para o dia da Venezuela.
Como relataram seus ex-funcionários, ele era do tipo que se referia às mulheres colocando as mãos sobre os próprios peitos, para sugerir seios fartos, e chegou a dizer que o escritório da DAI em El Rosal, Caracas, era “ineficiente como um bordel”. Diante do caso de uma funcionária grávida, reagiu: “Se vocês conseguissem segurar uma pílula entre os joelhos, eu não teria que gastar dinheiro pagando por licença-maternidade”. Outra funcionária ficou tão desconcertada com os olhares sedentos do chefe à sua saia, que resolveu fechar a fenda com um clipes de papel. Dias depois Fernandez perguntou quando ela iria usar “aquela saia com o clipes” de novo.
Mas Fernandez é assim mesmo e não pretende mudar, como afirmou durante a investigação interna da DAI. Foi ele quem deixou o rastro das atividades da DAI na Venezuela, três anos depois de sua equipe ter se retirado às pressas do país, em 2009. Graças e ele uma longa lista de documentos que revelam em detalhes o trabalho da DAI pode ser consultada na internet, no processo de US$ 600 mil que a ex-diretora Heather Rome move contra a empresa por não ter tomado nenhuma atitude contra Fernandez apesar de suas repetidas reclamações. Os documentos da justiça de Maryland, nos EUA, foram vazados pelo jornalista americano Tracey Eaton, do blog Along the Malecon.
São mais de 300 páginas de documentos sobre o diretor da empresa que atuou num dos principais QGs anti-Chávez plantados pelos EUA em Caracas. “As reclamações que eu recebia das funcionárias venezuelanas iam ao ponto de elas virem chorar em meu escritório, o que reduzia a produtividade”, conta Heather no seu depoimento. “Várias pessoas falavam que seu sentimento era: ‘temos orgulho de estar trabalhando neste projeto, nós preenchemos os cheques e sabemos quanto dinheiro está sendo gasto. O governo dos EUA está trabalhando muito duro, e a DAI está nos ajudando a mudar a situação do nosso país para torná-lo mais democrático do que Chávez quer. Mas não entendemos como eles podem fortalecer a sociedade civil quando temos nosso próprio mini-Chávez aqui no escritório, e eles não ligam’”.
Entre 2002 e 2009 a Usaid distribuiu cerca US$ 95,7 milhões de dólares a organizações de oposição venezuelana através do seu Escritório de Iniciativas de Transição (OTI, em inglês), aberto no país dois meses após o fracassado golpe de estado contra Hugo Chavéz.
Simultaneamente, instalou-se no país a empresa Development Alternatives, uma das maiores contratistas da Usaid para gerenciar fundos de assistência no exterior, o que desde o governo Bush vem sendo feito pela iniciativa privada. A empresa, que costuma atuar nos bastidores, passou a ser conhecida no cenário latino-americano em dezembro de 2009, quando Alan Gross, um de seus funcionários, foi preso em Cuba ao distribuir celulares e equipamentos de comunicação via satélite à dissidência cubana. Gross foi condenado a 15 anos de prisão por atos “contra a segurança nacional” de Cuba.
Na Venezuela, a DAI, cujo slogan é “moldando um mundo mais habitável”, foi a principal responsável pela distribuição de pequenos financiamentos da Usaid a diversas organizações da sociedade civil, seguindo a estratégia traçada pelo Departamento de Estado e pela missão diplomática no país de dividir o chavismo, infiltrar-se na sua base política e isolar Chávez internacionalmente.
No escritório em Caracas, situado entre a rua Guaicaipuro e a Mohedano, trabalhavam 18 venezuelanos de tendência anti-chavista e dois diretores americanos – Eduardo Fernandez era um deles e passou a dirigir o escritório em 2004. O currículo de Heather Rome, anexado ao processo, explica que a diretora assistente, também americana, chegou ao país em julho de 2005 para supervisionar a administração das doações a ONGs em um programa de US$ 18 milhões de dólares. Segundo seu currículo, Heather, que era subalterna a Fernandezn trabalhava “em colaboração com o embaixador americano William Brownfield”. Brownfield ocupou o cargo entre 2004 e 2007 e elaborou uma sucinta estratégia de 5 pontos para acabar com o governo Chávez em médio prazo.
Os programas mantidos pelas doações destinavam-se principalmente a “facilitar o diálogo entre segmentos da sociedade que dificilmente se sentariam juntos para discutir temas de interesse mútuo”, segundo um documento diplomático enviado ao Departamento de Estado em 13 de julho de 2004. Ou seja, unir a oposição. Um dos principais projetos era o “Venezuela Convive” que, segundo o documento diplomático, buscava “encorajar o conceito de convivência pacífica entre indivíduos e organizações com fortes opiniões contrastantes – um valor que a maioria dos venezuelanos respeita e que é considerado sob ataque no atual clima de intolerância política” – promovida pelo governo Chávez, segundo a embaixada.
Em 24 de fevereiro de 2006, em outro despacho diplomático, o ex-embaixador Brownfield explica que os financiamentos da DAI “apoiam instituições democráticas, incentivam o debate público, e demonstram o engajamento dos EUA na luta contra a pobreza na Venezuela”. Para William Brownfield, fortalecer a sociedade civil era essencial para isolar Chávez internacionalmente, levando para a arena internacional “os sérios problemas de direitos humanos no país”. Dois exemplos neste sentido, que receberam financiamento através da DAI, são o Centro de Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela e os projetos do  IPYS, Instituto Prensa y Sociedad de jornalismo investigativo e de uma Lei de Acesso à Informação venezuelana.
Leia a reportagem completa na página da Pública.
Rede Brasil Atual.

Dilma defende medidas mais drásticas para que as pessoas deixem áreas de risco



A presidenta Dilma Rousseff disse ontem(18) que devem ser tomadas “medidas um pouco mais drásticas” para impedir que as pessoas insistam em ficar em áreas consideradas de risco, na tentativa de reduzir o número de vítimas de enchentes. Segundo ela, só com ações mais rigorosas será possível diminuir a quantidade de vítimas. Ela negou que houve problemas de prevenção no Rio de Janeiro. A presidenta conversou hoje com o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. “Eu acho que terão que ser tomadas medidas um pouco mais drásticas para que as pessoas não fiquem nas regiões que não podem ficar, porque aí não tem prevenção que dê conta”, disse a presidenta, que está em Roma para participar da cerimônia que marca o começo do pontificado do papa Francisco.
Dilma disse que o serviço de prevenção no país atua, sobretudo, por meio de alerta para as pessoas que vivem em áreas de risco. “A nossa prevenção hoje avisa as pessoas”, disse ela, lembrando que foi informada por Cabral que dois funcionários da Defesa Civil morreram em serviço ao tentar retirar pessoas de áreas de risco.
“Os dois servidores públicos que morreram, a gente tem que os honrar, porque estavam justamente tentando retirar essas pessoas [que vivem em área de risco]. É uma questão de conscientizar”, disse a presidenta. “O problema é que muitas vezes as pessoas não querem sair [das áreas onde vivem]. É uma situação muito difícil, porque choveu 300 milímetros, é quase o tanto que chove em um ano em algumas partes do Brasil e choveu em um dia em Petrópolis”.
Dilma disse que é impossível impedir desastres naturais, mas o esforço é evitar a sequência de dramas que costuma ocorrer devido aos acidentes da natureza. “O homem não tem condição de impedir desastres naturais. O que ele [o homem] tem que impedir é a consequência dos desastres. É isso que a gente tem lutado para fazer no Brasil”, disse, citando os sistemas de satélite, de pluviômetros e da articulação das defesas civis no país.
A presidenta se disse informada sobre as enchentes. Segundo ela, a ministra da Casa Civil tomou as providências, por meio da liberação de recursos, para minimizar os problemas. “A ministra Gleisi Hoffmann está provendo todos os recursos necessários para que não haja mais vítimas, para que se minimize isso”.
Agência Brasil

Maduro lidera pesquisa presidencial na Venezuela



A primeira pesquisa das intenções de voto para as eleições presidenciais na Venezuela mostra vantagem do candidato governista, o presidente interino Nicolás Maduro, sobre o oposicionista, o governador do estado de Miranda, Enrique Capriles.  As eleições estão marcadas para dia 14 de abril. Na Venezuela não há segundo turno e o voto é facultativo.
A pesquisa foi feita pela empresa Datanálisis e publicada ontem (18) pela companhia mundial de serviços financeiros Barclays. Feita entre os dias 11 e 13 de março por telefone, é a primeira pesquisa divulgada após a morte do presidente Hugo Chávez no dia 5.
Segundo a Datanálisis, Maduro tem 49,2% das intenções de voto e Capriles, 34,8%, uma diferença de 14,4% a favor do governista. No total, sete candidatos disputam as eleições presidenciais do país e, com exceção de Maduro e Capriles, nenhum teve um percentual expressivo na pesquisa.
"O candidato do governo abriu vantagem sobre o candidato opositor. No entanto, Maduro só ganhou 2 pontos percentuais com relação à pesquisa anterior [feita antes do anúncio oficial das candidaturas], mostrando um efeito de simpatia limitado, apesar do esforço do governo em aproveitar o período de luto presidencial", disse a empresa Datanálisis em nota.
Durante o funeral de Hugo Chávez, o nome de Maduro foi amplamente divulgado como o candidato apoiado pelo presidente, que antes de morrer o designou como seu sucessor político. Nas eleições presidenciais de outubro do ano passado, Chávez derrotou Capriles, com 11 pontos de vantagem.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) determinou que a campanha eleitoral terá dez dias de duração em abril, mas ambos os candidatos começaram a buscar apoio nas regiões do país e a trocar acusações.
Agência Brasil

Estados Unidos colocam arsenal nuclear à disposição da Coreia do Sul



Os Estados Unidos garantiram ontem (18) à Coreia do Sul que o arsenal nuclear norte-americano e "todos os recursos" militares necessários estão a serviço de Seul para defesa contra as ameaças da Coreia do Norte.
O secretário de Estado da Defesa adjunto, Ashton Carter, declarou nesta segunda-feira, em Seul, que os Estados Unidos estão "firmes no seu compromisso" de usar as suas armas nucleares como força de dissuasão contra as ameaças de ataque nuclear feitas por Pyongyang nos últimos dias.
"Poremos todos os recursos à disposição da nossa aliança", disse no fim de um encontro com o ministro da Defesa sul-coreano, Kim Kwan-Jin, citado pela agência sul-coreana Yonhap.
Em Washington, o Departamento de Defesa (Pentágono) anunciou que em 18 de março um bombardeiro estratégico norte-americano (B-52) voou sobre a Coreia do Sul durante exercício militar conjunto.
Os voos, considerados rotineiros pelos Estados Unidos, podem também ser feitos pelos mais modernos B1 ou B-2, com tecnologia que os torna praticamente invisíveis aos radares.
"Não é segredo que tentamos enviar um sinal muito forte [à Coreia do Norte] do nosso forte compromisso na aliança com a Coreia do Sul", disse o porta-voz do Pentágono, George Little.
Depois da ameaça norte-coreana de lançar um "ataque nuclear preventivo" contra os Estados Unidos, Washington anunciou na sexta-feira [15] a intenção de reforçar a sua defesa antimíssil na Costa Oeste.
O lançamento, em dezembro passado, de um foguete norte-coreano, considerado pela Coreia do Sul como um míssil balístico, e o terceiro teste nuclear de Pyongyang, em fevereiro, que levou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a enduraer as sanções contra a Coreia do Norte, agravaram a tensão na península coreana.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Alcoolismo atinge cerca de 5,8 milhões de pessoas no Brasil

Alcoolismo atinge cerca de 5,8 milhões de pessoas no país

Histórico de consumo abusivo de álcool, síndrome de abstinência e manutenção do uso, mesmo com problemas físicos e sociais relacionados, é o tripé que caracteriza a dependência em álcool, segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O tratamento da doença, que atinge cerca de 5,8 milhões de pessoas no país, segundo o Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, de 2005, não é fácil: dura pelo menos um ano e meio em sua fase mais intensiva e tem índice de recaída de cerca de 50% nos primeiros 12 meses.
"Ele precisa preencher os três critérios. Um só não basta para se considerar dependente", destaca a psiquiatra. Ela explica que o consumo contínuo e abusivo leva a uma tolerância cada vez maior do usuário à bebida. "O corpo acostuma-se com o [álcool]. Ele resiste mais e, para obter o efeito que tinha no começo com uma lata de cerveja, precisará tomar cinco". A falta do álcool provoca uma série de sintomas graves, como elevação da pressão arterial, tremores, enjoo, vômito e, em alguns pacientes, até mesmo convulsão. Esse é o quadro da síndrome de abstinência.
O terceiro critério para caracterização da dependência alcoólica está ligado aos problemas de relacionamento e de saúde provocados pelo consumo abusivo. "O indivíduo tem problemas no trabalho por causa da bebida. Ele perde o dia de trabalho mas, mesmo assim, bebe de novo". A professora destaca que, além da questão profissional, devem ser considerados diversos aspectos da vida do paciente, como problemas familiares, afetivos, econômicos, entre outros.
Em relação às outras drogas, a psiquiatra informou que o tratamento da dependência de álcool se diferencia principalmente na primeira fase, que dura em média dois meses. "Cada substância tem uma forma de atuar no cérebro, portanto, vai exigir, principalmente na primeira fase do tratamento, diferentes procedimentos farmacológicos para que a gente consiga promover a estabilização do paciente", explica.
De acordo com a médica, o álcool se enquadra na categoria de substâncias psicotrópicas depressoras, juntamente com os inalantes, o clorofórmio, o éter e os calmantes. Há também as drogas estimulantes, como a cocaína, a cafeína e a nicotina, e as perturbadoras do sistema nervoso central, como a maconha e o LSD.
"Na segunda e terceira fases, o tratamento entra em uma etapa mais semelhante, que é quando você vai se aprofundar no diagnóstico e preparar o individuo para não ter recaída", acrescenta.
A segunda fase do tratamento, a chamada estabilização, quando se trabalha a prevenção da recaída, dura, em média, de oito a dez meses. Nessa etapa, são percebidas e tratadas as doenças correlatas adquiridas pelo consumo do álcool e, então, o paciente é preparado para readquirir o controle sobre droga. "A dependência é a doença da perda do controle sobre o consumo de determinada substância. [É feito um trabalho] para que ele volte a se controlar, a entender esse processo e readquirir a autonomia. Não é mais a droga que manda nele".
A psiquiatra destaca que, nesse processo, a recaída é entendida como algo normal e que não invalida o tratamento. "Ele pode ter uma recaída e não é que o tratamento não esteja no caminho certo ou que ele não queira se tratar. Faz parte da doença, é um episódio de agudização dessa doença crônica que é a dependência do álcool. Faz parte recair", esclarece.
Na terceira etapa, que dura cerca de seis meses, ocorre o "desmame da tutela do tratamento". "Ele está manejando essa nova autonomia. Ele volta para as avaliações com menos frequência". Por fim, o paciente passa a ir ao médico com maiores intervalos entre as consultas. "Ele segue em tratamento como qualquer indivíduo que tem doença crônica. Pelo menos uma vez por ano, ele passa pelo médico. A bem da verdade, [no tratamento dessas] doenças crônicas, a gente não dá alta".
Levantamento feito em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), mostra que o uso do álcool prevalece entre os homens em todas as faixas etárias. Mais de 80% deles declararam fazer uso de álcool. Entre as mulheres, o percentual cai para 68,3%.
No que diz respeito à dependência, eles também estão na frente. O índice de dependentes do sexo masculino (19,5%) é quase três vezes o do sexo feminino (6,9%). A faixa etária de 18 a 24 anos, por sua vez, apresenta os maiores índices, com 27,4% de dependentes entre os homens e 12,1% entre as mulheres.
 Agência Brasil

Pior seca dos últimos 30 anos vai deixar Nordeste sem chuva pelo menos até junho



Pancadas de chuva ocasionais serão insuficientes para encher represas da região, segundo meteorologistas

 A região Nordeste enfrenta uma das piores secas dos últimos 30 anos, que já afeta o abastecimento de água em diversos Estados da região. A falta de chuva já se assemelha à enfrentada no começo da década de 1980, quando milhões de pessoas também foram afetadas pela seca.
Atualmente, 1.228 cidades espalhadas em nove Estados já declararam situação de emergência. Isto representa um total de 22% dos municípios do Brasil. Já chega a 9.746.982 o número de pessoas afetadas pelas secas na região, ou seja, 5,1% da população do Brasil.
Os Estados de Pernambuco e Alagoas já adotam racionamento de água para conter os impactos da falta de abastecimento dos reservatórios. Segundo o meteorologista Fabio Rocha, do Inpe (Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais), a situação não deve mudar nos próximos meses.
— Ainda há condições desfavoráveis para a chuva na região Nordeste. Exceto para o litoral, que deve continuar nos próximos meses nas condições típicas da estação.
A temperatura fica acima do normal pelos próximos meses, o que piora a sensação térmica. Pelo menos até junho, segundo Rocha, não deve chover.
Em Pernambuco, alguns reservatórios de abastecimento de água estão operando com 19% de sua capacidade. O Estado enfrenta racionamento de água para evitar problemas futuros de abastecimento.
Assim como o colega do Inpe, o meteorologista Celso Oliveira, do Tempo Agora, projeta que o cenário vai permanecer praticamente igual nos próximos meses. Ele alerta que a chuva ocasional que deve cair sobre o Nordeste não será suficiente para encher as represas da região.
— Pancadas de chuva não conseguem reverter a situação atual. Isso porque, quando chove, a água é absorvida pelo solo para alimentar o lençol freático, e, só depois, é que enche os reservatórios. Precisaria chover muito para reverter esta situação.
Outro problema apontado pelo meteorologista é o curto período de chuvas na região, que já está chegando ao fim sem nenhum acúmulo significativo. Esta situação já se repete pelo terceiro ano seguido, o que agrava a situação.
— A situação é dramática e, mesmo que chova, vai continuar dramática. É um ou outro reservatório onde acaba caindo uma chuva muito boa, enche, e ele aguenta. Mas isso tem sido exceção. A regra, infelizmente, é o reservatório com baixo acúmulo de água.
Rio São Francisco
Os meteorologistas esperam que o nível dos reservatórios chegue a até 70% do limite, mas só no litoral. No interior da região, não deve passar dos 50%. Para solucionar esse problema, o especialista do Inpe defende a transposição do rio São Francisco.
— São Pedro não vai vir. O clima do Nordeste é assim, não tem jeito. A principal solução é a transposição do rio São Francisco. As obras devem ser retomadas com mais velocidade.
No início de março, a presidente Dilma Rousseff disse que as obras de transposição do Rio São Francisco serão concluídas em 2015. Em 2014, porém, uma parte da interligação já será entregue.
Para o professor Ideval Souza Costa, geólogo do Instituto de Geociências da USP (Universidade de São Paulo), a transposição resolverá uma parte do problema. Ele ressalta, porém, que é necessário investir em outras medidas para espalhar a distribuição de água por mais regiões no curto prazo.
— Tem tanta tecnologia boa, [como implantar] poços artesianos, recolher orvalho, colocar em cisternas, recolher água de chuva. De maneira imediata, o que vejo é a construção de poços artesianos e não a transposição do São Francisco, que demanda mais tempo e dinheiro.
Parte das sugestões apontados por Costa já consta do Programa Água Para Todos, do Ministério da Integração Nacional. Os poços artesianos previstos para ser construídos dentro do programa, por exemplo, dentro do programa, só são construídos em áreas públicas, com o objetivo de evitar o uso com interesses pessoais.
Mesmo com todos os projetos, a situação é crítica agora. Como um funcionário de uma empresa de abastecimento da região que não quis se identificar comentou, "o negócio é rezar ao bom Deus para mandar chuva".
WSCOM

SP: chuva atinge 600 pessoas em São Sebastião e provoca bloqueio de trecho da Rio-Santos



A Rodovia Rio-Santos continua bloqueada entre o km 156 e o km 159 em decorrência da forte chuva que atinge o município de São Sebastião, no litoral norte paulista. O bloqueio ocorre desde as 13h de ontem (17) por causa de quedas de barreira no local. Os bairros mais prejudicados são Cambury, Boiçucanga, Baleia e Maresias, que ficam na costa sul do município.
De acordo com a Defesa Civil do município, mais de 600 pessoas foram atingidas pelo temporal, das quais 87 estão desabrigadas. A maior parte das famílias está em casas de parentes. Apenas três, um total de nove pessoas, estão alojadas no ginásio de esportes de Boiçucanga. Desde a última sexta-feira (15), foram registrados 222 milímetros de precipitação no município. "É mais da metade do previsto para todo o mês. E a previsão é mais chuva para hoje", destacou o coordenador da Defesa Civil, Carlos Eduardo dos Santos.
Às 20h de ontem, o prefeito Ernane Primazzi decretou estado de calamidade pública no município. "Os bairros da costa sul estão sem comunicação com o centro de São Sebastião. O acesso de infraestrutura e de apoio está bem difícil para os desabrigados. Praticamente só estão passando ambulâncias e carros da prefeitura", explicou Santos. Ele destacou que não há alternativa de acesso ao local. Na serra entre as praias de Maresias e Boiçucanga caíram, pelo menos, sete barreiras, informou o coordenador da Defesa Civil. 
 Agência Brasil