A forte chuva que castigou a Argentina entre a terça-feira e a quarta-feira deixou um rastro de destruição na cidade de La Plata e pelo menos 46 mortos, de acordo com informações das autoridades locais.
As mortes foram registradas em La Plata, capital da Província de Buenos Aires, e ao redor da cidade. Centenas de pessoas ficaram ilhadas, e corpos foram vistos após a tempestade, que durou cerca de três horas.
"Nunca vi nada igual. Foi uma tragédia sem precedentes. A nossa maior preocupação agora é salvar vidas", afirmou o governador da província, Daniel Scioli. "Foi uma tormenta inesperada, e as pessoas não tiveram tempo de escapar desta armadilha mortal, com volume recorde de água em muito pouco tempo."
Mais de 2,2 mil pessoas foram retiradas de La Plata, mas, segundo autoridades, somente na capital federal, Buenos Aires, mais de 350 mil moradores foram afetados pela enxurrada. As redes de comunicação e a distribuição de energia elétrica foram prejudicadas.
Em vários pontos de La Plata, a água superou um metro e meio de altura, de acordo com autoridades.
Presas sobre veículos ou refugiadas nos tetos de casas, muitas pessoas usaram telefones celulares para tentar pedir ajuda. Além de telefonar para os serviços de emergência, elas publicaram mensagens em redes sociais e páginas de veículos de comunicação.Bombeiros, policiais e equipes da Cruz Vermelha estão usando botes e helicópteros para resgatar vítimas ainda isoladas pela água.
"Minha mãe está (...) no centro de La Plata sobre um ônibus junto com pelo menos outros vinte passageiros, esperando o resgate", dizia uma dessas mensagens, segundo o site do jornal Clarín.
O deputado provincial Ricardo Jano informou que estava ilhado juntamente com outras 80 pessoas em um posto de gasolina, também aguardando o resgate. "Estamos com muito frio porque todo mundo está molhado até a cintura", disse, ressaltando que no local também havia crianças
Testemunhas e jornalistas relataram ter visto “corpos flutuando” em meio a móveis e automóveis na enxurrada.
"Neste momento estou vendo dois corpos. Estou aqui com outros moradores esperando que a Defesa Civil chegue", descreveu o repórter Diego Velásquez, da emissora de TV Todo Notícias.
A professora Flavia Pitella, de La Plata, disse às TVs locais que o clima é “desesperador” em La Plata. "Escolas inundadas, carros flutuando e o medo de que a chuva volte a qualquer momento", disse.
Os moradores reclamaram ainda que a água acumulada teria forte cheiro de combustível que teria saído dos postos de gasolina.
Horas antes da tragédia em La Plata, capital da província de Buenos Aires, a cidade de Buenos Aires (que tem o mesmo nome que a província) também sofreu com as enchentes, e ao menos seis pessoas morreram. Acredita-se que não chovia tanto na capital argentina e na cidade de La Plata desde o início do século passado.