É consenso entre os especialistas que o consumo exagerado do álcool é extremamente prejudicial à saúde e pode, além de causar dependência, desencadear diversos tipos de câncer, arritmia cardíaca, hipertensão, depressão e gravidez indesejada.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor titular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas de Álcool e Drogas, chama a atenção para a necessidade de desestimular o consumo do álcool.
— É fato que o álcool faz mal ao organismo e, em um futuro próximo, isso pode se tornar um problema de saúde pública como já acontece com o tabaco.
Segundo o médico, nas últimas décadas homens e mulheres alcançaram um nível semelhante de mortalidade por cigarro. Embora elas tenham começado a fumar anos depois dos homens, hoje “a mortalidade por câncer de pulmão nos dois sexos é igual”.
— Como o consumo de álcool está em ascensão em ambos os sexos, essa tendência pode se repetir.
Laranjeira acrescenta que a Lei Seca — que proíbe o consumo de álcool para o motorista — contribuiu para a diminuição no comportamento do brasileiro de beber e dirigir mas, segundo ele, é preciso muito mais do que isso.
— Não há políticas públicas em relação ao álcool. É imprescindível desestimular o consumo adotando algumas ações, como aumento do preço das bebidas, proibição de propagandas e restrição no horário de venda.
De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o uso nocivo do álcool entre as mulheres, ou seja, quando ela consome quatro doses de bebida em um período de duas horas cresceu 36% entre 2006 e 2012. No grupo masculino, o crescimento foi menor, de 29,4%.
Para Clarice Madruga, uma das autoras do estudo, essa mudança de comportamento pode ser explicada pelo “ingresso do público feminino no mercado de trabalho, aumento do poder aquisitivo e participação das mulheres em mais eventos sociais”.
— Observamos que houve um aumento tanto na quantidade quanto na frequência com que as mulheres bebem e isso é preocupante.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece como consumo aceitável duas doses diárias de bebida alcóolica para homens — o equivalente a duas latas de cerveja — e metade (uma dose) para as mulheres.
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