quarta-feira, 25 de setembro de 2013

América Latina faz perguntas incómodas a Barack Obama

América Latina faz perguntas incómodas a Barack ObamaQuem é que financia os rebeldes na América Latina? Quem fornece armas à oposição síria? Por que razão os EUA utilizam a duplicidade de padrões na política? Quem permitiu aos EUA espiar os líderes políticos da América Latina? Estas e outras questões desagradáveis foram feitas da tribuna da Assembleia Geral da ONU ao presidente dos EUA por líderes de países latino-americanos.

Foi a presidente do Brasil Dilma Rousseff quem deu o tom crítico às intervenções a partir da tribuna da ONU ao declarar que queria levar ao conhecimento das delegações uma questão importante e significativa. Trata-se da espionagem eletrônica global por parte dos serviços secretos dos EUA, o que provocou indignação da opinião pública mundial, especialmente do Brasil, onde um dos alvos da espionagem foi a própria chefe de Estado. Dilma Rousseff avaliou isso como violação evidente da soberania do seu país. “Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país”, ressaltou a presidente do Brasil.

As tecnologias de informação e de telecomunicação não devem transformar-se em campo de batalha e de chantagem, apontou a presidente do Brasil. Ao mesmo tempo, a presidente da Argentina Cristina Fernandez chamou atenção na sua intervenção na Assembleia Geral da ONU para “a necessidade de acabar com a política de padrões duplos”, que pode ser vista, por exemplo, na Síria. Quem é que apoia os insurretos sírios?
“Não há justificação para os argumentos de que a intercetação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. Estamos, senhor presidente, diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis; de invasão e captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito pela soberania nacional do meu país. Fizemos saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão. Governos e sociedades amigas, que buscam consolidar uma parceria efetivamente estratégica, como é o nosso caso, não podem permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham curso como se fossem normais. Elas são inadmissíveis.”
“É preciso acabar com a política de duplicidade de padrões. Não se pode compreender os políticos que falam de “guerras justas”. Não existem guerras justas, existe apenas a paz justa. E é preciso resolver o problema sírio a partir destas posições. Quem é que alimenta as forças sírias que lutam contra o governo legítimo deste país? Quem lhes fornece armas? Pois as armas são precisamente o meio que intensifica as chamas da guerra na Síria. Ainda antes da utilização de armas químicas, as armas convencionais ceifaram vidas de milhares e milhares de pessoas. A segurança não pode ser estabelecida por meio da força ou da guerra. A paz e a segurança não podem ser estabelecidas através de métodos de força. Esta é uma tarefa política e não militar. Por isso, saudamos a resolução do Conselho de Segurança desde que ela impeça qualquer intervenção e guerra na Síria. A guerra é a morte.”

O presidente da Bolívia, Evo Morales, qualificou a intervenção do presidente dos EUA Barack Obama como cínica. “Ele falou como se fosse dono do mundo inteiro. Mas aqui não existem donos do mundo, cada país é soberano e tem a sua própria dignidade”, disse Morales já numa conferência de imprensa em Nova York.
Falando a propósito, na opinião de dirigentes do Brasil e da Argentina a atividade conservadora do Conselho de Segurança da ONU tornou-se ultimamente um obstáculo na solução eficiente e rápida de problemas e de crises. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, concordou com esta opinião. Ressaltou, em particular, que se “estamos a favor do diálogo e da democracia dentro dos países, então estes mesmos princípios devem ser aplicados também na ONU”. O líder chileno afirmou que é preciso não somente ampliar a composição do Conselho de Segurança mas também alterar os métodos do seu trabalho e da tomada de decisões.
“A luta contra o terrorismo é o pretexto de que os EUA se valem a fim de controlar o petróleo e conseguir a realização dos seus interesses geopolíticos. Vejam o que fizeram com a Líbia e com as suas riquezas naturais depois de eliminar o regime de Kadhafi. Que armas químicas foram encontradas depois da eliminação do regime de Hussein pela força das armas? Como pode o presidente Obama falar da tribuna da ONU de justiça quando o seu governo é o mais injusto do mundo? Um presidente não pode falar da paz esmagando pela força das baionetas todos os que discordam dos EUA. Quem financia os insurretos nos nossos países? Quem financia os oposicionistas nos nossos países? É o governo dos EUA.”
O presidente afirmou que, depois da expulsão do embaixador dos EUA da Bolívia e da interdição da atividade da Agência de Desenvolvimento Internacional, USAID, a democracia e a estabilidade política no país obtiveram as respectivas garantias. E quantos tratados internacionais relativos aos direitos foram assinados pelos EUA? Praticamente, nenhum. Mas quem fala das tribunas sobre estes direitos são precisamente os EUA... É um cinismo total.
Os fatos citados e as opiniões expressas são da responsabilidade do autor.
Créditos: Voz da Rússia

Santa Catarina tem 22 mil atingidos pelas chuvas e 50 municípios em situação de emergência


A Defesa Civil informou que subiu para 22 mil o número de pessoas afetadas pelas chuvas em Santa Catarina. Em todo o estado, 6 mil residências foram atingidas, os desabrigados somam 14.300 e os desalojados são 3.400. Há 72 municípios atingidos por enchentes. Na segunda-feira, o governador Raimundo Colombo decretou situação de emergência em 50 municípios. Com o decreto, as prefeituras e a Defesa Civil conseguem mais agilidade no atendimento emergencial às vítimas da chuva e na recuperação dos prejuízos.
Nesta terça-feira, 54 escolas permanecem fechadas e cerca de 36,6 mil alunos estão sem aulas. Ontem, as aulas tinham sido canceladas em 52 cidades, mas hoje, em 42 delas, o funcionamento das escolas voltou ao normal. As aulas permanecem suspensas em  Blumenau (foto), Ilhota, Leoberto Leal, Taió, Presidente Getúlio, Vitor Meirelles, Presidente Nereu, Lontras, Rio do Sul e Rio do Oeste.
Segundo a meteorologista Gilsânia Cruz, do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), o tempo deve continuar instável, com abertura de sol em algumas partes do estado, mas uma massa de ar frio de origem polar deixa a temperatura mais baixa. “Na Serra Catarinense, o frio, aliado à umidade alta no estado, favorece a condição de neve entre a tarde e noite desta terça e madrugada e manhã de quarta-feira”, informou a meteorologista.
De acordo com o Ciram, considerando os níveis atuais dos rios, há risco de inundação nos municípios de Rio do Sul e Taió. No entanto, o nível dos rios na região do Vale do Itajaí está baixando, dependendo da região, a uma taxa de 1 a 8 cm/h na última hora monitorada. Na região do Alto Vale do Itajaí, os níveis estão caindo lentamente, devido ao controle na operação da barragem em Taió.
Créditos:Agencia Brasil

Governo quer fixar em 15% o percentual da receita corrente líquida para a saúde


O governo   pretende destinar 15% da receita corrente líquida para a área da saúde. Segundo a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a intenção é incluir uma emenda na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo, em tramitação no Senado.
A receita corrente líquida da União é a soma de todas as receitas do governo federal com tributos e contribuições, excluídas as transferências constitucionais para estados e municípios. “Seria uma forma de associar o esforço da União e do próprio Parlamento, direcionando novos recursos, extras, para a saúde da população, que é uma reivindicação muito forte”, disse a ministra depois de reunião com lideranças da base aliada na Câmara.
“Estamos tendo uma sinalização positiva de podermos, na aprovação do orçamento impositivo, agregar à proposta o percentual que a União vai se comprometer a aplicar na saúde. Os royalties [do petróleo] foram aprovados [com percentual de recursos para a saúde] então, é uma somatória de todos os esforços destinando [mais recursos], nos próximos anos, para a saúde”, frisou.
A ministra acrescentou que a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) deve ser votada depois da aprovação da PEC que torna impositivas as emendas parlamentares até o limite de 1% das receitas correntes líquidas da União. “Vamos fazer o ajuste na PEC do Orçamento Impositivo e depois eles votam a LDO”, disse Ideli.
Créditos:Agencia Brasil

137 reféns morreram no centro comercial queniano diz Al-Shabaab

Al-Shabaab: 137 reféns morreram no centro comercial queniano

Militantes do grupo terrorista Al-Shabaab disseram esta quarta-feira que durante o ataque ao shopping da capital do Quênia foram mortos 137 reféns.



No sábado, um grupo armado atacou visitantes do centro comercial Westgate em Nairóbi. O ataque foi reinvidicado pela milícia islamista Al-Shabab, ligada à organização terrorista internacional Al-Qaeda.
Créditos: VOZ DA RÚSSIA

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Na ONU, Dilma critica duramente espionagem

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A presidenta Dilma Rousseff abriu hoje (24) a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um duro discurso contra a espionagem massiva sobre empresas, governos e cidadãos do mundo promovida pelas agências de inteligência norte-americanas. E, como esperado, anunciou que o Brasil defenderá nos fóruns internacionais uma ampla reforma da governança global da internet, atualmente concentrada nos Estados Unidos. Dilma iniciou seu discurso lamentando os atentados terroristas ocorridos no Quênia durante o final de semana, e rapidamente passou para o tema da espionagem. Relatou aos chefes de governo e Estado membros das Nações Unidas que “recentes revelações” indicam que dados pessoais de cidadãos e informações empresariais de “alto valor econômico e estratégico” estiveram na mira do monitoramento norte-americano.
As revelações foram possibilitadas por documentos ultrassecretos da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos vazados pelo técnico de informática Edward Snowden ao repórter do jornal britânico The Guardian,  Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro.
“Também missões diplomáticas brasileiras, como a representação permanente do Brasil na ONU, e até mesmo a Presidência do Brasil, tiveram suas comunicações interceptadas”, lembrou Dilma, baseando-se nas reportagens recentemente publicadas pelo Fantástico, da TV Globo.
“Imiscuir-se assim na vida de outros países é ferir o direito internacional e a boa convivência das nações. Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais podem os direitos dos cidadãos de um país ser garantidos pela violação dos direitos dos cidadão de outros países. Pior quando as empresas privadas de telecomunicações estão envolvidas.”

Terrorismo?

A presidenta prosseguiu repudiando o argumento norte-americano de que todos os monitoramentos realizados por seus órgãos de inteligência têm como objetivo proteger o mundo da ameaça terrorista.
“O Brasil sabe se proteger”, rebateu, sem citar que os documentos vazados por Edward Snowden apontam que a NSA bisbilhotou comunicações também da Petrobras.
“Combatemos, reprimimos e não temos grupos terroristas em nosso território. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Como vários latino-americanos, lutei contra a censura, e não posso deixar de defender o direito à privacidade das pessoas. Sem ele, não há direito à liberdade e à liberdade de expressão. E não há democracia.”
Dilma revelou à Assembleia Geral da ONU que pediu explicações aos Estados Unidos sobre as denúncias, tanto pelos canais diplomáticos, como diretamente ao presidente Barack Obama no encontro reservado que tiveram durante a Cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia. O país requisitou ainda que Washington pedisse desculpas públicas pela espionagem e oferecesse garantias de que o monitoramento não se repetiria. Obama prometeu que se engajaria pessoalmente na questão. Porém, uma semana depois, prazo estabelecido pelo próprio presidente norte-americano para atender os pleitos do Brasil, nada aconteceu.
“Governos e sociedades amigas, como é nosso caso, não podem permitir que ações ilegais recorrentes tenham curso como se fossem normais”, considerou Dilma, anunciando as medidas a serem tomadas pelo país, uma vez que a questão vai além das relações entre Brasília e Washington.
“O Brasil redobrará os esforços para dotar-se de legislação, tecnologia e mecanismos que nos protejam da intercepção ilegal de dados. Meu governo fará o que estiver ao seu alcance para proteger o direito de seus cidadãos. O problema, porém, transcende o relacionamento bilateral. Afeta a comunidade internacional e dela exige resposta.”

Princípios

A presidenta defendeu que as tecnologias de informação não podem ser um novo campo de batalha entre as nações do mundo, como já começa a ocorrer.
“Temos que evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como espaço de guerra”, propôs, afirmando que a ONU deve desempenhar uma posição de liderança para regular o papel dos Estados na internet. Assim, poderá garantir que essa tecnologia seja utilizada para a construção da democracia. “O Brasil apresentará propostas para estabelecimento de um marco civil multilateral para governança da internet.”
De acordo com Dilma, a governança multilateral da rede deve obedecer cinco princípios: 1) liberdade de expressão, respeito à privacidade e aos direitos humanos; 2) governança democrática, multilateral, aberta, transparente e com participação coletiva; 3) universalidade, desenvolvimento social e humano e construção de sociedades inclusivas; 4) diversidade cultural; e 5) neutralidade da rede.
“O aproveitamento do pleno potencial da internet passa por uma regulação responsável que garanta liberdade de expressão, segurança e respeito aos direitos humanos”, concluiu.

Assembleia Geral da ONU: Síria, Irã e espionagem são destaques

Síria, uma possível reaproximação entre Estados Unidos e Irã e, de última hora, questões sobre terrorismo internacional levantadas pelo ataque a um shopping center em Nairóbi dominaram a véspera de uma sessão da Assembleia Geral da ONU "quente", que a presidente Dilma Rousseff abre nesta terça-feira.
Dilma Rousseff e Cristina KirchnerA presidente brasileira já disse que vai contribuir para o debate sobre os temas polêmicos da atualidade colocando na mesa a questão da espionagem americana, da qual ela própria foi vítima junto com ministros do seu governo e a Petrobras. Espera-se que a presidente critique os Estados Unidos e peça ações para garantir as liberdades fundamentais nas comunicações globais e na internet.
O tema foi incluído em uma lista de oito razões listadas pelo jornal Washington Post para argumentar que, neste ano, a reunião de líderes nas Nações Unidas pode ter mais relevância que em anos menos agitados.
"Os governos precisam proteger de forma efetiva a privacidade online por meio de políticas e leis mais fortes, dado o aumento da vigilância eletrônica generalizada", sublinhou na segunda-feira a organização Human Rights Watch em um comunicado emitido em Genebra.
A entidade assina, junto com cerca de outras 250 organizações não governamentais, uma carta de princípios internacionais com recomendações para que os governos não façam uso de práticas de vigilância ilícitas e abusivas nas comunicações globais.
Exemplos dessas práticas revelados por documentos vazados da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos foram alvo de declarações preocupadas da Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Navi Pillay, e do relator especial para Liberdade de Expressão da ONU, Frank La Rue.
Mas, em comparação com outros temas, a bandeira da espionagem levantada por Dilma recebe atenção limitada no país que ela criticará em seu discurso.
Às vésperas da abertura do debate de líderes, a maior expectativa é para o anunciado encontro entre o ministro do Exterior do Irã, Mohammed Javad Zarif, com o secretário de Estado americano, John Kerry — o contato de mais alto nível entre iranianos e americanos em mais de três décadas. Os dois se sentarão à mesa do grupo de seis países (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) que negocia com o Irã o programa nuclear bancado por Teerã.
Analistas buscarão sinais de retribuição à abertura manifestada pelo presidente iraniano, Hassan Rouhani, no discurso que o americano Barack Obama fará logo após o de Dilma, assim como a estratégia de Obama para assegurar Israel de que está ao lado do povo israelense na tensão com os iranianos.
Outro tema "quente" será o conflito sírio, cujo mais recente desenrolar foi o acordo negociado por Estados Unidos e Rússia pelo qual o presidente sírio, Bashar al Assad, se compromete a eliminar o seu arsenal de armas químicas.
França, Grã-Bretanha, países do Golfo, Turquia e outros devem dar seus pontos de vista na Assembleia Geral.
Nesta questão, o Brasil também deve expor sua visão, que consiste em se opor a uma ação militar e defender discussões políticas na conferência internacional Genebra 2, em referência à primeira conferência sobre a Síria realizada na cidade suíça no ano passado. É de interesse do Brasil participar destas discussões.
Finalmente, a questão das redes extremistas internacionais deve ser tratada no discurso de Obama e em discussões às margens do encontro da ONU, após o ataque a um shopping center em Nairóbi, no Quênia, que originou confrontos com as forças de segurança locais e deixou um saldo de mais de 60 mortos.
Na segunda-feira, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, disse a jornalistas que a milícia islâmica Al-Shabab, que perpetrou o ataque — segundo a milícia, por causa das operações do governo queniano contra seus enclaves de poder na vizinha Somália – "é precisamente o tipo de tema com o qual estamos nos confrontando cada vez mais".
"À medida que o núcleo da (rede extremista) Al-Qaeda se desfaz no Afeganistão e no Paquistão, vemos afiliadas criar bases em diferentes partes do mundo", disse o conselheiro.

Além de abrir o debate na plenária na manhã da terça-feira, a presidente Dilma Rousseff participa no meio da tarde de uma sessão de alto nível para encaminhar as resoluções da Rio+20, realizada no ano passado.Na lista de temas que serão tratados na Assembleia também se inclui o desenvolvimento sustentável, tema da 68ª sessão do debate geral deste ano.
A conferência procurou sentar as bases de um modelo de desenvolvimento sustentável que os governos devem buscar a partir de 2015, em substituição às metas básicas de redução da pobreza e elevação de indicadores sociais contidas nos Objetivos do Milênio — oito metas estabelecidas pela ONU para serem alcançadas por 191 países membros até 2015.
O novo Fórum de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, que reúne governos e chefes de Estado, se reunirá a cada quatro anos na Assembleia Geral da ONU, com reuniões em nível ministerial uma vez por ano.
Suas deliberações se traduzirão em declarações governamentais acordadas pelas partes. A partir de 2016, a instância acompanhará a implementação das metas de desenvolvimento sustentável pelos países da ONU.
"O Fórum é uma plataforma crucial para examinar os desafios de hoje de maneira holística e integrada", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Em preparação para os dois eventos, a presidente Dilma Rousseff passou a segunda-feira, seu primeiro dia em Nova York, encerrada em reuniões com ministros, "recebendo subsídios" para finalizar seus discursos, segundo a comunicação do Planalto.
À tarde, ela recebeu o ex-presidente americano Bill Clinton, presidente de uma fundação que leva o seu nome e que realizará no Rio, no fim do ano, um evento para discutir "os problemas mais urgentes do mundo".
Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, Clinton convidou a presidente brasileira para participar do evento.
Dilma também recebeu a presidente argentina, Cristina Kirchner. Ao fim do encontro, a presidente argentina disse à imprensa que ambas conversaram sobre temas da atualidade, como espionagem americana, questões econômicas discutidas na última reunião do G20 — o grupo de principais países emergentes e avançados — e a crise na Síria.
Sobre Síria e a espionagem americana, a presidente argentina manifestou posição semelhante à da colega brasileira.
Créditos; BBC Brasil

PSB hesita em saída do governo

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 Passados cinco dias do anúncio de rompimento do PSB com o governo federal, praticamente tudo continua como antes. A expectativa é de que a indicação dos nomes que vão suceder os dirigentes do partido nos cargos só deva ser iniciada, de fato, a partir da próxima segunda-feira (30). Isso porque, embora já estejam sendo articulados futuros postulantes para esses cargos, informações do Palácio do Planalto e de diretores do PSB dão conta de que a própria presidenta Dilma Rousseff teria pedido um tempo ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente nacional da legenda, para que pudesse ser realizada uma boa transição.
A ideia é fazer as substituições dos atuais ocupantes por técnicos que, ao mesmo tempo em que consistam em indicações políticas e reforcem as alianças existentes, também estejam sintonizados com tais pastas e os programas em curso. A demora, por um lado, surpreende quando se pensa no jogo político que envolve a troca de cadeiras nos ministérios – uma vez que é comum, após a saída de ministros e secretários com status de ministro, as funções serem ocupadas interinamente pelos respectivos secretários-executivos. Neste caso, Fernando Bezerra e Leônidas Cristino já deveriam ter deixado a Integração Nacional e a Secretaria dos Portos, respectivamente, mas ainda não têm data para fazê-lo.
O vai-não-vai reflete a oposição de parte importante da cúpula do PSB ao projeto pessoal de Campos, que forçou rompimento de uma aliança que vem desde 1989 para trabalhar sem amarras sua candidatura à Presidência da República em 2014. A RBA soube que a decisão da Executiva socialista na semana passada, pela saída do governo, esteve longe de ser unânime. De 13 dirigentes presentes ao encontro, cinco teriam se posicionado contra, entre eles o governador do Ceará, Cid Gomes, um dos principais adversários internos de Campos. Também teriam rejeitado a proposta o governador Renato Casagrande (ES) e os senadores João Capiberibe (AP), Lídice da Mata (BA) e Antônio Carlos Valadares (SE).
Os sinais de racha na cúpula do PSB teriam chegado ao conhecimento da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passaram a trabalhar pela manutenção da aliança, ainda que contra a vontade de Campos, tanto no campo federal como nos governos locais onde PT e PSB estão juntos.
De outro lado, a demora, conforme informações da Casa Civil, decorre do fato de o governo Dilma ter adotado, desde o início, a estratégia de entregar ministérios e estatais com praticamente todos os cargos para livre escolha do PSB – procedimento que não era observado em governos anteriores, quando determinada sigla tinha direito a indicar o ministro e alguns assessores somente (e os demais cargos ficavam na cota de outras siglas). Sendo assim, deverão sair do Executivo não apenas os titulares de cada órgão, como seus assessores mais diretos.
“Uma coisa é o PSB deixar o governo, outra coisa é deixar o governo a ver navios”, afirmou um dos integrantes do diretório nacional da legenda, ao comentar a situação e a necessidade de respeito ao período de escolha dos novos dirigentes, para que se efetive a troca de cadeiras. Por trás desse jogo de cena entre governo e PSB, no entanto, estaria ainda a tentativa dos dois partidos de esfriar os ânimos que levaram ao rompimento da última semana, de modo a evitar que a ruptura seja marcada por hostilidades nos estados. A nota divulgada por Eduardo Campos, dizendo que o partido seguiria apoiando o governo do PT no Congresso, e a visita do governador a Dilma foram sinais importantes neste sentido.
Um sentimento que também está sendo observado por parte do PT. Após reunião hoje (23), em São Paulo, a Executiva petista divulgou nota enfatizando que não retirará os cargos ocupados por integrantes do partido nos governos estaduais e municipais comandados pelo PSB, deixando a cada diretório a decisão de optar pela saída ou não dos técnicos, de modo programático “embora mantendo a diretriz de que os cargos estão sempre à disposição”.
No documento o PT ressaltou ainda que “tanto agora quanto nas eleições de 2014, está em jogo a mesma disputa de projetos que marcou as eleições de 2002, 2006 e 2010”. O comunicado manda um recado a Campos ao recordar que as eleições colocarão novamente dois campos distintos em disputa: um representado pelos governos Lula e Dilma e outro, representado pelos governos do PSDB, DEM e PPS. “Esperamos que o PSB se mantenha ao lado do projeto de mudanças que estão em curso no país”, conclui a nota – mostrando a preocupação por parte das duas siglas.
Por parte do PSB, quem melhor expressou esse sentimento de dar mais tranquilidade ao processo de transição, de forma implícita, foi o presidente do partido socialista em Sergipe, deputado estadual Valadares Filho. "Continuaremos ajudando a presidenta na governabilidade. A entrega dos cargos não nos leva para a oposição e não nos faz aliados da direita. Não faremos mais parte do governo, mas também não vamos prejudicar um governo que ajudamos a construir", ressaltou.
Critérios técnicos
Para além da questão política, outro fator envolve a escolha de nomes técnicos indicados por socialistas para o governo, de 2010 até agora. “Temos cargos de engenheiros renomados que foram nomeados pelos titulares do PSB, mas nada têm a ver com o partido. Não sabemos como isso fica”, colocou Renato Alencar, um dos técnicos da Companhia Docas, do Ceará.
Diante disso, informações de bastidores do Ministério da Integração Nacional e de algumas companhias são de que estão sendo avaliados os casos de diretorias e secretarias nos órgãos até então pertencentes ao PSB que estão ocupados hoje por pessoas não vinculadas ao partido propriamente, mas que ao mesmo tempo foram levados por socialistas e estão realizando trabalhos considerados importantes para o Executivo. Alguns, inclusive, podem até vir a ser mantidos, dependendo do critério a ser estabelecido nos próximos dias.
São tidos como cargos do PSB o Ministério da Integração Nacional, a Secretaria Nacional dos Portos, três diretorias da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), bem como as presidências da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Além da presidência da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da presidência da Companhia Docas, do Ceará.
Estimativas do Ministério do Planejamento, ainda em andamento, são de que perto de 80 cargos do primeiro escalão destes órgãos foram indicados pelo PSB. Há, no governo, de acordo com assessores, ministros que defendem a permanência da equipe tida como mais técnica, como forma de possibilitar uma ruptura sem maiores desavenças, mantendo-se a intenção de, num segundo turno e nos estados onde for possível, ser retomada a parceria entre PT e PSB nas eleições de 2014. Mas há, também, uma ala do PT que considera que a ruptura deve ser relacionada a todos os cargos, sem restrições.
Arrumando mesas
Enquanto a questão é avaliada os ministros e presidentes das companhias já arrumam suas mesas e papeis. Fernando Bezerra Coelho disse que ficará até uma segunda conversa com a presidenta, que lhe pediu que aguarde até a chegada do sucessor. Leônidas Cristino, por sua vez, está no Panamá em encontro oficial de ministros ibero-americano para discussão de acordos marítimos entre os países, desde a última semana. O ministro dos Portos só retorna ao Brasil no sábado, quando deverá conversar com a presidenta.
Os dois ministros tinham dado sinais anteriormente de que poderiam continuar no governo, fazendo a opção de migrar para outro partido, caso houvesse rompimento por parte do PSB. Mas na última semana confirmaram seu apoio à decisão adotada pelo colegiado nacional do partido.
Também consiste em fator de peso nas articulações o reforço a ser dado aos partidos que possuem alianças com o governo – caso do PMDB. Já foi antecipado que os peemedebistas deverão receber o aval para sugerir nomes do partido para boa parte dos cargos que estão hoje com o PSB. Mas a presidenta, antes de viajar aos Estados Unidos, deixou claro que é preciso a indicação de postulantes de consenso no partido – uma vez que a sigla é conhecida por disputas isoladas em vários estados.
O mais mencionado para ocupar o Ministério da Integração Nacional, nos últimos dias, tem sido o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). O senador, ex-presidente da Comissão de Orçamento, preside a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e é, atualmente, o corregedor-geral do Senado. Sua nomeação ajudaria, sobretudo, a suprir uma lacuna com o PMDB da Paraíba, que nos últimos tempos tem se posicionado mais junto ao PSDB que ao PT.
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