O presidente sírio, Bashar Al Assad, renovou, em entrevista à Telesur, o compromisso de cumprir o acordo que prevê a destruição do arsenal químico do país e não colocar obstáculos ao processo.
"A Síria compromete-se, geralmente, com todos os acordos que assina. Recentemente apresentou o inventário [do arsenal de armas químicas] à Organização para a Interdição de Armas Químicas (Oiac) e, brevemente, os especialistas vão visitar a Síria", disse Assad, na entrevista em Damasco, divulgada hoje (26), na íntegra, pela agência oficial Sana. "No que toca ao governo sírio, não haverá realmente obstáculos", acrescentou.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas fizeram, nessa quarta-feira (25), progressos em relação aos principais pontos de uma resolução sobre o desarmamento químico da Síria, ainda que não tenham chegado a um acordo, segundo diplomatas.
Em causa estão divergências sobre o recurso ao Capítulo 7 da Carta da ONU, para implementar o programa de eliminação de armas químicas, anunciado dia 14 em Genebra pelos governos russo e norte-americano. De acordo com diplomatas, a Rússia opõe-se a qualquer referência a esse capítulo, relativo à possibilidade de obrigar um país a aplicar uma decisão do Conselho de Segurança.
Na entrevista, o presidente sírio disse também que não descarta a possibilidade de uma intervenção militar dos Estados Unidos em seu país. "A possibilidade de os Estados Unidos lançarem um ataque contra a Síria ainda é real. Seja sob o pretexto das armas químicas, seja por outra coisa qualquer", destacou.
"Se olharmos guerras anteriores, pelo menos a partir da primeira metade dos anos 50, vemos que a política dos Estados Unidos passa de uma agressão para outra. Essa política não mudou e não vejo agora uma razão em particular para que mude", avaliou Bashar Al Assad.
O presidente norte-americano, Barack Obama, pediu, terça-feira (24), uma resolução "firme" do Conselho de Segurança da ONU, com "consequências" para o regime de Bashar Al Assad, caso ele falhe com os compromissos assumidos.
"Os Estados Unidos não podem recorrer ao Conselho de Segurança como faziam nos anos 90, há mais equilíbrio hoje em dia", concluiu o presidente sírio, em uma referência à presença do aliado russo.
O conflito na Síria, que dura mais de dois anos, já fez mais de 110.000 mortos, 2 milhões de refugiados e 4 milhões de deslocados, segundo dados das Nações Unidas.
Foto:Reuters