sábado, 18 de janeiro de 2014

EUA: exército da Síria não tem nada a ver com ataque químico de agosto

Síria, armas químicas da Síria, EUA, peritos, ONU, Guta Leste, rebeldes

O alcance dos mísseis com sarin, usados em agosto do ano passado nos arredores de Damasco, sugere que eles não podiam ser disparados pelas forças armadas da Síria, segundo a conclusão de um novo relatório preparado por destacados especialistas dos EUA.
 De acordo com o professor Theodore Postol, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e o ex-inspetor da ONU Richard Lloyd, em Guta Leste foram utilizadas "munições químicas improvisadas", com um alcance de cerca de 2 quilômetros. As posições das forças armadas da Síria estavam na altura a uma distância muito maior do alvo. O ataque químico deixou, conforme distintas fontes, entre 281 e 1.729 mortos.
Créditos: Voz da Russia

Nova pesquisa aponta diferenças regionais do mercado de trabalho

montadora_Marcio-Brigatto_F.jpgA nova pesquisa do IBGE, que busca captar as oscilações do mercado de trabalho em todo o país e não apenas nas seis principais regiões metropolitanas, mostra taxa de desemprego relativamente estável, mas com diferenças regionais, que também se refletem na forma de inserção nesse mercado. No segundo trimestre de 2013, a taxa média nacional ficou em 7,4% – chegando a 4,3% na região Sul e a 10% no Nordeste (8,3% no Norte, 7,2% no Sudeste e 6% no Centro-Oeste), de acordo com os dados divulgados hoje (17). Em 2012, a taxa de desemprego variou de 7,9%, no primeiro trimestre, para 6,9% no último.
São 90,6 milhões de ocupados, 1,2 milhão a mais do que no primeiro trimestre, e 7,3 milhões de desempregados, 500 mil a menos. A taxa recua de 8%, no primeiro trimestre do ano passado, para 7,4%. Os dados não são comparáveis aos da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que será divulgada até o final deste ano. A atual Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), anual, será substituída pela chamada Pnad Contínua, divulgada a partir de hoje.
Segundo a nova pesquisa, no segundo trimestre do ano passado 76,4% dos empregados no setor privado tinham carteira assinada, ante 75,5% em igual período de 2012. A formalização atingia 61,5% no Nordeste e 84% na região Sul, chegando a 80,8% no Sudeste, 77,4% no Centro-Oeste e 65,3% no Norte. A presença de trabalhadores por conta própria era maior no Norte (30,6%) e no Nordeste (29,3%).
Dos mais de 90 milhões de ocupados no segundo trimestre, 69,7% eram empregados, 23% eram trabalhadores por conta própria, 4,1%, empregadores e 3,1%, trabalhadores familiares auxiliares (pela definição do IBGE, são aqueles que não recebem remuneração, mas que contribuem, com o seu trabalho em negócio da família, para o rendimento domiciliar). Entre os empregados, 50,7% estavam no setor privado, 6,6% eram trabalhadores domésticos e 12,4% ficavam no setor público. E entre os que trabalhavam no setor doméstico, 30,8% tinham carteira assinada, ante 31,5% no segundo trimestre de 2012.
O desemprego era maior entre as mulheres (9,3%) do que entre os homens (6%). E fica acima da média nacional no caso dos jovens de 18 a 24 anos (15,4%), comportamento verificado pelo IBGE em todas as regiões. Também era maior para pessoas ensino médio incompleto (12,7%).
As divulgações sobre emprego e desemprego passarão a ser trimestrais em vez de mensais, e nacionais em vez de se restringir a seis áreas metropolitanas. Com isso, a série histórica se perderá, uma vez que os resultados da PME e da Pnad Contínua não são comparáveis. O IBGE já informou que estuda alternativas para manter atualizações mensais.
Créditos: Rede Brasil Atual

Síria: uma calamidade não natural

Síria, guerra na Síria
Nos últimos anos se tem falado muito de as mudanças climáticas no planeta continuarem sendo uma das causas das revoluções e de conflitos armados nos países africanos e no Médio Oriente.

O aquecimento global faz agravar os problemas seculares dos países pobres com um clima quente. Sorcha O'Callaghan, do Instituto Britânico Ultramarino (Overseas Development Institute), declarou em 2007, que "o aquecimento global se tornou um assunto em moda ao ponto de se explicar tudo que se passa à nossa volta". No ano passado, em entrevista ao periódico Washington Post, o chefe do Centro para o Clima e Segurança (Center for Climate and Security), com a sede em Washington, Francesco Femia, anunciou que o aquecimento global teve um enorme impacto tanto na "primavera árabe", como no conflito sírio. No seu parecer, os cinco anos da seca causaram a miséria nas zonas agrícolas e um êxodo de granjeiros que procuraram emprego nas regiões urbanas: "A imigração interna tinha lugar, sobretudo, na periferia, à custa de agricultores que empobrecidos, sem respectivos meios de subsistência. Eles todos se deslocaram para as zonas urbanas economicamente instáveis devido ao afluxo de refugiados iraquianos e palestinos".
Há, no entanto, uma ressalva – não se pode afirmar que as mudanças do clima veio provocar as guerras civis. Mas podemos dizer terem existido condições climáticas severas que levaram à instabilidade. Francesco Femea realçou ainda que o aquecimento global poderá continuar a se repercutir no decurso da guerra na Síria. A seca ali já tinha acabado. Segundo um homem de negócios sírio, uma temporada com tais chuvas como em 2013 podia proporcionar cerca de 4 milhões toneladas de grãos o que teriam sido suficiente para abastecer aquele país durante um ano inteiro. Mas as previsões mais optimistas apontam para apenas 2 milhões de toneladas.
Ora, hoje em dia, não é a natureza, mas sim as pessoas em guerra são os que trazem mais sofrimentos, provocando a fome e a sede. Mesmo tomando em conta que uma parte de agricultores se encontram em cidades cercadas, os sistemas de irrigação foram danificados, um parte de campos está sob o controlo de rebeldes, nas zonas de combates se encontram milhares de toneladas do trigo. Antes da guerra, quase dois terços da safra eram vendidos ao Estado que subsidiava a sua produção. Agora, ninguém quer correr o risco de transportar cereais para as cidades por causa de combates e tributações em numerosos postos militares de passagem e controle. Além disso, os rebeldes não deixam de passar cargas com a ajuda humanitária para os campos de refugiados
Em resultado disso, segundo disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mais de 9 milhões de cidadãos sírios necessitam de ajuda humanitária urgente. Isto ocorre num país que podia ser auto-suficiente em termos de alimentos. Nas avaliações da ONU a assistência se avalia em 6,5 milhões de dólares. Claro que durante a seca a Síria teria precisado de uma soma inferior mas naquela altura esse dinheiro era usado para objetivos diferentes.
A tentativa de afastar da arena politica Bashar Assad e, ao mesmo tempo, estragar a vida dos iraquianos se estima em 130.000 mortos. Seria pouco provável que as forças de natureza insensatas pudessem assestar um golpe como esse. Mas os homens "sensatos" angariaram primeiro os meios para a compra de armas e depois para liquidar efeitos de seu uso.
Resta aclarar se "os amigos a Síria" poderão deixar suas ambições em prol de pessoas simples? Convém lembrar uma declaração publicada em finais de Outubro de 2013 no jornal The New York Times feita então pelo chefe da Casa Civil dos EUA, Denis McDonough: "A situação na Siria é tal que poderá manter ocupado o Irã durante anos. A guerra na Síria entre o movimento Hezbollah e a al Qaeda é capaz de servir os interesses dos Estados Unidos".
Foto: EPA
Créditos: Voz da Russia

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Kassab recebeu 'fortuna' da Controlar, diz testemunha


Uma testemunha cuja identidade não foi revelada pelo Ministério Público Estadual afirmou em depoimento que o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), recebeu propina da Controlar para que a empresa realizasse a inspeção veicular obrigatória. O programa foi regulamentado por decreto em 2008, com base em um contrato da prefeitura com a empresa que estava arquivado desde 1997, na gestão de Celso Pitta  a manobra de Kassab, que foi secretário de finanças naquela gestão, provocou um alerta da secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura e uma investigação no Ministério Público, que cobrou que o R$ 1,1 bilhão investido no contrato fosse devolvido à administração municipal.
Após a abertura da investigação, Kassab, que chegou a ter os bens congelados em 2011, teria levado o dinheiro de avião para uma fazenda no Mato Grosso. Segundo a testemunha do MP, o responsável pelo transporte foi Marco Aurélio Garcia, irmão do deputado Rodrigo Garcia (DEM), hoje secretário do Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e também investigado por envolvimento na corrupção em licitações da CPTM e do Metrô. À Folha de S.Paulo, todos os citados negaram envolvimento com as denúncias.
O promotor responsável pelo caso, Roberto Bodini, afirmou que a testemunha não soube dizer quanto dinheiro o ex-prefeito teria recebido, apenas que era uma "fortuna" e que o avião com o qual o dinheiro saiu do estado de São Paulo teria tido até problemas para decolar.
A testemunha afirmou ainda que o ex-secretário de Finanças do município, Mauro Ricardo, teria recebido propina da bolsa de valores para reduzir o valor em ISS pago pela empresa para o mínimo possível. Segundo Bodini, a Bolsa de Valores de São Paulo paga o mínimo pelo imposto desde 2011.

Sequência de alta de juros tira R$ 42 bilhões do Brasil este ano

A nova alta da taxa básica de juros significa que o Brasil perderá R$ 6,5 bilhões em investimentos públicos para pagar rendas a donos de títulos do mercado financeiro ao longo de 2014. Se somada às elevações promovidas pelo Banco Central desde abril de 2013, a alta de meio ponto promovida significa em torno de R$ 42 bilhões a menos só neste ano. Para que se tenha uma ideia do tamanho do prejuízo, todos os recursos destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2014 somam R$ 63,2 bilhões.
Agora, a Selic está em 10,5% ao ano, 3,25 pontos a mais que o patamar mais baixo da história, registrado do começo de 2013 até abril, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) deu início a uma série de sete elevações. Ontem, em Brasília, a decisão foi tomada por unanimidade, sem indicativo sobre a interrupção ou a manutenção da trajetória de alta.
A economista do Dieese Patrícia Pelatieri, colunista da Rádio Brasil Atual, lamenta que a decisão seja tomada em um momento em que nada indicava a necessidade de elevação. “O Brasil vive uma contradição, uma vez que com o crescimento global ainda lento, incerteza, um dos únicos caminhos possíveis para o país crescer seria o aumento do investimento público, que puxaria também o investimento privado”, afirmou em seu comentário de hoje.
O IPCA, índice de inflação oficial, fechou 2013 em 5,91%, abaixo do teto da meta, de 6,5%, e dentro da média mantida durante o governo Dilma Rousseff. Mas durante todo o ano passado foi promovida uma campanha, pelo mercado financeiro e por parte da mídia tradicional, de alerta sobre a alta de preços, o que provocou a elevação da Selic e levou à inversão da tendência desejada no início da atual gestão. Em janeiro de 2013, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, celebrava a taxa de juros mais baixa da história e afirmava que o capital passaria por uma fase de desintoxicação ao deixar a especulação para rumar aos investimentos produtivos. Em dezembro, teve de admitir que a elevação da Selic atrapalhou o crescimento da economia.
Agora, analisa Patrícia Pelatieri, pode ter pesado na decisão do Copom a tensão trazida por um ano eleitoral, em que se acirrará o debate entre austeridade e crescimento econômico. “O que estamos vendo é que o governo vem convergindo com o mercado financeiro numa posição mais conservadora. Nosso temor, olhando os trabalhadores e a população de maneira geral, é que além da eficácia duvidosa dessa medida, uma desaceleração ainda maior da economia brasileira vai, em alguma medida, afetar negativamente o mercado de trabalho e pode colocar em risco todos os ganhos sociais obtidos desde 2003”, avalia.
Para quem deseja provocar mais tensão, os primeiros meses do ano são oportunos, geralmente marcados por alta nos preços dos alimentos. É também a hora chave para definir o crescimento da economia, e neste sentido a alta na taxa de juros é negativa para um governo que precisa garantir seus próprios investimentos e estimular o setor privado, naturalmente conservador e lento, a investir. As elevações do último ano, avalia Patrícia, já provocaram uma redução no ritmo justamente no contexto em que era preciso acelerar a economia, ainda atrapalhada pelo baixo dinamismo do mercado internacional e pela perda de fôlego do mercado interno. “Nos parece que, mais que uma necessidade técnica, foi uma tentativa do governo de eliminar qualquer onda de pessimismo no mercado e apostar, talvez, numa retomada só em 2015.”
Créditos: Rede Brasil Atual

Ministério da Defesa iguala movimentos sociais a criminosos e os considera 'força oponente'

exercito brasilia copa confederacoes EFE FERNANDO BIZERRA JR.jpgRecentemente publicado, documento do Ministério da Defesa que regulamenta atuação das Forças Armadas em operações de segurança pública considera movimentos sociais como “forças oponentes” de Exército, Marinha e Aeronáutica nas situações em que estas forem acionadas para garantir a lei e a ordem, e iguala organizações populares a quadrilhas, contrabandistas e facções criminosas.
De acordo com o manual, também podem ser alvo da repressão militar pessoas, grupos de pessoas ou organizações “infiltrados” em movimentos, “provocando ou instigando ações radicais e violentas” – termos que têm sido utilizados pelas autoridades e pela opinião pública para descrever as atividades de pessoas mascaradas durante manifestações, os chamados black blocs.
O regulamento considera que todos eles, sem distinção, devem ser “objeto de atenção e acompanhamento e, possivelmente, enfrentamento durante a condução das operações” das tropas federais, que agora estão textualmente autorizadas a atuarem em grandes eventos, como já vinha ocorrendo desde a Conferência Rio+20 sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012.

Ameaças

Além de elencar características das “forças oponentes” do Estado brasileiro, o manual enumera as “principais ameaças” à manutenção da lei e da ordem no país. Entre elas, figuram estratégias comuns de protesto popular, como “bloqueio de vias públicas de circulação”, “invasão de propriedades e instalações rurais ou urbanas, públicas ou privadas” e “paralisação de atividades produtivas”.
Ainda no rol das ameaças, o documento cita episódios observados nas manifestações do ano passado em algumas capitais, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, tais como “depredação do patrimônio público e privado” e “saques de estabelecimentos comerciais”. O termo “distúrbios urbanos”, utilizado como sinônimo de manifestações públicas em manuais das polícias militares, também aparece como perigos à ordem.
A normativa passou a vigorar em 19 de dezembro, após publicação da Portaria 3.461/MD, assinada pelo ministro Celso Amorim. Em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, do jornal Folha de S. Paulo e portal UOL, em 27 de novembro, Amorim já havia informado sobre o emprego de aproximadamente 1.400 efetivos das Forças Armadas em cada cidade-sede da Copa do Mundo, que ocorre neste ano em 12 capitais brasileiras.

Apelativo

“Isso não é qualitativamente diferente do que a gente já fez na Copa das Confederações, na visita do papa e na Rio+20. Na realidade, é uma questão de escala, sobretudo no caso da Copa, que será mais dispersa. Nas Olimpíadas, será mais concentrado. Cada uma terá suas características”, explicou o ministro. “Naturalmente, esses dois eventos são muito apelativos, e precisam cuidado redobrado.”
Na ocasião, Amorim lembrou que o trabalho das Forças Armadas possui basicamente duas naturezas. A principal delas é proteger o país de agressões externas, guardando fronteiras, monitorando espaço aéreo e litoral, desempenhando defesa cibernética e operações antiterroristas. “É sua competência primordial”, classifica. “Teremos também um preparo de contingência para hipótese das forças de segurança pública não darem conta do recado em alguma situação, por qualquer motivo que seja.”
São nestas situações que o emprego de Exército, Marinha e Aeronáutica deverão obedecer ao documento recentemente editado pelo Ministério da Defesa, intitulado como Garantia da Lei e da Ordem ou MD33-M-10. “Esperamos que o trabalho de contingência não ocorra, mas pode ocorrer”, alerta Celso Amorim, afirmando que operação semelhante foi desencadeada durante a missa celebrada pelo papa Francisco em Copacabana, no Rio de Janeiro, em julho último.

Comunicação

O documento também mostra como as Forças Armadas estão preocupadas com a recepção de suas atividades pela opinião pública. Há uma seção especialmente dedicada ao uso adequado da comunicação social para auxiliar no cumprimento das missões. “Um simples incidente poderá ser explorado pelas forças oponentes ou pela mídia, comprometendo as operações de garantia da lei e da ordem e a imagem das Forças Armadas.”

Assim como têm feito as polícias estaduais durante manifestações públicas no ano passado, o Ministério da Defesa recomenda que os comandos militares utilizem equipamentos de gravação. “Junto aos escalões avançados, deverá haver uma equipe de filmagem e fotografia, composta por pessoal especializado, que registrará a atuação da tropa”, pontua. “A filmagem deverá ser planejada de modo a constituir prova contra possível propaganda adversa à atuação das Forças Armadas.”
Créditos: Rede Brasil Atual

Vaticano lamenta casos de abusos sexuais contra menores envolvendo o clero

O Vaticano disse   que não há desculpa possível para casos de exploração e violência contra crianças, mas destacou que os agressores estão presentes "em todas as profissões, incluindo membros do clero e o pessoal da Igreja".
"Há responsáveis por abusos entre os membros das profissões mais respeitadas do mundo e, mais lamentavelmente, entre membros do clero e outros funcionários da Igreja", disse Silvano Tomasi, representante do Vaticano na Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra.
Tomasi fez a apresentação do Vaticano perante a Comissão da ONU para os Direitos da Criança, na primeira participação da Igreja Católica em um órgão que vai escrutinar os abusos sexuais de menores cometidos por sacerdotes em todo o mundo.
O chefe da delegação do Vaticano reconheceu que a questão dos abusos contra crianças é particularmente grave quando o agressor goza de grande confiança e seu papel deveria ser o de proteger a pessoa, incluindo a saúde física, emocional e espiritual. "Essa relação de confiança é crítica e requer um grande sentido de responsabilidade e respeito em relação à pessoa que se serve", disse Tomasi.
"A resposta ao fenômeno dos abusos sexuais de menores foi articulada em vários níveis", explicou ele, ressaltando que o Vaticano ratificou a Convenção dos Direitos da Criança em 1990 e os respectivos protocolos em 2000. Tomasi acrescentou que o Vaticano formulou "diretivas" para facilitar o trabalho das igrejas locais, que desenvolveram também recomendações para evitar abusos. Ele citou a Carta para a Proteção das Crianças e Jovens, adotada pela Igreja católica norte-americana em 2005.
A comissão da ONU dedica a sessão de hoje à avaliação do cumprimento, pelo Vaticano, dos compromissos assumidos com a ratificação da Convenção dos Direitos da Criança.
Diante dos escândalos de abusos sexuais que vêm sendo noticiados nos últimos anos, a Igreja chegou a ser acusada de tentar esconder e desvalorizar o envolvimento de sacerdotes nesses crimes em vários países. Tomasi destacou, no entanto, que o Vaticano "delineou políticas e procedimentos para ajudar a eliminar tais abusos e colaborar com as respectivas autoridades estatais para lutar contra esse delito".
Perante os casos verificados de abusos sexuais de menores sob custódia ou influência de padres, a posição das autoridades eclesiásticas foi a de que o religioso deve ser submetido às leis do país onde ocorreu o crime. Tomasi garantiu que o Vaticano "está empenhado em escutar cuidadosamente as vítimas de abusos sexuais e em abordar o impacto dessas situações nos sobreviventes e em suas famílias".
Depois da apresentação de Tomasi, vários peritos da comissão questionaram a delegação do Vaticano sobre a forma como foram adotados os mecanismos para investigar e punir eficazmente os culpados de abusos dentro da Igreja e sobre os programas de segurança desenvolvidos e aplicados.
A comissão pediu esclarecimentos sobre como garantir "os interesses superiores da criança" acima de quaisquer outras considerações, e sobre as medidas de "reparação física e psicológica" das vítimas.
A sessão de Genebra ocorre quando a pedofilia na Igreja continua no noticiário: a direção do movimento conservador dos Legionários de Cristo, desacreditado pelo escândalo pedófilo no qual está implicado o fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, encontra-se reunida para decidir sobre as reformas a adotar.
Em dezembro, o Vaticano se recusou a responder a um questionário da comissão da ONU, enviado em julho, sobre os dossiês de pedofilia que estão sendo examinados pela Congregação para a Doutrina da Fé.
Créditos: Agência Brasil*