sábado, 22 de fevereiro de 2014

Dilma tem 67% de aprovação entre mais pobres; 71% no Nordeste

Dilma-presidente-em-Ceará-MirimO principal suporte político da presidenta Dilma ainda são os mais pobres. Na faixa de renda que ganha até 1 salário, ela tem 67% de aprovação, contra 55% na média geral. Os números são do Ibope, em pesquisa realizada há alguns dias.
Já entre os mais ricos, que ganham mais de 5 salários, Dilma tem 44% de aprovação, contra 53% de desaprovação.O perigo para a eleição de Dilma Rousseff, portanto, vem novamente do alto, das camadas mais ricas da população.
O Nordeste se mantém extremamente fiel à presidente, o que deverá causar grandes dificuldades para Eduardo Campos, que espera fazer uma boa pontuação na região por ser um governador bem avaliado em Pernambuco. 71% dos nordestinos aprovam a maneira como Dilma vem administrando o país, contra 25% que disseram que não aprovam.
É no Sudeste que estão os principais obstáculos para a vitória de Dilma Rousseff. Na região, ela tem saldo negativo de aprovação pessoal: 49% de desaprovação, contra 46% de aprovação. 
Curioso notar que a presidenta apresenta uma boa pontuação no Sul (57% de aprovação). Em geral, presidentes mal avaliados no Sudeste também enfrentavam problemas no Sul. Enviado por 
Créditos: O Cafezinho

Dilma pede que papa traga à Copa mensagem contra o racismo

Ao se encontrar, nesta sexta-feira (21), com o papa Francisco, a presidenta Dilma Rousseff pediu ajuda do pontífice para a propagação, durante a Copa do Mundo, de mensagens de paz e de luta contra o preconceito. Apesar de ter convidado o papa para assitir ao Mundial no Brasil, Dilma disse não acreditar que ele possa comparecer. Segundo a presidenta, toda vez que um brasileiro e um argentino se encontram, é discutido o tema futebol. “A única coisa que eu pedi é que neutralidade fosse mantida pelo santo padre e [que] assim, a 'Mão de Deus' não empurrasse a bola de ninguém”, disse a presidenta, em referência ao histórico gol de Maradona, jogador argentino, que usou a mão para empurrar a bola em jogo contra a Inglaterra, na Copa do Mundo no México, em 1986.

“Vim pedir uma mensagem dele sobre esse posicionamento da Copa do Mundo no Brasil, a Copa das Copas. Pedir posicionamento quanto à questão da paz e contra o preconceito, especificamente contra o racismo”, explicou Dilma. Segundo ela, o papa deve enviar uma mensagem tratando desses temas. No último dia 12, o jogador Tinga, do Cruzeiro, sofreu com demonstrações de racismo da torcida peruana durante jogo da Copa Libertadores da América.
Dilma está no Vaticano para o consistório, cerimônia em que o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, será oficializado cardeal da Igreja Católica. O evento ocorre neste sábado (22) e será seguido de uma missa no domingo (23), para a qual a presidenta “possivelmente” deve ficar. “Eu fiquei muito feliz com a indicação de dom Orani. Acho que a escolha dele é merecida. Além de ser homem de fé, é pessoa com grande capacidade, solidariedade, que se interessa pelos movimentos sociais, pelos pobres”, ressaltou.

Dilma presenteou o papa Francisco com uma camisa da Seleção Brasileira autografada especialmente pelo ex-jogador Pelé, uma bola de futebol assinada e com dedicatória de Ronaldo Fenômeno e uma coleção de livros sobre a história dos jesuítas no Brasil. “Fora uma camisa contrabandeada pelo Gilberto [Carvalho, secretário-geral da Presidência]. Essa camisa do Palmeiras não valeu, não é protocolar”, brincou Dilma. Ela recebeu do papa um terço, uma imagem do Anjo da Paz e uma medalha para ser entregue a sua filha, Paula.  “Uma medalha que ele me entregou da forma muito humana que ele tem”, contou Dilma.

Apesar de estar previsto, o encontro de Dilma com o presidente italiano,Giorgio Napolitano, pode não ocorrer devido aos compromissos do chefe de Estado. “Eu tenho todo interesse de encontrar com o presidente. Acontece que amanhã tudo indica que vai ser formado um novo governo”, relatou a presidenta, em entrevista a jornalistas após o encontro com o papa.
Créditos: Agencia Brasil

Venezuela enfrenta campanha internacional para dividir o continente

Maduro: Venezuela enfrenta campanha internacional para dividir o continenteO presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse ontem (22) que a América Latina enfrenta uma campanha da direita internacional para dividir o continente e também uma campanha dos meios de comunicação estrangeiros que “veiculam a imagem de que o país está à beira de uma guerra civil”.
Em uma conversa com correspondentes internacionais no fim da tarde, Maduro falou que enfrenta “uma tremenda campanha que busca gerar violência no país”, que vai contra a “revolução bolivariana”, e que, em última instância, quer dividir a região.
“Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Chile, Sebastián Piñera, e do Panamá, Ricardo Martinelli, se deixaram levar pela pressão do Departamento de Estado dos Estados Unidos”, disse. Os três chefes de Estado deram declarações esta semana defendendo o direito de manifestação e pediram que o governo Maduro dialogasse com a oposição.

Maduro também citou nomes de empresas de comunicação que, na visão dele, estariam à serviço de “gerar violência no país”. “É isso [provocar uma guerra] que alguns canais internacionais como a CNN, Telemundo, Univision e Fox New querem mostrar”. O presidente voltou a dizer que existe uma campanha mundial contra o país, com a qual se pretende justificar uma intervenção de alguma força externa nos assuntos internos da Venezuela. O presidente também convocou o presidente norte-americano Barack Obama para dialogar.
“Convoco você, presidente Obama, a um diálogo e designo o chanceler Elías Jaua para conversar com John Kerry [secretário de Estado norte-americano]. Aceite o desafio”, disse. Ele acusou o governo dos Estados Unidos de ter dado “luz verde” para um plano para retirá-lo do poder. “Ainda que neguem umas mil vezes, sei que isso aconteceu”.
No campo interno, Maduro também disse que não protegerá a ninguém que tenha usado armas nos recentes protestos no país. “Inclusive se são funcionários público, ou seguidores do chavismo”, disse. “Não protejo a ninguém que dispare em alguém durante manifestação”.

O presidente ressaltou que os funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) que atuaram contra manifestantes no último dia 12  desobedeceram a ordem de voltarem ao quartel e permaneceram nas ruas. “Pedi que ninguém saísse às ruas e muito menos com armas. E saíram com armas. Isso se parece muito com o formato do golpe de Estado de 2002. Eu estou investigando tudo isso e se descobrirmos elementos de que há conspiradores dentro do governo ou de que se tenha comprado algum funcionário, eu revelaria ao país”, disse.
*Com informações da Tv Multiestatal Telesur
Créditos: Agencia Brasil

SP: Justiça Federal bloqueia R$ 9,8 milhões de réus no caso Alstom

A Justiça Federal em São Paulo determinou o bloqueio de R$ 9,8 milhões de cinco acusados de participação em um esquema de corrupção com o grupo francês Alstom. Eles são apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como responsáveis pela distribuição de propina a funcionários públicos do estado de São Paulo.  Eles estão entre os 11 réus que respondem pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Segundo o MPF, após os pagamentos, que chegaram a R$ 23 milhões, foi assinado um aditivo no valor de R$ 181 milhões, em valores atualizados, para construção e ampliação de subestações de energia para o Sistema da Eletropaulo. À época do funcionamento do esquema,  de 1998 a dezembro de 2002, a empresa energética ainda era estatal.

O maior montante bloqueado pertence a Romeu Pinto Junior, R$ 7,9 milhões. Também estão sequestrados R$ 1,3 milhão, de  Jorge Fagali Neto; R$ 470 mil, de José Geraldo Villas Boas; R$ 70 mil, de Sabino Indelicato; e R$ 53 mil de Jean-Pierre Charles Antoine Courtadon . O  juiz federal Marcelo Costenaro Cavali determinou o bloqueio de R$ 32, 4 milhões. Porém, várias contas bancárias listadas na investigação estavam zeradas ou com saldo menor do que o esperado.
Além deles, são acusados Jonio Kaham Foigel, Thierry Charles Lopez, Daniel Maurice Elie Huet, Cláudio Luiz Petrechen Mendes, Celso Sebastião Cerchiari e José Sidnei Colombo Martini.
De acordo com a denúncia do MPF, o esquema, comandado por Charles, Foigel e Daniel Huet consistia em aliciar funcionários com poder de decisão no governo estadual para garantir operações benéficas à Alstom. Conforme o Ministério Público, eles agiam com a ajuda de intermediários, como Cláudio Mendes e Sabino Indelicato, que aproveitavam a proximidade com a cúpula do governo para favorecer o grupo francês.

Segundo a denúncia, os envolvidos recebiam os valores por meio de contratos falsos de consultoria ou pagos por empresas no exterior. O dinheiro era depositado em bancos na Suíça e em Luxemburgo e trazido de volta para o Brasil com a ajuda de doleiros
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 Em nota, a Alstom disse que as acusações referem-se a temas “do começo dos anos 2000 ou anteriores”. O grupo ressalta que, atualmente, tem implementado regras “estritas de conformidade e ética que devem ser aderidas por todos os funcionários” e que, atualmente, nenhum dos acusados trabalha na empresa.
Créditos: Agencia Brasil 

Quase 200 civis e insurgentes morrem em massacre na Nigéria

Nigéria, vítimas
O número de mortos em um ataque realizado pela seita islamita Boko Haram na quarta-feira na cidade de Bama, no nordeste da Nigéria, terminou em 98 civis e 100 insurgentes mortos, informou nesta sexta-feira a imprensa local. 
No ataque à cidade do Estado de Borno 47 pessoas foram mortas pelos rebeldes, segundo as primeiras informações. Por fim, o número de vítimas chegou a 98 pessoas, enquanto 100 rebeldes morreram na resposta militar do exército nigeriano, segundo fontes da equipe de socorro que atendeu as vítimas do ataque em Bama.

"Descobrimos alguns corpos nas florestas e dentro das casas" de Bama, que ficou sitiada das 4h15 às 12h locais (0h15 às 8h de Brasília), disse Akura Satomi, membro da equipe que participou dos trabalhos de resgate após os ataques. Os criminosos chegaram ao município armados com pistolas, granadas e bombas.Nos ataques, o grupo também matou um chefe de distrito de Goniri Ward, Alhaji Shehu Baa Terab, e destruiu mais de 500 prédios, incluindo o palácio do emir de Bama, Alhaji Kyari Ibn O-Kanemi. O massacre de quarta-feira foi o último de uma série de ações da seita em Bama e em cidades vizinhas.
O presidente do governo local, Baba Shehu Gulumba, disse que cerca de 500 pessoas morreram em ataques desde o início de 2014 em várias regiões. "Os últimos ataques foram os mais prejudiciais", afirmou.Embora o governo federal nigeriano tenha declarado estado de emergência e enviado tropas a Borno e aos estados de Adamawa e Yobe, a seita islâmica continua fazendo ataques mortais que deixaram centenas de mortos.
O Boko Haram, cujo nome significa "educação não islâmica é pecado", luta para impor a "sharia" (ou lei islâmica) na Nigéria, de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.EFE
 Foto: EPA
Créditos: Voz da Russia 

UE congela bens e restringe vistos para envolvidos em protestos na Ucrânia

Maduro ameaça tirar rede CNN do arMinistros da União Europeia (UE) firmaram, na quinta-feira (20), acordo com o presidente da Ucrânia, Viktor Ianukovich, para convocação de eleições presidenciais e parlamentares antecipadas, ainda neste ano, segundo informou ontem (20) o primeiro-minsitro da Polônia, Donald Tusk. O acordo prevê também a instalação, nos próximos dez dias, um governo de unidade nacional. Além disso, o bloco europeu decidiu impor o congelamento dos bens e restringir vistos para viagens aos ucranianos envolvidos em atos de violência.

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, considerou a decisão de aplicar "sanções individuais" a responsáveis por violações de direitos humanos na Ucrânia, "positiva" e "eficaz". "São sanções individuais, dirigidas às pessoas responsáveis por violações de direitos humanos ou atos de violência. Não são sanções contra o povo da Ucrânia, não são sanções contra a Ucrânia – achamos que isso seria contraproducente, o povo ucraniano já tem sofrido bastante nos últimos meses", afirmou Maçães.

A crise política na Ucrânia começou no final de novembro quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão do presidente de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e de aprofundamento das relações com a Rússia. 
Após várias semanas de calma, Kiev voltou, desde terça-feira (18), a ser palco de violentos confrontos entre ativistas antigovernamentais e forças de segurança. Os confrontos provocaram mais de 90 mortos, dos quais 70 apenas nesta quinta-feira, segundo médicos que apoiam os manifestantes. Também no confronto desta quinta, 67 policiais foram feitos reféns pelos manifestantes. O Parlamento da Ucrânia decidiu hoje proibir a operação "antiterrorista" anunciada quarta-feira (19) pelos serviços de segurança e dirigida contra manifestantes extremistas e radicais. Dos 238 deputados reunidos em sessão extraordinária da Rada (Parlamento ucraniano), apenas dois se recusaram a votar pela proibição da operação, que foi aprovada por nove votos.

A operação foi anunciada pelo chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, Alexandr Yakimenko. As ações cobririam todo o país e poderiam contar com a participação do Exército. Yakimenko não especificou a natureza das medidas previstas. Pouco antes, o Ministério do Interior anunciou que armas de guerra tinham sido entregues às forças de segurança e a polícia admitiu usar balas reais. No campo diplomático, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que vai enviar à capital, Kiev, a pedido do presidente ucraniano, um representante para participar de mediação com a oposição. Putin, a chanceler alemã, Angela Merckel,  e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, destacaram, a necessidade de “encontrar, o mais rapidamente possível, uma solução política para a crise na Ucrânia”. Segundo nota divulgada após conversas telefônicas entre os três líderes, “o banho de sangue deve cessar”. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da França, da Alemanha e da Polônia estão em Kiev tentando conseguir o fim dos confrontos. Após reunião, no entanto, Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição na Ucrânia, disse que ainda não há acordo para a saída do país da atual crise. O chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, disse no Twitter que "foram realizados progressos" nas negociações, mas ressaltou que "persistem importantes divergências". *Com informações da Agência Lusa.
Créditos: Agencia Brasil

Dessalinizador transforma vidas em assentamento

Foto: Kalyandra Vaz/Incra/PBA história das famílias do Assentamento Cachoeira Grande, no município de Aroeiras, no Agreste paraibano, pode ser dividida entre antes e depois da instalação do dessalinizador na comunidade.
Sem a garantia de água potável todos os dias, a rotina dos assentados e das comunidades rurais da região era marcada por incertezas e pela presença frequente de carros-pipas e filas de crianças com diarreia no posto de saúde do assentamento devido ao uso de água salobra e imprópria para o consumo.
A mudança de uma situação de insegurança hídrica para a abundância de água veio no início de 2012, quando foi instalada no assentamento uma unidade demonstrativa do Programa Água Doce, uma parceria de diversas instituições governamentais e não-governamentais, com recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e que assegura o acesso à água própria para o consumo humano para as 33 famílias de Cachoeira Grande. “O carro-chefe do programa é a água para beber. Antes a gente tinha que esperar carro-pipa ou bebia a água do Rio Paraibinha, que é salobra”, contou o assentado Celso Ferreira Sousa, de 54 anos. Para ele, a mudança na qualidade de vida das famílias pode ser vista na sala de espera do posto de saúde da comunidade. “Agora não dá mais diarreia nas crianças. O problema praticamente acabou. Antes o posto de saúde vivia cheio”, disse.
Segurança hídrica
Além da água filtrada pelo dessalinizador, as 33 casas do Assentamento Cachoeira Grande também possuem cisternas de placas com capacidade para 16 mil litros cada uma, construídas em 2010 com recursos do Crédito Semiárido do Incra, muitas delas pelas mãos de Sousa.
A água dessalinizada também abastece a creche e o posto de saúde que funcionam no assentamento e pelo menos outras 50 famílias de comunidades vizinhas. Os assentados explicam que compartilham a água dessalinizada com famílias de outras comunidades, principalmente de novembro a abril, quando a terra está mais seca e a estiagem do Sertão nordestino se assevera.
Segundo a assentada Terezinha Barbosa da Silva, 52 anos, moradores de comunidades da agricultura familiar de Aroeiras, distante 50 km do assentamento, costumam ir buscar água no chafariz do assentamento Cachoeira Grande. O marido de Terezinha, também assentado, Olivaldo da Silva, 60 anos, é o voluntário responsável pela entrega da água às famílias. O assentado explica que todo dia, das 7h às 9h, exceto sábados, domingos e feriados, há distribuição de uma cota de 40 litros de água a todos que pedem e que a comunidade estabeleceu prioridades de acordo com as diferentes necessidades. “Quem tem recém-nascido em casa ou é dono de mercearia pode pegar 60 litros”, explicou. Dona Terezinha faz questão de enfatizar que os beneficiados pelo programa sempre partilharam a água com todos que pedem. “Quem vai negar água?”, questiona.
Dessalinização
A água salobra possui salinidade intermediária entre a água do mar e a água doce – entre 5% e 30% da concentração de sal encontrada nos oceanos. Ela é retirada de um poço com vazão de 2,7 mil litros por hora, cavado há cerca de 15 anos pela Prefeitura de Aroeiras.
Com o auxílio de uma bomba, a água abastece uma caixa d’água com 16 mil litros da lavanderia comunitária e outra caixa d’água com capacidade para cinco mil litros que armazena a “água bruta”. Depois, a água segue para o dessalinizador e, impulsionada por uma bomba de alta pressão, passa por três tubos onde seis membranas e quatro filtros retiram o sal.
A água dessalinizada, pronta para o consumo humano, segue para uma caixa d’água de cinco mil litros de capacidade, que abastece o chafariz com três torneiras onde os assentados e agricultores de comunidades vizinhas pegam diariamente sua cota de água potável: 40 litros.
Embora o dessalinizador tenha capacidade para dessalinizar até 900 litros de água por hora, atualmente são processados cinco mil litros de água por dia, o suficiente para atender as famílias do assentamento e de comunidades vizinhas.
Tilápias
O rejeito, ou seja, a água que não é beneficiada no processo de dessalinização, segue para dois tanques de contenção, escavados no solo e forrados com lonas apropriadas. Neles são criados peixes tilápia, que rendem nas despescagens, realizadas sempre antes da Semana Santa, cerca de 700 quilos de pescado.
Cada quilo de peixe é vendido por R$ 7, gerando uma renda anual para a comunidade de aproximadamente R$ 5 mil. O valor arrecadado é dividido em duas partes iguais. Metade é destinada à manutenção do projeto – aí incluídas a compra da ração dos peixes e de peças de manutenção do dessalinizador. O restante é repartido entre os cinco assentados voluntários do projeto.
O programa de dessalinização de água integrado à piscicultura não é de fácil manutenção. Os voluntários são responsáveis pelo funcionamento e manutenção da máquina dessalinizadora, cujos filtros precisam ser trocados a cada três meses, pela distribuição da água e ainda pelo controle das condições dos tanques de peixes (temperatura, condutividade elétrica e nível de oxigênio da água) e despesca.
Erva-sal
Um terceiro tanque é usado como auxiliar no processo de limpeza dos outros tanques. A água não tratada é utilizada para o gado bovino e caprino e para o plantio irrigado por gotejamento da erva-sal  (Atriplex Nummularia).
A planta forrageira é originária da Austrália e muito utilizada para o pasto, por sua capacidade de servir como complemento para os rebanhos na seca, oferecendo um alimento rico em proteína e sais minerais no período de maior carência nutricional dos animais. “No ano passado, a erva-sal foi a salvação dos animais durante a seca. Com ela, minha vaca até passou a dar mais leite”, afirmou o assentado Celso Sousa, que ainda fez um balanço do programa: “A vida das famílias mudou muito. Foi o melhor projeto que já chegou aqui. Agora só queremos mais um ou dois poços para a gente poder ajudar mais vizinhos”, afirmou o generoso Celso Sousa.
Por sua vez, o engenheiro agrônomo Hugo da Costa Araújo, da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção (Coonap) – contratada pelo Incra na Paraíba para a prestação de assistência técnica aos assentados –, reforça a importância da erva-sal para a criação de animais no Semiárido. “A erva-sal é rica em proteínas e bem aceita pelos animais”, disse o agrônomo.
Assistência Técnica
A Coonap é uma das entidades de assistência técnica contratadas pelo Incra na Paraíba e atua em 35 assentamentos da reforma agrária paraibanos. Os técnicos da entidade acompanham o funcionamento do Projeto Água Doce, assim como as culturas tradicionais de milho, feijão, fava e jerimum (um tipo de abóbora) cultivadas no assentamento e a criação de bovinos, aves, caprinos e ovinos.
O Programa
A implantação do Programa Água Doce no assentamento, com R$ 117 mil em recursos do BNDES, incluiu a implantação física da Unidade Demonstrativa (casa do dessalinizador e três tanques de retenção para criação de peixes); o peixamento dos tanques de produção, com 1,5 mil alevinos; o treinamento da comunidade para operação da Unidade Demonstrativa; e atividades de mobilização social para a sustentabilidade ambiental do programa.
O programa é uma ação do governo federal, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com cerca de 200 instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil, que atende prioritariamente comunidades rurais localizadas no Semiárido brasileiro. A iniciativa busca estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas, incorporando cuidados ambientais e sociais na gestão de sistemas de dessalinização.
O Água Doce faz parte do Programa Água para Todos, do Plano Brasil Sem Miséria, e assumiu a meta de recuperar, implantar e gerir 1,2 mil sistemas de dessalinização até 2014, beneficiando 500 mil pessoas com investimentos de R$ 168 milhões. Os recursos provêm de convênio firmado entre os ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social (MDS) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Fonte:Incra.
Créditos: Focando a Notícia