O projeto de integração do São Francisco deverá levar água a 12 milhões de pessoas no Nordeste Setentrional. O Ministério da Integração Nacional (MI) estima que 2,6 milhões de paraibanos em 131 municípios sejam beneficiados. O percurso da água é longo e os seus efeitos enormes. O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) destacou 11 aspectos positivos e 12 negativos de um total de 44, além de medidas para minimizar os males gerados pela obra. A extensão dos canais, ramais e reservatórios nos quatro Estados beneficiados (PB, RN, PE e CE) chega a 700 km, atravessando a Caatinga habitada por pessoas e animais que já vivem transformações geradas pelo empreendimento.
Na Paraíba, 502 famílias tiveram que sair do caminho da transposição; empregos foram criados; 342,65 hectares de flora nativa foram desmatados; sítios arqueológicos estão sendo descobertos. Para um futuro próximo estão previstos: inundações e invasão de espécies aquáticas (como piranhas). E o que mais, além da água para matar a sede dos paraibanos, o São Francisco traz ao Estado? Com a perenização de rios intermitentes e a formação de novos açudes, o Sertão será rota de aves migratórias e novas áreas de Caatinga deverão surgir. Mais água é certeza de mais alimentos, da fixação do homem no campo, de menos doenças e óbitos gerados pela escassez da água e sua contaminação.
O Rio Paraíba deverá ser perenizado a partir de Monteiro, quando o canal do Eixo Leste encontrará o leito deste rio e as águas tomarão esse percurso. No Eixo Norte, o reservatório Engenheiro Ávidos, ao Sul de Cajazeiras, será o destino das águas que virão do São Francisco, as quais irão desaguar na calha do Rio Piranhas, perenizando esse trecho do rio. Apenas dois grandes rios são perenes em toda a extensão no Nordeste Setentrional, o São Francisco e o Parnaíba, além de pequenos rios localizados no Litoral, ameaçados pela extinção da Mata Atlântica.
Um dos trechos onde o Rio Paraíba é intermitente é próximo ao município de Camalaú. A calha corta propriedades rurais de grandes fazendeiros e pequenos produtores. Alguns desses agricultores familiares vivem no Sítio Barra, onde moram cerca de 13 famílias. Entre elas, a de Maria do Socorro e Alexandre Ferrreira. Eles disseram que técnicos do governo do Estado da Paraíba já estiveram na região conversando com alguns moradores sobre a transposição: “Ouvimos o comentário do pessoal que mora do outro lado que vamos ter que recuar 50 ou 100 metros quando o rio encher” (quando as águas da transposição chegarem), afirmou o agricultor Alexandre Ferreira. Por enquanto, eles mantêm uma pequena plantação de capim para o gado nas margens do rio, onde o solo ainda está um pouco úmido. Leia matéria completa na edição deste domingo do seu jornal Correio da Paraíba.
Créditos: Portal Correio