terça-feira, 21 de outubro de 2014

Inflação oficial fica em 0,48% na prévia de outubro

A prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), registrou uma taxa de 0,48% em outubro deste ano. O resultado é superior ao 0,39% da prévia de setembro e igual à taxa observada na prévia de outubro do ano passado. O dado foi divulgado hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15 acumula taxas de 5,23% no ano e 6,62% no período de 12 meses. A taxa acumulada no ano supera o teto da meta de inflação do governo federal, que é 6,5%.
O IPCA-15 mede a variação dos preços no mercado varejista. Reflete o aumento do custo de vida da população. O período de coleta de preços, que acontece em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio), vai do dia 13 do mês anterior ao dia 13 do mês atual.
Os gastos com alimentos foram os principais responsáveis pela alta da prévia da inflação oficial. O grupo de despesas alimentação teve taxa de inflação de 0,69%, influenciada principalmente pelo aumentos de preços de 2,38% das carnes, de 3,52% da cerveja, de 1,75% do frango e de 1,35% do arroz.
O grupo de despesas habitação também teve influência relevante na prévia da inflação oficial de outubro, com uma taxa de 0,8%. Os consumidores sentiram impacto principalmente da energia elétrica (com alta de preços de 1,28%) e de gás de cozinha (de 2,52%).
O custo com vestuário também subiu (0,7%) na prévia de outubro. Os demais grupos de despesas tiveram as seguintes taxas de inflação: despesas pessoais (0,4%), saúde e cuidados pessoais (0,37%), transportes (0,25%), artigos de residência (0,13%) e educação (0,08%). O grupo comunicação não teve inflação.
Créditos: Agência Brasil

Temer e Cardozo defendem ressarcimentos na Petrobras

: O vice-presidente da República, Michel Temer, considerou que após serem identificados os responsáveis e a dimensão dos prejuízos, a União deve buscar o ressarcimento dos recursos que foram desviados na Petrobras. “É uma inciativa legitima da União, politicamente correta e juridicamente viável. Na verdade, no instante em que haja apuração de responsabilidades, porque ainda está em uma fase de apuração das responsabilidades. e depois no dimensionamento dos prejuízos, é possível tentar reaver esses eventuais prejuízos em benefício da União. Não tenho a menor dúvida disso”, disse.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na medida em que avançar a investigação e se definir claramente a existência de desvios é correto que se peça o ressarcimento. “Uma vez comprovado desvios, os responsáveis devem responder, obviamente, nos tribunais do ponto de vista criminal, mas também do ponto de vista civil”, ressaltou.
O ressarcimento foi defendido pela presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista, sábado (18), ela disse que vai buscar o ressarcimento. “Farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio, nós queremos dinheiro público de volta. Se houve não, houve!”, disse a presidenta.
Na avaliação de Cardozo, a declaração de Dilma é correta do ponto de vista jurídico, mas ponderou que é preciso ter o resultado das investigações.
“Para que nós possamos saber o que se coloca, vamos aguardar as apurações. Acho que o que a presidenta falou é algo rigorosamente correto do ponto de vista, inclusive, jurídico. Vamos aguardar as apurações. Aqueles que por ventura tenham eventualmente desviado recursos, devem responder não só do ponto de vista criminal, mas também do ponto de vista civil, para ressarcir os cofres públicos. Vamos aguardar apenas para saber como foi”, disse.
Michel Temer e José Eduardo Cardoso deram as declarações após participar da abertura da 22ª Conferência Nacional dos Advogados, que é o órgão consultivo máximo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O encontro, que recebeu 16 mil inscrições vai debater até quinta-feira (23), no Rio, os temas que vão basear a conduta da entidade nos próximos anos. (Agencia Brasil)
Créditos: Brasil 247

Mais de 100 ônibus foram incendiados este ano em São Paulo

A cidade de São Paulo teve 114 ônibus incendiados este ano, de acordo com a São Paulo Transporte. Além desses, 754 coletivos sofreram algum tipo de avaria durante manifestações na capital. Em grande parte dos casos, populares protestam contra a morte de moradores em bairros da periferia.
O último caso ocorreu ontem (20), por volta das 23h, na zona leste. Segundo a Polícia Militar, 30 pessoas cercaram o veículo na Rua Antônio Ramos Rosa, no Parque Santo Antônio, e atearam fogo. A PM não informou a razão do protesto.
No último sábado (18), outro ônibus foi incendiado por 20 pessoas. O grupo parou o coletivo e obrigou os passageiros a descer. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o motorista, de 42 anos, não conseguiu se soltar do cinto de segurança e teve queimaduras pelo corpo. O grupo protestava contra a morte de uma pessoa. O caso ocorreu na Estrada Turística do Jaraguá, na zona oeste.
Créditos: Agencia Brasil

O assassinato de Che respondeu a uma ordem direta dos EUA

Muito se escreve sobre Che Guevara e seus últimos dias na Bolívia. E, por mais que ninguém duvide do papel decisivo que ele teve os Estados Unidos em sua captura, na Quebrada do Yuro, sudeste da Bolívia, não existiam provas concretas da participação da Casa Branca através de seu serviço de inteligência. Durante longos 17 anos de trabalho, o advogado nova-iorquino Michael Steven Smith recompilou e analisou, juntamente com seu colega Michael Ratner, documentos desclassificados da CIA que, segundo ele explicou ao site de notícias munitouno.com, “demonstram que o assassinato de Che respondeu a uma ordem direta dos Estados Unidos e não, como quiseram pregar durante todos esses anos, a uma decisão do governo boliviano”.
De passagem por Buenos Aires, onde acaba de publicar “Quem matou Che? Como a CIA conseguiu desligar-se do assassinato” (Editora Paidós), Smith conversou com o site e advertiu que “a evidência recompilada permitiria julgar os responsáveis pelo assassinato que ainda vivem”. Smith, que integra o diretório do Centro para os Direitos Constitucionais, organização sem fins lucrativos que, em meados dos anos 1960, defendeu Martin Luther King, advertiu também que, mesmo fora do plano militar, a ingerência da CIA na região se mantém da mesma maneira que nos anos da Guerra Fria, porém por outros meios.
Por que era necessário um livro como esse? É sabido que os EUA estiveram não somente por trás do assassinato de Che como também da derrocada de governos constitucionais em toda a região.
Nos Estados Unidos, o governo tem tido sucesso em convencer as pessoas, inclusive aqueles que professam ideias de esquerda, de que, na realidade, a Casa Branca não tinha intenções de assassinar Che e sua execução foi uma decisão do governo boliviano. O que temos conseguido e consignado no livro são os documentos da própria CIA, que mostram o que vocês, os argentinos, já sabiam. Encontramos evidências. Isto é, o que fazemos os advogados. Buscar evidências concretas que nos permita trazer à luz a verdade. Pudemos demonstrar que o governo estadunidense e a CIA, trabalhando através dos militares da ditadura boliviana, são os responsáveis pelo assassinato de Che.
A Justiça estadunidense pode fazer algo com essas provas 47 anos depois de sua morte?
De acordo com a lei internacional e com a lei dos Estados Unidos, matar um prisioneiro de guerra se constitui um crime de guerra. Inclusive, se esse prisioneiro é um guerrilheiro. Não há limite temporal para investigar um assassinato nos Estados Unidos, as causas por assassinato não prescrevem. E isso foi um crime de guerra, que não somente implica o solitário sargento boliviano que atirou, como também quem planejou o assassinato, quem o organizou e quem permitiu que acontecesse. E muitos deles seguem vivos e devem ser levados perante a Justiça.
Você acredita que isso pode chegar a acontecer, que a Justiça estadunidense julgue os envolvidos?
Para ser sincero, não acredito que aconteça. Não acredito que o Governo dos Estados Unidos investigue a si mesmo e leve os responsáveis ao banco dos réus. Inclusive, temos as fotos feitas no hospital de Valle Grande, onde o corpo de Che foi exposto, e se pode ver, claramente, Gustavo Villoldo, chefe da CIA na Bolívia. Villoldo vive nas redondezas de Miami. Também vive em Miami Félix Rodríguez, o ex-agente da CIA que armou em sua casa uma sala de museu do Che, onde se expõem o Rolex e o cachimbo que ele retirou de Che. Não surpreende que os Estados Unidos fizessem a engenharia para assassiná-lo. Nos anos anteriores ao assassinato de Che, os Estados Unidos mataram, ou tentaram matar, os líderes de 19 países, entre eles Patrice Lumumba (Congo), Ngo Dinh Diem (Vietnã do Sul), Gamal Abdel Nasser (Egito), Jawaharlal Nehru (Índia) e Rafael Trujillo (República Dominicana), entre outros. A ironia é que, naquele tempo, faziam às escondidas, não mostravam. Agora, fazem abertamente no Oriente Médio e se vangloriam disso com total impunidade.
A presidenta argentina, diante das ameaças recebidas semanas atrás, disse que não se deve olhar tanto para o Estado islâmico, mas mais ao norte…
Não é descabido pensar assim. Não é. Porque ela entende a história do Governo dos Estados Unidos, que, nas palavras de Martin Luther King, “é o governo mais violento do mundo”.
Advogado estadunidense Michael Steven Smith aponta provas da autoria da CIA no assassinato de Che Guevara. Foto: Minutouno.
E como atua a CIA em tempos de paz? Estou pensando no papel que ela teve nos anos 1970, na desestabilização econômica do governo de Salvador Allende, no Chile. Pouco antes do golpe de Estado, está provado que a CIA financiou um lockoutda classe patronal, que parou, durante semanas, os caminhões, provocando desabastecimento. Mudaram seus métodos?
 A CIA segue envolvida em ações militares no Oriente Médio, hoje mais do que nunca, com seusdrones, e se envolve nos países nos quais não há conflitos de outra forma, inclusive na América Latina. Para entender isso eu tenho uma máxima: “siga o dólar”. A CIA esteve, recentemente, envolvida na tentativa de desestabilização dos governos de (Hugo) Chávez, primeiro, e (Nicolás) Maduro, depois, na Venezuela. Não me surpreenderia que aqui (Argentina) ela esteja fazendo tudo o que pode para desestabilizar o governo, de modo a obrigá-lo a pagar o total de dívida que é reclamada pelos fundos abutres.
Da ingerência direta, através das armas, a uma mais velada, econômica?
Depois da revolução, os cubanos enfrentaram o desafio de sustentar, controlar e administrar sua própria economia, como, hoje, a Argentina quer controlar sua própria economia, sem a interferência dos grandes países ricos do norte. Mas o Governo dos Estados Unidos e a CIA isolaram Cuba depois de 1959 e qualquer governo que resistia à posição dos Estados Unidos era derrubado, começando pela Bolívia e pelo Brasil, em 1964, com o Chile, em 1973, e depois com a tirania imposta ao povo argentino a partir de 1976, com o apoio dos Estados Unidos. Por isso, não me surpreenderia que se comprovasse, em algum momento, que os Estados Unidos estão operando por trás da cortina, através da CIA ou de outras organizações, para desestabilizar o governo de Cristina Kirchner, e acredito que ela foi muito corajosa e muito astuta ao dizer abertamente porque, ao fazê-lo, de alguma maneira, desativa a possibilidade de que continuem operando.
O Governo dos Estados Unidos segue vendo a América Latina como seu quintal?
Claro. Claro que sim. Segue por vários séculos vendo dessa maneira. Cuba era a fruta madura que somente tinha que recolher. A Doutrina Monroe, estabelecida no início do século XIX, dizia ao resto do mundo que a América Latina era nossa e essa doutrina segue inspirando a vontade de domínio hemisférico do Governo dos Estados Unidos. Mas as coisas estão começando a mudar e, em parte, por Che Guevara. Em que se observa a mudança?
Quando a Argentina vai ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, para denunciar os fundos abutres e à Justiça dos Estados Unidos, nesta nova era de solidariedade e independência dos países latino-americanos, a Argentina alcança o respaldo do Brasil, Venezuela e de muitos outros países. Os únicos que votaram contra foram os Estados Unidos e seus sócios ricos, Alemanha e Japão. Vê-se mais e mais que a influência dos Estados Unidos está em retirada. Os países da região convidaram Cuba a retornar à OEA em 2015 e os Estados Unidos se opõem. Veremos o que acontece finalmente. A nova força dos países da América Latina está aparecendo e é fabuloso vê-la, e em parte é pelo exemplo de Che.
E como é percebida a figura de Che nos Estados Unidos?
Nos Estados Unidos, as coisas estão mudando. Estamos no início de algo, muito no começo ainda, é verdade, mas é possível ver que as coisas estão se transformando. Vemos a ocupação de Wall Street e as grandes manifestações, como a de poucas semanas atrás, contra a mudança climática. Estamos no início de uma forte radicalização, porque o governo e sua economia já não podem cumprir com suas promessas. Fizeram duas promessas centrais: que seu sistema econômico era o único compatível com a democracia e que este sistema iria oferecer uma melhor qualidade de vida para todos. E ambas as coisas eram mentiras. A metade das pessoas nos Estados Unidos é pobre ou se encontra próxima à linha de pobreza. O país é administrado por 1% da população, a mais rica. O ex-presidente Jimmy Carter disse, no ano passado: “não vivemos mais em uma democracia”. A qualidade de vida dos estadunidenses tem sido avassalada e os Estados Unidos se convertem em um lugar terrível para viver, a menos que se pertença ao 1% mais rico. Quem sabe não viva para vê-lo, mas isso é o começo de algo, e Che é identificado com a luta pela justiça e um mundo melhor, especialmente pelos jovens, e essa força poderá transformar isso e, quem sabe, mais adiante, se investigue o assassinato como deve ser.
Créditos: Focando a Notícia

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Em que mundo você vive?

GravidadeA agressão contra as populações que não votam como a gente é a manifestação típica de um país que se desconhece e insiste em viver em bolhas.
Mais do que o resultado da eleição, chama a atenção, nestes dias seguintes à abertura das urnas, o raciocínio rabiscado por parte dos eleitores para justificar a decisão do voto. São muitos os que se dizem insatisfeitos com o rumo do mundo. 
E que atribuem aos políticos de diferentes matizes, sobretudo vermelhos, a culpa pelo estado das coisas: da ignorância da nação, pela qual constroem suas edificações maléficas, ao entrave aos nossos sucessos particulares. “Eu não tenho casa na praia ou carro do ano, mas só porque, em algum gabinete de Brasília, alguém decidiu pegar o que era meu por direito e investir naquele povinho que nunca estudou, nunca quis trabalhar e não tem outra ambição na vida a não ser botar filho no mundo e pendurar a conta nas costas do Estado.”
Pode parecer incrível, mas é mais ou menos isso o que se ouve nas rodas de conversa em tempos de eleição acirrada como tem sido esta. Uns indignados até têm carro do ano e casa na praia. Outros acabam de voltar do exterior. Ainda assim, quando perguntados sobre o que, exatamente, é tão degradante no País que o maltrata, as respostas beiram o realismo fantástico.
Uma amiga, professora de escola de ponta, contava, tempos atrás, como os alunos já assimilavam precocemente o discurso de "classe alta sofre" em sala de aula. Eles pareciam reproduzir o que os pais liam, e repetiam, em revistas semanais de gosto duvidoso: eles trabalhavam e levavam este país nas costas, pagavam impostos suecos e recebiam serviços africanos (a conotação da frase vale um comentário à parte), a roubalheira imperava, todo político é igual etc. etc. Curiosa, ela perguntou a um deles o que ele achava que poderia ser melhor no País. A resposta: as filas. Segundo o jovem, em Paris não havia tanta fila para compras, sobretudo no freeshop do aeroporto. Já aqui, não andava, e isso era motivo suficiente para considerar o País onde vivia um grande e abjeto lixo, num raciocínio muito parecido com os comentaristas de portal que se voltam contra Pedro Álvares Cabral toda vez que viajam até Miami para poder comprar produto eletrônico – e, se possível, ser reconhecido pelos pares que os leem.
Em rodas de conversa, é possível ouvir quem se queixe também dos muitos carros nas mãos de qualquer um nas ruas. A queixa não se deve ao impacto ambiental da frota, mas ao fato de não ter mais vaga ou valet para estacionar os automóveis nos restaurantes cativos. Há também os que se esperneiam contra as benesses distribuídas a torto pelo Estado, sobretudo a essa gentinha que só estuda pelo sistema de cotas ou financiamento camarada, e se esquecem de que só cursaram faculdades graças ao Bolsa Pai ou à pensão vitalícia do avô. Ou que só têm emprego garantido graças à complacência do proprietário: o sogro, o amigo, o amante...
Em via de regra, os rebeldes de ocasião estão insatisfeitos com o resultado das urnas. Revoltam-se com a decisão da maioria inútil que não se esforçou para atingir o seu grau de iluminismo. Porque quando o povo vota com ele é soberano; quando o desautoriza, é estúpido. A grita vale tanto para os que veem no Nordeste a bola de neve da ignorância e do voto de cabresto quanto aos "elitistas" incapazes de reconhecer os milagres dos governos populares. Tanto num caso quanto no outro, o desfecho do raciocínio às vezes é semelhante: "As urnas estão fraudadas porque não conheço ninguém que tenha votado naquele(a) um(a)".
A paranoia e a agressão contra as populações de outros estados são manifestações típicas de um país que se desconhece. A começar pelo uso da expressão "nordestinos". É como se, acima de Brasília, houvesse apenas uma categoria monocromática populacional, sem especificidades, recortes regionais, econômicos e culturais. (O cearense Antonio Carlos Belchior gritava contra essa ideia na música Conheço o Meu Lugar: "Nordeste é uma ficção. Nordeste nunca houve"). Da mesma forma, só quem não conversa com o porteiro, o motorista ou o jardineiro é que imagina que o governador truculento garantiu mais quatro anos de poder graças a um suposto elitismo atávico dos paulistas.
As sentenças sobre esse “outro” imaginário são as manifestações mais claras de que vivemos em bolhas, de onde perdemos cada vez mais os pés e os contatos com a realidade. Talvez estejamos passando tempo demais em nossos carros, em nossos condomínios, em nossas escolas ou universidades gradeadas, em nossos centros de compra com ar condicionado. Desses mundinhos protegidos, emendamos petardos contra tudo aquilo que nos desmente por contraste. De lá, preocupados em nascer e morrer em paz, decretamos que o mundo é um inferno, mas não temos nada a ver com isso. O inferno são os outros.(Crônica / Matheus Pichonelli)
Créditos: Carta Capital(

Minha Casa Minha Vida gera 1,3 milhão de empregos e alavanca economia

Criado como medida para a essencial redução do déficit habitacional e para o fortalecimento do crescimento da Construção Civil e da Economia, o Programa Minha Casa Minha Vida completa cinco anos com resultados animadores. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Sinduscon-SP, sobre a importância e os desafios das políticas habitacionais, o programa reduziu o déficit habitacional em 8% de 2009 a 2012.
Em 2009, o déficit habitacional no país era estimado em 5,7 milhões de domicílios e, em 2012, esse número caiu para 5,2 milhões. No caso da coabitação, em que vários membros da família dividem a mesma moradia, a redução foi ainda maior, 24,1% no período.
Mas os impactos do programa superam o âmbito social, que era o principal objetivo do Governo Federal, no sentido de prover as famílias brasileiras de moradia adequada e contribuir na redução das desigualdades. Seus impactos para a atividade econômica são relevantes na geração de emprego e renda.

Com investimento de R$ 217 bilhões até junho de 2014, o Minha Casa Minha Vida criou cerca de 1,3 milhão de empregos, o que representa 2,6% da força de trabalho formal da economia brasileira. Cada R$ 1 milhão investido no programa mantém ativos 32 postos de trabalho e gera renda adicional de R$ 744 mil, de forma direta e indireta, na Construção Civil e em outros setores.

O Produto Interno Bruto (PIB) gerado pelas atividades sustentadas pelo programa atingiu R$ 12,2 bilhões apenas no primeiro semestre de 2013, o que representa 0,6% do PIB do País. Em 2012, o impacto do Minha Casa Minha Vida sobre o PIB foi de 0,8%.

O Programa é um dos principais responsáveis crescimento no setor da Construção Civil brasileira e responsável pela construção de 32,1% do total das moradias do Brasil em 2013. O Minha Casa Minha Vida também colabora para o desenvolvimento de diversas áreas que movimentam a Economia, como a de materiais de construção e serviços, que alcançou R$ 9,2 bilhões no primeiro semestre de 2013.

Setores de móveis e de eletroeletrônicos também crescem

Em apenas um ano, 547,5 mil famílias beneficiárias do Minha Casa Minha Vida injetaram R$ 2,7 bilhões na Economia com a compra de móveis e eletrodomésticos financiados pelo Minha Casa Melhor.

Esta linha de crédito especial disponibilizará R$ 18,7 bilhões até o final de 2014, gerando mais conforto para as famílias e consequente aquecimento da indústria e do comércio, que estão contratando mais trabalhadores para atender a demanda.

Valorização do Emprego

A política econômica mantida pelos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma interferem diretamente na geração de empregos no País. Entre 2003 e 2014, o Brasil criou 20 milhões novos postos de trabalho formais, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego. O número é 25 vezes maior que a quantidade de empregos gerados no governo do PSDB.

A recente crise econômica mundial foi responsável pelo fechamento de mais de 100 milhões de vagas de emprego em todo o mundo. O Brasil enfrentou a crise sem desempregar e sem cortar salários. Em apenas quatro anos, o governo Dilma criou 5,5 milhões de novos postos de trabalho.

O salário também foi valorizado durante os governos Lula e Dilma. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Salário Mínimo teve alta de 262% nos últimos 12 anos. O crescimento real, descontada a inflação, foi de 72%.

Entre 2002 e 2014, o rendimento do trabalhador brasileiro passou de R$ 200 para R$ 724. Atualmente, 60% dos trabalhadores no Brasil têm carteira de trabalho assinada, com garantia de direitos trabalhistas como seguro-desemprego, 13º salário e férias. Fonte: Portal da Dilma.
Créditos: Portal Vermelho

No Piauí, razões para voto em Dilma vão muito além do Bolsa Família

Foto: BBC(BBC)-No povoado Contente, sertão do Piauí, o equídeo costumava passar os dias com cangalhas no lombo carregadas de água ou lenha. Então a luz elétrica chegou às 47 famílias do povoado. Depois, as cisternas, as motos e os ônibus escolares. A vida em Contente mudou, e os jumentos perderam funções. "Hoje, até eles estão mais gordos".

Não por acaso, foi no Piauí que Dilma Rousseff obteve seu melhor resultado proporcional no primeiro turno: 70,6% dos votos, ante 14% de Marina Silva e 13,8% de Aécio Neves. No Semiárido, que se estende por nove Estados e onde cerca de 40% da população ainda vive no campo, sua vantagem foi ainda mais folgada. No município de Paulistana, que abriga o povoado Contente, Dilma foi escolhida por 80% dos 11,5 mil eleitores, seguida por Marina, com 13%, e Aécio, com 5%.
"Se falar mal de Dilma aqui, periga apanhar", brinca a mulher de Francisco, Erismar Celestina dos Santos, de 34 anos. E se Aécio vencer a eleição? "Não quero nem pensar, me dói o estômago."

Em três dias de viagem pelos "interiores", os povoados rurais da região, a BBC Brasil não topou com qualquer sinal da campanha de Aécio e encontrou um único pôster de Marina. Já adesivos de apoio a Dilma e ao também petista Wellington Dias, reeleito ao governo piauiense no primeiro turno, eram avistados a cada instante nas portas das casas. Dilma deve grande parte de sua força ali ao laço com Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo é tido como um marco na história da região. Nos povoados, cada um tem na ponta da língua os programas federais lançados pelo ex-presidente.

Maior marca de sua gestão, o Bolsa Família costuma ser o primeiro da lista. "É uma ajuda sagrada", define Erismar, mãe de um filho e que recebe R$ 184 ao mês pelo programa. A iniciativa, no entanto, é considerada apenas um ponto de partida para várias outras melhorias ocorridas nos anos seguintes. As mudanças, conta a líder comunitária Jucélia Xavier, se intensificaram a partir de 2007, quando o governo federal reconheceu Contente e várias comunidades vizinhas como áreas remanescentes de quilombos.

Há muito, os mais velhos contavam histórias de antepassados vindos da África, e a comunidade ainda guarda os utensílios que embasaram o reconhecimento: objetos pontiagudos usados para mutilar escravos e fechaduras que, segundo se conta, pertenciam a uma senzala. Segundo o Ministério da Cultura, há hoje 2,5 mil comunidades quilombolas no país, onde moram 130 mil famílias. Como comunidades tradicionais e beneficiários do Bolsa Família passaram, nos anos Lula, a ter prioridade na aplicação de várias políticas públicas, logo os programas começaram a chegar.

Em pouco tempo, o Luz para Todos ligaria o povoado à rede elétrica. Hoje quase todas as casas de Contente têm TV, geladeira e máquina de lavar. Cada residência também ganhou uma cisterna. Com o equipamento, que armazena a água das chuvas, as famílias garantem seu abastecimento até a estação chuvosa seguinte. Nas secas mais severas, os reservatórios são reabastecidos pelo Exército, sem a intermediação de políticos locais. A prática golpeou a chamada indústria da seca, pela qual autoridades trocavam favores por votos. Antes das cisternas, lembra Jucélia, todas as madrugadas as mulheres deixavam suas casas em carroças para buscar água com cabaças. "Tinha de cavar na cacimba com picareta e levar na cabeça".

Com Lula, contam os moradores, também surgiram os primeiros programas de proteção a agricultores. O mais citado é o Seguro Safra, que em anos de colheita fraca, como este, efetua cinco pagamentos mensais às famílias. Em 2014, eles dizem que as parcelas foram de R$ 170. Segundo os moradores, Dilma não só manteve os programas de Lula como lançou outras três iniciativas que beneficiaram a comunidade. Pelo Brasil Sem Miséria, extensão do Bolsa Família, cada família recebeu neste ano a fundo perdido R$ 2.400 para investir em atividades rurais. A maioria das famílias optou por construir nos fundos das casas abrigos para rebanhos ou ampliar suas criações de porcos, ovelhas ou galinhas.

E, para garantir a oferta permanente de água para os animais e pequenas lavouras, estão sendo construídas na comunidade 16 cisternas-calçadões. Nesse sistema, grandes placas de cimento canalizam a água para os reservatórios, capazes de armazenar 52 mil litros, três vezes mais que as cisternas comuns. Segundo Jucélia, antes dessas ações, o agricultor "ia trabalhar nas roças dos outros para conseguir R$ 15 por dia para comprar o leite pro filho""Era o tempo da proteção de Deus e do braço pra cuidar da gente", lembra Maria de Jesus Nascimento, 76 anos e mãe de 11 filhos. "Era uma escravidão."

Agora, como os repasses do governo garantem as compras básicas do mês, os agricultores passaram a investir seu tempo nas roças próprias. Também foi no governo Dilma que as crianças do povoado passaram a ser buscadas na porta de casa por ônibus escolares amarelos, como os usados nos Estados Unidos. O vaivém dos veículos, entregues às prefeituras pelo programa federal Caminho da Escola, chega a causar pequenos congestionamentos nas cidades da região (PorJoão Fellet-BBC Brasil).
Créditos: BBC Brasil