“Este foi um ano devastador para milhões de crianças”, afirmou, em comunicado, o diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, ao apresentar balanço anual da situação da infância no mundo. Crianças “foram mortas quando estudavam em salas de aula ou dormiam em suas camas. Ficaram órfãs, foram raptadas, torturadas, recrutadas, violadas ou vendidas como escravas. Nunca na história recente tantas crianças foram sujeitas a brutalidade tão inqualificável”, salientou.
Segundo a agência da ONU, 230 milhões de crianças vivem em países ou regiões afetadas por conflitos armados e 15 milhões foram atingidas em conflitos na República Centro-Africana, no Iraque, Sudão do Sul, na Palestina, Síria e Ucrânia.
Entre as piores situações, o Unicef destacou a da República Centro-Africana, onde 2,3 milhões de crianças foram afetadas pela guerra e cerca de 10 mil recrutadas por grupos armados.
De acordo com a organização, na Síria, mais de 7,3 milhões de crianças sofrem impacto do conflito e 1,7 milhão estão refugiados. De janeiro a setembro deste ano, registraram-se no país 35 ataques contra escolas, com 105 crianças mortas e quase 300 feridas.
Tanto na Síria quanto no vizinho Iraque, as crianças foram vítimas, assistiram ou participaram da “crescente violência extrema” de grupos radicais.
Na Faixa de Gaza, 54 mil crianças perderam a casa na ofensiva israelense do verão passado, durante a qual 538 menores foram mortos e mais de 3.3 mil ficaram feridos.
No Sudão do Sul, além das centenas de milhares de crianças deslocadas, a violência contribuiu para agravar a situação de fome, com 235 mil crianças até 5 anos sofrendo de desnutrição extrema.
O surto de ebola também deixou milhares de órfãos na Guiné-Conacri, Libéria e em Serra Leoa e aproximadamente 5 milhões de crianças sem condições de frequentar escolas.
“É tristemente irônico que, no vigésimo quinto aniversário da Convenção dos Direitos da Criança, em que pudemos celebrar tantos progressos para infância no mundo, os direitos de tantos milhões tenham sido brutalmente violados”, concluiu Lake.
Créditos: Agência Brasil