sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Papa Francisco denuncia perseguição contra cristãos e minorias

O papa Francisco denunciou a perseguição “atroz, desumana e inexplicável” que sofrem atualmente os cristãos e as minorias em algumas partes do mundo. Ele exortou a comunidade internacional a intervir para reverter esta situação, informou o Vaticano.
As palavras do papa constam de mensagem dirigida à Igreja Católica da Jordânia, que será entregue pelo secretário da conferência episcopal italiana, Nunzio Galantino, durante visita à Jordânia, que acontece de hoje a domingo (9).
Na carta, o pontífice critica “as perseguições atrozes, desumanas e inexplicáveis registadas em muitas partes do mundo, especialmente [as sofridas pelos] cristãos”. Francisco qualificou as pessoas perseguidas como “mártires dos tempos modernos, humilhados e discriminados por causa da fidelidade ao Evangelho”.
Estes fiéis “são vítimas do fanatismo e da intolerância, muitas vezes sob os olhos e o silêncio de todos", prosseguiu o papa, que denuncia regularmente as perseguições de que são vítimas os cristãos, não apenas os católicos, em todo o mundo, em particular no Médio Oriente.
"Renovo a minha esperança de que a comunidade internacional não vai assistir em silêncio e inerte face a um crime tão inaceitável”, reforçou Francisco.
Nunzio Galantino vai à Jordânia para acompanhar a ajuda fornecida pela igreja italiana aos refugiados que vivem naquele país. A Jordânia é um dos principais países de acolhimento de refugiados oriundos da Síria, onde a guerra deixou milhões desabrigados. Em junho, existiam 629 mil refugiados sírios registados na Jordânia, a maioria fora dos campos de refugiados, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Créditos: Rede Brasil Atual

Preço da cesta básica cai em 11 das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese

O preço da cesta básica caiu em 11 das 18 capitais pesquisadas em julho pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As maiores quedas ocorreram em Belém (-4,76%), Manaus (-3,27%), Natal (-3,03%) e no Recife (-2,87%). Nos últimos 12 meses, todas as cidades registram alta no valor do conjunto de alimentos básicos – com destaque para Aracaju, Campo Grande e Brasília –, assim como no acumulado dos sete primeiros meses de 2015, com altas variando entre 6,28%, em Manaus, e 18,70%, em Fortaleza e Salvador.

São Paulo continua com a cesta mais cara, no valor de R$ 395,83. Em seguida, estão Porto Alegre (R$ 383,22), Florianópolis (R$ 376,69) e o Rio de Janeiro (R$ 372,24). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 285,44), Natal (R$ 293,58) e João Pessoa (R$ 306,53). Os itens pão francês, açúcar, leite e carne bovina tiveram predominância de alta. Em contrapartida, os preços do óleo de soja e do tomate recuaram na maioria das capitais.

O pão francês, por exemplo, continuou em alta no último mês em 16 cidades, com percentuais que variam entre 0,09%, no Rio de Janeiro, e 4,24%, em Belo Horizonte. Houve diminuição apenas em Aracaju (-1,96%) e Goiânia (-0,11%). A alta resulta, segundo o Dieese, das chuvas na Região Sul que destruíram parte da lavoura de trigo, diminuindo a oferta do produto nacionalmente. Por outro lado, o trigo importado ficou mais caro por causa da elevação do dólar.

 O óleo de soja, por outro lado, teve o preço reduzido em 17 cidades. Apenas Aracaju apresentou alta, de 5,21%. As quedas variaram entre 3,15%, em Campo Grande, e 0,28%, em João Pessoa. Em 12 meses, o valor do óleo caiu em 13 cidades. O custo do tomate também diminui. Doze cidades apresentaram retração, com destaque para Natal (-21,49%), o Recife (-20,88%), João Pessoa (-18,60%) e Belém (-16,49%).

Segundo a Constituição, o salário mínimo deve suprir despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência. Para o Dieese, em julho, o mínimo ideal deveria ser R$ 3.325,37. O valor equivale a 4,22 vezes o mínimo atual, de R$ 788. Esse cálculo é feito considerando o valor da cesta mais cara (São Paulo) para uma família de quatro pessoas. Em junho, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.299,66, o que equivalia a 4,19 vezes o piso vigente. Em julho do ano passado, o valor necessário para cobrir as despesas de uma família era R$ 2.915,07 ou 4,03 vezes o salário mínimo da época (R$ 724). (Agencia Brasil)
Créditos: WSCOM

Lucro da Petrobras soma R$ 5,9 bi no primeiro semestre

A Petrobras teve lucro líquido de R$ 5,861 bilhões no primeiro semestre, segundo balanço divulgado ontem (6). Em relação a igual período de 2014, houve queda de 43%. A companhia destacou ainda crescimento de 9% na produção de petróleo e LGN (gás natural), aumento de 107% na exportação de petróleo e aumento de despesas financeiras (R$ 11,669 bilhões), devido a fatores como perda cambial, juros, maior endividamento e menor capitalização.

A receita de vendas somou R$ 154,296 bilhões, queda de 6%. Os investimentos totalizaram R$ 36,2 bilhões, 13% a menos, com o segmento de exploração e produção (E&P) no Brasil concentrando 78% do total. A empresa informou ainda que recebeu R$ 157 milhões referentes a valores repatriados na Operação Lava Jato. Apenas no segundo trimestre, a companhia registrou lucro de R$ 531 milhões, com uma diminuição de 90% na comparação com igual período do ano passado.
Créditos: Rede Brasil Atual

MaisMédicos recebe nota 9 e tem aprovação de 94% das pessoas atendidas

Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) comprova que população assistida, médicos e gestores aprovam o programa MaisMédicos. Segundo o levantamento, 94% dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o atendimento dado pelos profissionais e atribuíram nota 9 ao programa. O levantamento ouviu 14 mil pessoas em 700 municípios.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Helcimara Telles, o estudo derruba muitas críticas que foram feitas no início do programa, como o de que a população teriam dificuldade de se comunicar por causa da língua e da baixa qualificação dos médicos. “Essas críticas não encontraram respaldo nas opiniões levantadas pelo estudo. 84% dos entrevistados disseram não ter dificuldade de entender e se comunicar e 98% dos médicos que viveram tem especialização”, completa.

Para a secretária de Saúde do Município de Trindade (GO), Gercilene Ferreira, essa dificuldade é apenas inicial. “A comunidade se adapta. É uma questão de acolhimento, a comunicação é feita por meio do exame, da anamnese, da linguagem corporal. Isso se sobressai à linguagem e cria uma comunicação médico-paciente”, comenta a secretária, que está à frente da pasta há dois anos.

O estudo também ouviu a opinião dos profissionais de saúde – 391 médicos foram entrevistados. Segundo o estudo, 93% deles com CRM Brasil afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a participação no Programa. A nota data pelos profissionais foi 9.1 numa escala de zero a dez. “As pessoas que criticam o programa não conhecem a necessidade população”, opina o médico Luis Adriano Raiter. Ele ingressou no programa no primeiro ciclo, em agosto de 2013. Formado em Madri há 13 anos viu noMais Médicos a oportunidade de voltar ao Brasil, com sua família, e contribuir atendendo a população carente. “É muito gratificante”.

A pesquisadora Helcimara Teles avalia que a satisfação da população é justificada pela qualidade da consulta. “O paciente percebe que o tempo aumentou, que não tem pressão e o interesse do médico. Tudo isso tem impacto muito grande nesta avaliação”. Dos entrevistados, 83% disseram que a qualidade do atendimento médico está melhor ou muito melhor após a chegada dos profissionais do programa. Para 87%, a atenção do profissional durante a consulta melhorou e 82% afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os seus problemas de saúde.

Ao avaliar os serviços de saúde, as pessoas entrevistadas apontaram, de forma espontânea, que o número de consultas (41%), o fato dos médicos estarem mais atenciosos (35%) e o tempo maior de consulta (8%) foram os fatores que contribuíram para a melhoria no serviço. Já sobre os pontos positivos promovidos pelo programa, 60% destacou a presença constante do médico e o cumprimento da carga horária e 46% disseram que o acesso às consultas melhorou.


Para a pesquisadora, o desafio para o futuro é manter este padrão MaisMédicos de qualidade no atendimento, mesmo com as mudanças já esperadas para o Programa, como por exemplo, a inserção de médicos com o perfil diferente do atual.
Créditos: Portal Brasil

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dez escolas públicas mais bem colocadas no Enem estão no Nordeste

Dez escolas públicas mais bem colocadas no Enem estão no Nordeste
O Instituto de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou ontem (5) as notas preliminares do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 por escola. Os colégios federais correspondem a 77 das 100 melhores escolas públicas no Enem. Além disso, as dez mais bem colocadas escolas públicas do ensino médio estão no Nordeste.

Esse é a conclusão do Inep, levando em consideração as instituições de grande porte (com mais de 90 alunos que fizeram o Enem), onde mais de 80% dos alunos que também fizeram o exame cursaram todo o ensino médio (alto índice de permanência) e têm estudantes de nível socioeconômico baixo ou muito baixo.

A escola pública de melhor desempenho na redação do Enem do ano passado foi o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). E a Escola Estadual de Educação Profissional Padre João Bosco de Lima, de Mauriti, no Ceará, está no topo da lista. Entretanto, o Inep destaca o recorte em que essa lista foi feita.

Segundo o ministro da Educação, Renato Janine, o Inep está propondo pela primeira vez rankings alternativos à listagem pelas maiores notas. “A primeira da lista não é necessariamente melhor, porque existem fatores externos que podem determinar isso. Queremos aproximar o resultado do mundo real e ver a contribuição efetiva das escolas”, disse.
Créditos: Agencia PT

Governo assenta 10 mil famílias no primeiro semestre

O governo federal assentou 10 mil famílias no primeiro semestre, segundo balanço do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (5), durante audiência entre o ministro Patrus Ananias e representantes do Movimento Sem Terra (MST).

“A terra é fundamental, é o primeiro passo. Se temos a terra, temos condições de ofertar a infraestrutura necessária para assegurar produtividade e qualidade de vida aos assentados da reforma agrária”, afirmou o ministro. Ele reforçou o compromisso do ministério de assentar 129 mil famílias até 2018, 40 mil até o final de 2015.

Na reunião, que contou com a presença da presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria Lúcia Falcón, Ananias detalhou as estratégias do ministério para atingir as metas de assentamento. O ministro informou que serão encaminhados 205 decretos de desapropriação de terras à presidenta Dilma Rousseff. 

“Esse foi um encontro importante e a presença do MST só enriqueceu esse momento. O diálogo é um instrumento muito eficaz para realização da reforma agrária”, disse Falcón. Para ela, a participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas públicas é fundamental para garantir prioridades.

Segundo o coordenador nacional do MST, Alexandre Conceição, a audiência integra as ações da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. “Nosso objetivo é contribuir para a implementação de políticas que atendam as reinvindicações dos movimentos que lutam por direito à terra”, afirmou Conceição. “Saímos deste encontro bastante satisfeitos e confiantes de que o ministro Patrus tem a sensibilidade necessária para cumprir a meta de assentar todas as famílias que hoje vivem acampadas", conclui ele. Fonte Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Créditos: Portal Brasil

A semente do ódio

     Por Luiz Claudio Tonchis, no Jornal GGN

Atualmente, vivemos uma verdadeira enxurrada de propaganda fascista, a propaganda do ódio, que prega a intolerância e que se afirma estarrecedoramente com muita facilidade e velocidade, através das tecnologias digitais. É o ódio justificado dentro de uma certa ideologia irracional. Trata-se de verdadeiro aliciamento, um sequestro do pensamento, uma reprodução de uma atitude passional de intolerância e de agressividade relativamente às pessoas que não comungam do mesmo ideal.
Refiro-me ao “fascista em potencial”, chamado assim por Theodor Adorno, em um estudo psicossociológico publicado em 1950, feito com a intenção de abordar o surgimento, naquela época, de um novo tipo de indivíduos, com ideias conservadoras, reacionárias e antidemocráticas. Hoje, esse tipo de indivíduo é cada vez mais comum. Conforme comenta Tiburi (2012), para Adorno, “a característica fundamental do que se chamou de ‘personalidade autoritária’ era a combinação contraditória, num mesmo indivíduo, entre uma postura racional e idiossincrasias irracionais”. E, o que ele chamou de “fascismo potencial”, para Tiburi, “seria uma característica de indivíduos que teriam se mimetizado às tendências antidemocráticas da sociedade.”1
O fascismo emerge do comportamento social, e não é necessariamente político. Dessa forma, podemos entender o comportamento fascista: o racismo, xenofobia, dificuldade em aceitar as diferenças, desejo de exclusão ou descarte daquilo que não lhe agrada, intolerância e o fundamentalismo religioso, preconceito etc. Como por exemplo, as manifestações de ódio aos nordestinos que votaram na presidente Dilma, a não aceitação explícita e radical daqueles que a apoiam, ou sejam, daqueles que não comungam com os seus mesmos ideais políticos e partidários. Para esses, a pessoa que pensa diferente, é “cega” e “burra”.
Existem fatos que apresentam especificidades muitos especiais: consistem em determinadas tendências nos modos de agir, pensar e sentir, exteriores aos indivíduos e dotados de um poder de coerção muito forte, que são impostas, porém facilmente assimiladas pelos indivíduos – as ideologias pré-fabricadas que são facilmente aceitas pelo senso comum. Antes o rol de informações que alimentavam esse tipo de pensamento era emitido por vizinhos, amigos, jornais, televisão, religião etc. Atualmente, além da mídia, a internet passou a ser o principal meio de veiculação e reprodução desse tipo de pensamento e, também de sentimentos, cuja sua principal marca é uma construção coletiva da ausência de reflexão e a aceitação pacífica e inocente das informações.
Tanto o senso comum como o senso crítico fazem parte das formas de encarar, se posicionar e conhecer a realidade, cada qual com a sua maneira e implicação. O senso comum possui a marca do ordinário, normal, coletivo, caracterizado pelo pensamento superficial, irrefletido e inocente. Ele não possui rigor quanto à coerência e lógica de seus conceitos, o que faz com que sejam mais facilmente massificados, manipulados, alienados e o indivíduo não é capaz de entender as relações de força que definem uma determinada situação.
O senso crítico, ao contrário do senso comum, possui como principais características à reflexão, a análise, a crítica consciente e coerente. Ele pauta-se pelo uso consciente da razão para administrar as ideias e os próprios sentimentos. Dogmas, opiniões e crenças são minuciosamente investigadas e analisadas, o que proporciona um juízo coerente, autônomo e flexível. No uso do senso crítico o pensamento é complexo e dialético, capaz de distinguir, identificar as ideologias conspiradoras e manipuladoras, tão comuns nas redes sociais, blogs, mensagens do WhatsApp que são espalhadas, muito rapidamente, através dos smartphones.
Os meios de comunicação têm um papel fundamental nesse processo: a propaganda disfarçada de jornalismo tem uma característica peculiar na reprodução do ódio e negação da alteridade, ou seja, a não aceitação do outro como ele é, diferente. Ainda consegue, com muita facilidade, mascarar a sua intencionalidade fascista aos olhos do senso comum e do analfabeto político, levando o indivíduo a achar que é politizado porque comunga da mesma ideia. A aceitação pacífica, irrefletida e irracional o faz pensar que é um cidadão consciente e passa a reproduzir a violência, sem pensar com cuidado crítico nas causas e consequências dos seus atos.
O analfabeto político é aquele que não entende de história política, que não sabe interpretar os acontecimentos históricos e contextualizá-los. Ele não sabe as relações de força de uma determinada situação, não tem noção da profundidade dos problemas políticos do país. Seu conhecimento limita-se à construção coletiva do senso comum, construção essa que atualmente é potencializada através da internet. Não conhece – e talvez nem saiba o que é a nossa Constituição. É inocente, pensa que a corrupção foi inventada pelo Partidos dos Trabalhadores, ou qualquer outro partido político, não conhece a promíscua história brasileira marcada pelas relações fisiológicas entre o público e o privado.
Não há democracia sem respeito à singularidade e aos direitos fundamentais assegurados pelo Estado, que cada instituição e cada cidadão deve ao outro com quem compartilha a vida, seja ela pública ou privada. A essência da democracia é a aceitação da pluralidade, o que implica a coexistência pacífica das diferenças, sejam elas de ideias partidários, de gênero, de interesses etc.
Essa disseminação do ódio é a anti-democracia inconsciente, uma desconstrução da democracia, ainda infantilizada e em processo, pelas características de nossa história. Cada um tem o direito de pensar como quiser, a liberdade é uma outra prerrogativa da própria democracia, por exemplo, é um direito ser a favor ou contra o PT, ou se posicionar a favor ou contra o PSDB, mas, acima de tudo, é um dever ético respeitar a ideologia do outro.
A filósofa Hannah Arendt dedicou-se a reflexões sobre dois temas fundamentais do período pós-guerra: o totalitarismo e a banalização do mal. Segundo a pensadora, os regimes totalitários de esquerda ou de direita tiveram como pressuposto a aniquilação das classes sociais, a atomização das pessoas, e a uniformidade e homogeneidade sociais. A banalização do mal, fenômeno necessário e correlato ao totalitarismo, se caracteriza por não ser mero fruto da perversidade ou da crueldade pessoais, pois, em sua radicalidade desumana, consiste da recusa em examinar atos e ações inerentes à existência humana. Em virtude disso, Hannah Arendt aponta como antídoto à ascensão totalitária e à banalização do mal, a atividade autônoma do pensamento. Assim, para a pensadora, somente a preservação da capacidade de reflexão crítica permite que o indivíduo possa resistir à atomização e ao mal.
Dessa forma, os argumentos de Arendt, não se fundamentam na perversidade ou na crueldade das pessoas em si, mas sim na falta da reflexão. A incapacidade de pensar é uma característica do senso comum que reproduz o pensamento vazio de valores morais, o ódio. Para ela, a saída seria o desenvolvimento da capacidade de romper com o cotidiano, uma descontinuidade própria da vida humana, uma parada, uma reflexão, um olhar de fora – o ato de refletir sobre os acontecimentos a fim de dar significados a eles. É como se a experiência do pensamento se originasse numa sensação de estranhamento da realidade, e isso não exclui as coisas mais comuns.
Por isso, atualmente, tornou-se urgente reinventar um modelo de educação voltado a uma forma de pensar mais complexa, voltada à conquista da autonomia intelectual, para o exercício da atividade crítica coerente e consistente, de forma que os valores humanos estejam sempre em vista.
O modelo de educação em voga é pragmático, o estudante apreende o mundo em partes fragmentadas de forma utilitarista e funcionalista, sem comprometimento com a vida adulta, nas suas mais diferentes implicações e complexidades. De acordo com Callegaro (2012), “Hannah Arendt acreditava que só é possível dar um significado ao mundo, na medida em que os homens tomarem consciência de que o mundo, este mundo no qual vivemos, é resultado de artefatos humanos que trazem em seu bojo individualidades, que somadas formam um constructo coletivo.”2
Para isso, é preciso renovar nossa capacidade de diálogo com propostas de um novo projeto de sociedade. Uma sociedade mais humanizada. Por enquanto, mesmo parecendo ineficaz, é preciso combater a intolerância e o ódio com todas as garras. Não podemos assistir passivamente a este fenômeno de “olhos fechados”. É nossa responsabilidade moral e ética combater a inanição intelectual em voga. E a ferramenta de combate que por hora dispomos é o diálogo.

Luiz Claudio Tonchis é Educador e Gestor Escolar, trabalha na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é bacharel e licenciado em Filosofia, com pós-graduação em Ética pela UNESP e em Gestão Escolar pela UNIARARAS. Atualmente é acadêmico em Pós-Graduação (MBA) pela Universidade Federal Fluminense. Escreve regularmente para blogs, jornais e revistas, contribuindo com artigos em que discute questões ligadas à Política, Educação e Filosofia.
Créditos: Revista Forum