quinta-feira, 17 de novembro de 2016

PIB tem retração de 0,79% no 3º trimestre

A economia brasileira permaneceu em contração no terceiro trimestre deste ano, apontando que o país ainda ainda não conseguiu sair da recessão, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quinta-feira (17). O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado pelo IBGE – teve retração de 0,79% em de julho a setembro deste ano, na comparação com o trimestre anterior. O resultado foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de "compensação" para poder comparar períodos diferentes).

De acordo com o indicador da autoridade monetária (dados revisados), esse foi o sétimo trimestre seguido de "tombo" no nível de atividade. A última vez em que o IBC-Br registrou expansão foi no quarto trimestre de 2014 (+0,11%). Os números mostram ainda que o "encolhimento" da atividade no terceiro trimestre deste ano foi maior do que a registrada de abril a junho - quando houve uma queda de 0,42% no indicador.

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do PIB do terceiro trimestre será divulgado pelo IBGE somente em 30 de novembro. Em 2015, a economia teve queda de 3,8%. Para 2016, a estimativa de analistas dos bancos é de um recuo de 3,37%. A economia brasileira atualmente passa por um período de forte recessão, que acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 11%) e também da inadimplência. 
Créditos:  G1

Mortes por câncer no Brasil já superam óbitos por doenças do coração

O câncer já é a principal causa de morte entre os brasileiros, conforme dados divulgados pelo Datasus (Sistema de Informática do Ministério da Saúde), a partir de uma pesquisa que aponta uma média de 3.245 óbitos no País, o equivalente a 5,9 milhões em um período que vai de 2010 a 2014. Dessas mortes, o câncer aparece em primeiro lugar, com um total de 935.947 vítimas – ou seja, a doença tem matado mais do que as moléstias cardiovasculares, que aparecem em segundo lugar na pesquisa (522.542 mortes), ou os acidentes de trânsito.

Em entrevista concedida à Rádio USP, a médica oncologista Maria Del Pilar Estevez, coordenadora de Oncologia Clínica do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), diz não se  surpreender com esses números, que “já eram esperados” devido a alguns fatores, como o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e uma maior exposição aos carcinogênicos. Esses fatores, segundo ela, estão causando um aumento no número de casos de câncer – “não só no Brasil como em todo o mundo” –  e uma maior mortalidade provocada pela doença. “Já era esperado que, até o ano 2020, a moléstia se tornasse a principal causa de morte no mundo, um fenômeno que vem sendo acompanhado pela Organização Mundial da Saúde”.

Para a especialista, é importante que se esteja preparado para essa realidade, aperfeiçoando as medidas de diagnóstico e de tratamento e, principalmente, cuidando da prevenção. Não se pode esquecer que, em relação ao tratamento, tudo vai depender do tipo de câncer, cada qual exigindo uma abordagem distinta. O conhecimento da especificidade do câncer permitirá que o tratamento seja mais eficaz. “Quanto mais precoce, melhor o prognóstico e as chances de cura, o que, por outro lado, irá demandar menos recursos”, razão pela qual os estudos atuais sobre a doença enfatizam a importância do diagnóstico precoce.
Maria Del Pilar diz que, no caso de suspeita de câncer, a rapidez no diagnóstico é primordial, a fim de que o encaminhamento do paciente para tratamento não seja prejudicado pelo fator tempo. Infelizmente, as coisas nem sempre funcionam da forma que deveriam, e é alto por aqui o porcentual de pacientes nos estágios mais avançados da doença, quando a chance de cura se torna mais difícil. Isso já não ocorre em nações mais desenvolvidas.
De acordo com a especialista, dois motivos contribuem para o estabelecimento de um diagnóstico tardio: o tipo de câncer, já que existem algumas doenças que, em sua fase inicial, não são sintomáticas ou que evoluem rapidamente, e a dificuldade de acesso do paciente ao sistema de saúde, impedindo que se chegue a um diagnóstico precoce e ao consequente encaminhamento para um serviço de referência. “O número de mortes é muito alto não porque pioramos”, revela a médica, “mas porque há muita coisa a fazer para melhorar o sistema como um todo, desde a fase inicial até a fase final, que é a do tratamento propriamente dito”. 
Ela preconiza a necessidade de programas de prevenção sólidos, com boa adesão da população a campanhas de vacinação como a do HPV e da hepatite, e rastreamento (mamografia, papanicolau) para diagnóstico precoce de lesões pré-malignas. Da mesma forma, “é importante melhorar hábitos, procurar manter peso adequado, comer verduras, parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, além de poder contar com programas eficientes de tratamento”, diz a dra. Maria Del Pilar. “Nós só vamos conseguir reduzir a mortalidade por câncer se agirmos em todas as frentes, compartilhando as responsabilidades entre a população e os agentes de saúde.” Conteúdo publicado pelo Jornal da USP.
Créditos: Focando a Notícia

Gasolina e diesel sobem nas bombas um mês após Petrobras reduzir preços

Resultado de imagem para Gasolina e diesel sobem nas bombas um mês após Petrobras reduzir preçosOs preços médios da gasolina vendida nos postos do Brasil tiveram uma alta de 0,74% em um mês, desde que a Petrobras colocou em prática sua nova política de cotações nas refinarias, apesar de a estatal ter reduzido os valores do combustível em duas oportunidades neste período. No caso do diesel, o preço subiu 0,1% no mesmo período, segundo levantamento do órgão regulador (ANP), mesmo diante de reduções ainda mais expressivas nas cotações do produto nas refinarias da Petrobras.

A Petrobras anunciou em 14 de outubro sua nova política de preços de combustíveis, atendendo a uma reivindicação de mais transparência de investidores, e apontou parâmetros que serão levados em conta nas avaliações da companhia, que poderá considerar um eventual ajuste de preços pelo menos uma vez por mês. Simultaneamente, no mês passado a Petrobras anunciou uma redução de 3,2% no preço da gasolina e de 2,7% no do diesel.

E na semana passada a estatal novamente reduziu as cotações dos produtos nas refinaria, em 3,1% para a gasolina e 10,4% para o diesel, lutando contra uma perda de participação de mercado para players que têm trabalhado com o produto importado. A Petrobras tem destacado que o impacto do reajuste no preço final ao consumidor depende de decisões de postos de combustíveis e distribuidoras.

No primeiro ajuste, se tudo fosse repassado ao valor da bomba, o preço deveria cair cinco centavos por litro para os dois combustíveis, segundo a Petrobras. No segundo ajuste, haveria o mesmo potencial de queda para o preço da gasolina na bomba, e de 20 centavos por litro para o diesel, se a queda na refinaria fosse repassada, afirmou a estatal.

Considerando que os ajustes não têm chegado às bombas, parte da redução tem ficado pelo caminho, sendo apropriada por agentes como distribuidores e revendedores. Distribuidores de combustível, por outro lado, têm reclamado que os preços mais altos do biodiesel e do etanol anidro, que são misturados ao diesel e à gasolina, respectivamente, estariam interferindo nos repasses para o consumidor final.

O etanol anidro subiu 3,95% nas usinas do Estado de São Paulo (principal produtor brasileiro), desde que a Petrobras anunciou a primeira redução de preços da gasolina, segundo levantamento do Cepea, órgão da Universidade de São Paulo.
A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa produtores de açúcar e álcool, afirmou que não se deve atribuir ao valor do etanol anidro a culpa pela gasolina não cair.

Segundo a Unica, a composição do preço do combustível fóssil depende de diversas variáveis, entre elas o preço do produto na refinaria (em São Paulo, por exemplo, o preço de venda da refinaria varia dependendo do local da entrega), da margem da distribuidora, da margem da revenda, do valor do PMPF (preço atualizado a cada quinze dias para recolhimento do ICMS), além do preço do etanol anidro.

Além disso, como a gasolina é composta com uma mistura de 27%, isso significa que apenas uma parte menor da composição do preço da gasolina sofre interferência do valor do combustível renovável, segundo a associação de produtores. No caso do biodiesel, a mistura é de 7% no diesel. Fonte: Reuters. Foto: ValiNewsPB.
Créditos: Focando a Notícia

Policiais abandonam posto e se juntam a manifestantes no Rio de Janeiro

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Durante ato que reuniu milhares de servidores públicos do estado do Rio de Janeiro ontem (16), em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, dois policiais militares do batalhão de choque negaram ordens do comando e se retiraram do local em protesto. No momento, os policiais estão cumprindo prisão administrativa pela insubordinação. A atitude resultou em uma diminuição do confronto entre a PM e manifestantes.
Mesmo assim, o conflito foi inevitável. Desde a madrugada, o Palácio Tiradentes, sede da Casa, estava cercado por grades de proteção, que foram derrubadas pelos servidores, muitos deles, inclusive, do setor de Segurança Pública. Os presentes rechaçam o pacote de medidas de austeridade anunciado pelo governo de Fernando Pezão (PMDB).
O ato ainda registrou conflito entre os próprios manifestantes, quando do alto de um carro de som, policiais e bombeiros discursavam com uma bandeira carregando os dizeres “Intervenção militar já” e começaram a chegar manifestantes de centrais sindicais e partidos de esquerda. Um manifestante intervencionista chegou a utilizar spray de pimenta contra o grupo de oposicionista. De acordo com informações, o homem seria um policial aposentado.
A Assembleia começou a debater hoje as propostas anunciadas pelo governo. Estão presentes no pacote 21 projetos de lei que incluem a extinção de programas sociais, aumento de impostos, cortes de gastos e elevação da contribuição previdenciária dos servidores públicos do estado, item que deve ser discutido na sessão de amanhã.
De acordo com o presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), a votação deve ser agendada para alguma data a partir de 6 de dezembro.
Créditos: Rede Brasil Atual

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Extrema-direita, populismo, PEC 55: debate em Paris discute “retrocesso brasileiro”

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RFI - Quem responde são historiadores, cientistas políticos e juristas reunidos no Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL), da Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, durante o debate “Brésil, le grand bond en arrière?” (“Brasil, o grande retrocesso?”, em português).
Para a jurista e professora de Direito da Universidade de Santa Maria (RS), Jânia Maria Lopes Saldanha, a PEC 55 é um projeto que viola a Constituição brasileira. Professora-convidada do IHEAL, Saldanha afirma que “do ponto de vista de seu conteúdo, da sua substância ou do fundo do Direito, para usar uma linguagem jurídica, a PEC é um projeto que vai contra a Constituição do país. Nenhuma emenda constitucional pode contrariar a Constituição e a própria Comissão de Constituição e Justiça do Senado já considerou o documento inconstitucional”, explicou.
“A PEC viola o princípio da separação dos poderes porque estabelece durante 20 anos limites às despesas do Estado, tocando assim na independência do poder Legislativo, Judiciário e Executivo, além de interferir na autonomia e no orçamento do Ministério Público e da Defensoria Pública, que promove o acesso das populações carentes à Justiça. A emenda atinge também os direitos fundamentais, uma vez que as despesas primárias, como educação e moradia, ficarão congeladas durante 20 anos”, criticou a jurista.
Problemas de receita, não de despesa
“Economistas brasileiros, que são mais críticos à essa questão, afirmam que o problema do Brasil não é de despesa, mas de receita”, lembrou Jânia Saldanha, durante o debate em Paris. “Houve uma queda enorme na arrecadação de tributos no Brasil e vários governos, desde Fernando Henrique Cardoso, ofereceram muitas isenções fiscais a grandes empresas transnacionais ou a grandes empresas brasileiras. O foco do governo é totalmente equivocado e falso deveria atacar o problema da receita, das isenções, coisa que a PEC 55 não enfrentou”, atacou a jurista.
“O modelo econômico neoliberal é completamente invasivo, ele se vale do Estado para sobreviver. De um lado, propõe a livre concorrência e a desregulação do mercado, de outro exige um protecionismo incoerente. O Estado acaba sendo um grande cliente deste modelo econômico”, afirmou Saldanha. A jurista considera ainda que os efeitos da emenda constitucional serão “devastadores” para “direitos básicos tão vilipendiados no Brasil”, como "o direito à saúde e à educação".
Não-transcendência da pena e semelhança com Constituição alemã
"A PEC 55 viola o princípio constitucional da não-transcendência da pena”, explica Saldanha. A professora prevê ainda que o ente da União Federal que não respeitar o texto dessa PEC sofrerá punições orçamentárias, que terão consequências diretas, por exemplo, sobre o salário do funcionalismo público. “Os concursos públicos ficarão congelados. A pena repercutirá em outras pessoas, e do ponto de vista jurídico, isso é inaceitável”, explicou.
“Todo o constitucionalismo do século 21 proíbe o retrocesso social. Esta cláusula de proibição do retrocesso existe também em outras Constituições, como a alemã, por exemplo. A nossa Constituição é uma das poucas do mundo que estabelece percentuais mínimos para a saúde e a educação. Se a PEC 55 for aprovada, os investimentos nestes setores serão respeitados apenas em 2017, o resto não temos como saber. Isso significa retrocesso social, que é proibido pela Lei constitucional brasileira. A PEC 55 serve ao ideário da privatização daquilo que é público”, finalizou Jânia Saldanha.
Nova onda neoconservadora: semelhanças entre Brasil, França e EUA
Segundo a historiadora francesa Maud Chirio, da Universidade Paris-Est Marne-la-Vallée, a nova onda neoconservadora mundial traz semelhanças no mínimo curiosas em países como Brasil, França e Estados Unidos. “Tínhamos verificado um crescimento do populismo de direita e do retorno do velho demônio da extrema-direita na França, desde 2002. No Brasil, essa onda neoconservadora ganha espaço com a ruptura política de 2016. A eleição de Trump nos Estados Unidos vem finalmente consolidar a profecia da virada da direita em direção à extrema-direita”, afirmou Chirio.
“Estas novas correntes ideológicas se localizam bem à direita, estabelecem uma relação direta com a população, recusando intermediários, e trabalham essencialmente com a ideia de bodes expiatórios, sejam eles imigrantes, gays ou negros, por exemplo, como o exemplo francês de Marine Le Pen, ou Bolsonaro, no Brasil”, analisou a historiadora. Segundo Maud Chirio, a nova extrema-direita conversa diretamente com um público popular ou de classe média baixa, para quem a questão religiosa é “muito importante”.
“São audiências extremamente tradicionais e conservadoras do ponto de vista moral, sem formação universitária e normalmente afastadas dos grandes centros. Vemos, por exemplo, a enorme semelhança entre os discursos e a estética da ‘Manif por tous’ (manifestação neoconservadora francesa contra o casamento gay) e o ‘Tea Party’ americano. Mesma coisa com a escola sem partido, seja no Brasil ou na França", concluiu a historiadora, para quem a xenofobia e a idealização da "identidade nacional" completam o menu  globalizado das novas extremas-direitas mundiais. 
Para Maud Chirio, "os setores progressistas do governo abandonaram as classes populares" em vários países, especialmente Brasil, França e Estados Unidos. "Com a diferença que no Brasil houve a particularidade de um golpe de estado", analisou a historiadora. "Entre os anos 1930 e 1970, ainda se pensava sobre o significado filosófico da democracia representativa. Hoje notamos, a partir desta geração, um verdadeiro analfabetismo filosófico de base; uma grande parte dos atores sociais não possui mais fundamentos filosóficos para analisar os sistemas políticos e os sistemas de representação cidadã", finalizou a historiadora. Foto-montagem com Donald Trump, Marine Le Pen e Jair Bolsonaro Reuters/ Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Créditos: RFI

Os avanços no ensino público superior estão ameaçados

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A população de Chapecó (SC), Realeza e Laranjeiras do Sul (PR), Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo (RS) viu sua reivindicação começar a ser atendida entre 2011 e 2014, quando foram construídos 35 prédios da tão esperada Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Com R$ 280 milhões de investimentos, em quatro anos foram postos em funcionamento 43 cursos de graduação e 12 de mestrado para 8.500 alunos com as melhores notas no Enem. 
São em sua maioria filhos de agricultores, egressos da escola pública, moradores de uma região que recebia recursos federais apenas para obras nas fronteiras. A vocação agropecuária e a busca por desenvolvimento regional sustentado são contempladas em cursos de engenharia, na ênfase à agroecologia na produção de alimentos e no cooperativismo. E o de medicina, com foco preventivo, é o primeiro criado no país no âmbito do programa Mais Médicos.
A UFFS é um dos símbolos do processo de ampliação e desenvolvimento da rede federal de ensino superior iniciado em 2005, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seguiu interior adentro, abrindo portas para os filhos de trabalhadores, tirando o atraso e diminuindo as desigualdades regionais. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), ao longo de 83 anos, entre 1919 e 2002, foram construídas 45 universidades federais nas capitais ou grandes cidades. E nos últimos 11 anos, outras 19, porém no interior do país, ajudando a reduzir a demanda reprimida por ensino superior gratuito.
A necessidade de ampliação da rede, em atendimento ao Plano Nacional de Educação (PNE) do período, fez com que essas primeiras 45 construíssem novas unidades em regiões carentes. O resultado, segundo balando do MEC, é que entre 2003 e 2014 o número de campi passou de 148 para 321, o número de cursos de graduação presencial foi ampliado de 2.047 para 4.867 e as vagas, de 113.263 para 245.983. As matrículas subiram de 500.459 para 932.263, principalmente no Norte, com 76% de aumento na oferta, e no Nordeste, com 94%. A democratização do acesso foi acompanhada por políticas de auxílio à permanência do estudante na universidade.
O vice-reitor da UFFS, Antônio ­Andrioli, conta que desde que a instituição começou a funcionar, há sete anos, 90% dos alunos são egressos da escola pública, que necessitam de auxílio para moradia, transporte e alimentação inclusive no curso de Medicina. Ao contrário da lógica nacional, ali a ampla maioria dos estudantes não é de filhos de médicos, mas de trabalhadores da agricultura. Por isso, recebem até R$ 520 mensais, um investimento que totaliza R$ 9 milhões ao ano.
“Demandas futuras, como a inclusão da população indígena para além das cotas, vai exigir mais recursos porque aqui essa população tem auxílio especial, que pode chegar a R$ 900. E queremos também ampliar auxílio de apoio pedagógico e incluir quilombolas e outras populações tradicionais da nossa região que ainda não conseguem acesso ao ensino superior. Tanto que estávamos propondo um campus dentro de uma comunidade indígena”, conta Andrioli.
Assim como toda a rede federal de ensino superior, a UFFS viu sua situação financeira enfrentar cortes orçamentários no ano passado, e a situação poderá se agravar com o fantasma da PEC 55, se o Senado confirmar a aprovação da Câmara. “Antes tínhamos os recursos e as empresas demoravam para entregar as obras. Agora são elas que nos cobram e por isso atrasam. Falta terminar o hospital universitário em Realeza, um bloco de salas de aulas em Chapecó e um em Passo Fundo”, diz.
Mesmo assim, Andrioli avalia que sua situação é melhor do que a de muitos outros reitores. Dos 38 prédios planejados, falta concluir apenas três. Mas um projeto de 2009, de um prédio exclusivo para a reitoria, deve ser engavetado, assim como os planos de ampliar cinco cursos por campus e, depois, construir cinco novos campi, juntando neles todas as áreas do conhecimento.

De volta aos 90

“Vínhamos de um contexto em que o Brasil assegurou recursos para que atingíssemos uma meta, que considero moderada, de ter 20% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade até 2020. E achávamos que seria possível com os recursos do pré-sal. Agora, vivemos outro cenário, sem conseguirmos ampliar as vagas. O desafio agora é manter os cursos, concluir os concursos, decidir internamente sobre os cursos abertos com financiamento de outros programas federais agora extintos”, relata Andrioli. “O cenário que visualizamos é que dificilmente os estudantes terão acesso à universidade pública. Estamos voltando à política que imperou no país na década de 1990. À frente do MEC estão as mesmas pessoas de antes, que sucatearam a educação nos anos 1990.”
O tom se repete com a diretora de Universidades Públicas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Graziele Monteiro. “Era um tempo em que as universidades estavam sucateadas. Faltava dinheiro para coisas básicas, como pagar luz e água”, conta. De acordo com ela, superado o sucateamento, políticas de apoio à permanência ganharam a dimensão principal. “A nova universidade que construímos corre risco de acabar. Há ameaça de cortes de vagas principalmente em cursos de licenciatura, mais populares, na extensão. Com o congelamento do orçamento trazido pela PEC, é a volta a uma era de desmonte da universidade pública. O risco é de fim da popularização da educação pública de qualidade no país.”
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) defende justamente a consolidação da expansão universitária federal. Em aula magna na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), no final de setembro, a presidenta da entidade, Ângela Maria Paiva Cruz, reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destacou o aumento de cursos noturnos, a revisão da estrutura dos programas e a atualização dos projetos pedagógicos e das políticas de democratização do acesso e de assistência estudantil. Segundo ela, “a cara da universidade federal passou a ser a cara do Brasil”. Segundo um estudo recente da Andifes, 66,19% dos alunos matriculados têm origem em famílias com renda média de até 1,5 salário mínimo. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, esse percentual atinge 76%.
Os docentes, com queixas sobre as dificuldades de trabalhar numa rede em expansão com suas mais variadas implicações, temem agora a total precarização do trabalho. “Já estava difícil. Estamos com salários defasados, perdas em torno de 20%, e muitos professores ainda contratados temporariamente”, avalia o primeiro-secretário do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Francisco Jacob Paiva da Silva. E vai piorar, segundo ele, quando os cursos começarem a ser extintos e a infraestrutura e laboratórios sucatearem. “Defendemos mais investimentos, melhores condições, mais vagas, e recebemos a PEC. Temos de pressionar contra porque se trata do desmonte, da estagnação, da desesperança.
Na mira da PECA partir de 2003, foram abertas 19 novas universidades, com 173 campi, permitindo 431.804 novas matrículas. A proporção da democratização do acesso: 66,19% dos alunos matriculados são de família com renda média de até 1,5 salário mínimo, que devem deixar de estudar depois da PEC 55. Além das 45 universidades mais antigas, estão na mira a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e outras 18 criadas recentemente.
NorteUniversidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unidesspa) 
NordesteUniversidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)Universidade Federal do Cariri (UFCA)Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob)Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) 
Centro-OesteUniversidade Federal da Grande Dourados (UFGD)Universidade Federal do Tocantins (UFTO) 
SudesteUniversidade Federal de Alfenas (Unifal)Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)Universidade Federal do ABC (UFABC)
SulUniversidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila)Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)Universidade Federal do Pampa (Unipampa)Universidade Federal de Ciências da Saúde e Porto Alegre (UFCSPA) 
FOTO: DIVULGAÇÃO/UFFS
Créditos: Rede Brasil Atual

Cuba concede indulto a 787 presos após apelo do Papa Francisco

Papa Francisco acena para os fiéis em desfile em carro aberto, na chegada ao Palácio Arcebispos de Cracóvia, nas comemorações do Dia Mundial da Juventude
O governo de Cuba anunciou hoje (15) que concedeu indulto a 787 presos após receber um apelo do Papa Francisco. De acordo com jornal Granma, publicação oficial do Parido Comunista de Cuba (PCC), o perdão das penas foi concedido a presos condenados por crimes de menor potencial ofensivo. As informações são da Agência Lusa.

"Para isso se levou em conta as características dos fatos pelos quais foram sancionados, a conduta durante o cumprimento da sanção e o tempo da pena já cumprido. Igualmente, por razões humanitárias, também foram incluídos nesse indulto mulheres, jovens, doentes e outras categoria", informou a publicação".

Presos condenados por crimes graves como homicídio, corrupção de menores, estupro, tráfico de drogas não receberam o benefício por representarem "extremo perigo".
No ano passado, o governo cubano libertou mais de 3 mil presos após a visita do Papa Francisco, um dos responsáveis pelo processo de reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba.
Créditos: Agencia Brasil