sexta-feira, 2 de março de 2018

Brasil tem a penúltima taxa de crescimento no mundo

A economia brasileira ficou na vice-lanterna do crescimento global. O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) ficou na penúltima posição de uma lista de 33 países, segundo ranking elaborado pelo GLOBO com base em números da Bloomberg. Apenas a Nigéria, que também sai de recessão profunda, cresceu menos que o Brasil. 
Os países que mais cresceram em 2017 foram China e Romênia, cujos PIBs avançaram 6,9%. Na China, o resultado foi o melhor desde 2015, superando a meta estipulada pelo governo, que era de 6,5%. O resultado surpreendeu também economistas, que previam crescimento menor por causa dos esforços de Pequim para frear a concessão de crédito diante do aumento do estoque de dívida.
O desempenho brasileiro em 2017 foi bem menor do que o da média dos países desenvolvidos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que esse grupo de economias deve ter crescido 2,3% no ano que passou. Quanto aos emergentes, a expectativa é que o PIB tenha avançado 4,7%. O resultado brasileiro jogou para baixo o desenvolvimento econômico de América Latina e Caribe: o FMI projeta aumento de apenas 1,3% em 2017, fazendo da região a de mais lento crescimento no mundo. As informações são O Globo.
Créditos: Brasil 247

Intervenção no Rio escancara apartheid social que toma conta do país


 Veja alguns termos utilizados por defensores de direitos humanos e ex-autoridades das áreas da Justiça e de Segurança para classificar a Intervenção Federal do Rio de Janeiro: "Absurdo", "decisão extrema", "preocupante", "hipocrisia", "inconstitucional", "retrocesso", "inócuo", "covarde" foram alguns dos termos.  
Eles se reuniram nesta quinta-feira (1º) em São Paulo, em evento promovido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), e prometeram acompanhar de perto os desdobramentos da iniciativa, que coloca os mais vulneráveis na mira da repressão, com elevado risco de violação dos direitos humanos, e que abala os alicerces da democracia no país, além de ser ineficaz como medida de combate à violência.  
A reunião foi aberta pelo cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, ministro de Direitos Humanos do governo de Fernando Henrique Cardoso, responsável por convocar os colegas para o que chamaram de uma "conspiração do bem", que ressaltou que o centro das preocupações dos defensores na atual conjuntura deva ser os direitos da população pobre, dos trabalhadores de baixa renda e dos jovens que vivem nas periferias do Rio de Janeiro sob ocupação.
Ele destacou que a atual situação é tão "estranha" que faz lembrar o regime de apartheid da África do Sul, com manuais que surgem na internet que orientam a população negra a portar documentos e notas fiscais de produtos e evitar o uso de furadeiras e guarda-chuvas de cabo longo, para não serem confundidos com bandidos portando armamentos ao serem abordados pelas forças de segurança.
Ministro da Defesa do governo Lula, José Viegas atribuiu a crise de segurança à descontinuidade das políticas na área, devido à alternância dos grupos políticos que chegam ao poder. "Começam um programa e não terminam nunca". Ele também ressaltou as incertezas no cenário eleitoral, que agravam a crise institucional. Segundo Viegas, caminhamos para as eleições de outubro próximo "de olhos vendados", dada a indefinição das candidaturas em todo o espectro político. 
Viegas afirmou que a "violência coletiva" se escora no narcotráfico, que detém o monopólio do comercio das substâncias ilícitas, e defendeu uma revisão da política antidrogas. Segundo ele, forças de repressão não são capazes de vencer essa dita "guerra". "Nunca ocorreu, nem aqui nem em nenhum lugar do mundo."
Ele defendeu a articulação da sociedade civil, que precisa abandonar a "timidez", principalmente durante a implementação do novo ministério extraordinário da Segurança Pública, para dizer aquilo que realmente deseja, sob pena de ser levada de roldão pelos militares, que se alimentam do vácuo institucional generalizado.
Como alternativa ao emprego das Forças Armadas, ele sugeriu a criação de uma força federal de segurança, "densa", composta eventualmente por egressos das Três Armas, sob comando civil, mas diferente da atual Força Nacional que, segundo ele, sofre pela falta de unidade de comando, de treinamento específico, é cara e "pouco efetiva". 
Custo social
Milhares de crianças sem escolas e fechamento de postos de saúde nas comunidades foram citados como exemplo do custo social "incalculável" da intervenção. Julita Lemgruber, que dirigiu o sistema penitenciário e comandou a primeira ouvidoria da Polícia do Rio de Janeiro, criticou a opção pelo "combate brutal" ao varejo do tráfico, nas periferias, enquanto na zona sul da cidade é possível conseguir drogas pelo telefone.
"Na favela, a única política pública é o fuzil apontado para a cabeça do morador", afirmou Julita, que destacou que foram gastos mais de R$ 500 milhões durante a ocupação pelas Forças Armadas, que durou 15 meses, no Complexo da Maré. "É covardia e desperdício de dinheiro público. Ninguém está preocupado com o bem-estar de quem mora na favela." 
Ela também classificou a intervenção como uma jogada política com vistas a aplacar os índices de impopularidade do governo federal e de Temer, em especial, e frisou que a decisão foi tomada em reunião, durante o Carnaval, que contou com a participação de Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência) e marqueteiros. A jogada publicitária também foi auxiliada pelos veículos da Rede Globo que, durante os dias de folia, reprisou a exaustão cenas de violência nas praias cariocas, de modo a legitimar a medida de força. 
Para o embaixador Tadeu Valadares, ex-diretor de Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a intervenção militar no Rio é consequência do "golpe parlamentar, econômico e midiático", que ameaça a democracia desde 2016. Impeachment, a condenação do ex-presidente Lula pelo tribunal de Porto Alegre e agora a intervenção, segundo ele, são três elos de uma mesma corrente que reduz a população à condição de "não cidadãos". "Já somos cidadãos um tanto em processo de atrofia." 
O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo afirmou que o decreto de intervenção é "absolutamente equivocado", pois criou situação nova no Direito Constitucional ao "fatiar" as atribuições do governo do Rio, com ingerência federal apenas no âmbito da segurança pública, o que contribui para tornar o cenário ainda mais "caótico", segundo ele. 
Lembo ressaltou o passado de "aberturas e fechamentos" ao longo da história do Brasil e se mostrou pessimista com o que chamou de "caminhada amarga" para o futuro da democracia. Segundo ele, depois da intervenção, virá o Estado de Defesa e de Sítio, medidas extraordinárias que constam na Constituição e preveem, aí sim, o cerceamento de direitos dos cidadão. "Só os ingênuos não percebem. Teremos eleições? É uma pergunta."
Único a destoar do tom geral de condenação à intervenção, o jurista José Gregori, ministro da Justiça do governo FHC, ressaltou que é expediente previsto na Constituição, e teve que ser acionado dada a situação de "anomia" e "não governo" que se verificava, com a população "prestes a passar ao desespero", com assassinatos "em todos os níveis sociais e latitudes".
Ainda que tenha defendido a aplicação do dito "remédio amargo", Gregori exortou os defensores dos Direitos Humanos e o conjunto da sociedade civil a se declararem em "assembleia permanente" para acompanhar a crise de violência e os impactos da intervenção.
Ele também apelou ao recém-empossado ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para que volte atrás nas ações de fichamento da população das comunidades que, segundo ele, "não conferem vantagens operacionais às forças de segurança", e podem ser vistas como "indício" e "tendência" ao apartheid social. 
O ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade José Carlos Dias, que também esteve à frente da pasta da Justiça durante o governo FHC, afirmou que o momento é de "profundo desalento", com descrédito brutal nos poderes da República, inclusive o Judiciário. Ele disse que, em vez da intervenção, é necessária uma reformar dos sistemas político, jurídico, penal, além de rever a política antidrogas, mas "não existe coragem", segundo ele. 
"Enquanto não enfrentarmos o problema da descriminalização, não teremos possibilidade de caminhar", afirmou ele, relacionando à falida política repressiva ao inchaço dos presídios, onde os detentos são "tratados como animais", e recrutados pelo crime organizado. Foto: Domingos Peixoto/AP.
Créditos: Rede Brasil Atual

quinta-feira, 1 de março de 2018

Desemprego atinge 12,7 milhões de trabalhadores

Três meses após a entrada em vigor da reforma Trabalhista, que segundo Michel Temer (MDB-SP) contribuiria para a geração de postos de trabalho, aumentou o número de desempregados no Brasil. 

O desemprego atingiu, em média, 12,2% no trimestre de novembro do ano passado a janeiro de 2018, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número de desempregados no período foi de 12,7 milhões de pessoas. 

Os dados foram divulgados ontem, (28) e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. A pesquisa não usa somente os trimestres tradicionais, mas períodos móveis (como fevereiro, março e abril; março, abril e maio). 

A pesquisa comprova o que a CUT denunciou durante a tramitação da reforma Trabalhista de Temer. “O que gera emprego não é a flexibilização da legislação trabalhista e, sim, uma economia forte, com projetos de investimentos públicos e privados”, diz Vagner Freitas, presidente da Central. 

Os governos Lula e Dima, lembra Vagner, geraram mais de 20 milhões de empregos sem tirar um direito sequer dos trabalhadores e trabalhadoras. “Quando os fundamentos da economia são consistentes, isso quer dizer, quando a indústria cresce e o comércio e serviço refletem esse crescimento, quando há investimentos públicos e privados consistentes e valorização do emprego formal e de qualidade, como ocorreu no governo Lula, há geração de emprego decente”, argumenta Vagner.
Créditos: CUT

Emprego informal cresce e vagas com carteira diminuem

Imagem relacionadaA taxa de desemprego ficou em 12,2% no trimestre encerrado em janeiro, estável em relação ao período fechado em outubro e um pouco menor na comparação com um ano antes (12,6%), segundo o IBGE. O país tem estimados 12,689 milhões de desempregados, menos 231 mil em 12 meses. Contudo, as vagas abertas seguem sendo direcionadas ao trabalho informal.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em um ano 1,617 milhão de pessoas entraram na força de trabalho, enquanto o mercado criou 1,848 milhão de vagas, resultando na diminuição de 231 mil desempregados. Mas, ainda na comparação com janeiro de 2017, essas vagas vêm, basicamente, do trabalho por conta própria e do emprego sem carteira: 986 mil (4,4%) e 581 mil (5,6%), respectivamente.
A ocupação também aumentou nesse período no serviço público (317 mil) e no doméstico (267 mil), de menor remuneração. O emprego com carteira fechou 562 mil postos de trabalho, queda de 1,7%.
Um ano atrás, os empregados com carteira assinada no setor privado (33,296 milhões) eram 37,7% dos ocupados – agora, representam 36,3%. Os sem carteira (10,987 milhões) passaram de 11,6% para 12% e os autônomos (23,182 milhões), de 24,7% para 25,3%.
Entre os setores, também em 12 meses, cresceu a ocupação na indústria (558 mil, 5%) e em algumas atividades de serviços. Houve queda na construção civil (281 mil, -4%). Estimado em R$ 2.169, o rendimento médio ficou estável. A massa de rendimentos (R$ 193,8 milhões) cresceu 3,6%.
A taxa na região metropolitana de São Paulo foi de 16,2% em  janeiro (17,1% em igual mês de 2017), segundo a pesquisa da Fundação Seade e do Dieese. O número de desempregados foi estimado em 1,758 milhão, menos 125 mil em um ano. Essa redução não vem da criação de vagas, mas da saída de pessoas à procura de trabalho. O rendimento médio dos ocupados foi estimado em R$ 2.033, queda de 2,1%.
Entre as regiões, a taxa foi maior na chamada sub-região leste, que inclui municípios como Guarulhos, Arujá, Suzano e Mogi das Cruzes: 18,6%. Também ficou acima da média na sudeste, onde se localiza o Grande ABC (17,4%). Foi menor na capital (15,6%).
O Ministério do Trabalho não divulgou os dados de janeiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Normalmente, os resultados são divulgados entre os dias 20 e 25 do mês seguinte. A pasta diz que ainda não há previsão de quando isso irá ocorrer. Foto: Carta Capital.
Créditos: RBA

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Projeto quer enquadrar movimentos sociais na Lei Antiterrorismo

Um projeto de lei apresentado na Câmara no último dia 7 pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) pretende modificar o artigo 2º da Lei 13.260/16, conhecida como Lei Antiterrorismo, para enquadrar manifestações e ocupações promovidas por movimentos sociais como possíveis atos terroristas. Para advogada da ONG Artigo 19 Mariana Rielli, o texto quer criminalizá-los. 
"Fica claro que o objetivo é criminalizar os movimentos sociais. Já acompanhamos outros projetos parecidos com esse e mostra a intenção de tornar a lei mais aplicável a esses grupos. A Constituição garante o direito à manifestação e à liberdade de expressão. A própria Corte Interamericana de Direitos Humanos e outros órgãos são contrários à criação desse tipo de lei", afirma a advogada à jornalista Marilu Cabañas, na rádio RBA.
A Lei Antiterrorismo aprovada em 2016 possui um excludente de tipicidade em relação aos movimentos sociais. "Há uma definição de terrorismo e esse dispositivo diz que movimentos sociais e manifestações com fins reivindicatórios não estão incluídos nessa definição. À época, isso não trouxe uma tranquilidade total para quem acompanhava a tramitação da lei porque ela ainda possui alguns pontos bastante complexos, mas diante do ímpeto criminalizador que ficou evidente nessa tramitação, foi considerado um bom exemplo de redução de anos a existência dessa salvaguarda", conta.
O PL 9.604/2018 quer "criminalizar o abuso do direito de articulação de movimentos sociais", de acordo com o texto. "Ele traz um exemplo do que seria esse abuso, que é a ocupação de imóveis rurais e urbanos. O que esse projeto de lei possibilitaria é a aplicação da Lei Antiterrorismo contra movimentos como o MST e o MTST", explica. foto: Mídia Ninja.
Créditos: Rede Brasil Atual

Após Intervenção, mortes e tiroteios aumentam no RJ

Após onze dias de Intervenção Federal no Rio a violência só aumentou desde então. Os dados são do aplicativo "Fogo Cruzado"e divulgados pelo Uol, nos últimos dez dias ao menos 47 mortes violentas ocorreram e 250 tiroteios ou disparos com armas de fogo foram registrados na região metropolitana do RJ. Nos dez dias anteriores a entradas das tropas, 206 tiroteios ou disparos e 36 mortes haviam sido registradas.

Os dados não oficiais divulgados pelo aplicativo vem de informações dos próprios moradores, que enviam a situação de sua região ao aplicativo. A Intervenção, um plano político de Temer para abafar sua derrota com a não votação da Reforma da Previdência e a desmoralização do carnaval até agora não tem nenhum plano claro, e diversos abusos de autoridade em sua conta, entre eles a escandalosa expulsão de jornalistas mediante o impedimento moradores de saírem de casa sem serem fotografados pelo Exército.

Uma das vítimas desses últimos dez dias foi Gleciana Vitoria Albuquerque Viegas, de 7 anos, baleada após a entrada da policia em sua comunidade em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio. O pretexto da Guerra às Drogas, que dá suporte a todas as entradas policiais nas favelas não cansa de gerar vítimas inocentes, enquanto os verdadeiros traficantes, os fornecedores donos de helicocas e jatinhos estão muito longe dali. Foto: El País.
Créditos: Esquerda Diário

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Civis acusados de desacato poderão ser julgados por militares

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Com a votação na Câmara dos Deputados, reafirmando o decreto de Temer que dá superpoderes a um general para reprimir e avançar sobre os direitos democráticos da população, a justiça militar terá direito até mesmo de julgar os casos de desacato de autoridade.

É o que está previsto no Código Penal Militar, que diz em seu artigo 9 que, civis acusados de crimes contra militares - inclusive crimes como desacato e desobediência - serão julgados pela Justiça Militar, uma justiça paralela, com compromisso de garantir mais repressão e impunidade aos casos absurdos de abuso e violência da polícia que agora estão livres para serem cometidos pelos militares.

A Procuradoria Geral da República entrou com pedido para que essa brecha no Código Penal Militar seja extinguida pelo Supremo, no entanto a ação não foi colocada para votação. Quer dizer que além de ter direito a fazer mandados de busca e apreensão, entrando nas casas dos trabalhadores quando e como quiser, os militares ainda julgarão os que cometerem o que chamam de “desacato de autoridade” e “desobediência”.

Está mais do que claro que a intervenção no Rio de Janeiro, além de ser uma cartada do governo Temer frente a sua debilidade na votação da Reforma da Previdência, tem como objetivo aprofundar a repressão aos trabalhadores e juventude, sobretudo os negros e negras, para que toda a politização e revolta que se expressou no carnaval não ganhe ainda mais força contra os planos do governo.

É mais do que urgente que as tropas saiam do Rio de Janeiro, só a organização dos trabalhadores em luta pode realmente enfrentar a intervenção e todos os métodos autoritários e repressivos que ela abre, por isso as centrais sindicais devem romper com a trégua que estão dando aos golpistas e convocar reuniões e assembleias desde a base dos trabalhadores para organizar uma grande greve geral contra a intervenção, as reformas de Temer e todos os ataques aos direitos democráticos da população. Foto: AP.
Créditos: Esquerda Diário