terça-feira, 11 de junho de 2019

75,5% das vítimas de homicídios no Brasil são negras

Na última semana foi divulgado o Atlas da Violência 2019, que revela dados assustadores sobre os homicídios de pessoas pretas e pardas no país. O estudo foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram indivíduos negros, definidos no estudo como a soma de indivíduos pretos ou pardos, segundo a classificação do IBGE, utilizada também pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
A taxa de homicídios foi de 43,1 para cada 100 mil pessoas negras. Enquanto isso, a taxa observada para pessoas não negras (brancas, amarelas e indígenas) foi de 16 para cada 100 mil.
Os dados mostraram que, proporcionalmente às respectivas populações, para cada indivíduo não negro que sofreu homicídio em 2017, aproximadamente, 2,7 negros foram mortos.
Houve uma piora na desigualdade de letalidade racial no Brasil. No período de uma década (2007 a 2017), a taxa de homicídios de pessoas negras cresceu 33,1%. No mesmo período, a taxa de homicídios de pessoas não negras cresceu 3,3%.
Analisando apenas o último ano, enquanto a taxa de mortes de negros cresceu 7,2%, a de não negros apresentou relativa estabilidade, com redução de 0,3%.
Os cinco estados com maiores taxas de homicídios de negros estão localizados na região Nordeste. Em 2017, o Rio Grande do Norte apresentou a taxa mais alta, com 87 mortos a cada 100 mil habitantes negros, mais do que o dobro da taxa nacional, seguido por Ceará (75,6), Pernambuco (73,2), Sergipe (68,8) e Alagoas (67,9).
O Rio Grande do Norte apareceu nessa lista como detentor do maior índice de crescimento de homicídios de negros na década: 333,3%. Seguindo a lista, outros estados com crescimento acentuado desse índice foram Acre (+276,8%), Ceará (+207,6%) e Sergipe (155,9%).
Os estados com as menores taxas de homicídio de negros foram São Paulo, com 12,6 negros a cada 100 mil habitantes deste segmento; Paraná, com 19,0; e Piauí, com 21,5. Ressalte-se que oito unidades da federação observaram redução nesta taxa entre 2007 e 2017: São Paulo (-40,7%), Distrito Federal (-40,4%), Espírito Santo (-18,1%), Rio de Janeiro (-12,9%), Paraná (-11,9%), Mato Grosso do Sul (-11,4%), Minas Gerais (-4,9%) e Pernambuco (-0,9%). O Paraná continua sendo o único estado a observar taxa de homicídio de não negros superior à de negros: 26,5 contra 19,0.

domingo, 9 de junho de 2019

Governo “economiza” R$ 4 mi com cortes de bolsas e gasta R$ 7,1 mi com carros

Os novos cortes nas bolsas da Capes atingem 2.331 bolsas de mestrado, 335 de doutorado, 58 de pós-doutorado.
O governo Bolsonaro anunciou, na última terça-feira (4), 2,7 mil novos cortes em bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidas pela a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

Apenas em 2019, a tesoura governamental já dizimou 6.198 bolsas, resultando em uma economia de R$ 4 milhões — pouco mais da metade do gasto de R$ 7,1 milhões com os 30 novos automóveis comprados para servir ao presidente, ao vice e seus parentes.
Créditos: PT

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Brasil bate recorde de desigualdade em 2019

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A desigualdade de renda no Brasil atingiu, no primeiro trimestre de 2019, o maior patamar já registrado. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), o índice que avalia o nível de desigualdade na renda do trabalho per capita no Brasil vem subindo consecutivamente desde 2015, e em março deste ano atingiu o maior patamar desde o começo da série, iniciada em 2012.
O indicador utilizado neste estudo é o Gini. Ele monitora a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo do 1, maior é a desigualdade. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil ficou com 0,6257. Ainda, o levantamento ressalta que pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social foram as mais impactadas pela crise econômica no país. Inclusive, os mais pobres estão demorando mais para se recuperar em comparação com a população mais rica.
Antes da crise (de 2012 a 2015), os mais ricos tiveram aumento de 5% da renda acumulada, enquanto os mais pobres ficaram com 10%. Depois da crise, os mais ricos tiveram o aumento de 3,3% da renda acumulada, enquanto os mais pobres sofreram com uma queda de mais de 20%. Por fim, desde 2012, a renda acumulada dos mais ricos aumentou 8,5%, enquanto a dos mais pobres caiu 14%.
O estudo finaliza com a conclusão de que a lenta recuperação do mercado de trabalho fez com que os profissionais com melhores qualificações se destacassem, mas isto só fez com que a desigualdade se aprofundasse ainda mais. Ainda, esse cenário contribuiu para que muitos trabalhadores desistissem de procurar emprego. Por: Isabela Alves. Para saber mais sobre a pesquisa, clique aqui. Foto: OTS.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Reforma da Previdência ameaça a economia de 88% dos municípios

Se a “reforma” da Previdência for aprovada conforme o projeto apresentado pelo governo Bolsonaro por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, quase 90% dos 5.500 municípios do país enfrentarão dificuldades econômicas. Isso porque o montante de benefícios pagos pelo INSS é maior do que a arrecadação nessas cidades, segundo dados da Associação Nacional dos Auditores da Receita Fiscal do Brasil (Anfip), divulgados dia 30 de maio, em carta da Rede Jubileu Sul, que reúne movimentos sociais, organizações populares e religiosas, políticas, comunidades e campanhas na América Latina e Caribe, África, Ásia e o Pacífico.
“Dados levantados pela Anfip revelam que foram pagos pelo INSS mais de 34 milhões de benefícios vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) em dezembro de 2017. O montante dos benefícios pagos foi superior ao valor da arrecadação em 87,9% dos municípios, o que corresponde a 4.896 municípios brasileiros. Nessas cidades, os recursos provenientes dos benefícios previdenciários superam também a receita do Fundo de Participação dos Municípios”, afirma a rede na carta, apresentada como documento final após três dias de debates sobre a “reforma” da Previdência, com a realização, em Brasília, do seminário Desmonte da Previdência Social no Brasil: a quem interessa?.
Confira a íntegra da carta aqui.
Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 28 de maio de 2019

Brasil vai gastar R$ 444 milhões em compra de armas

A crise que atinge o país com 13,4 milhões de desempregados e 5,2 milhões de pessoas passando fome parece que passou longe do governo. O Ministério da Justiça e Segurança Pública está preparando uma licitação para a compra de 106 mil pistolas calibre 9 mm para uso da Força Nacional de Segurança Pública e das polícias civil e militar dos estados e do Distrito Federal.
O valor total previsto para a compra das armas é de R$ 444,7 milhões. De acordo com o Ministério da Justiça, o custo unitário de um conjunto contendo a arma com quatro carregadores, uma maleta e um kit de limpeza é de R$ 4.165,67, incluindo impostos.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão subordinado à pasta, irá comprar 15% das armas para abastecer 15 Polícias Militares, dez Polícias Civis, 16 órgãos de perícia oficiais e a Força Nacional. O Rio de Janeiro, que passa por uma onda de violência e teve até uma intervenção federal no ano passado, não será contemplado por essa compra.
O modelo preliminar do edital de licitação foi apresentado aos representantes de empresas do setor em uma audiência pública no último dia 9 de maio pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). O texto final do edital ainda não está concluído. Foto: FB. Fontes: Veja e O Globo

terça-feira, 21 de maio de 2019

Bancos vão ficar com 62% da renda do trabalhador com capitalização da Previdência

Simulação apresentada em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) no Senado, sobre a reforma da Previdência proposta pelo projeto do governo Jair Bolsonaro (PSL), demonstra o fracasso que ocorreria com o sistema de capitalização que consta da proposta, levando o trabalhador aposentado à miséria.
Segundo dados do diretor de Defesa Profissional e Assuntos Técnicos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Mauro José Silva, o valor das contribuições previdenciárias arrecadadas de empregados e empregadores foi de R$ 423,06 bilhões em 2018. Já a previsão de acréscimo no faturamento médio anual para as instituições financeiras, num sistema de capitalização, pode ser estimado em até R$ 388 bilhões, nos próximos 70 anos.
Silva explicou que o sistema proposto na PEC 6/2019 resultará num valor acumulado pelo trabalhador, ao fim de 40 anos de contribuição, de R$ 275.804,02. Entretanto, a remuneração dos bancos, prevista na reforma, consumiria R$ 105.701,43 dessa quantia, o que equivale a mais de 62% do valor do patrimônio do empregado. Assim, esse trabalhador ficaria com apenas R$ 170.102,58.
No 59º ano, após ingressar no sistema de capitalização, esta porcentagem ultrapassaria os 77%. Um cenário que, segundo Silva, possibilitaria o recebimento de uma aposentadoria no valor de R$ 750, o que equivale a apenas um quarto do total contribuído. “Um sistema sem empregador, e com instituição financeira, é um fracasso. É condenar o trabalhador à miséria”, concluiu.
Silva considerou a capitalização um “sistema complicado do ponto de vista do trabalhador”. Para ele, além de significar a “transferência de renda” dos empregados para os bancos, essa modalidade não cobrirá benefícios já existentes, como o salário família e o salário maternidade.
A capitalização funciona como uma espécie de poupança: o dinheiro descontado mensalmente do salário de cada trabalhador vai para uma conta individual, e não se mistura com as contribuições dos demais beneficiários. Pelo sistema atual, o de repartição, os pagamentos feitos pelo pessoal da ativa financiam as aposentadorias dos inativos.
Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Juliano Musse disse que o cenário é preocupante. Ele considerou a PEC 6/2019 uma “reforma impositiva” porque, segundo afirmou, a medida não passou por uma prévia discussão com os trabalhadores. Ao questionar quem são os maiores interessados com a reforma da Previdência, Juliano ponderou que outras questões, como o desemprego, a informalidade e a saúde dos trabalhadores que enfrentam doenças crônicas são mais urgentes e deveriam ser o foco do debate. “A reforma é importante, mas desde que não minimize direitos sociais conseguidos com a Constituição de 1988”.
O consultor do Senado Luiz Alberto dos Santos frisou que a PEC 6/2019 não é de fácil compreensão. Para ele, o texto apresenta contradições, traz incertezas e tende a gerar custos diferenciados para a empregabilidade das pessoas. Ao ressaltar que os mercados demonstram volatilidade ao longo do tempo, o especialista disse que o regime previdenciário baseado na capitalização pressupõe uma renda questionável, porque dependerá de quanto, efetivamente, aquela aplicação renderá. “No Brasil, nós temos renda média muito baixa. As pessoas não têm dinheiro para destinar a uma sistemática de provisão fora do regime público, e essa é uma diferença fundamental.”
O representante do Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos, Guilherme Zagallo, alertou que experiências de privatização da Previdência significaram retrocessos em outros países: estagnação das taxas de cobertura, diminuição do valor dos benefícios e aumento da desigualdade de renda. Para o advogado, a desconstitucionalização da aposentadoria, pretendida pelo Executivo, significa um risco político porque, a cada governo, pode-se criar novas regras para a concessão do benefício.
O advogado mencionou que o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias veda a renúncia de receita que a capitalização causará, desacompanhada da estimativa de impacto orçamentário e financeiro. Ele lembrou que o Brasil já passou por uma tentativa de privatização antes da instituição do INSS, quando houve a unificação dos regimes, mas disse que a medida não obteve sucesso. Guilherme comentou, ainda, que esse assunto tem sido omitido no debate sobre a PEC 6/2019.
“Não fomos bem-sucedidos no passado, em relação à experiência de capitalização. A promessa de melhoria da economia por meio dessa reforma não altera a realidade. É uma bomba social de efeito retardado”.
O coordenador do Movimento Legislação e Vida, Hermes Rodrigues Nery, considerou o sistema de capitalização o ponto mais grave da PEC 6/2019. Para ele, as poupanças pessoais são “qualitativamente diferentes” da seguridade social, já que não dispõem de garantia, nem previsibilidade. Além disso, Nery ressaltou que “poupar de maneira suficiente para uma aposentadoria decente é difícil para muitos trabalhadores”. Com informações da Agência Senado.
Créditos: Rede Brasil Atual

sábado, 18 de maio de 2019

Desemprego e fome atingem o Brasil

Brasil está vivendo uma de suas piores fases, com aumento do desemprego. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 12,7% no trimestre encerrado em março deste ano, atingindo 13,4 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Comparando com o trimestre anterior, de outubro a dezembro de 2018, o número de pessoas desempregadas aumentou em 1,2 milhão de pessoas.
Para ter uma dimensão do que representa o número de desempregados no Brasil, basta compararmos à população de alguns países. Ele é maior do que a população inteira da Bolívia (11,4 milhões) e representa mais que o dobro da população da Costa Rica, que é de 5 milhões de habitantes.
Com milhões de desempregados no país, a fome também tende a aumentar. O relatório internacional ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018′, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mostrou que a fome atingia 5,2 milhões de pessoas no Brasil em 2017. Os números agora podem ser bem maiores, já que no ano dessa pesquisa, a última do tipo, o Brasil tinha 12,3 milhões de desempregados. 1,1 milhão a menos do que agora.
O Relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, diz que o avanço da pobreza, o congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, a alta do desemprego e o corte de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família contribuíram para o aumento de famintos no Brasil.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor