sábado, 14 de dezembro de 2019

Plano prevê criação de 7 milhões de empregos e reativação da economia

Economistas do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) do PT apresentaram na quinta-feira (12) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva duas propostas para a combater a onda de desemprego e estabelecer  um sistema de cobranças de impostos mais justo, para fazer o país voltar a crescer. Lula disse que “o povo pobre está pagando um preço muito alto” pelas escolhas da equipe econômica do governo Bolsonaro, e defendeu a criação de empregos decentes, o direito ao consumo e a políticas sociais de saúde e educação.
O Plano Emergencial de Emprego e Renda pretende criar 7 milhões de empregos no curto e médio prazos. Trata-se de um conjunto de ações que envolve a contratação direta de trabalhadores pelo poder público, a reativação do investimento em obras de infraestrutura e do programa Minha Casa Minha Vida, além de medidas para estimular o consumo.  Já a proposta de Reforma Tributária Justa e Solidária prevê a redução da taxação sobre o consumo, que pesa mais no bolso dos mais pobres, e um aumento de impostos sobre a renda e o patrimônio, que afetam os mais ricos.
O diagnóstico apresentado pelos economistas é de que mesmo as projeções otimistas do governo e do mercado, que apostam em taxa de crescimento de 2,0% a 2,5%, em 2020, implicarão em ritmo lento que fará com que o PIB volte aos patamares anteriores à crise iniciada em 2014 apenas no terceiro trimestre de 2022. Além do desemprego, a precarização do mercado de trabalho, o congelamento dos gastos do governo e a ameaça de choques externos impedem um crescimento mais duradouro.
A primeira etapa do Plano Emergencial é o programa Emprego Já, com a contratação direta de até 370 mil trabalhadores por estados e prefeituras para atuar em obras de melhoria urbana e zeladoria. Conjuntamente, o plano prevê investimento público de cerca de R$ 40 bilhões para a conclusão de grandes obras de infraestrutura, que atrairiam montante equivalente da iniciativa privada, suficientes para criar mais de 2 milhões de empregos diretos. Outros R$ 6 bilhões seriam destinados à reativação do Minha Casa Minha Vida, que somaria cerca de 160 mil postos de trabalho.
Entre as medidas de estímulo ao consumo, o programa prevê aumento real de 5% no salário mínimo, além da retomada da política da valorização, que vigorou até 2019. A medida beneficiaria cerca de 48 milhões de pessoas. Estão previstas ainda a expansão do Bolsa Família, um programa de refinanciamento das dívidas das famílias e a correção da tabela do Imposto de Renda.
Os recursos viriam do Orçamento da União, do Tesouro, do BNDES e da emissão de títulos da dívida, e teriam “impacto fiscal” mínimo, segundo o economista Ricardo Carneiro, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Temos um programa com começo, meio e fim que vai atender a urgência da população brasileira, que é a questão do desemprego”, afirmou, durante o encontro com Lula.
Segundo o economista Eduardo Fagnani, também da Unicamp, as duas propostas de reforma tributária que tramitam hoje no Congresso Nacional tratam apenas da “simplificação” dos impostos, mas não tratam da questão da “regressividade” do sistema tributário brasileiro, que taxa mais quem ganha menos. Ele diz que essa é uma das causas da desigualdade no Brasil, o sétimo mais desigual do mundo, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgados nesta semana.
A proposta de Reforma Tributária Justa e Solidária, apresentada na forma de emenda substitutiva global à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45 (uma das duas propostas em tramitação), “simplifica a tributação e amplia a progressividade”, eleva a tributação sobre renda e patrimônio e reduzindo sobre consumo e a folha de pagamento. Também preserva as fontes de financiamento da educação e da seguridade social, que é o principal mecanismo da redução da desigualdade de renda no Brasil, segundo Fagnani.
“Não é verdade que o Brasil tem a maior carga tributária do mundo, mas é verdade que somos campeões mundiais na tributação sobre o consumo, que representa quase 50% do total arrecadado, enquanto que a média dos países da OCDE é 32%, e nos Estados Unidos, 17%. O problema da tributação sobre o consumo é que penaliza o pobre, que consume tudo o que ganha”, explicou. Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo

Brasil é o segundo país do mundo com maior concentração de renda. Os 1% mais ricos concentram 28,3% da renda total do País. Os dados deixam o Brasil somente atrás do Catar, onde a proporção é de 29%. Nesses dois países, quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos. Já os 10% mais ricos no Brasil concentram 41,9% da renda total. A análise é do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira 9.

Em terceiro lugar da lista aparece o Chile, que concentra 23,7% de sua renda total entre os 1% mais ricos. Entre os vizinhos do Brasil também aparece a Colômbia, em 9º lugar do ranking com taxa de concentração de renda entre os 1% mais ricos de 20,5%.
O relatório também avaliou os países de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que tem como base indicadores de saúde, educação e renda. Medido anualmente, o índice vai de 0 a 1 – quanto maior, ou seja, mais próximo de 1, mais desenvolvido o país. Com IDH de 0,761, o Brasil ocupou o 79º lugar no ranking, com uma pequena melhora de 0,001 em relação ao ano passado. Ainda assim, o Brasil caiu uma posição no ranking mundial, da 78ª para 79ª posição.

Em relação ao IDH, o Brasil figura no bloco de países com alto desenvolvimento humano. Entre os países latino-americanos do grupo, Cuba está à frente do Brasil, na posição 72 e IDH de 0,778; e também o México, na posição 76 e IDH de 0,767. A Colômbia aparece empatada na posição 79 do ranking, com IDH de 0,761. O Peru aparece na posição 82, com IDH de 0,759.

No topo do ranking, entre o bloco de países com muito alto desenvolvimento humano, despontam em primeiro lugar a Noruega (IDH de 0,954), seguida da Suíça (IDH de 0,946) e Irlanda (0,942).
No pólo oposto, entre os países com baixo desenvolvimento humano, os IDHs mais baixos estão em Níger (país da África ocidental), com 0,377 e República Centro-Africana, com IDH de 0,381. Imagen: Google.
Créditos: Carta Capital

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

INSS: 1,8 milhão de pessoas podem ter benefício cortado

O Instituto Nacional do Seguro Social(INSS) informou que 1,84 milhão de aposentados e pensionistas estão sendo notificados. A medida acontece depois de verificados indícios de irregularidades. Se confirmados, os benefícios poderão ser suspensos.
Em abril deste ano, o INSS passou a usar um sistema que verifica automaticamente a folha de pagamento dos beneficiários – que somam cerca de 35 milhões. Desde o início das verificações periódicas, a quantidade dos possíveis casos irregulares cresceu 1.350%, se comparados a 2018.

Atendimento
Beneficiários com alguma irregularidade serão notificados por meio de carta. Após o recebimento, o segurado tem um prazo de 30 dias para agendar atendimento em uma agência da Previdência. O agendamento pode ser feito pelo telefone (135), de segunda a sábado, das 7h às 22h, ou por meio do site (meu.inss.gov.br).
No dia e hora do atendimento, o beneficiário deverá apresentar a documentação solicitada pela correspondência. Caso o cidadão tenha dúvidas sobre quais documentos levar, poderá entrar em contato com o INSS, por telefone, a fim de sanar suas dúvidas.
Caso não haja resposta do beneficiário ou a explicação dada não seja satisfatória, o INSS poderá suspender o benefício. Desta forma, o segurado terá 30 dias para apresentar defesa contra a decisão. No caso do trabalhador rural, o prazo é de 60 dias. Se esgotado esse prazo, o recurso será cancelado e o aposentado ou pensionista não irá mais recebê-lo.
Segurados com o pagamento cancelado pelo INSS ainda podem recorrer à Justiça. Ações de até 60 salários mínimos, que chegam a R$ 59.880, são iniciadas no Juizado Especial Federal

Sistema
Algumas falhas verificadas pela plataforma podem ser resolvidas de maneira simples, como atualização do nome ou CPF. Quem trocou de endereço também deve atualizar o cadastro. Para todos os casos, é importante ir à agência munido de carteiras de trabalho com anotações originais, carnês de contribuição, laudos, relatórios e exames – neste caso para aqueles que recebem e benefício por incapacidade.
Essas verificações já cessaram ou suspenderam, só em 2019, cerca de 261 mil benefícios em todo país devido cadastros irregulares ou fraudes previdenciárias. Um dos motivos que mais tem gerado cancelamento é o recebimento indevido do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e resultado em cerca de 92% dos casos verificados.
Para receber o benefício, funcionários públicos apresentavam documentos e declarações falsas. Cerca de 4.700 servidores estaduais e municipais foram identificados praticando o crime. A identificação desses e outros casos são possíveis devido o cruzamento de informações do INSS com a base de outros estados e do Distrito Federal. (Editado). Créditos: Edital Concurso Brasil

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

30 mil famílias foram jogadas na rua pelo Poder Público em dois anos, só na grande SP

Informações do Observatório das Remoções mostram como o Poder Público do Brasil (Justiça e governo) se transformou em um aparelho de produção de desigualdade, destruição de famílias e concentração de renda. Somente nos últimos dois anos, quase 30 mil famílias foram removidas de suas casas e jogadas na rua na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) por ações do Estado. Mas não é só isso, mais de 170 mil estão com suas moradias ameaçadas.
“São famílias inteiras com suas vidas cotidianas afetadas. Entre as justificativas para a remoção estão retomadas de posse por determinação da Justiça e, em menor quantidade, políticas públicas de remoção de moradias para abertura de uma avenida ou obras por parcerias público-privadas”, disse Paula Santoro, uma das coordenadoras do Labcidade, que coordena o Observatório das Remoções.
O Labcidade é um projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC) e com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O Labcidade é uma plataforma colaborativa faz o monitoramento de despejos e de deslocamentos forçados na Região Metropolitana de São Paulo desde 2012.
Paula Santoro informa que os mapas das remoções são construídos com base em denúncias, notícias veiculadas na imprensa e também trabalho de campo desenvolvido com as populações afetadas. A plataforma tem ainda uma forma nova de obter informações, sustentada em Acordo de Cooperação com o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que se baseia nas decisões do Poder Judiciário.
Por meio de um método chamado data web scraping é possível extrair da base de dados públicos do Tribunal de Justiça (banco de sentenças) informações relativas a ações judiciais de reintegração de posse de imóveis, despejos e desapropriações, que podem, em sua maioria, resultar em remoções forçadas.
“É uma parceria importante não só por possibilitar o acesso e a organização dos dados, mas também por ter como objetivo advogar pela garantia de direitos à cidade, à moradia e aos direitos humanos, bem como pelo desenvolvimento de políticas que evitem ou que levem em conta os deslocamentos involuntários na metrópole de São Paulo”, disse Santoro.
De acordo com Santoro, há uma crítica aos estudos que se basearam apenas na pesquisa sobre a agenda regulatória proposta pelo estado. “Por isso, não podemos olhar apenas para os instrumentos regulatórios, mas também para o Estado, que não é neutro na forma como tem alterado e criado novos instrumentos – geralmente por meio do plano diretor, incentivos fiscais ou em direitos de construir –, ou promovido aberturas e ‘encaixes’ para possibilitar diferentes alianças com diversos atores sociais que influenciam a mudança desses instrumentos”, disse. Com informações de Maria Fernanda Ziegler/Agência Fapesp. Imagem:Observatório do Terceiro Setor. (Editado).
Créditos: Carta Campinas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Governo Bolsonaro já liberou registros de 439 agrotóxicos

O governo Bolsonaro liberou, na quarta-feira (27), mais 57 novos registros de agrotóxicos. O novo ato do Ministério da Agricultura foi publicado no Diário Oficial da União (DOU). Oficialmente, o governo confirma a licença de um total de 439 substâncias, mas, na verdade, o número pode chegar a 467 produtos. Independentemente, no entanto, da soma final, a quantidade de novos registros já é a maior dos últimos 14 anos, como destacam os dados da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Entre 2008 e 2015, por exemplo, a média de aprovações ficava em torno de 130 novos pesticidas por ano. Liberações que saltam a partir de 2016, o ano do golpe que levou ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff e garantiu a presidência ao seu vice, Michel Temer. Foram 277 registros naquele ano, 405 em 2017 e 450 em 2018. O governo justifica afirmando que, até o momento, é responsável pela liberação de 439 produtos – a diferença seria referente a aprovações da gestão Temer, mas que foram publicadas apenas neste ano no DOU. 
Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Mais de 14 mil obras inacabadas no país

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU) existem cerca de 14 mil obras inconclusas em todo o país. A Comissão Parlamentar de Obras Inacabadas da Câmara dos Deputados lançou um livro, em outubro, apontando que seria preciso desembolsar perto de R$ 40 bilhões pelos Executivos federal, estaduais e municipais para que fossem concluídas.
E para completar estas informações, relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgado na semana passada mostra que de cada 100 grandes obras paralisadas, uma se dá por decisão judicial. Isto é, 99% dessas obras pararam por responsabilidade dos governos.
São muitos os motivos que levam a estas paralisações: mudança de vontade política com a troca de governantes, casos de corrupção, embargos ambientais e demora para formalização de acordos de leniência com empresas que apresentem problemas judiciais. Até mesmo falta de projeto básico, ou projeto básico errado que, ao ser reformulado, atrapalha planos governamentais.
O ministro do TCU Vital do Rêgo, coordenador do “Mapa de Obras Paradas“, elaborado pelo tribunal no início do ano, explicou à época do lançamento que, além do custo, dos projetos e do serviço que nunca foi prestado à população de cada área, há ainda o custo associado ao desgaste das obras que ficam muito tempo paradas. “Em muitos casos, para serem retomadas são necessárias intervenções que possam recuperar os estragos decorrentes do abandono”, afirmou.
No mês passado, a Comissão Externa das Obras Inacabadas da Câmara constatou que entre os casos mais emblemáticos da lista estão obras como a usina de Angra 3, no Rio de Janeiro, a transposição do São Francisco (não concluída integralmente) e a Ferrovia Norte-Sul. Os estados com maior número de obras paralisadas são Amapá, Mato Grosso do Sul e Paraíba. E do total geral das 14.403 obras identificadas como paradas em todo o país foram gastos R$ 70 bilhões. Um dinheiro que pode não retornar, uma vez que muitas podem sequer chegar a ficar prontas.
Créditos: Rede Brasil Atual

sábado, 23 de novembro de 2019

13,5 milhões não têm renda para comprar uma cesta básica

De acordo com o relatório Síntese de Indicadores Sociais – 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13,5 milhões de brasileiros sobrevivem com uma renda per capita de até R$ 145 por mês. O valor é muito menor que o preço médio da cesta básica mais barata do Brasil em outubro, que foi a de Aracaju (R$ 325,01), segundo dados do DIEESE.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) analisa mensalmente o valor da cesta básica em 17 capitais. A capital com a cesta mais cara em outubro foi São Paulo (R$ 473,59), seguida de Porto Alegre (R$ 463,24), Rio de Janeiro (R$ 462,57) e Florianópolis (R$ 458,28). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 325,01) e Natal (R$ 341,90).
“Em 12 meses, entre outubro de 2018 e o mesmo mês de 2019, com exceção de Aracaju (-5,11%) e Fortaleza (-1,58%), todas as capitais acumularam alta, que oscilaram entre 1,76%, em Florianópolis, e 10,62%, em Goiânia”, aponta o estudo do DIEESE.
Com base na cesta mais cara que, em outubro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo que seria necessário para suprir essas necessidades. Em outubro de 2019, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.978,63, quase 4 vezes o salário mínimo atual, que é de R$ 998. Por Maria Fernanda Garcia. Imagem: FB.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor