segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Brasil completa um mês com média móvel de mortes por covid-19 acima de mil

A média móvel de mortes por conta da covid-19 no Brasil está acima de 1 mil desde o dia 21 de janeiro. Em nenhum outro momento da pandemia o país havia completado o período de um mês em um patamar tão alto.

No domingo (21), segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média ficou em 1.037. O resultado é calculado a partir da soma de todos os óbitos dos últimos sete dias, dividida por sete. Considerado o mais negativo do Brasil até agora, o mês de julho de 2020 registrou uma média acima de mil entre os dias 3 e 28.

Ainda segundo o Conass, foram confirmados 29.026 novos casos da doença no país nas últimas 24h, com um total de 10.168.174 infectados pela covid-19 desde o início da pandemia. Ao todo, 246.504 óbitos já foram registrados no país em decorrência da doença. Nas últimas 24h, o Brasil registrou 527 mortes pelo vírus. Foto: SECOM. Créditos: Brasil de Fato

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Quase 40 milhões de pessoas no Brasil vivem com renda de até R$ 89 por mês

Segundo dados do Ministério da Cidadania 39,9 milhões de brasileiros vivem em famílias com renda per capita de até R$ 89 por mês,  São 14 milhões de famílias que vivem na extrema pobreza e que estão inscritas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em apenas cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões o número de pessoas no país em situação de insegurança alimentar grave (fome), chegando a, pelo menos, cerca de 10,3 milhões os brasileiros.

Entram na conta somente os moradores de domicílios permanentes, ou seja, estão excluídas do levantamento as pessoas em situação de rua, o que aumenta ainda mais o rastro da fome pelo país. Vale lembrar que o Brasil é um dos países com maior carga tributária no mundo e com menos retorno à população. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Escolas de São Paulo já têm 741 casos confirmados de covid-19 e 1.133 suspeitos

Após primeiro balanço da volta às aulas presenciais em São Paulo, contabiliza 741 casos de covid-19 confirmados nas escolas, entre alunos e professores. Desses, 456 casos foram na rede estadual, 14 nas redes municipais e 271, na particular. Outros 1.133 casos suspeitos estão em análise.

Os dados contabilizam os casos notificados entre 2 de janeiro e 13 de fevereiro. Em janeiro, escolas da rede estadual abriram para orientação de estudantes e familiares sobre ensino remoto e entrega de kits, aulas de reforço, além das atividades de planejamento, iniciadas em 26 de janeiro.  

Os dados constam do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid-19 (Simed), plataforma que reúne informações sobre casos da infecção nas redes de ensino e foram divulgados nesta terça-feira (16) pelo secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares. Os números confirmam as razões para a preocupação de famílias e trabalhadores contrários à volta às aulas em meio ao pior momento da pandemia no país.

Dos 456 casos na rede estadual, 83 foram de estudantes. Os demais de professores e outros trabalhadores da educação. Nove escolas estaduais foram fechadas na última semana. Na rede privada, foram 130 casos de covid-19 em alunos e 141 em profissionais. Na semana passada, quatro escolas consideradas de elite tiveram parte das aulas suspensas por casos confirmados de covid-19 entre estudantes e professores. Por Rodrigo Gomes. Créditos: Brasil de Fato

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O triste fim do Minha Casa Minha Vida

No governo Dilma Rousseff o programa Minha Casa Minha Vida entregava 1.257 casa por dia, em média. De 2009, ano de criação do Minha Casa Minha Vida, até o fim de 2018, antes de Bolsonaro chegar à Presidência, o investimento anual destinado ao programa era de R$ 11,3 bilhões, em média. 

No primeiro ano do governo Bolsonaro, o valor caiu para R$ 4,6 bilhões. Em setembro de 2019, foi previsto um corte de 42% no orçamento do ano seguinte, estipulado inicialmente em R$ 2,71 bilhões.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou em janeiro de 2021 uma proeza que parecia impossível no início do seu mandato: acabar com o maior programa habitacional da história do Brasil sem alarde.

Para que ninguém sentisse saudades quando o Minha Casa Minha Vida (MCMV) fosse extinto, o governo rebaixou o orçamento do programa a níveis inéditos. Há sete meses, apresentou um substituto, batizado de Casa Verde e Amarela, sem ouvir as demandas dos movimentos por moradia e sem garantias de que a população de renda mais baixa será beneficiada.

Com os dados consolidados de 2020, a queda foi ainda maior. Conforme planilha obtida pelo Brasil de Fato via Lei de Acesso à Informação (LAI), o gasto final foi de R$ 2,54 bilhões.

O Brasil possui um déficit de 7,797 milhões de moradias, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O estudo se baseia em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diante desse cenário, o fim do MCMV foi criticado por organizações como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e movimentos populares pelo direito à moradia.O programa Casa Verde e Amarela apresenta como principal novidade a redução de até 0,5% nas taxas de juros. A projeção do governo é atender 1,6 milhão de famílias por meio de financiamento habitacional até 2024.

Graça Xavier alerta que o público-alvo da vez são famílias com renda média mensal de até R$ 7.000,00. A tendência, segundo ela, é que se privilegiem aquelas cujos ganhos estão mais perto do teto.

“Na gestão do governo Dilma, a cada dez pessoas atendidas, sete eram de famílias de baixa renda [até dois salários mínimos]”, ressalta. “Nós lemos e relemos o programa e chegamos à seguinte conclusão: é mais um retrocesso na política de habitação. O público que deveria ser o foco, que são famílias que ganham de zero a dois salários mínimos, não vai ser atendido. Ele foi excluído do Casa Verde e Amarela”, diz Xavier.

O desmonte, segundo a integrante da UNMP, começou após o golpe de 2016, quando o governo federal parou de assinar novos convênios para construção de casas no âmbito do MCMV.

Desde 2009, foram mais de 4 milhões de unidades habitacionais, totalizando um investimento de R$ 105 bilhões, que beneficiou cerca de 16,5 milhões de pessoas.

“No governo Temer (MDB), isso já foi diminuindo, permanecendo apenas os convênios assinados no governo anterior. E, no governo Bolsonaro, foram feitas várias normativas, mas nenhum convênio novo”, enfatiza Xavier. “O Ministério [do Desenvolvimento Regional] não chama mais reunião com os movimentos, o Conselho das Cidades foi destruído. Foi uma devassa mesmo, acabando com tudo que beneficia a população de baixa renda”, conclui.

Em entrevista recente ao Brasil de Fato, Felipe Vono, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo, ressaltou a gravidade da intransigência do governo Bolsonaro.

“Quando não se ouve a sociedade e aqueles segmentos que, de fato, representam os sem-teto, que são os que mais estão sendo atingidos pela pandemia e pelos despejos, isso é muito grave, tanto do ponto de vista do atendimento aos direitos sociais quanto do ponto de vista da democracia”, disse, por ocasião do lançamento do novo programa.

Para viabilizar o programa Casa Verde e Amarela, governo planeja remanejar R$ 5,5 bilhões em recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para saúde, saneamento e infraestrutura. 

O orçamento total do Fundo para políticas públicas cairá gradativamente nos próximos anos: de R$ 77,947 bilhões em 2020 para R$ 77,447 bilhões em 2021, com perspectiva de chegar a R$ 76 bilhões em 2024.Por Daniel Giovanaz. Edição: Leandro Melito. Créditos: Brasil de Fato

sábado, 13 de fevereiro de 2021

País teve mais de 6 mil denúncias de trabalho escravo e tráfico de pessoas


Só nos últimos cinco anos (2016-2020), o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu mais de 6 mil denúncias relacionadas a trabalho escravo, aliciamento e tráfico de trabalhadores.

De acordo com o vice-coordenador nacional de Combate ao Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete), do MPT, Italvar Medina, só no ano passado, mais de 900 trabalhadores foram resgatados de situações de trabalho escravo.

“A grande parte das situações ocorreu no meio rural, sobretudo nas atividades de café, carvoarias e plantio e colheita de cebola. Mas também tivemos resgates urbanos em oficinas de costura e trabalho doméstico”.

Segundo o coordenador, as vítimas do trabalho escravo moderno são pessoas em situação de alta vulnerabilidade social, baixa escolaridade, com poucas oportunidades de emprego e baixa consciência de seus direitos.

“Elas são iludidas por promessas de ótimas condições de trabalho e remuneração, muitas vezes levadas a sair do seu estado de origem e quando chegam ao seu destino, percebem que a situação não é como foi prometida”, diz.

No fim do ano passado, a história de Madalena Gordiniano, que passou quase toda a vida trabalhando em condições semelhantes à escravidão, chocou o Brasil. A mulher, que, aos 8 anos de idade, foi pedir um pedaço de pão e acabou servindo a uma família por 38 anos, nunca recebeu salário nem direitos trabalhistas, vivia reclusa, foi forçada a casar e chegou até a pedir comida e sabonete para vizinhos.

O calvário de Madalena só chegou ao fim em novembro de 2020, quando, após denúncia, ela foi resgatada por auditores fiscais do trabalho em um apartamento na cidade de Patos de Minas (MG). Vivia num cômodo, que não tinha sequer janelas.

O vice-coordenador nacional da Conaete destaca o perfil desses escravos modernos: 70% dos resgatados são pardos ou negros, “o que inclusive é revelador da persistência do racismo estrutural no país, pois a cor de hoje ainda reflete a dos escravos de antigamente”, analisa. A maioria deles são homens e com grau de escolaridade baixo. O estado de Minas Gerais é o que possui mais casos de trabalhos análogos à escravidão. Imagem: MPT. Fonte: Agência Brasil. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

CNBB divulga nota sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB), através de sua presidência  divulgou, na terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”,  (Ef 2,14a).

O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica.

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, aponta a Nota.

No documento, a presidência da CNBB reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

A nota informa que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) seguem rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também a preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. “Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota.

A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB. Veja a íntegra do documento. Aqui. Imagem: CNBB. Créditos: VaticanNews

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Autonomia do Banco Central é um desserviço à soberania nacional

A Câmara aprovou na quarta-feira (10) o projeto de lei complementar (PLP 19/19), do Senado, que dá autonomia ao Banco Central e prevê mandatos do presidente e diretores de vigência não coincidente com o do presidente da República. Na avaliação da presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), a aprovação da proposta é um desserviço à soberania nacional. “Não é verdade que existe a necessidade da autonomia do Banco Central, que já tem a sua autonomia operacional.

 Nós precisamos de uma política econômica que desenvolva o nosso País, que gere emprego, desenvolvimento, inclusão, que distribua a riqueza, e não que concentre poder na mão do sistema financeiro, que é o que vai acontecer com o Banco Central”, denunciou.

Gleisi Hoffmann alertou ainda que o texto aprovado, sob protesto do PT e da Oposição, dá autonomia ao Banco Central em relação a governos eleitos, mas não há nada na proposta que trata da autonomia do Banco Central em relação ao mercado. “É um equívoco o que esta Casa está fazendo. O País e o povo brasileiro pagarão caro”, lamentou.

E o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT -CE), reforçou: “Somos contrários a essa autonomia, que não é autonomia coisa nenhuma. A autonomia o Banco Central já tem no seu funcionamento. Na verdade, é a entrega do principal instrumento de política monetária brasileira às forças do mercado, à iniciativa privada, ao sistema financeiro”.

O líder do PT, deputado Enio Verri (PR), afirmou que a autonomia do Banco Central não resolve os problemas do País, como quis fazer parecer o Centrão e a base do governo. “Surpreende-me quando algum parlamentar vem aqui e diz que a autonomia do BC é fundamental, porque o mercado vai ficar mais seguro. Que mercado é esse? Sabem o que é mercado de fato? Mercado de fato é a produção agrícola, é a fábrica e o comércio funcionando, tendo consumo. Esse é o mercado. Mas não, quando se fala em mercado aqui, fala-se pura e exclusivamente de bancos, da especulação financeira, daqueles que nada produzem e ganham muito, é o chamado capital vadio”, acusou.

O líder lembrou também que o Banco Central já tem uma autonomia relativa desde o governo FHC. “Ele tem autonomia e nunca tivemos problemas. O BC cumpriu o seu papel. Mesmo assim, o banco sempre se baseia no boletim da Focus, que é o mercado que monta. Então, hoje, com autonomia relativa, ele já é dependente do mercado financeiro. Imaginem com 100% de autonomia?”, alertou.

“Portanto, nós vamos estar passando uma procuração ao mercado financeiro para controlar toda a política financeira, toda a política monetária do nosso País. Se hoje já somos submetidos à especulação financeira, imaginem com a autonomia do Banco Central! Imaginem!?”, reforçou. Créditos: PortalPT