quinta-feira, 1 de abril de 2021

Governo reduz quase pela metade previsão de vacina para abril

O ministério da Saúde, através do Ministro Marcelo Queiroga, informou ontem (31), que só tem previsão de receber e distribuir, em abril, pouco mais da metade das doses de vacinas contra Covid-19 anunciadas anteriormente pelo governo federal.

Queiroga prevê agora 25,5 milhões de doses, mas o cronograma divulgado em 19 de março pelo Ministério da Saúde tinha a previsão de recebimento de 47,3 milhões de doses.

Da lista acima, Covaxin e Sputnik não obtiveram ainda autorização para uso emergencial. Outro ponto de dúvida é a entrega de 2 milhões de doses importadas já prontas da vacina de Oxford, que não têm previsão de ser concretizada.

"Em relação a vacinas, em abril, previsão de 25,5 milhões de doses. Há atrasos na entrega das duas principais indústrias nacionais, Butantan e Fiocruz, há questão da vacina indiana, que a Anvisa ontem suspendeu a planta", disse o ministro.

O problema na "planta" citado pelo ministro está relacionado com as inspeções feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na empresa na Índia. A agência negou a certificação de boas práticas de fabricação à Bharat Biotech, empresa de biotecnologia indiana que desenvolveu a Covaxin. Foram ao menos 14 pontos de problemas apresentados na vistoria feita na fábrica. Créditos: G1

terça-feira, 30 de março de 2021

Queda de ministros indica 'limite da governabilidade'

Sputnik-Demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, revela um processo de deterioração das relações do governo com as Forças Armadas. Quem afirma é o cientista político Danilo Bragança em entrevista à Sputnik Brasil.
Em nota oficial, Azevedo e Silva anunciou que sai com "certeza da missão cumprida", afirmando que preservou "as Forças Armadas como instituições do Estado".

O cientista política e professor de Relações Internacionais da UFF, Danilo Bragança, disse à Sputnik Brasil que todas essas movimentações do governo indicam mudanças muito fortes no jogo de forças da política brasileira.

De acordo com ele, a mudança de ministros que agitou a vida política do país no começo desta semana sugere que estejamos entrando no limite da governabilidade de Bolsonaro e das relações do bolsonarismo com outras instituições e poderes.

De acordo com Danilo Bragança, a chegada do centrão, a partir dos acordos que levaram Arthur Lira e Rodrigo Pacheco à presidência da Câmara e do Senado, respectivamente, acabou virando um obstáculo para o governo Bolsonaro.

"Se imaginava no começo um governo formado por uma base evangélica muito forte, uma base de policiais militares e as Forças Armadas [...] Essa base aos poucos ficou sendo formada somente pelas Forças Armadas, tendo à frente de ministérios-chave como Defesa, da Saúde, da Infraestrutura, entre outros, militares da ativa ou da reserva", declarou.

O especialista argumentou que a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde já havia indicado um certo desgaste, porque "embora Pazuello tenha sido um ministro catastrófico para o nosso país, no geral ele tinha algum respaldo das Forças Armadas".

"A saída do Pazuello representou um processo de deterioração também das relações entre as Forças Armadas e Bolsonaro, entre esse partido militar propriamente dito que está no governo e as Forças Armadas enquanto instituição. Esta relação foi ruindo", afirmou.

O especialista avaliou que as mudanças ministeriais da segunda-feira (29) revelam um processo de deterioração das relações do governo com as Forças Armadas, ao mesmo tempo que há um processo de "acomodação" das relações entre o governo, o Executivo e o Legislativo, sobretudo com o Senado, que atacou duramente o Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores. O ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, estava à frente do Ministério da Defesa desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Foto: EBC. Créditos: Sputnik

segunda-feira, 29 de março de 2021

Estudo conclui que covid-19 saltou de morcegos para humanos através de outro animal

Um estudo conjunto da OMS e China diz que transmissão da COVID-19 de morcegos para humanos através de outro animal é o cenário mais provável e que a hipótese de vazamento de laboratório é "extremamente improvável".

A possibilidade de um vazamento do vírus de um laboratório é "extremamente improvável", de acordo com um estudo conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da China sobre as origens do novo coronavírus, informa a Associated Press.

No estudo, os pesquisadores analisaram quatro cenários por ordem de probabilidade. Os cientistas consideram muito provável que o vírus tenha sido transmitido por um segundo animal, enquanto a disseminação direta de morcegos para humanos é considerada apenas provável.

O documento não é conclusivo sobre se o surto começou no mercado de frutos do mar de Wuhan, onde se registraram os primeiros casos em dezembro de 2019. O relatório diz que "a distância evolutiva entre esses vírus de morcegos e o SARS-CoV-2 é estimada como extremamente afastada, o que sugere um elo perdido". Entretanto, a disseminação através de produtos alimentícios animais congelados também foi considerada improvável.

O surto do novo coronavírus foi declarado como pandemia em 11 de março de 2020. O relatório baseia-se em grande parte na visita de uma equipe de especialistas internacionais da OMS a Wuhan, a cidade chinesa onde a COVID-19 foi detectada pela primeira vez, de meados de janeiro a meados de fevereiro de 2021. Foto: Vladimir Fedorenco. Créditos: Sputnik

8 a cada 10 pacientes intubados com COVID morreram nas UTIs

A partir de dados do Ministério da Saúde, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelaram que, apenas entre novembro de 2020 e março deste ano, oito a cada dez pacientes intubados com COVID morreram nas UTIs dos hospitais brasileiros.

O país tem uma das maiores taxas de mortalidade do mundo de pacientes internados: 83,5%. Recentemente uma pesquisa já havia analisado dados do ano inteiro de 2020 e o resultado não foi menos estarrecedor: 2 a cada 3 pacientes intubados com COVID faleceram em 2020 nas UTIs do país.

Ainda, um levantamento feito pelo O GLOBO mostrou que quatro a cada dez mortes por COVID-19 no Brasil acontecem sem que sequer o paciente chegue à UTI. Isso porque ou as UTIs estão superlotadas ou há falta de profissionais da saúde nos hospitais. Estes trabalhadores se veem sobrecarregados em meio à pandemia, sem que o governo federal, o Congresso ou os governos estaduais tomem providências para garantir mais contratação de trabalhadores da saúde e aumento dos leitos de UTI, medidas essenciais frente ao colapso dos sistemas de saúde. Foto: Arquivo SECOM. Créditos: Esquerda Diario

sábado, 27 de março de 2021

Mais de 1.300 cidades podem ficar sem medicamentos para intubação

Com  avanço acelerado da pandemia e a falta de ações do governo, vários municípios já estão com escassez desses itens indispensáveis para intubação de pacientes.

Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que 1.316 cidades no Brasil correm risco de ficar sem medicamentos que integram o chamado kit intubação. Essas cidades representam 50,4% da amostra, segundo a CNM. 97 cidades, ou 3,7% das cidades consultadas, não responderam.

Além do risco de faltarem medicamentos, 709 dos 2.611 municípios (27,2%) alegaram que podem ficar também sem oxigênio em seus hospitais e centros clínicos voltados para o tratamento de pacientes com Covid-19.

São 2.142 os municípios que dizem não ter recebido oxigênio dos seus respectivos governos estaduais, ou 82% das cidades que participaram da pesquisa. Não responderam à pergunta 9,1% dos municípios consultados.

A pesquisa também perguntou aos gestores locais se os municípios estão adotando o fechamento total de atividades não essenciais como medida para conter o espalhamento do novo coronavírus; 983 (37,6%) disseram que adotaram essas restrições, enquanto 1.596, ou 61,1% da amostra, afirmaram que não não aderiram à medida. Foram 32 as cidades que não responderam à questão. Feriados municipais foram antecipados em só 10,6% (278) das cidades, mostra o levantamento. Foto: EBC. Fonte: CNN Brasil. Créditos: Observatório do terceiro Setor

Sem mortes por Covid-19 desde dezembro, Austrália realiza jogos e shows para milhares de pessoas

247-Mesmo na pandemia global, parte da Austrália já realiza eventos de grande porte para milhares de pessoas. O país não registrou morte alguma por Covid-19 desde dezembro de 2020.

Na quinta-feira (25), um evento esportivo teve um público estimado em até 70 mil pessoas assistindo ao vivo a partida de rugbi entre Carlton Blues e Collingwood Magpies no Melbourne Cricket Ground, um estádio com capacidade para 100 mil pessoas. Também em Melbourne já são realizados shows musicais para públicos de milhares de pessoas.

A banda Midnight Oil tocou para 13 mil pessoas no domingo (21), e um festival em homenagem ao recém-falecido produtor australiano Michael Gudinski reuniu artistas como Kylie Minogue e Ed Sheeran.

As fronteiras da Austrália estão fechadas. Podem entrar no país cidadãos australianos ou residentes, membros imediatos da família ou viajantes que estiveram na Nova Zelândia nos 14 dias anteriores. Quem chegar em território australiano precisa cumprir uma quarentena de duas semanas. Navios de cruzeiro podem entrar em águas australianas. Passageiros e a tripulação não podem desembarcar.

A Austrália registrou 29.2 mil casos de Covid-19 e 909 mortes pela doença até esta sexta-feira (26), de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Foto: Reprodução Facebook. Créditos: Brasil 247

sexta-feira, 26 de março de 2021

Butantan cria primeira vacina 100% brasileira contra Covid

O Butanvac á primeira vacina brasileira. O Instituto Butantan criou uma vacina contra a Covid-19, e pedirá autorização para ensaios clínicos com seres humanos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta sexta (26).

O Butantan é o maior produtor de vacinas do país e já fornece a Coronavac, fármaco de origem chinesa mais disponível hoje no Brasil. O imunizante se chama Butanvac e foi desenvolvido pelo instituto, que lidera um consórcio internacional do qual ele é o principal produtor — 85% da capacidade total de fornecimento da vacina, se ela funcionar, sairá do órgão do governo paulista.

O diretor do Butantan, Dimas Covas, diz ser possível encerrar todos os testes da vacina e ter 40 milhões de doses prontas antes do fim do ano. Há pelo menos outros sete estudos de imunizantes no Brasil, todos na fase anterior aos ensaios clínicos. "É uma segunda geração de vacina contra a Covid-19, pode haver uma análise mais rápida", afirmou.

O pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes da vacina, nas quais serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune com 1.800 voluntários. Na fase 3, com até 9.000 indivíduos, é estipulada sua eficácia. A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade.

Como a Butanvac utiliza uma tecnologia já usada amplamente no próprio Butantan para fabricar a vacina anual contra a gripe comum, Covas crê que isso será um fator a mais para acelerar seu desenvolvimento. As vacinas que foram desenvolvidas mais rapidamente contra a Covid-19 no mundo demoraram menos de seis meses para completar suas fases 1 e 2. "Mas elas eram totalmente novas", pondera Covas. A vacina será testada nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia – neste último, a fase 1 já começou.

A tecnologia em questão utiliza o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do Sars-CoV-2.

A proteína é responsável pela ligação entre o vírus e as células humanas, e ao ser inserida sozinha no corpo estimula a resposta imune. Segundo Covas, ela já utilizará a proteína da variante amazônica, a P.1, mais transmissível e possivelmente mais letal.

Outra vantagem prevista, se o fármaco funcionar, é de escala e de independência. O seu vetor é criado dentro de ovos embrionados, o que aumenta bastante a rapidez de sua produção, e não há necessidade de nenhum insumo importado.

Hoje, tanto a Coronavac (Butantan) quanto a vacina de Oxford (Fiocruz) são formuladas e envasadas no Brasil com insumos vindo da China. A partir do segundo semestre, o órgão paulista prevê a fabricação nacional da vacina.

Na Butanvac, o vírus é inativado com produtos químicos e, como a doença de Newcastle não afeta humanos, é uma alternativa ainda mais segura do ponto de vista de efeitos colaterais.

A Coronavac, cujos estudos da fase 3 foram coordenados no Brasil pelo Butantan, utiliza o próprio Sars-CoV-2 inativado como vetor. A vacina de Oxford/AstraZeneca, que também está sendo usada no Brasil, utiliza um adenovírus causador de gripe em macacos para inserir a proteína S.

Outras vacinas usam tecnologias mais recentes, como é o caso dos fármacos da Moderna e da Pfizer, que utilizam material genético (RNA mensageiro). Foto: Reuters. Fonte: Folha de S. Paulo. Créditos: ClickPB.