quinta-feira, 6 de maio de 2021

Endividamento da população bate recorde

Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostra que o percentual de endividados chega a mais de 67,5% da população no mês de abril.  Pandemia da Covid-19 sem controle, desemprego em alta e redução do auxílio emergencial escancaram ainda mais a desigualdade no país. O endividamento dos mais pobres bate recorde no governo Bolsonaro.

Esse é o nível mais alto da pesquisa, também registrado em agosto do ano passado. O resultado de abril significa a quinta alta mensal seguida, com 0,2 ponto percentual de crescimento em relação a março.

A sondagem mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o Ibre/FGV, também aponta para 22,3% da população com renda de até R$ 2.100 se dizendo endividada em abril. Desde o início da série histórica, em maio de 2009, esse patamar de endividamento da classe mais baixa só foi observado em junho de 2016.

De fevereiro para março, a Serasa Experian computou mais de um milhão de inadimplentes no país, totalizando 62 milhões de pessoas endividadas. Foi o segundo maior avanço mensal de toda a série histórica. No recorte por setor, a inadimplência apurada pela Serasa é maior nos gastos com cartão de crédito e em contas básicas, como água e luz. Créditos: Rede Brasil Atual

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Mortes de profissionais de enfermagem despencam após vacinação

Após a vacinação dos profissionais de enfermagem no país, as mortes entre eles despencaram. O Brasil chegou a ser um dos países em que mais morriam profissionais de enfermagem no mundo por Covid-19. 

Os óbitos entre eles, que vinham caindo no ano passado, explodiram de novo no começo de 2021, com a segunda onda da Covid, chegaram a 83 em março. E agora caíram para 24 em abril, numa queda de 71%.

A diminuição dos óbitos, segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), pode ser creditada a diversos fatores, sendo o principal deles a imunização desses profissionais. “Ainda assim, as equipes continuam sobrecarregadas. Em especial com o advento da segunda onda, que foi mais agressiva”, diz Walkirio Costa Almeida, que integra o comitê de crise da entidade.

Infelizmente, existem alguns profissionais da área de saúde que se recusam a tomar a vacina. O Hospital da Zona Sul de Londrina, no norte do Paraná, informou ter registrado a morte por Covid-19 de dois profissionais que se recusaram a tomar a vacina contra a doença.

O Cofen registrou em abril 7 mortes na região Norte do Brasil, 3 no Nordeste, 5 no Centro-Oeste, 8 no sul e 1 no Sudeste. A Covid-19 já matou, no total, 776 profissionais de enfermagem no Brasil. Fonte: Folha de São Paulo. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

sábado, 1 de maio de 2021

1º de Maio: Terceirização, e desmonte das leis

Ao invés de celebrar, neste 2021, a classe trabalhadora tem ainda mais motivos para reivindicar. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante o último ano de pandemia, houve uma redução de 8,8% nas horas trabalhadas, o que representa a perda de 255 milhões de empregos de tempo integral ao redor de mundo, quatro vezes mais do que em 2019.

Nos primeiros quatro meses do ano, a tendência se manteve, com a diminuição de 3% das horas trabalhadas em todo o planeta, equivalente a 90 milhões de empregos.

No Brasil a situação não é diferente, o país entra em 2021 com uma taxa de desemprego de 14,2%, quase 14 milhões de desocupados, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aqueles que ainda possuem alguma renda, a informalidade foi a saída.

Cerca de 34 milhões de trabalhadores, quase 40% da população economicamente ativa do Brasil, está no setor informal. São as pessoas que fazem bico, diaristas, ambulantes, pessoas que trabalham como freelancer, entre outras.

“A gente chega nesse 1º de maio, a nível mundial, com uma situação de bastante debilidade da classe trabalhadora do ponto de vista estrutural.  Algo que vem de um processo mais amplo de erosão do trabalho assalariado”, analisa o sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Festi.

Na última terça-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro editou uma nova Medida Provisória autorizando a suspensão dos contratos de trabalho por até quatro meses, o adiamento do pagamento do fundo de garantia (FGTS) e a diminuição dos salários em até 70%. Em 2020, com uma MP similar, 1,5 milhão tiveram os salários reduzidos e 9,8 milhões os contratos suspensos.

A socióloga Tábata Berg identifica que a precarização se expressou um tripé: terceirização, uberização e desmonte das leis trabalhistas.

“A gente tem um desmonte progressivo da CLT, com propostas de reformas trabalhistas cada vez mais duras. Essa é a realidade para os trabalhadores em todo o mundo, mas é ainda mais perverso nesse contexto, com um contingente significativo de trabalhadores que nunca experimentaram direitos sociais e direitos trabalhistas”, aponta a também pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Se o panorama geral é negativo, ao fazer um recorte de gênero e raça é possível perceber que o cenário pode ser ainda pior. As mulheres negras são 60% da população desempregada, segundo o IBGE. Também são as que passam mais tempo buscando emprego, 24% de 3 a 6 meses, e 18% passaram até um ano.

Além disso, são as piores remuneradas, uma mulher negra ganha em médio R$10,95 por hora, enquanto as mulheres brancas ganham cerca de R$18,15 por hora trabalhada, já os homens brancos tiveram uma média de R$20,79 de remuneração, segundo levantamento de 2020 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).

Entre a juventude, quase um terço dos jovens brasileiros estão desempregados e 78% possui baixos salários ou contrários temporários.

A falta de renda gera uma reação em cadeia, com o aumento da fome da pobreza. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), 118 milhões de mulheres latino-americanas passaram a viver em situação de pobreza em 2020 – maior índice dos últimos 20 anos.

O Brasil voltou a fazer parte do mapa de fome da ONU, quase 60% dos lares brasileiros realizam menos de três refeições ao dia, com 125,6 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Por Michele de Mello. Edição: Marina Duarte de Souza. Créditos: Brasil de Fato

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Desemprego bate recorde e atinge 14,4 milhões de brasileiros

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (30) os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) que mostram que o desemprego no Brasil atingiu 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro.

O número de brasileiros desempregados foi estimado em 14,4 milhões, a quantidade representa um recorde da série histórica iniciada em 2012. As informações foram publicadas no portal do IBGE. Na última PNAD, referente ao trimestre encerrado em janeiro, a taxa de desemprego estava em 14,2%, atingindo 14,3 milhões de brasileiros.

Já o nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) chegou a 48,6%, o que representa uma estabilidade em relação ao trimestre móvel anterior (48,6%) e recuando 5,9% em relação a igual trimestre do ano anterior (54,5%).

A taxa de informalidade foi de 39,6% da população ocupada (34 milhões de trabalhadores). No trimestre anterior, a taxa havia sido 39,1% e no mesmo trimestre de 2020, 40,6%.

Segundo projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada em março, a proporção de desempregados no Brasil poderá alcançar seu maior nível em 2021, com taxa de desocupação média de 14,6%. Créditos: Sputnik

terça-feira, 27 de abril de 2021

Razões políticas por trás da decisão da Anvisa sobre vacina russa Sputnik V

O Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) acredita que a decisão da Anvisa de não aprovar a importação da vacina russa contra COVID-19 seja uma decisão política. A RFPI também ressaltou que os "comentários técnicos" da Anvisa sobre a Sputnik V "não correspondem com a realidade"."

A decisão da Anvisa de adiar o registro da Sputnik V pode ser motivada politicamente. Isso é confirmado pelos dados do relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos de 2020, que fala abertamente dos esforços do departamento de pressionar as autoridades brasileiras e forçá-las a recusar a compra da vacina russa", enfatizou o RFPI.

De acordo com o diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, Aleksandr Gintsburg, a Anvisa não solicitou visita ao local de fabricação da vacina russa, lembrando que o centro não nega isso a ninguém, mas há regras.

Na segunda-feira (26), a Anvisa decidiu não recomendar a importação excepcional e temporária da vacina russa Sputnik V. A análise dos diretores justificou o posicionamento alegando falta de dados e risco de doenças por falhas na fabricação.

A vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 foi o primeiro imunizante contra o novo coronavírus a ser registrado, ainda em agosto de 2020. De acordo com resultados de estudos clínicos publicados em fevereiro na revista médica The Lancet, a Sputnik V tem eficácia de 91,6%. Dados da inoculação de 3,8 milhões de pessoas na Rússia mostram que a eficácia da Sputnik V é de 97,6%.

Até agora o imunizante já foi aprovado em 60 países, sendo a segunda vacina mais aprovada por órgãos sanitários no mundo. Diversos países sul-americanos já aprovaram o imunizante, incluindo México, Argentina, Bolívia, Venezuela e Paraguai. Foto: Shutterstock. Créditos: Sputnik.

domingo, 25 de abril de 2021

Governo corta 98% dos recursos do Minha Casa Minha Vida

O presidente Jair Bolsonaro cortou um bilhão e meio do programa Minha Casa Minha Vida, no Orçamento de 2021 deixou praticamente zerada a verba para dar continuidade às obras da faixa 1, do programa rebatizado pelo governo de Casa Verde e Amarela.

Houve um corte de R$ 1,5 bilhão nas despesas que estavam reservadas ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que banca as obras do faixa 1 do programa habitacional, voltada às famílias de baixa renda. 

Cerca de 200 mil unidades habitacionais devem ter obras paralisadas a partir de maio, uma vez que sobraram apenas cerca de R$ 27 milhões para tocar o programa. Foto: SECOM. Créditos: Estadão/UOL.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Bancos lucram R$ 79 bi, cortam 13 mil empregos e fecham 1.400 agências em 2020

Os cinco principais bancos brasileiros tiveram lucro de R$ 79,3 bilhões em 2020, ao mesmo tempo, fecharam quase 1.400 agências e eliminaram perto de 13 mil postos de trabalho. Isso “em um ano de crise sanitária, econômica e social”, segundo o Dieese, que divulgou levantamento sobre o setor.

Os bancos já estavam em um processo intenso de reestruturação com grande volume de investimentos em tecnologias da informação, tendo como objetivo a melhoria de seus índices de eficiência e a expansão dos negócios com menores custos, observa o Dieese, e com a pandemia esse processo se aprofundou. Os balanços divulgados mostraram o crescimento significativo das transações financeiras pelos canais digitais – transferências, operações de crédito e investimentos –, bem como a abertura de grande número de contas de clientes 100% digitais.

O instituto lembra ainda que milhares de profissionais do setor foram direcionados ao teletrabalho, ou home office, o que ajudou os bancos a reduzir custos de operação e levou ao fechamento de agências e escritórios. “Esse processo foi acompanhado da extinção de quase 13 mil postos de trabalho, somente em 2020, em plena crise sanitária e econômica, à revelia do compromisso dos bancos de não realização de dispensas, formalizado em acordo de abril de 2020, entre os bancos e o Comando Nacional dos Bancários”, aponta o Dieese. (Editado). Por Vitor Nuzzi. Créditos: Rede Brasil Atual