sábado, 3 de agosto de 2013

Primeiros contemplados com Bolsa Pódio são atletas paralímpicos


A presidenta Dilma Rousseff anunciou ontem (2) os 44 primeiros atletas que receberão a Bolsa Pódio, com valores entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. Todos são atletas paralímpicos e receberão em homenagem a seu desempenho no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico de Lyon, na França. Na competição, encerrada domingo (28), os brasileiros ficaram na terceira colocação geral no quadro de medalhas.
“Muito me orgulha começar com os atletas paralímpicos. Serão 160 bolsas, e começamos com os atletas paralímpicos.  E elas [bolsas] têm um sentido muito concreto. Com a bolsa, queremos ajudar na profissionalização, no acesso a melhores práticas, [dar] condições adequadas de trabalho e, sobretudo, viabilizar uma vida tranquila para que o atleta não precise se preocupar tanto com as condições de sobrevivência”, disse a presidenta.
Em pé ao lado da delegação brasileira, Dilma deixou de lado discurso preparado para a cerimônia e falou de improviso. Por diversas vezes, ela se afastou do microfone para falar diretamente aos atletas. Dilma parabenizou os atletas pelo desempenho no campeonato mundial e ressaltou que os bons resultados servem de exemplo e orgulho para o país. “Cada brasileiro olha para vocês com carinho, admiração, respeito pelo comprometimento e desempenho. Vocês demonstraram que existem valores que devemos cultuar e cultivar: o empenho, a determinação, o trabalho árduo e a alegria de vencer.”
O Programa Bolsa Pódio faz parte do Plano Brasil Medalhas, que investirá, até 2016, segundo o Ministério do Esporte, mais de R$ 1 bilhão no esporte nacional. A meta é possibilitar que o Brasil fique entre os dez primeiros colocados nos Jogos Olímpicos de 2016 e entre os cinco melhores nos jogos paralímpicos do mesmo ano.
Recordista mundial e ganhador de quatro medalhas no Campeonato Mundial Paralímpico de Lyon, o velocista Alan Fonteles disse que o investimento do governo ajuda no crescimento do esporte paralímpico. Ele ressaltou, no entanto, a necessidade de atenção às categorias de base. “O Plano Brasil Medalhas ajuda os atletas, mas o Brasil também precisa trabalhar bastante na base e nos centros de treinamento, dos quais é um pouco carente, e que são necessários para dar aos atletas melhores condições de competir."
De acordo com Fonteles, é preciso também olhar para a base porque, um dia, ele e outros atletas de ponta vão parar. "Os atletas novos é que vão levar o Brasil para a frente”, disse Fonteles à Agência Brasil.
Segundo Ariosvaldo Fernandes da Silva, ganhador da medalha de bronze no campeonato mundial nos 100 metros em cadeira de rodas, o programa ajudará na preparação para os Jogos Paralímpicos. “É um investimento importante e um fator que vem ajudar na nossa preparação. Não tem como fazer um esporte para paralímpico sem essa ajuda. Temos muitos gastos no dia a dia, com equipamento e com alimentação. Ajuda muito.”

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

BC decreta liquidação extrajudicial do Banco Rural

Banco Central decreta liquidação extrajudicial do Banco Rural

 O Banco Central (BC) decretou hoje (2) a liquidação extrajudicial do Banco Rural. De acordo com nota divulgada pela instituição, o motivo é o "comprometimento da situação econômico-financeira e falta de um plano viável para a recuperação da situação do banco". Com sede em Belo Horizonte, o banco tem porte pequeno.
Segundo o BC, em março de 2013 o Conglomerado Financeiro Rural detinha 0,07% dos ativos e 0,13% dos depósitos do sistema financeiro. Além do Banco Rural, a decisão abrange as outras empresas do conglomerado. São elas Banco Rural de Investimentos S.A, Banco Mais S.A, Banco Simples S.A e a Rural Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.
O comunicado da autoridade monetária diz que estão sendo tomadas medidas cabíveis para apurar as responsabilidades do caso. Ainda de acordo com o Banco Central, o resultado das investigações "poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicação às autoridades competentes". Em junho, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco BVA .
Desde 1995, depósitos individuais de correntistas de bancos liquidados são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Em maio, o  Conselho Monetário Nacional (CMN) aumentou o limite de cobertura para R$ 250 mil.  O FGC protege os recursos aplicados em conta corrente, caderneta de poupança, certificados de Depósito Bancário (CDBs), letras de câmbio, imobiliárias, hipotecárias e de crédito imobiliário.
Se o dinheiro estiver em fundos de investimentos, for proveniente ddepósitos judiciais ou de recursos captados ou levantados no exterior, não vão ter proteção do fundo. 
De acordo com o Banco Central, o Banco Rural tem 49 anos,  25 agências em operação e tinha 626 funcionários em junho de 2013. As agências funcionam em 19 unidades da Federação, segundo a página na internet do próprio banco liquidado. Por meio da assessoria de comunicação, o BC informou que, a partir da liquidação, o banco deixa operar imediatamente e é designado um liquidante para fazer um balanço. Um dos objetivos é assegurar o pagamento de credores.
O Banco Rural teve três dirigentes condenados no processo do mensalão: a ex-presidenta Kátia Rabello, o vice-presidente José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, ex-diretor. Kátia e Salgado estão recorrendo da decisão do Supremo Tribunal Federal.
Agência Brasil

O declínio de Detroit é um fracasso típico do capitalismo


Detroit está aí para nos provar: a estrutura hierárquica das empresas capitalistas proporciona aos acionistas majoritários e aos conselhos diretores os recursos necessários (lucros corporativos) para cortar as boas condições que os sindicatos às vezes conquistam. É assim que o sistema funciona.
O capitalismo é um sistema que deve ser julgado por suas falhas assim como por seus sucessos.

O crescimento econômico dos anos 1950 e 1960, conduzido pela indústria automobilística, fez de Detroit um símbolo global da renovação capitalista após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Os altos salários nas indústrias, com segurança e benefícios exemplares, eram tidos como a prova da habilidade do capitalismo de gerar e sustentar uma ampla "classe média", que poderia incluir até os afro-americanos. Os trabalhos na indústria automobilística se tornaram o modelo de emprego que os trabalhadores norte-americanos buscavam.

O fato é que estas condições de trabalho foram impostas aos capitalistas através de duras lutas sindicais, especialmente nos anos 1930. Uma vez derrotados nessas lutas, rapidamente reescreveram a história para que os bons salários e boas condições de emprego se tornassem algo que os patrões ''deram" aos trabalhadores. De qualquer forma, Detroit se tornou uma cidade vibrante e mundial nos anos 1950 e 1960, e sua cultura profunda e peculiar inspirou a música mundial tanto quanto seus carros influenciaram o mundo industrial.

Nos últimos 40 anos o capitalismo transformou esse sucesso em um fracasso abjeto, culminando agora na maior falência municipal da história dos EUA.
Aqueles que tomavam as decisões chaves - os acionistas majoritários da General Motors, Ford, Chrysler, etc, e o conselho diretor que eles mesmo selecionaram - fizeram escolhas desastrosas. Eles não conseguiram competir com os capitalistas europeus e japoneses e consequentemente perderam uma fatia do mercado. Eles reagiram de maneira inadequada e com atraso à necessidade de desenvolver tecnologias que poupassem combustível. Mas o que causou o maior impacto foi o fato de terem reagido a seus próprios fracassos decidindo deslocar a produção para longe de Detroit, para que pudessem pagar aos trabalhadores salários mais baixos. 

Os fracassos competitivos das companhias automobilísticas, assim como suas mudanças de domicílio, tiveram duas consequências econômicas centrais. A primeira: destruíram as fundações da economia da cidade de Detroit. A segunda: acabaram com as possibilidades de se constituir uma classe média duradoura nos EUA. Os últimos 40 anos revelaram a incapacidade ou a falta de vontade do sistema capitalista de reverter esta situação.

Os salários reais deixaram de crescer nos EUA nos anos 1970, e não cresceram desde então, mesmo que o aumento da produtividade dos trabalhadores tenha gerado ainda mais lucros aos patrões. O aumento da dívida dos consumidores e o trabalho em excesso postergaram em alguns anos o impacto da estagnação dos salários reais no consumo. 

Mas, em 2007, com a estagnação dos salários e o esgotamento da possibilidade de endividamento do consumidor, uma crise longa e profunda chegou. Os patrões usaram o desemprego resultante para atacar a segurança e benefícios trabalhistas além do setor público, que fora construído nos anos 1950 e 1960 para dar suporte à classe média (por exemplo, o ensino superior público de baixo custo).

Os capitalistas da indústria automobilística se tornaram líderes e Detroit expressou o declínio econômico resultante dessa liderança. Na crise profunda que enfrenta desde 2007, a General Motors e a Chrysler conseguiram resgates financeiros do governo federal, mas Detroit não. As companhias automobilísticas conseguiram estabelecer reduções salariais (através de um sistema de salários diferenciados, baseados na produtividade) o que fez com que a economia de Detroit, baseada nos salários, não conseguisse se recuperar, enquanto os lucros e produção das companhias conseguiram. Os fracassos do capitalismo privado obtiveram a cumplicidade do governo federal.

Apesar das vitórias do passado, obtidas a partir de heroicas greves e outras ações da União dos Trabalhadores Automobilísticos (United Auto Workers, em inglês), os poderes decisórios das companhias se mantiveram nas mãos dos acionistas majoritários e seu conselho diretor. Eles usaram esse poder para enfraquecer e até mesmo desfazer o que as lutas sindicais conseguiram conquistar. Os sindicatos se provaram incapazes de parar esse processo. Os capitalistas de Detroit então minaram as condições trabalhistas que os trabalhadores arrancaram deles - e assim destruíram a cidade do "sucesso capitalista" construída sob essas condições.

O declínio de Detroit, como o declínio paralelo da União dos Trabalhadores Automobilísticos, nos ensina uma lição inevitável. Os mesmos contratos que os sindicatos militantes conquistaram deram aos patrões grandes incentivos para que eles encontrassem caminhos por fora desses contratos. 

A estrutura hierárquica das empresas capitalistas proporciona aos acionistas majoritários e aos conselhos diretores os recursos necessários (lucros corporativos) para cortar as boas condições que os sindicatos às vezes conquistam. É assim que o sistema funciona. Detroit está aí para nos provar isso. A solução não está mais nos contratos.

Se os trabalhadores tivessem transformado as companhias em cooperativas de trabalhadores, Detroit teria evoluído de maneira diferente. As cooperativas não teriam deslocado a produção, o que acabou com seus trabalhos, famílias e comunidade. O deslocamento da produção, uma estratégia tipicamente capitalista, foi a chave para a queda populacional de 1,8 milhão em 1950 para 700.000 pessoas hoje. 

As cooperativas de trabalhadores talvez tivessem encontrado alternativas ao deslocamento da produção que poderiam ter salvado Detroit. Elas teriam, por exemplo, pago menos em dividendos aos proprietários e salários aos gerentes. Essas economias, se transferidas a um custo mais baixo para o consumidor, teriam possibilitado melhor preço em relação às montadoras japonesas e europeias do que aquele conseguido pelas Três Grandes de Detroit.

Não podemos saber exatamente o quanto a mais as indústrias de Detroit teriam se beneficiado do progresso técnico se elas tivessem se organizado como cooperativas de trabalhadores. Podemos supor que os trabalhadores possuem mais incentivos para melhorar a tecnologia em cooperativas que eles possuem e operam do que como empregados em empresas capitalistas. Por fim, cooperativas teriam produzido (e ajudado a promover) veículos de transporte coletivo ou outras alternativas aos automóveis, uma vez que eles viam que uma produção continuada de automóveis não garantiam as prioridades - emprego e o bem-estar dos trabalhadores - às cooperativas.

Que tipo de sociedade dá a um número relativamente pequeno de pessoas a posição e o poder para fazer decisões corporativas que impactam milhões dentro e no entorno de Detroit, enquanto excluem esses mesmos milhões de participarem das decisões?

Quando as decisões capitalistas condenam Detroit a 40 anos de um declínio desastroso, que tipo de sociedade alivia esses capitalistas de qualquer responsabilidade na reconstrução da cidade? 

A resposta mais simples a essa pergunta: nenhuma economia genuinamente democrática poderia funcionar dessa forma.
Richard Wolff (artigo publicado originalmente em The Guardian)
Tradução de Roberto Brilhante
Créditos: Carta Maior

Mais Médicos vai levar profissionais para 626 municípios


Em sua primeira seleção, o Programa Mais Médicos vai levar 1.753 médicos para 626 municípios. De acordo com o Ministério da Saúde, 51,3% das vagas ocupadas estão em municípios de maior vulnerabilidade social do interior e 48,6% nas periferias de capitais e regiões metropolitanas, todas elas nas áreas prioritárias do programa.
Os médicos com registro brasileiro selecionados têm até o dia 3 às 16h para homologar a inscrição. Ao todo, 2.379 médicos com diploma brasileiro fizeram a escolha dos municípios de preferência para atuar pelo programa. Destes, 507 não foram alocados em suas escolhas por indisponibilidade de vagas e poderão ajustar suas opções até segunda-feira (5).
Os demais 119 que, descumprindo as regras do edital, não apontaram as possibilidades de municípios para trabalhar, poderão voltar a participar do segundo mês de inscrições, que começa no próximo dia 15.
Dos 626 municípios selecionados na primeira etapa, 375 estão em regiões com 20% ou mais de sua população em situação de extrema pobreza, 159 em regiões metropolitanas, 68 estão em um grupo de 100 cidades com mais de 80 mil habitantes de maior vulnerabilidade social e 24 são capitais. Na distribuição dos profissionais foram atendidos ainda 23 distritos sanitários indígenas (Dsei).
Os municípios da Região Nordeste foram contemplados com o maior número de médicos, com um total de 619 profissionais direcionados a 300 cidades e um Dsei. Em segundo lugar, vem o Sudeste, com 460 dos médicos para atender a 122 municípios. Em seguida vem a Região Sul, com 244 médicos em 90 municípios. A Região Norte vai receber 250 médicos em 74 municípios e 17 Dsei; e Centro-Oeste, com 180 médicos em 40 municípios e cinco Dsei.
As vagas estão distribuídas entre Bahia (161), Minas Gerais (159), São Paulo (141), Ceará (138), Goiás (117), Rio Grande do Sul (107) e Amazonas (73)
A partir de terça-feira (6) até dia 8, os médicos que se formaram no exterior e finalizaram o cadastro no programa poderão selecionar os municípios com vagas não ocupadas por brasileiros.
No fim da tarde de hoje, o presidente da Associação Brasileira de Municípios, Eduardo Tadeu Pereira, esteve em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele pediu que o governo agilizasse acordo com outros países, como Espanha, Portugal, Cuba, Argentina e Uruguai, para a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil. "Com chamadas individuais o problema não vai ser resolvido", defendeu. Em entrevista à Agência Brasil, Pereira avaliou que o Programa Mais Médicos é emergencial e deve suprir a ausência de profissionais, mas que a medida necessária é a formação de mais médicos no Brasil.

Dilma sanciona, com vetos, Lei Anticorrupção


A presidenta Dilma Rousseff sancionou, com vetos, a  Lei Anticorrupção, que responsabiliza Diário Oficial da União.
administrativa e civilmente empresas que cometem crimes contra a administração pública e prevê novas punições.
Aprovada pelo Senado no começo de julho, a lei prevê punição, em outras esferas além da judicial, de empresas que corrompam agentes públicos, fraudem licitações e contratos ou dificultem atividade de investigação ou fiscalização de órgãos públicos, entre outros ilícitos.
Dilma fez três vetos ao texto, segundo informações da Controladoria-Geral da União (CGU). No primeiro veto, a presidenta retirou do texto o trecho que limitava o valor da multa aplicada às empresas ao valor do contrato. Fica mantida a redação que prevê a aplicação de multa de até 20% do faturamento bruto da empresa, ou até R$60 milhões, quando esse cálculo não for possível.
No segundo veto, o governo retirou da lei o trecho que tratava da necessidade de comprovação de culpa ou dolo para aplicar sanção à empresa. Segundo a CGU, diante do dano aos cofres públicos, não será necessário comprovar que houve intenção dos donos da empresa em cometer as irregularidades.
Dilma também vetou o inciso segundo o qual a atuação de um servidor público no caso de corrupção seria um atenuante para a empresa.
De acordo com a CGU, com a nova lei, na esfera judicial, poderá ser decretado perdimento de bens, suspensão de atividades e dissolução compulsória, além da proibição de recebimento de incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, por determinado prazo. As penas administrativas serão aplicadas pela CGU ou pelo ministro de cada área.
A Lei Anticorrupção também prevê tratamento diferenciado entre empresas negligentes no combate à corrupção e as que se esforçam para evitar e coibir ilícitos. Empresas que possuem políticas internas de auditoria, aplicação de códigos de ética e conduta e incentivos a denúncias de irregularidades poderão ter as penas atenuadas.
A nova lei determina ainda a desconsideração da personalidade jurídica de empresas que receberam sanções, mas tentam fechar novos contratos com a administração pública por meio de novas empresas criadas por sócios ou laranjas.

General brasileiro prepara ação inédita de tropas da ONU no Congo

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz está usando tropas da ONU para isolar uma das principais cidades do leste da República Democrática do Congo e defendê-la de grupos armados.
O brasileiro foi escolhido recentemente pela ONU para combater os mais de 50 grupos armados que atuam no leste do país.
Santos Cruz chefia uma tropa internacional de 20 mil homens, a maioria de países da África e Ásia, além de uma brigada especial elaborada para lutar contra os rebeldes. A unidade foi criada a partir de um mandato sem precedentes na história das missões de paz. Ele autoriza os capacetes azuis a lançar missões de ataque com armas pesadas e usar todos os meios necessários para neutralizar os grupos armados do país.
"O mandato é bem claro nas prioridades: a proteção de civis, a proteção do pessoal da ONU, isso é fundamental, e nós vamos utilizar no limite todos os recursos, todos os meios, toda a força disponível para responder a qualquer agressão que se tenha aos civis, à população ou às Nações Unidas", disse o general à BBC Brasil. "A nossa tolerância é zero, vamos utilizar nossos recursos no limite, sem dúvida nenhuma."
Até agora, não há tropas brasileiras integrando a missão.
Uma das maiores tarefas de Santos Cruz hoje é defender Goma, um dos principais focos de conflito no país, contra os rebeldes do M23. Para isso, ele instalou um cinturão de trincheiras e fortificações nas montanhas que circundam a cidade.
Os militares que fazem guarda nessas posições têm ordem para disparar caso grupos armados se aproximem.
O M23 é formado por ex-militares treinados que desertaram das Forças Armadas levando grande quantidade de armamento pesado. Eles fazem oposição ao governo e teriam recebido financiamento de Ruanda, segundo relatórios da ONU.
Quilômetros ao norte da cidade, rebeldes e tropas do governo se enfrentam em uma forte campanha militar iniciada no último dia 14. Enquando a luta não atinge populações civis ou estruturas da ONU, os capacetes azuis apenas observam o conflito à distância.
Créditos:BBC Brasil

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

“Pobre estudar medicina é afronta para a elite”, diz médico formado em Cuba


Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Para Andréia Campigotto, médica brasileira formada em Cuba, as universidades brasileiras precisam formar médicos com "um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje."
A elitização do ensino de medicina no Brasil é um obstáculo para jovens de baixa renda entrarem nas universidade e se formarem. Já os problemas nas provas de revalidação do diploma dificultam o exercício da profissão em território nacional pelos brasileiros que conseguiram se formar no exterior.

“Quem estuda medicina no nosso país são os filhos das elites, em sua maioria. É uma afronta para a elite um negro, um pobre, um trabalhador rural, filho de Sem Terra estudar medicina na faculdade, principalmente pelo status conferido por essa profissão”, afirma Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba e militante do MST.

Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Os programas do governo de acesso à universidade, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ampliaram o acesso, mas ainda não conseguiram universalizar e democratizar a educação.

“A maioria das pessoas que entram na universidade pública para cursar medicina tem dinheiro para fazer um bom cursinho ou estudou o tempo todo numa escola particular. Claro que há exceções, mas o ensino de medicina do nosso país é altamente elitizado”, acredita Augusto.

“A maior parte das pessoas que tem acesso às escolas de medicina são de classe média e classe média alta. Um pobre numa universidade particular não consegue se sustentar pelo alto preço das mensalidades. Sem contar que hoje temos mais universidades privadas do que públicas na área da saúde, dificultando ainda mais o acesso”, diz a médica formada em Cuba Andréia Campigotto, que também é militante do MST.

Revalidação

A necessidade dos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros passarem por uma prova para verificar se estão capacitados a exercer a profissão é um tema frequentemente pautado pela comunidade médica brasileira.

Independentemente do curso, todos os estudantes brasileiros que realizam um curso fora do país precisam passar por uma revalidação do diploma. No entanto, há falhas nesse processo no caso da medicina.

Um dos principais problemas é que não existe um padrão para o conteúdo dessas provas. Cada universidade federal pode abrir sua prova de reconhecimento de títulos no exterior. Com isso, o conteúdo não é uniforme. 

Além disso, o custo dessas avaliações é alto. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cobra uma taxa de inscrição de R$1.172,20. Outras universidades pelo país têm preços similares.

Preconceito

“As provas são injustas, porque têm um nível de médicos especialistas, e não de 'generalistas', que é o que somos após nos graduar. Isso causa uma desaprovação considerável dos estudantes que vem de fora”, acredita Andréia.

“O que a categoria médica não divulga é que 50% dos estudantes da USP reprovaram na prova feita pelo Conselho de Medicina de São Paulo. Foi uma prova para médico generalista, muito mais fácil que a de revalidação”, revela.

Para Andréia, há um “grande preconceito” por parte dos profissionais brasileiros em relação aos médicos formados em outros países, o que cria um entrave para a revalidação dos diplomas.

“Seria justo se os profissionais que se formam no Brasil fizessem as mesmas provas que nós, para ver se realmente se comprova uma suposta má formação de nossa parte, bem como discursa a categoria médica brasileira”, observa.

Os dois médicos defendem a realização de uma avaliação dos conhecimentos dos profissionais graduados no exterior, mas destacam que as provas atuais não cumprem esse papel, porque não são aplicados testes adequados para auferir o conhecimento.

“As provas teóricas e práticas atuais não levam em conta as complexidades. Seria muito melhor colocar esse médico para trabalhar sob um tutor e, a partir daí, se instaurar uma avaliação rigorosa e permanente. Mas isso não tem sido pensado”, pontua Augusto.

Formação

A concepção de medicina ensinada nas universidades impede também que os estudantes vejam a luta pela saúde além do tratamento de doenças.

“Nas universidades de medicina, só se vê doença. Não se fala em saúde. Como você pode lutar pela saúde se só vê doenças? Também é saúde lutar pelo direito à cidade e por um sistema público de saúde de qualidade”, destaca Augusto.

De acordo com o militante, a concepção de saúde deve ultrapassar uma formação técnica. “O médico deve exercer a medicina a favor da construção de um país mais saudável, sem esperar que as pessoas ou uma comunidade adoeça para depois intervir sobre ela, pois é o modo de vida que vivemos que gera as doenças do país”, defende.

Andréia quer se tornar professora de medicina para colaborar para a mudança da forma de ensinar das universidades. Ela se classificou na primeira fase do concurso para lecionar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Segundo ela, o campo da educação deve ser ocupado por aqueles que querem democratizar a educação. “Precisamos formar profissionais com um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje. É um campo interessante de atuação”.

Créditos: Carta Maior