terça-feira, 24 de setembro de 2013

Na ONU, Dilma critica duramente espionagem

dilma onu

A presidenta Dilma Rousseff abriu hoje (24) a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um duro discurso contra a espionagem massiva sobre empresas, governos e cidadãos do mundo promovida pelas agências de inteligência norte-americanas. E, como esperado, anunciou que o Brasil defenderá nos fóruns internacionais uma ampla reforma da governança global da internet, atualmente concentrada nos Estados Unidos. Dilma iniciou seu discurso lamentando os atentados terroristas ocorridos no Quênia durante o final de semana, e rapidamente passou para o tema da espionagem. Relatou aos chefes de governo e Estado membros das Nações Unidas que “recentes revelações” indicam que dados pessoais de cidadãos e informações empresariais de “alto valor econômico e estratégico” estiveram na mira do monitoramento norte-americano.
As revelações foram possibilitadas por documentos ultrassecretos da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos vazados pelo técnico de informática Edward Snowden ao repórter do jornal britânico The Guardian,  Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro.
“Também missões diplomáticas brasileiras, como a representação permanente do Brasil na ONU, e até mesmo a Presidência do Brasil, tiveram suas comunicações interceptadas”, lembrou Dilma, baseando-se nas reportagens recentemente publicadas pelo Fantástico, da TV Globo.
“Imiscuir-se assim na vida de outros países é ferir o direito internacional e a boa convivência das nações. Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais podem os direitos dos cidadãos de um país ser garantidos pela violação dos direitos dos cidadão de outros países. Pior quando as empresas privadas de telecomunicações estão envolvidas.”

Terrorismo?

A presidenta prosseguiu repudiando o argumento norte-americano de que todos os monitoramentos realizados por seus órgãos de inteligência têm como objetivo proteger o mundo da ameaça terrorista.
“O Brasil sabe se proteger”, rebateu, sem citar que os documentos vazados por Edward Snowden apontam que a NSA bisbilhotou comunicações também da Petrobras.
“Combatemos, reprimimos e não temos grupos terroristas em nosso território. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Como vários latino-americanos, lutei contra a censura, e não posso deixar de defender o direito à privacidade das pessoas. Sem ele, não há direito à liberdade e à liberdade de expressão. E não há democracia.”
Dilma revelou à Assembleia Geral da ONU que pediu explicações aos Estados Unidos sobre as denúncias, tanto pelos canais diplomáticos, como diretamente ao presidente Barack Obama no encontro reservado que tiveram durante a Cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia. O país requisitou ainda que Washington pedisse desculpas públicas pela espionagem e oferecesse garantias de que o monitoramento não se repetiria. Obama prometeu que se engajaria pessoalmente na questão. Porém, uma semana depois, prazo estabelecido pelo próprio presidente norte-americano para atender os pleitos do Brasil, nada aconteceu.
“Governos e sociedades amigas, como é nosso caso, não podem permitir que ações ilegais recorrentes tenham curso como se fossem normais”, considerou Dilma, anunciando as medidas a serem tomadas pelo país, uma vez que a questão vai além das relações entre Brasília e Washington.
“O Brasil redobrará os esforços para dotar-se de legislação, tecnologia e mecanismos que nos protejam da intercepção ilegal de dados. Meu governo fará o que estiver ao seu alcance para proteger o direito de seus cidadãos. O problema, porém, transcende o relacionamento bilateral. Afeta a comunidade internacional e dela exige resposta.”

Princípios

A presidenta defendeu que as tecnologias de informação não podem ser um novo campo de batalha entre as nações do mundo, como já começa a ocorrer.
“Temos que evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como espaço de guerra”, propôs, afirmando que a ONU deve desempenhar uma posição de liderança para regular o papel dos Estados na internet. Assim, poderá garantir que essa tecnologia seja utilizada para a construção da democracia. “O Brasil apresentará propostas para estabelecimento de um marco civil multilateral para governança da internet.”
De acordo com Dilma, a governança multilateral da rede deve obedecer cinco princípios: 1) liberdade de expressão, respeito à privacidade e aos direitos humanos; 2) governança democrática, multilateral, aberta, transparente e com participação coletiva; 3) universalidade, desenvolvimento social e humano e construção de sociedades inclusivas; 4) diversidade cultural; e 5) neutralidade da rede.
“O aproveitamento do pleno potencial da internet passa por uma regulação responsável que garanta liberdade de expressão, segurança e respeito aos direitos humanos”, concluiu.

Assembleia Geral da ONU: Síria, Irã e espionagem são destaques

Síria, uma possível reaproximação entre Estados Unidos e Irã e, de última hora, questões sobre terrorismo internacional levantadas pelo ataque a um shopping center em Nairóbi dominaram a véspera de uma sessão da Assembleia Geral da ONU "quente", que a presidente Dilma Rousseff abre nesta terça-feira.
Dilma Rousseff e Cristina KirchnerA presidente brasileira já disse que vai contribuir para o debate sobre os temas polêmicos da atualidade colocando na mesa a questão da espionagem americana, da qual ela própria foi vítima junto com ministros do seu governo e a Petrobras. Espera-se que a presidente critique os Estados Unidos e peça ações para garantir as liberdades fundamentais nas comunicações globais e na internet.
O tema foi incluído em uma lista de oito razões listadas pelo jornal Washington Post para argumentar que, neste ano, a reunião de líderes nas Nações Unidas pode ter mais relevância que em anos menos agitados.
"Os governos precisam proteger de forma efetiva a privacidade online por meio de políticas e leis mais fortes, dado o aumento da vigilância eletrônica generalizada", sublinhou na segunda-feira a organização Human Rights Watch em um comunicado emitido em Genebra.
A entidade assina, junto com cerca de outras 250 organizações não governamentais, uma carta de princípios internacionais com recomendações para que os governos não façam uso de práticas de vigilância ilícitas e abusivas nas comunicações globais.
Exemplos dessas práticas revelados por documentos vazados da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos foram alvo de declarações preocupadas da Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Navi Pillay, e do relator especial para Liberdade de Expressão da ONU, Frank La Rue.
Mas, em comparação com outros temas, a bandeira da espionagem levantada por Dilma recebe atenção limitada no país que ela criticará em seu discurso.
Às vésperas da abertura do debate de líderes, a maior expectativa é para o anunciado encontro entre o ministro do Exterior do Irã, Mohammed Javad Zarif, com o secretário de Estado americano, John Kerry — o contato de mais alto nível entre iranianos e americanos em mais de três décadas. Os dois se sentarão à mesa do grupo de seis países (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) que negocia com o Irã o programa nuclear bancado por Teerã.
Analistas buscarão sinais de retribuição à abertura manifestada pelo presidente iraniano, Hassan Rouhani, no discurso que o americano Barack Obama fará logo após o de Dilma, assim como a estratégia de Obama para assegurar Israel de que está ao lado do povo israelense na tensão com os iranianos.
Outro tema "quente" será o conflito sírio, cujo mais recente desenrolar foi o acordo negociado por Estados Unidos e Rússia pelo qual o presidente sírio, Bashar al Assad, se compromete a eliminar o seu arsenal de armas químicas.
França, Grã-Bretanha, países do Golfo, Turquia e outros devem dar seus pontos de vista na Assembleia Geral.
Nesta questão, o Brasil também deve expor sua visão, que consiste em se opor a uma ação militar e defender discussões políticas na conferência internacional Genebra 2, em referência à primeira conferência sobre a Síria realizada na cidade suíça no ano passado. É de interesse do Brasil participar destas discussões.
Finalmente, a questão das redes extremistas internacionais deve ser tratada no discurso de Obama e em discussões às margens do encontro da ONU, após o ataque a um shopping center em Nairóbi, no Quênia, que originou confrontos com as forças de segurança locais e deixou um saldo de mais de 60 mortos.
Na segunda-feira, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, disse a jornalistas que a milícia islâmica Al-Shabab, que perpetrou o ataque — segundo a milícia, por causa das operações do governo queniano contra seus enclaves de poder na vizinha Somália – "é precisamente o tipo de tema com o qual estamos nos confrontando cada vez mais".
"À medida que o núcleo da (rede extremista) Al-Qaeda se desfaz no Afeganistão e no Paquistão, vemos afiliadas criar bases em diferentes partes do mundo", disse o conselheiro.

Além de abrir o debate na plenária na manhã da terça-feira, a presidente Dilma Rousseff participa no meio da tarde de uma sessão de alto nível para encaminhar as resoluções da Rio+20, realizada no ano passado.Na lista de temas que serão tratados na Assembleia também se inclui o desenvolvimento sustentável, tema da 68ª sessão do debate geral deste ano.
A conferência procurou sentar as bases de um modelo de desenvolvimento sustentável que os governos devem buscar a partir de 2015, em substituição às metas básicas de redução da pobreza e elevação de indicadores sociais contidas nos Objetivos do Milênio — oito metas estabelecidas pela ONU para serem alcançadas por 191 países membros até 2015.
O novo Fórum de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, que reúne governos e chefes de Estado, se reunirá a cada quatro anos na Assembleia Geral da ONU, com reuniões em nível ministerial uma vez por ano.
Suas deliberações se traduzirão em declarações governamentais acordadas pelas partes. A partir de 2016, a instância acompanhará a implementação das metas de desenvolvimento sustentável pelos países da ONU.
"O Fórum é uma plataforma crucial para examinar os desafios de hoje de maneira holística e integrada", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Em preparação para os dois eventos, a presidente Dilma Rousseff passou a segunda-feira, seu primeiro dia em Nova York, encerrada em reuniões com ministros, "recebendo subsídios" para finalizar seus discursos, segundo a comunicação do Planalto.
À tarde, ela recebeu o ex-presidente americano Bill Clinton, presidente de uma fundação que leva o seu nome e que realizará no Rio, no fim do ano, um evento para discutir "os problemas mais urgentes do mundo".
Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, Clinton convidou a presidente brasileira para participar do evento.
Dilma também recebeu a presidente argentina, Cristina Kirchner. Ao fim do encontro, a presidente argentina disse à imprensa que ambas conversaram sobre temas da atualidade, como espionagem americana, questões econômicas discutidas na última reunião do G20 — o grupo de principais países emergentes e avançados — e a crise na Síria.
Sobre Síria e a espionagem americana, a presidente argentina manifestou posição semelhante à da colega brasileira.
Créditos; BBC Brasil

PSB hesita em saída do governo

campos_executivapsb_Sérgio-.jpg

 Passados cinco dias do anúncio de rompimento do PSB com o governo federal, praticamente tudo continua como antes. A expectativa é de que a indicação dos nomes que vão suceder os dirigentes do partido nos cargos só deva ser iniciada, de fato, a partir da próxima segunda-feira (30). Isso porque, embora já estejam sendo articulados futuros postulantes para esses cargos, informações do Palácio do Planalto e de diretores do PSB dão conta de que a própria presidenta Dilma Rousseff teria pedido um tempo ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente nacional da legenda, para que pudesse ser realizada uma boa transição.
A ideia é fazer as substituições dos atuais ocupantes por técnicos que, ao mesmo tempo em que consistam em indicações políticas e reforcem as alianças existentes, também estejam sintonizados com tais pastas e os programas em curso. A demora, por um lado, surpreende quando se pensa no jogo político que envolve a troca de cadeiras nos ministérios – uma vez que é comum, após a saída de ministros e secretários com status de ministro, as funções serem ocupadas interinamente pelos respectivos secretários-executivos. Neste caso, Fernando Bezerra e Leônidas Cristino já deveriam ter deixado a Integração Nacional e a Secretaria dos Portos, respectivamente, mas ainda não têm data para fazê-lo.
O vai-não-vai reflete a oposição de parte importante da cúpula do PSB ao projeto pessoal de Campos, que forçou rompimento de uma aliança que vem desde 1989 para trabalhar sem amarras sua candidatura à Presidência da República em 2014. A RBA soube que a decisão da Executiva socialista na semana passada, pela saída do governo, esteve longe de ser unânime. De 13 dirigentes presentes ao encontro, cinco teriam se posicionado contra, entre eles o governador do Ceará, Cid Gomes, um dos principais adversários internos de Campos. Também teriam rejeitado a proposta o governador Renato Casagrande (ES) e os senadores João Capiberibe (AP), Lídice da Mata (BA) e Antônio Carlos Valadares (SE).
Os sinais de racha na cúpula do PSB teriam chegado ao conhecimento da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passaram a trabalhar pela manutenção da aliança, ainda que contra a vontade de Campos, tanto no campo federal como nos governos locais onde PT e PSB estão juntos.
De outro lado, a demora, conforme informações da Casa Civil, decorre do fato de o governo Dilma ter adotado, desde o início, a estratégia de entregar ministérios e estatais com praticamente todos os cargos para livre escolha do PSB – procedimento que não era observado em governos anteriores, quando determinada sigla tinha direito a indicar o ministro e alguns assessores somente (e os demais cargos ficavam na cota de outras siglas). Sendo assim, deverão sair do Executivo não apenas os titulares de cada órgão, como seus assessores mais diretos.
“Uma coisa é o PSB deixar o governo, outra coisa é deixar o governo a ver navios”, afirmou um dos integrantes do diretório nacional da legenda, ao comentar a situação e a necessidade de respeito ao período de escolha dos novos dirigentes, para que se efetive a troca de cadeiras. Por trás desse jogo de cena entre governo e PSB, no entanto, estaria ainda a tentativa dos dois partidos de esfriar os ânimos que levaram ao rompimento da última semana, de modo a evitar que a ruptura seja marcada por hostilidades nos estados. A nota divulgada por Eduardo Campos, dizendo que o partido seguiria apoiando o governo do PT no Congresso, e a visita do governador a Dilma foram sinais importantes neste sentido.
Um sentimento que também está sendo observado por parte do PT. Após reunião hoje (23), em São Paulo, a Executiva petista divulgou nota enfatizando que não retirará os cargos ocupados por integrantes do partido nos governos estaduais e municipais comandados pelo PSB, deixando a cada diretório a decisão de optar pela saída ou não dos técnicos, de modo programático “embora mantendo a diretriz de que os cargos estão sempre à disposição”.
No documento o PT ressaltou ainda que “tanto agora quanto nas eleições de 2014, está em jogo a mesma disputa de projetos que marcou as eleições de 2002, 2006 e 2010”. O comunicado manda um recado a Campos ao recordar que as eleições colocarão novamente dois campos distintos em disputa: um representado pelos governos Lula e Dilma e outro, representado pelos governos do PSDB, DEM e PPS. “Esperamos que o PSB se mantenha ao lado do projeto de mudanças que estão em curso no país”, conclui a nota – mostrando a preocupação por parte das duas siglas.
Por parte do PSB, quem melhor expressou esse sentimento de dar mais tranquilidade ao processo de transição, de forma implícita, foi o presidente do partido socialista em Sergipe, deputado estadual Valadares Filho. "Continuaremos ajudando a presidenta na governabilidade. A entrega dos cargos não nos leva para a oposição e não nos faz aliados da direita. Não faremos mais parte do governo, mas também não vamos prejudicar um governo que ajudamos a construir", ressaltou.
Critérios técnicos
Para além da questão política, outro fator envolve a escolha de nomes técnicos indicados por socialistas para o governo, de 2010 até agora. “Temos cargos de engenheiros renomados que foram nomeados pelos titulares do PSB, mas nada têm a ver com o partido. Não sabemos como isso fica”, colocou Renato Alencar, um dos técnicos da Companhia Docas, do Ceará.
Diante disso, informações de bastidores do Ministério da Integração Nacional e de algumas companhias são de que estão sendo avaliados os casos de diretorias e secretarias nos órgãos até então pertencentes ao PSB que estão ocupados hoje por pessoas não vinculadas ao partido propriamente, mas que ao mesmo tempo foram levados por socialistas e estão realizando trabalhos considerados importantes para o Executivo. Alguns, inclusive, podem até vir a ser mantidos, dependendo do critério a ser estabelecido nos próximos dias.
São tidos como cargos do PSB o Ministério da Integração Nacional, a Secretaria Nacional dos Portos, três diretorias da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), bem como as presidências da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Além da presidência da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da presidência da Companhia Docas, do Ceará.
Estimativas do Ministério do Planejamento, ainda em andamento, são de que perto de 80 cargos do primeiro escalão destes órgãos foram indicados pelo PSB. Há, no governo, de acordo com assessores, ministros que defendem a permanência da equipe tida como mais técnica, como forma de possibilitar uma ruptura sem maiores desavenças, mantendo-se a intenção de, num segundo turno e nos estados onde for possível, ser retomada a parceria entre PT e PSB nas eleições de 2014. Mas há, também, uma ala do PT que considera que a ruptura deve ser relacionada a todos os cargos, sem restrições.
Arrumando mesas
Enquanto a questão é avaliada os ministros e presidentes das companhias já arrumam suas mesas e papeis. Fernando Bezerra Coelho disse que ficará até uma segunda conversa com a presidenta, que lhe pediu que aguarde até a chegada do sucessor. Leônidas Cristino, por sua vez, está no Panamá em encontro oficial de ministros ibero-americano para discussão de acordos marítimos entre os países, desde a última semana. O ministro dos Portos só retorna ao Brasil no sábado, quando deverá conversar com a presidenta.
Os dois ministros tinham dado sinais anteriormente de que poderiam continuar no governo, fazendo a opção de migrar para outro partido, caso houvesse rompimento por parte do PSB. Mas na última semana confirmaram seu apoio à decisão adotada pelo colegiado nacional do partido.
Também consiste em fator de peso nas articulações o reforço a ser dado aos partidos que possuem alianças com o governo – caso do PMDB. Já foi antecipado que os peemedebistas deverão receber o aval para sugerir nomes do partido para boa parte dos cargos que estão hoje com o PSB. Mas a presidenta, antes de viajar aos Estados Unidos, deixou claro que é preciso a indicação de postulantes de consenso no partido – uma vez que a sigla é conhecida por disputas isoladas em vários estados.
O mais mencionado para ocupar o Ministério da Integração Nacional, nos últimos dias, tem sido o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). O senador, ex-presidente da Comissão de Orçamento, preside a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e é, atualmente, o corregedor-geral do Senado. Sua nomeação ajudaria, sobretudo, a suprir uma lacuna com o PMDB da Paraíba, que nos últimos tempos tem se posicionado mais junto ao PSDB que ao PT.
Leia mais em Rede Brasil Atual

'Mini-órgãos' feitos com impressora 3D são usados para testar vacinas

Impressora 3-D | Crédito: AP
Mini-órgãos desenvolvidos a partir de uma impressora 3-D modificada estão sendo usados para testar novas vacinas em um laboratório nos Estados Unidos.

O processo replica as células humanas para imprimir estruturas que imitam as funções do coração, fígado, pulmão e vasos sanguíneos. Os órgãos são então inseridos em um microchip e ligados a um substituto de sangue, permitindo aos cientistas monitorar de perto tratamentos específicos.O Departamento de Defesa dos Estados Unidos financiou o projeto com US$ 24 milhões (R$ 54 milhões). A bioimpressão, uma forma de impressão 3-D que, de fato, cria tecido humano, não é nova. Nem a ideia de cultivar tecido humano 3-D em um microchip.
Mas os testes que estão sendo realizados no Wake Forest Institute for Regenerative Medicine, na Carolina do Norte, são os primeiros a combinar vários órgãos em um mesmo dispositivo, capaz de modelar a resposta às toxinas químicas ou a agentes biológicos.
Os órgãos desenvolvidos em laboratórios são então inseridos em um chip de cinco centímetros e unidos em uma espécie de sistema circulatório que usa um substituto de sangue semelhante ao usado cirurgias de emergência.As impressoras 3-D modificadas, desenvolvidas em Wake Forest, imprimem células humanas em materiais a base de hidrogel, um tipo de gel que é capaz de reter grande quantidade de água.
O substituto do sangue mantém as células vivas e pode ser usado para receber agentes químicos ou biológicos e a introduzir terapias potenciais no sistema.
Sensores que medem a temperatura real, os níveis de oxigênio, o pH e outros fatores passam informações sobre como os órgãos reagem e, principalmente, como eles interagem uns com os outros.
Anthony Atala, diretor do Wake Forest e coordenador da pesquisa, disse que a tecnologia poderia ser usada tanto para "prever os efeitos dos agentes químicos e biológicos quanto testar a eficiência de tratamentos potenciais".
"Na prática, estamos fazendo testes em tecido humano", afirmou ele.
"Funciona melhor do que os testes em animais", acrescentou.
LEIA MAIS EM: BBC Brasil

'Americanos e russos são dois lados da mesma moeda', diz ativista síria

20130922por-ramiro-furquim-_oaf4062.jpg

Em visita ao Brasil, ex-funcionária da ONU em Damasco explica que tanto Washington como Moscou gostariam de ver os dois lados da guerra disputando eleições.
 A ativista síria Sara al-Suri esteve no Brasil ano passado e retornou recentemente ao país com a intenção de promover campanhas políticas contra a ditadura de Bashar al-Assad. Ex-funcionária das Nações Unidas em Damasco, Sara deixou a Síria em março de 2012 – sua família precisou abandonar o país há sete meses. Com 25 anos, a ativista cursava Ciência Política e Sociologia.
Sara al-Suri observa que os Estados Unidos e a Rússia são “dois lados da mesma moeda” no que diz respeito às negociações em torno do regime sírio. Para ela, as duas potências desejam articular uma alternativa política para a saída de Bashar al-Assad do governo. “Todos gostariam de fazer com que Bashar al-Assad, os rebeldes e a oposição burguesa simplesmente sentassem em uma mesa, apertassem as mãos, agendassem eleições para 2014 e fingissem que está tudo resolvido.” Essa solução, acredita, apenas levaria a uma “cosmética transição de governo dentro de um país que está em guerra”.
Nesta entrevista ao Sul21, concedida durante sua passagem por Porto Alegre na semana passada, Sara al-Suri também fala sobre a situação das mulheres na Síria. Ela ressalta que tanto os rebeldes quanto os soldados do governo são machistas. “O que a revolução fez foi dar a nós, mulheres, uma chance de sermos ativistas, de lutarmos contra a opressão, contra a exploração e contra a marginalização. Porém, é um engano pensar que a revolução, por si só, nos libertou”, comenta. “Quanto mais comparecia aos protestos, mais eu conhecia pessoas que não encontraria na universidade ou através dos meus amigos. Era um contexto social completamente diferente.”
De que lugar da Síria tu és e quando começaste a lutar contra o regime?
Sou de Damasco, a capital. O primeiro protesto que eu participei ocorreu no dia 8 de março de 2011. Era uma manifestação em favor dos revolucionários líbios, em frente à embaixada da Líbia. Éramos um grupo de aproximadamente 50 a 60 pessoas. Foi um evento muito pequeno e insignificante comparado ao que aconteceu depois, mas muitos de nós fomos presos. Alguns foram presos por poucas horas, outros por alguns dias. Esse foi meu primeiro protesto antes da verdadeira revolução de massa, que começou no dia 15 de março na cidade da Daraa, no sul do país.
O que tu fazias na Síria?
Eu trabalhava na ONU e era estudante: graduanda em Ciência Política e mestranda em Sociologia. Eu também trabalhava para o World Food, programa de alimentação das Nações Unidas.
Por que e quando tu saíste do país?
Deixei a Síria em março de 2012. Não havia problema em sair, mas eu não poderia voltar. Se quisesse voltar, teria que ser clandestinamente. No início, minha atuação na Síria era focada na participação nos protestos. Depois, acabei me dedicando ao Comitê de Coordenação Local em Rukn Eldin – um bairro na área central de Damasco –, organizando manifestações, escrevendo panfletos, fazendo campanhas para a liberação de detidos.
Como está a situação deste bairro atualmente?
Atualmente é uma das maiores áreas armadas dentro de Damasco em que o regime ainda não conseguiu intervir. É um bairro de classe trabalhadora. No início, eu não me senti muito confortável lá. Meu primeiro contato com a revolução envolveu intelectuais e artistas que apoiavam o processo na Líbia. Porém, quanto mais eu comparecia aos protestos, mais eu conhecia pessoas que não encontraria na universidade ou através dos meus amigos. Era um contexto social completamente diferente. Foi aí que comecei meu ativismo. Não íamos ao centro de Damasco, mas, sim, às partes periféricas da cidade, especificamente a um local chamado Dummar, que é agora uma zona liberada. Era muito interessante, pois as pessoas saíam das áreas centrais da cidade para juntarem-se a esses protestos na periferia, já que Damasco ainda estava sob forte controle do regime.
Qual foi o sentimento das pessoas na Síria quando a primavera árabe começou, quando os primeros protestos tomaram conta da Tunísia?
Foi inacreditável, porque não podíamos nem comemorar publicamente. Ficamos muito felizes por tudo ter começado na Tunísia. (Mohamed) Bouazizi (o cidadão tunisiano que colocou fogo no próprio corpo) se tornou uma figura importante na Síria, todos usavam sua foto. O regime foi tolo o bastante de permitir isso. O clima ainda era de segurança, então podíamos falar sobre isso, desde que não publicamente. Quando Mubarak caiu no Egito, lembro que as pessoas trocavam mensagens de texto utilizando uma expressão em árabe em que uma pessoa diz “parabéns” e a outra responde “espero que você seja o próximo”. É uma expressão utilizada para felicitações em casamentos e nascimentos de crianças. Foi assim que celebramos em Damasco.
Continue lendo a entrevista na página do Sul 21
Créditos: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Chuvas em Santa Catarina atingem mais de 20 mil pessoas

Foto: Rua 7 de setembro esquina com Travessa José Binder no centro de Presidente Getúlio.
foto: Patrícia Severino.
TV IMAGEM NET
Cetro da cidade  de Presidente Getúlio-SC. Foto: TV Imagem Net

 As chuvas em Santa Catarina já afetam mais de 20 mil pessoas. Segundo a Defesa Civil, até a manhã de hoje (23), as enchentes atingiam 70 municípios, dos quais seis decretaram situação de emergência: Araquari, Bom Retiro, São José do Cedro, Saltinho, Santa Terezinha do Progresso e Serra Alta. Mais de 4,6 mil casas foram danificadas pela inundações, por destelhamentos, queda de granizo ou deslizamento de terra.
No Vale do Itajaí, um dos municípios mais aingidos é Blumenau, com 12,3 mil pessoas desabrigadas e 281 desalojadas, além de 3,1 mil residências e 1,3 mil estabelecimentos comerciais e industriais afetados pela inundação. A cidade havia se preparado para as enchentes, com 23 abrigos, desligamento preventivo de energia nas ruas próximas do leito do Rio Itajaí-Açu, que banha o município e uma força-tarefa formada por representantes das defesas civis municipal e estadual, do Corpo de Bombeiros, da prefeitura, de escolas e outras instituições.
Outro município em situação crítica no Vale do Itajaí é Rio do Sul, onde 1,5 mil pessoas estão desalojadas e 536, desabrigadas. Rio do Sul conta com 18 abrigos para as vítimas das enchentes.
“Apesar da chuva ter parado, a região costeira catarinense ainda sofre com a maré alta", disse o meteorologista Marcelo Martins, do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina. Segundo ele, as preamares variam, em média, 1 metro nos municípios de Itajaí e São Francisco do Sul e na capital, Florianópolis. Martins alertou que há possibilidade de ressaca no litoral.
Mesmo com previsão de queda no volume de chuvas, a Defesa Civil mantém o alerta para risco de deslizamentos de encosta nos municípios da Grande Florianópolis, no litoral e no Planalto Norte, Vale do Itajaí, litoral sul, Meio-Oeste, Planalto e litoral sul. Podem ocorrer alagamentos e inundações nas áreas com drenagem deficiente, especialmente no litoral, vulnerável aos efeitos da maré, e na Bacia do Rio Itajaí. Há também alerta para inundações em Lages.
Em casos de inundação, a Defesa Civil orienta as pessoas a não ter contato com a água e nunca beber água ou comer alimentos que tenham tido contato com a enchente. É importante também ficar atento às crianças em áreas próximas de rios e ribeirões.
Em tempestades com descargas elétricas e vento, não é aconselhável ficar ao ar livre. Deve-se ainda evitar a permanência em campos abertos próximos a placas e árvores ou objetos que possam ser arremessados – as pessoas precisam procurar lugares cobertos, com janelas e portas fechadas, para se proteger, e ter o cuidado de não manusear equipamentos eletrônicos ou telefone convencional e o celular, por causa de raios e relâmpagos.
Quanto a possíveis deslizamentos, a recomendação é observar se há qualquer qualquer movimento de terra, rachaduras nas paredes, inclinação de postes e árvores perto de casa. Em caso de deslizamento, as famílias devem sair de casa imediatamente e acionar a Defesa Civil Municipal ou o Corpo de Bombeiros.
Créditos: Agencia Brasil

Imponderabilidade provoca maiores alterações em artérias do cérebro

espaço

São as artérias do encéfalo que experimentam maiores alterações por falta de gravidade. Tal é a conclusão a que chegaram os pesquisadores da Rússia e dos EUA ao analisarem resultados de um importante projeto conjunto, Bion M, concebido para estudar os efeitos da permanência no espaço sobre organismos vivos.



Em abril deste ano, os especialistas russos e americanos enviaram a órbita um "comando" numeroso de ratos, lagartixas, peixes, plantas e micro-organismos. A tripulação pouco comum permanecia em estado de imponderabilidade durante um mês, fazendo com que esse voo se tornasse a viagem mais prolongada de uma "arca de Noé" espacial. Logo a seguir, as experiências prosseguiram em terra, no Instituto de Problemas Médico-Biológicos, sito em Moscou.
"Descobrimos que as artérias do encéfalo são afetadas mais gravemente do que, por exemplo, as artérias femorais", comentou Vladimir Sychev, chefe do projeto científico Bion M, referindo-se aos primeiros resultados das experiências. De acordo com ele, isso aponta que em condições de imponderabilidade muitas funções do cérebro, incluindo as cognitivas, podem sofrer alterações substanciais.
Os bichos "cosmonautas" tiveram um intenso programa de preparação para a missão. Com o monitoramento do peso, medições do tronco "de ponta de antenas a ponta da cauda", treinamentos a fim de os adaptar à microgravidade e inclusive complexos testes psicológicos, para determinar quem convém melhor – fêmeas ou machos – para uma odisseia no espaço. Verificou-se que os machos são mais indicados.
"O balanço hormonal é muito potente em fêmeas e, portanto, é capaz de encobrir muitas alterações. É por isso que os machos são mais interessantes para o estudo que as fêmeas", esclareceu Sychev. No entanto, os machos são muito mais agressivos e respondem de forma mais expressa e violenta a mudanças das condições físicas de vida.
As lagartixas suportaram o voo melhor que todos os demais "tripulantes": os representantes da família dos geconídeos não sofreram baixas. Porém, só 19 dos 45 ratos conseguiram regressar à Terra. Alguns animalzinhos não sobreviveram a forças G após o arranque. Outros morreram em brigas com seus congêneres. Os peixinhos também não sobreviveram: as algas deixaram de sintetizar oxigêneo por causa de uma falha de luz nos aquários.
Na prolongação terrestre das experiências, os bichos permaneciam durante 30 dias expostos à mesma temperatura, umidade e composição do ar que existiam no espaço, mas sem radiação elevada e imponderabilidade. Ao terem comparado o estado dos animais experimentais, incluindo os indicadores de pressão arterial, os cientistas chegaram a uma conclusão de suma importância para os voos espaciais tripulados por seres humanos: a imponderabilidade influi negativamente nas funções do cérebro.
O projeto segue avançando. Durante o próximo semestre serão estudados os vídeos gravados e analisados os dados. Os especialistas do Instituto de Problemas Médico-Biológicos da Academia das Ciências da Rússia examinam os animais "cosmonautas" junto com seus colegas americanos, aplicando métodos de pesquisa mais sofisticados.
"A prioridade do futuro mais próximo consiste em estudar os efeitos do espaço sobre o sistema sanguíneo em geral e, é claro, sobre o coração", concluiu Vladimir Sychev.
Créditos: Voz da Rússia