sábado, 7 de outubro de 2017

O consumo de álcool provoca 250.000 mortes por câncer de fígado a cada ano

El País - A relação entre o consumo de álcool e o desenvolvimento de câncer é cada vez mais evidente para a ciência, mas não tão conhecida entre a população. Entre outros motivos, pelos esforços da indústria para confundir os consumidores. Entre todos os tipos de câncer, o do fígado é o mais frequentemente associado a essas bebidas. E, sendo um dos mais letais, acaba sendo um tipo de tumor que poderia causar menos sofrimento se fossem tomadas ações devidas para preveni-lo.


Uma análise abrangente do alcance do câncer de fígado no mundo todo mostra que em um único ano, 2015, ele acabou com as vidas de 810.000 pessoas (de 854.000 casos). Destas mortes, cerca de 30% tinha como detonante o consumo de álcool, de acordo com um estudo publicado por JAMA Oncology. Ou seja, quase 250.000 mortes nos 195 países estudados, dos quais mais de 200.000 seriam homens. Aqui é onde o álcool demonstra ser um fator cultural da mortalidade: 53% das mortes por câncer de fígado da Europa do Leste são por culpa da bebida, 46% na Europa Central e 32% na Europa Ocidental (mais de 15.000 pessoas).
“A principal importância de nossos resultados é que o câncer de fígado continua sendo uma das principais causas de mortes por câncer em muitos países, apesar da disponibilidade de estratégias preventivas eficazes”, explicou para Materia a principal autora do estudo, a Dr. Christina Fitzmaurice, da Universidade de Washington. Quase um terço das mortes é provocado pelo álcool, uma causa que poderia ser combatida. Outro terço é causado pelo vírus da hepatite B e 21% ao da hepatite C. “Agora podemos prevenir a hepatite B com vacinas e a hepatite C pode ser tratada com sucesso”, diz Fitzmaurice.
O câncer de fígado é o quarto tipo de tumor que provoca mais mortes globalmente embora suas três causas principais são “muito preveníveis ou evitáveis”, segundo conclusão do estudo.
“O abuso do álcool continua sendo um importante fator de risco para o câncer de fígado e os tratamentos atuais para o alcoolismo não são muito eficazes”, lamenta a oncologista. Fitzmaurice acredita que além de desenvolver melhores tratamentos, as estratégias de prevenção para o álcool devem se concentrar tanto na política de saúde como na educação. O estudo mostra que a incidência de álcool como fator detonante cresceu desde 1990 se forem ajustadas as variáveis demográficas.
Nos últimos anos, foi demonstrado que o consumo de álcool aumenta o risco (ou a probabilidade) de contrair alguns tipos de câncer. Nem todo mundo que bebe álcool vai desenvolver um tumor, mas estudos cada vez mais conclusivos mostram que alguns tipos de câncer são mais comuns nas pessoas que bebem álcool, mesmo com um consumo moderado. Aqueles que bebem inclusive níveis baixos de álcool possuem maior risco de contrair câncer de boca, esôfago, garganta e mama do que as pessoas que não bebem nada de álcool. Os cânceres de fígado e pâncreas são mais comuns nas pessoas que bebem muito.
O estudo mostra que a incidência de câncer de fígado aumentou em 70% nos últimos 25 anos, principalmente devido ao envelhecimento e aumento da população. Uma grande maioria dos casos ocorre em países ricos, sendo que o Japão é um dos mais castigados.
Créditos: El País

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