sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Amizade entre Rússia e EUA cheira a petróleo


As empresas Rosneft e Exxonmobil acordaram entre si a exploração conjunta das plataformas continentais do Mar de Kara e do Mar Negro.

ExxonMobil Rosneft ExxonMobilSegundo as previsões, no campo de exploração Prinovozemelsky Oriental, no Ártico, as reservas de petróleo constituem cerca de cinco bilhões de toneladas e as de gás – mais de oito trilhões de metros cúbicos.
A indústria petrolífera russa se orienta cada vez mais para a exploração das plataformas continentais. Apesar das grandes reservas de hidrocarbonetos no continente, a extração de combustíveis naturais do fundo do mar é hoje mais rentável e promissora, considera a analista de petróleos e gás da Agência de Análises Independente Investkafe Yulia Voytovich:
“O problema é que, a cada ano que passa, na Rússia aumenta a quota parte dos recursos naturais de difícil extração. Muitas companhias efetuam perfurações na Sibéria Ocidental inferiores a três quilómetros de profundidade. Contudo, aí as reservas em profundidade são calculadas em centenas de milhões de toneladas. As reservas de extração difícil estão, no entanto, associadas igualmente a investimentos avultados e à utilização de tecnologias de ponta. A exploração da plataforma do Ártico é igualmente cara e compleza, mas as quantidades dos recursos são muito elevadas. Em perspetiva, a exploração da plataforma continental russa permitirá estabilizar a extração de petróleo e gás na Rússia, cobrir a procura interna e aumentar o volume das suas exportações.”
A exploração dos recursos energéticos da plataforma continental não só irá constituir uma grande contribuição para as finanças russas, mas também dará um sério impulso ao desenvolvimento tecnológico da indústria extrativa do petróleo e do gás da Rússia, afirma Anatoli Dmitrievski, diretor do Instituto dos Problemas do Petróleo e do Gásda Academia de Ciências da Rússia (ACR):
“Em geral, a Rússia está atrasada na exploração do petróleo e gás na plataforma continental. As tecnologias off-shore são uma área tecnológica de ponta que propiciam o desenvolvimento de áreas contíguas da indústria do petróleo e do gás. Com estes recursos, a exploração da plataforma do Ártico é uma etapa muito importante para a Rússia. Já para a Еxxonmobil trata-se de uma estratégia para o futuro.”
O acordo não se ficará, no entanto, pela exploração da plataforma continental russa. Segundo as suas condições, a Rosneft recebeu 30% de quota em vários projetos de prospeção e de extração daЕxxonmobil no Canadá, assim como no Golfo do México e nas jazidas do Texas nos EUA. No futuro, as empresas planejam explorar em conjunto as reservas de petróleo de extração difícil na Sibéria Ocidental.

Relações entre política e igreja voltam à tona com eleições municipais

Relações entre política e igreja voltam à tona com eleições municipais
Na campanha eleitoral de 2012 em São Paulo, o candidato líder nas pesquisas de intenção de voto até o momento, Celso Russomanno (PRB), é conhecido por sua estreita ligação com o todo poderoso bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. 
Em busca de votos, José Serra e Valdemiro Santiago, fundador e líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), celebraram um acordo, executado pelo prefeito Gilberto Kassab, suspendendo um projeto urbano (o prolongamento de uma rua em Santo Amaro, zona sul de São Paulo) para não atrapalhar a construção de um templo. Para tanto, o prefeito enviou um projeto de lei que a Câmara Municipal aprovou em primeira votação. O segundo turno, marcado para ontem (5), foi adiado pelo Legislativo municipal após forte pressão em torno do tema. 
A interferência da religião na política, como mostram esses e outros exemplos, envolve todas as vertentes ideológicas, da direita à esquerda. Em sua campanha para vereador, o petista Arselino Tatto espalha panfletos pela cidade identificando-se como “um candidato cristão católico”. Em 2010, bispos financiaram a impressão de panfletos contra a candidatura de Dilma Rousseff (PT) por conta de uma falsa polêmica em torno do aborto. 
Ao inaugurar qualquer sessão na Câmara Municipal de São Paulo, o presidente da Mesa Diretora declara solenemente: “Está aberta a sessão com a proteção de Deus”. Em âmbito federal, a religiosidade tem impedido a discussão de temas cruciais pelo próprio Congresso Nacional, caso do Projeto de Lei 122/06 – que criminaliza a homofobia (confira box).
A situação é preocupante, considerando que o artigo 5º da Constituição brasileira é claro ao estabelecer que “todos são iguais perante a lei” e, no inciso VIII, determinar expressamente: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. O jornalista e sociólogo Venício A. de Lima entende que é preciso fazer uma reflexão. “É verdade que, no Brasil, o Estado é laico desde nossa primeira Constituição. Por outro lado, não se pode negar ou ignorar que a religião faz parte da vida das pessoas. As pessoas são religiosas, têm crenças.” Para ele, ass coisas se complicam quando se mistura a religião com as coisas públicas. "O serviço público deve ser prestado a qualquer pessoa da mesma maneira, independentemente de sua crença", analisa Lima. “Agora, quando temos um Conselho de Comunicação no Congresso Nacional presidido por um bispo da Igreja Católica (confira box), aí temos um problema. Assim como há problema com TVs que são concessões públicas e são sublocadas por essa ou aquela doutrina. Ou se contemplam todas ou nenhuma”, defende o sociólogo. 
Entretanto, Lima considera que o uso de determinada religião em uma campanha eleitoral, com um candidato se dizendo adepto ou chamando os fiéis a votar nele, é problema do próprio candidato. “Cada um faz a chamada que achar melhor. Se sou adepto de um credo, é claro que quero que os fiéis votem em mim”, diz. “Mas é importante dizer: se ele for eleito, no exercício do mandato, não pode fazer distinção entre esta ou aquela crença”, acrescenta.

Paraíba:Grupo Marquise anuncia construção do Shopping Intermares


Anunciado nesta quinta-feira, 6, a construção de um shopping Center na cidade de Cabeledo. A obra, localizada no bairro de Intermares, será o maior empreendimento comercial na Paraíba dos últimos anos, e a expectativa de inauguração no primeiro semestre de 2015.
O Shopping Intermares é uma iniciativa do Grupo Marquise, que fará um aporte de mais de R$ 200 milhões para a construção do projeto, que terá 95 mil metros quadrados de área total, sendo 50 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), destinada para lojas e equipamentos de lazer e serviço. Além desses valores, são estimados mais de R$ 20 milhões em investimentos dos lojistas nos pontos de venda.
Com dois pisos, o Shopping Intermares vai abrigar 2.400 vagas de estacionamento e 15 lojas âncoras e megalojas. Além disso, vai oferecer aos consumidores paraibanos oportunidade de compras num hipermercado e lazer de alta qualidade com oito salas premium de cinema.
O projeto terá assinatura do escritório de arquitetura André Sá & Francisco Mota, considerado um dos maiores do país, com obras realizadas no Brasil e no exterior, nas áreas de planejamento urbano, habitacional, turístico, imobiliário e comercial em diversos estados brasileiros, além de trabalhos bem-sucedidos em Quito (Equador), Kuwait, Dubai (Emirados Árabes).
Com investimentos totalmente oriundos da iniciativa privada, o projeto do Shopping Intermares tem apoio fundamental da prefeitura de Cabedelo e do Governo do Estado, que estão garantindo todo o suporte de infra estrutura para a construção do empreendimento, que vai gerar empregos e divisas.
Benefícios
Geração de empregos diretos e indiretos - Durante o período de construção do Shopping Intermares, quando boa parte dos recursos privados será investido, a direção do Grupo Marquise prevê a contratação de cerca de 1.500 trabalhadores para conclusão de toda estrutura. Quando o shopping for entregue, a estimativa da direção do Grupo é que sejam gerados mais de 4.500 empregos diretos e indiretos, o que equivale a cerca de 10% da população total de Cabedelo, estimada em 57.900 pessoas, segundo o IBGE.
Dessa maneira, o Grupo Marquise contribui positivamente para o fortalecimento da economia paraibana. Com mais este empreendimento no Estado, novos empregos serão criados, além de fomentar o consumo de matérias-primas, produtos e serviços de empresas locais, colaborando para o crescimento econômico.
Aumento na arrecadação de impostos - A estimativa é que os lojistas do novo Shopping Intermares tenham um faturamento anual de cerca de R$ 450 milhões. Isso significa um acréscimo de mais de R$ 77 milhões em arrecadação de impostos para o município (ISS), Estado (ICMS) e União (PIS e Cofins). Vale ressaltar ainda que lojistas e a administração do próprio empreendimento ainda contribuem com outras taxas como IPTU, taxas de lixo, energia, água e saneamento.
Crescimento Urbano e Valorização da Região - Localizado em uma das praias mais bonitas do litoral Nordestino, o novo Shopping Intermares vai agregar ainda mais valor ao metro quadrado da região, tornando a área mais desejada por investidores e futuros moradores.
Um novo equipamento comercial com o porte do Shopping Intermares vai fortalecer também toda a cadeia de comércio da região, a exemplo do que já acontece hoje em João Pessoa e em grandes cidades brasileiras.
Além dos aspectos econômicos, essa migração deve trazer também significativos investimentos do setor público em obras estruturantes para garantir o bem estar e a qualidade de vida da população.
Lazer e entretenimento confortável e seguro - A chegada do futuro Shopping Intermares traz para o público primário da área de abrangência, os moradores de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, um moderno equipamento de lazer e entretenimento, num ambiente controlado e seguro para todas as famílias.
Por isso, este é um dos segmentos que mais cresce no país. O setor de shopping centers fechou 2011 com faturamento de R$ 108 bilhões e geração de mais de 775 mil empregos. Em termos de aumento de empreendimentos, em 2006 o Brasil tinha 351 shoppings e deve fechar este ano com 466 em operação. A Paraíba conta com seis equipamentos e em breve a população de Cabedelo vai ganhar seu primeiro shopping center.
Sobre o Grupo Marquise
Com 37 anos de existência, o Grupo Marquise é formado por dez empresas, conta com mais de 6 mil colaboradores, atua em 17 cidades, levando experiência em diversos segmentos, como Engenharia de Infraestrutura, Serviços Ambientais, Incorporação, Finanças, Hotelaria, Comunicação e Shopping Center.
Graças à um moderno modelo de gestão integrada, acompanhada de incentivo ao desenvolvimento humano e tecnológico, o Grupo Marquise é destaque nacional e é, hoje, a maior e melhor empresa de Construção e Engenharia do Nordeste.
WSCOM Online

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Comida orgânica 'não é mais nutritiva'


Um estudo da universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma que comida orgânica não é mais nutritiva do que os demais alimentos.
Na média, não foi detectada diferença na tabela nutricional, embora os alimentos orgânicos demonstraram conter 30% menos agrotóxicos.
A pesquisa contradiz o que muitos especialistas dizem sobre alimentos orgânicos. Os resultados do estudo de Stanford foram criticados por ativistas que fazem campanha por agriculturasustentável e produtos orgânicos.
'Surpresos'
O trabalho analisou dados de 17 estudos, que compararam pessoas que comeram alimentos orgânicos com outras que ingeriram não-orgânicos. Também foram observados 223 trabalhos sobre os níveis de nutrientes, bactérias, fungos e agrotóxicos em vários alimentos, incluindo frutas, legumes, grãos, carnes, leite e ovos.
Comidas orgânicas são produzidas de maneira a evitar o uso de agrotóxicos e outros defensivos agrícolas e com padrões menos nocivos ao meio ambiente. Além disso, elas não podem ser modificadas geneticamente.
'Alguns acreditam que comida orgânica é sempre mais saudável e com mais nutrientes. Nós ficamos um pouco surpresos de não descobrirmos isso', conta o pesquisador-chefe, Crystal Smith-Spangler.
De acordo com o estudo, frutas e legumes contêm a mesma quantidade de vitaminas, e o leite não apresenta variação no teor de proteína e gordura. No entanto, algumas pesquisas apontaram que o leite orgânico possui mais ômega-3.
Alimentos orgânicos contém mais nitrogênio, o que de acordo com os pesquisadores se deve a diferenças no fertilizante usado e na técnica de colheita. Mas eles acreditam que isto não traz benefícios a saúde.
Críticas
A pesquisa foi divulgado na publicação médica Journal Annals of Internal Medicine, e foi criticada por muitos especialistas.
Para os críticos, nenhuma das pesquisas analisadas durou mais de dois anos, o que impossibilitaria conclusões de longo prazo.
Além disso, as evidências usadas na pesquisa variaram muito, o que, de acordo com os pesquisadores, é explicado pelas diferentes condições climáticas e de solo.
A Associação do Solo, entidade britânica que faz campanha pelo plantio sustentável de comida, disse que o estudo contém falhas.
'Um estudo do Reino Unido usando uma análise correta das estatísticas descobriu que a maioria das diferenças nos níveis de nutrientes entre frutas e legumes orgânicos e não-orgânicos vistos neste estudo dos Estados Unidos são, na verdade, muito significativos', disse a entidade.
WSCOM

Obras da transposição do rio São Francisco estão paradas


Nesta semana, uma comissão formada por deputados da Assembleia Legislativa da Paraíba, visitou as obras de transposição, e segundo os parlamentares, vários trechos estão paralisados. A interrupção foi causada por desencontros entre as construtoras e o governo. “É com muita tristeza que vejo uma cena dessas, quando muita gente precisa de água no Cariri da Paraíba”, disse o deputado Assis Quintans.
No trecho 3, situado no município de Salgueiro, em Pernambuco, parte da obra está concluída e o canal pronto para receber água (veja foto). Mas a Construtora Encalso se desentendeu com o Ministério da Integração Nacional e abandonou a obra.
O trecho 3 faz parte do Eixo Norte. Segundo o engenheiro Ednaldo Castro, do Ministério da Integração Nacional, agora será feita uma nova licitação para que a obra possa ser retomada.
Do município de São José de Piranhas, na Paraíba, até o município de Cabrobó, em Pernambuco, existem cinco trechos das obras de transposição paralisados. Estão funcionando, apenas, os trechos 1, 2, 8 e 14.
O trecho 14 está situado entre os municípios de São José de Piranhas, na Paraíba, e Mauriti, no Ceará. É onde estão sendo construídos os túneis Cuncas I e Cuncas II, na Serra do Braga.
O túnel Cuncas I tem 15 quilômetros de extensão e o Cuncas II terá uma extensão de 4 quilômetros e estão sendo escavados em rocha bruta. O Cuncas I, quando estava com pouco mais de três quilômetros de escavação, rocha à dentro, desabou.
O consórcio que faz a obra paralisou as atividades e pediu uma explicação ao projetista. Segundo o engenheiro de segurança Raul Zoperalo, o erro foi de projeto e o projetista terá que apontas uma solução ao consórcio de três empresas responsável pela obra.
A comitiva da Assembleia Legislativa esteve visitando um desses túneis. Segundo o engenheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Catão, obra faz jus a fama que tem a engenharia brasileira.
Os dois túneis ‘rasgam’ a Serra do Braga na divida entre os estados da Paraíba e Ceará. “Estamos perfurando uma média de 200 metros de rocha por mês e acreditamos que no final de 2013 estaremos entregando a obra”, diz o engenheiro Raul.
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WSCOM Online

Protestantes e católicos promovem onda de violência


Última onda de violência entre católicos e protestantes norte-irlandeses em Belfast aconteceu  em 2010 (foto).A capital norte-irlandesa Belfast vive uma forte tensão há uma semana, depois que um grupo de protestantes marchou diante de uma igreja católica, cantando músicas provocativas e acirrando a rivalidade com grupos católicos. Desde o último domingo, os dois grupos se confrontam pelas ruas da cidade - incidentes que já resultaram em 62 policiais feridos.
Sobre este assunto conversamos com Raul Araújo, pesquisador brasileiro associado à Universidade de Liverpool e especializado em Estudos de Paz e Reconciliação do Trinity College.

Política de FHC para genéricos preservou interesses de laboratórios


Lei Brasileira de Propriedade Intelectual, elaborada e aprovada às pressas, permitiu que uma série de medicamentos para os quais o Brasil não reconhecia a proteção passassem a receber patente, mesmo sendo de domínio público Ainda sem previsão, a votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4234 no Supremo Tribunal Federal (STF) é muito aguardada pelos movimentos em defesa da saúde pública e de acesso aos medicamentos. A ação, protocolada em 2009 pela Procuradoria-Geral da União a pedido da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), questiona a constitucionalidade dos artigos 230 e 231 da Lei Brasileira de Propriedade Intelectual (Lei 9279), de 1996, elaborada e aprovada às pressas durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). 
Esses dispositivos legais, que não foram discutidos como deveriam, permitiram que diversos produtos tecnológicos para os quais o Brasil não reconhecia proteção por patentes pela legislação anterior, entre eles medicamentos, todos registrados em outros países antes de 1995, recebessem patente no Brasil (as patentes de revalidação, ou pipeline) como se fossem novidade – quando, na verdade, já eram de domínio público e não poderiam mais ser protegidos da concorrência. 
Na época, o  escritório nacional de patentes nacional (Inpi) revalidou automaticamente as patentes concedidas em outros países sem passar por um exame técnico dos requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial) no Brasil. Assim foram revalidados automaticamente mais de 1.100 pedidos, entre eles mais de 750 medicamentos, como os utilizados no tratamento da Aids (efavirenz, lopinavir/ritonavir, abacavir, nelfinavir, amprenavir). 
Se o STF julgar procedente a ação, caem de uma só vez patentes de uma série de produtos que expirariam até 2017. A medida é bem vinda porque, sem as patentes, torna-se legal a fabricação de versões genéricas, bem mais baratas. 
As patentes elevam o preço dos remédios porque dão ao detentor o direito de exclusividade de venda, ou mesmo de designar quem vai poder vender, por um período de 20 anos, além de permitir que se coloque o preço que quiser. E não é só a substância ativa que pode ser patenteada. Há patentes da substância e da manipulação que vai transformá-la em medicamento e até das combinações entre as substâncias que poderão vir a ser feitas. Isso causa confusão jurídica e os laboratórios se aproveitam de brechas para postergar a validade dessa proteção.
“Os prejuízos são enormes. Calcula-se que só entre 2009 e 2010 o Ministério da Saúde gastou R$ 123 milhões a mais só com a compra de quatro medicamentos daquela lista protegida por patentes indevidas. Se for contabilizado tudo o que governo e sociedade já gastaram a mais por causa disso desde 1996, o valor ultrapassaria o orçamento da União”, afirma a farmacêutica Célia Chaves, presidenta da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), uma das entidades que compõem a Rebrip. “Não sou contra patentes, quando legítimas. Mas nesse caso, da maneira como tudo foi feito, não tem como ser a favor. Trata-se de um grande desfalque em que uma lei atendeu aos interesses das grandes empresas e não do país.”
Segundo ela, mesmo que a tramitação se arraste até as vésperas da expiração das patentes, em 2017, e o STF decida pela inconstitucionalidade, há a possibilidade de uma nova ação cobrando o ressarcimento pelos prejuízos.

Criação dos genéricos

Outra aberração da lei brasileira de patentes é a pressa com que foi elaborada e aprovada. Em 1994, países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) assinaram o Acordo Trips, que obriga o reconhecimento, por 20 anos, de patente para todas as áreas tecnológicas. Até então, era opcional patentear algumas áreas, como o setor farmacêutico. Como as novas regras trariam mudanças, a OMC deu prazo até 2005 para os países em desenvolvimento se adequarem. Sem desobedecer o acordo, a Índia adaptou sua indústria para desenvolver versões genéricas, mais baratas, e por isso é hoje “a grande farmácia genérica do mundo”. Já o Brasil alterou a legislação em apenas um ano.
A nova lei prejudicou laboratórios brasileiros e fabricantes de matérias-primas e insumos. Far-Manguinhos, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, já fabricava sete dos medicamentos do coquetel antiaids no começo dos anos 1990. A produção e a comercialização foram então interrompidas. Em entrevista à Revista do Brasil, a química-farmacêutica Eloan Pinheiro, que na época dirigia Far-Manguinhos e o Sindicato dos Engenheiros Químicos do Rio de Janeiro, disse que poucos compreendiam o estrago que estava para ser feito apesar do discurso oficial de que caminhávamos para a modernidade.
E como o acesso universal ao tratamento de doentes de aids foi baseado na produção local de medicamentos vendidos a preços muito inferiores aos daqueles praticados internacionalmente pelos laboratórios detentores de patentes, logo vieram os efeitos colaterais da lei.
Os danos aos cofres do Ministério da Saúde nos anos seguintes a 1996, aliás, explicam o apoio de FHC à indústria dos genéricos – uma das principais propagandas do candidato à prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB). Pressionado pela crescente demanda pelo custeio de tratamento para pacientes infectados pelo HIV – os gastos da pasta com aquisição desses medicamentos saltaram de US$ 35 milhões em 1996 para US$ 305 milhões em 1998, com tendência de aumento –, o governo que concedeu as chamadas patentes pipeline hoje questionadas no STF não viu outro jeito senão criar, três anos depois, o programa de medicamentos genéricos. 
Segundo a Pró Genéricos, em dez anos foram investidos mais de US$ 170 milhões na construção e modernização de plantas industriais. Pela lei, os genéricos são, no mínimo, 35% mais baratos que os de referência.
A LPI é consequência de um projeto do então presidente Fernando Collor de Mello, que pretendia atrair investimentos externos. O projeto se arrastou na Câmara e no Senado, onde, sob pressão explícita do governo brasileiro, da embaixada dos Estados Unidos e do lobby da indústria, especialmente a farmacêutica americana, foi sucessivamente modificado até a sua aprovação, ainda no primeiro mandato de FHC.
Rede Brasil Atual