segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Para analista, resultados eleitorais consolidam projeto 'Dilma 2014'


 O resultado das eleições municipais, ao contrário do que se dizia, fortalece o projeto "Dilma 2014", avalia o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). “Não resta dúvida de que os partidos da base foram vitoriosos”, afirmou. De 50 cidades com segundo turno, ele estima que 75% elegeram candidatos ligados à base aliada do governo. Queiroz acredita que a sensação de “bem-estar” da população, sustentada por crescimento do emprego e da renda, além de políticas públicas, prevaleceu sobre as denúncias contidas no julgamento do chamado mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
“É claro que se não houvesse a denúncia do mensalão o PT teria crescido muito mais. Mas entre uma acusação ético-moral e uma sensação de bem-estar, o eleitor prefere racionalmente optar pela segunda tese. Até porque quem está acusando o PT pratica algo muito parecido”, afirma o analista do Diap.
Nesse sentido, ele considera o PT vitorioso política e eleitoralmente. “Politicamente porque enfrentou uma campanha dos meios de comunicação com o objetivo de carimbar o partido como corrupto. É uma vitória indiscutível. Voltou à condição de partido mais votado na eleição municipal. Mesmo perdendo em Belo Horizonte, criou uma alternativa importante para o governo de Minas. A meu ver, cometeu seu principal erro em Recife, onde tinha a eleição garantida, mas que dependia de aliança (com o PSB). O mesmo ocorreu em certa medida em Fortaleza, onde disputou razoavelmente bem.” Queiroz atribui a derrota em Salvador muito mais a uma avaliação negativa do governo estadual, petista, do que a uma reedição do “carlismo”.
“A oposição decresceu em número de votos e prefeituras. E a base do governo aumentou”, prossegue o analista. “O núcleo estratégico do governo federal cresceu em número de votos”, acrescentou, citando PT, PSB, PCdoB e PDT. “Até o Psol, que faz uma oposição à esquerda, cresceu. Todos os demais – de oposição ou de uma situação mais conservadora – regrediram.” Ele considera o PSD a surpresa desta eleição, embora com muita concentração no Sul.
Segundo o diretor do Diap, alguns indicadores sociais podem ter sido determinantes nesta eleição, como o crescimento do emprego, “que não se justifica frente ao crescimento do PIB” e o aumento da renda. “Mas o governo tem outras políticas de inclusão social que fazem com que haja uma situação de bem-estar. Os acordos salariais tiveram ganhos reais. E houve ganhos com a redução dos juros.”
Ele considera que o setor “mais atrasado” adotou um discurso na tentativa de desqualificar o PT e tirá-lo da disputa, já pensando em 2014. O PSB, “ainda em fase de consolidação”, deve permanecer como aliado do PT na eleição presidencial. Para o PMDB, partido que diminuiu o número do prefeituras, mas continua como o de maior capilaridade, a alternativa mais viável seria também continuar com o governo, em vez de se arriscar em uma aliança com o PSDB. Quanto a Serra, o analista acredita que ele poderia no máximo almejar uma vaga no Senado. A candidatura ao Planalto “vai muito provavelmente cair no colo do Aécio (Neves), que não vai ter facilidade se o governo continuar bem avaliado”.
Rede Brasil Atual

PSB ganha a disputa em Fortaleza; PT acusa compra de votos e vai à Justiça


PSB ganha a disputa em Fortaleza; PT acusa compra de votos e vai à Justiça Chega ao fim a intenção do PT de ter mais quatro anos à frente da prefeitura de Fortaleza. Roberto Claudio, do PSB, venceu o adversário Elmano de Freitas por 53,02% a 46,98% dos votos válidos (650.607 a 576.435). Aliados desde 2006 no governo estadual e na administração da capital, PT e PSB protagonizaram uma das mais apertadas disputas do país no segundo turno, marcada pela ruptura e entre as siglas no âmbito municipal neste ano.
A tensão hoje (28) e uma série de denúncias de irregularidades podem levar à Justiça o questionamento do resultado. Foram registradas várias ocorrências de confronto entre militantes e fiscais eleitorais de ambos os partidos. 
Em meio às denúncias, a prefeita Luizianne Lins (PT) afirmou que houve compra "descarada” de voto. “Vimos pessoas usando blusas padronizadas, o que não pode, realização de carreta, o que não pode, soltar fogos de artifício. Nunca vimos um acinte à Justiça eleitoral como vimos até agora e nenhuma providência está sendo tomada” elencou a prefeita. 
O coordenador da campanha da PT, deputado estadual Antonio Carlos, afirmou que houve “grande estrutura de compra de votos, policiais militares para coagir eleitores, o que coloca em xeque o processo. Nós vamos amanhã, em tempo hábil, tomar as medidas cabíveis”. Para Antonio Carlos, houve “utilização de meios absurdos para compra de votos”. Ele assegura que há provas materiais e imagens que comprovariam as denúncias. 
O governador Cid Gomes e o candidato Roberto Claudio chegaram a comparecer pessoalmente na Superintendência da Policia Federal para “prestar solidariedade” a 50 militantes do PSB detidos sob suspeita de boca de urna. Ao final da votação, o Trigunal Regional Eleitoral (TRE) registrou 64 denúncias por crimes eleitorais, de ambos os lados, variando do transporte ilegal de eleitores a compra de votos, sendo 44 denúncias de boca de urna. 
A reta final foi marcada pela disputa acirrada tanto nas ruas quanto nas pesquisas. Somente hoje a boca de urna do Ibope dilatou a diferença, apontando 53% para Roberto Claudio e 47% para Elmano, praticamente o que se confirmou no resultado final. No sábado, o Datafolha demonstrou empate rigoroso (42% das intenções de voto para cada um), e, no Ibope, Roberto Cláudio apareceu à frente, com 44%, e Elmano, 42%. Apesar da vantagem, estariam empatados dentro da margem de erro de 3%.
Na última semana da campanha, Lula compareceu pessoalmente em comício na terça (23), fortalecendo o PT, e o governador Cid Gomes se licenciou do cargo por cinco dias para dedicar-se integralmente à campanha do PSB. 
Também marcante foi o embate direto entre a prefeita Luizianne Lins e o governador. Aliados desde 2006, quando da primeira eleição de Cid Gomes, ambos romperam a aliança neste ano. O governador chegou a fazer piada de mau gosto com a tendência interna do PT a qual Luizianne pertence, a Democracia Socialista (DS, que, na piada do governador virou “DST”), e declarou não querer mais qualquer relação pessoal com a prefeita. A piada rendeu um pedido público de desculpa.
Luizianne, por sua vez, reforçou as críticas aos irmãos Ferreira Gomes (Cid e Ciro), acusando-os de machismo e de quererem impor uma oligarquia familiar no comando do estado e da capital. No ato da votação de hoje, ao lado de Elmano, ela afirmou que estava arrependida de “ter apoiado Cid em 2010”, na reeleição do governador. 
No sábado, um dia depois de encerrada a propaganda eleitoral, Luizianne obteve direito de resposta e apareceu em várias inserções, pois tinha sido exibida na TV pelo programa eleitoral adversário uma declaração dela, de 2010, na qual afirmava que se preparava para “eleger até um poste com a luz quebrada”. 
Resta saber como será, até o final do ano, a relação institucional entre Luizianne e Cid. Ela tem mais de dois meses à frente da prefeitura, e preside o PT cearense que integra o governo do estado, enquanto o governador é o presidente estadual do PSB. Luizianne terá, antes de tudo, de reconciliar o PT cearense, já que ela bancou a candidatura de Elmano, integrante da DS, quando havia outros três pré-candidatos antes da escolha oficial. E a ala do PT aliada ao governador é capitaneada pelo deputado federal José Guimarães, que embora tenha aderido à campanha de Elmano, não pressionou os petistas que integram o governo do estado. 
Sobre a aliança no âmbito federal, Cid Gomes afirmou que "num longo prazo, num médio prazo, o objetivo do PSB é disputar a Presidência da República. O PT disputou cinco vezes até ganhar a Presidência. Agora, nesse momento, nos participamos do governo da Dilma. Então eu não enxergo, sinceramente, num curto prazo, o PSB disputando a Presidência em 2014".
Rede Brasil Atual

domingo, 28 de outubro de 2012

Cinquenta cidades decidem hoje quem será o prefeito nos próximos quatro anos


Brasileiros de 50 cidades decidirão hoje (28), em segundo turno, quem será o responsável pela gestão municipal nos próximos quatro anos. Ao todo, devem comparecer novamente para votar 31,7 mil pessoas, entre eles eleitores de 17 capitais.
Por ser o maior colégio eleitoral entre as capitais, com 8,6 milhões de votantes, São Paulo sempre recebe uma atenção especial por parte dos partidos políticos.  Neste domingo, o paulistano definirá se quer ser administrado por Fernando Haddad (PT) ou José Serra (PSDB).
Além de ter o maior eleitorado entre os 5.568 municípios, o estado de São Paulo tem 12 cidades disputando as eleições em segundo turno. O Rio de Janeiro está em segundo lugar, com sete cidades na disputa, e o Paraná vai ter cinco municípios onde candidatos se enfrentarão.
Para viabilizar a disputa neste segundo turno nas 50 cidades, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) colocará a disposição 96,1 mil urnas eletrônicas. Algumas delas ficarão de reserva para substituição no caso de eventual problema de funcionamento.
O eleitor das cidades que terão segundo turno deverá comparecer à sua seção de votação entre as 8h e as 17h. Para votar, a pessoa terá que apresentar ao mesário um documento com fotografia.
O PT e o PSDB são os partidos que mais disputam a cadeira de prefeito nas capitais. Além de São Paulo, os dois partidos têm mais cinco e sete candidatos, respectivamente, concorrendo em capitais.
O PMDB, que saiu das urnas no primeiro turno como a legenda com maior número de prefeitos eleitos em todo o país, disputa o segundo turno em três capitais – Campo Grande, Natal e Florianópolis. No primeiro turno, os peemedebistas saíram das urnas como a maior legenda nas regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Correio do Brasil

Pesquisas mostram Fernando Haddad como prefeito eleito de São Paulo

Candidatos à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad e José Serra, participam de debate hoje









Duas pesquisas divulgadas hoje (27) dão como certa a vitória do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, sobre José Serra (PSDB). Enquanto o Datafolha indica o ex-ministro da Educação com 58% dos votos válidos nas urnas amanhã, o Ibope aponta o petista com 59%. Já o tucano tem, respectivamente, 42% e 41%.
Se confirmada, será a segunda vitória seguida de um novato em eleições indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, pela segunda vez, a vitória se dará em cima de Serra, que em 2010 foi batido na corrida pelo Palácio do Planalto por Dilma Rousseff, ex-ministra-chefe da Casa Civil.
Paulistano, de 49 anos, Haddad entrou aos 18 na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP).Também na USP, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia. Ingressou no PT em 1983, nos primeiros anos após a fundação do partido, e antes desta campanha havia apenas participado de uma disputa eleitoral: a do Centro Acadêmico 11 de Agosto, no curso de Direito.
Desconhecido do público, a exemplo de Dilma, Haddad tinha 3% das intenções de voto em maio, 15 ou 16 vezes menos do que obterá neste domingo, caso os números das pesquisas se confirmem. No primeiro turno, as sondagens demoraram a detectar o crescimento do petista, e chegou-se a cogitar que ele e Serra se vissem forçados a disputar a vaga restante no segundo turno ao lado de Celso Russomanno (PRB). 
Mas a queda rápida do então líder nas pesquisas acabou por repetir a polarização PT-PSDB no segundo turno. Contra o mesmo adversário, o mesmo nível de campanha, marcado por duas questões morais centrais. Desde o primeiro dia da fase final, Serra se valeu do julgamento da Ação Penal 470, o chamado mensalão, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) justamente em simultâneo ao processo eleitoral. Na outra ponta, valeu-se do apoio de líderes religiosos e passou a pregar contra o kit didático contra a homofobia, criado por Haddad durante o trabalho no Ministério da Educação. 
Para o cientista político Aldo Fornazieri, coordenador do programa de governo do petista, o candidato saiu favorecido da dupla rejeição que pesava sobre Serra: a própria e a do prefeito Gilberto Kassab (PSD), seu afilhado político. “Qualquer dos candidatos que fosse para o segundo turno com Serra, venceria”, afirma. Ele acrescenta que os projetos bem pensados, de renovação da cidade, beneficiaram o ex-ministro: “A consistência desse programa e dessas propostas foi bastante evidente. E em segundo lugar as forças que se articularam em torno dele. A força do PT, a força do ex-presidente Lula, a força da presidenta Dilma, a própria Marta Suplicy.”
Em 2001, Haddad foi convidado por João Sayad, então secretário de Finanças na prefeitura de São Paulo na administração de Marta Suplicy, e assumiu a chefia de gabinete da secretaria. Em 2003, deixou a gestão municipal para se tornar assessor especial no Ministério do Planejamento, sob o comando do então ministro Guido Mantega, atual ministro da Fazenda.
No ano seguinte assumiu o posto de secretário-executivo no Ministério da Educação e em 2005, com a ida do ministro Tarso Genro para a pasta da Justiça, assumiu o comando. Foi então que criou o Programa Universidade Para Todos (Prouni), que atendeu mais de 1 milhão de estudantes desde que foi implantado até o segundo semestre de 2012. 
No período em que Haddad esteve no ministério, as vagas no ensino superior público federal passaram de 139,9 mil em para 218,2 mil, foram criados 126 campi universitários federais, 214 escolas técnicas e 587 polos de educação à distância. O número de formandos cresceu 195% nos últimos dez anos. Outra marca de sua gestão foi o fortalecimento e a ampliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deixou de servir como um projeto de avaliação e ranqueamento de escolas para se transformar em método de ingresso no ensino superior.  
Haddad foi um dos poucos ministros da era Lula mantido pela presidenta Dilma Rousseff, eleita em 2010. Só deixou o posto no início deste ano para participar da disputa pela sucessão paulistana, iniciada após um processo de negociação interno no qual foram preteridos a então senadora Marta Suplicy, o senador Eduardo Suplicy e os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zaratttini.
Após um processo de atritos internos, o partido se reunificou ao longo da campanha. Para o cientista político Humberto Dantas, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a força do PT foi a segunda parte da explicação do bom desempenho de Haddad. “Precisamos considerar que a sociedade paulistana apontava nas pesquisas que desejava mudança. Não à toa Haddad carrega consigo um lema de campanha que fala do novo, que bate muito nesta tecla. Mesmo dentro do PT ele é novo, em termos eleitorais principalmente”, afirma.

Serra

De outro lado, Serra sai das eleições em situação mais complicada. Se em 2010 viu sua rejeição saltar ao abordar questões morais e ao não conseguir apresentar-se como novidade, agora o tucano tem um caminho complexo pela frente. Caso se confirme a derrota amanhã, terá um quadro complicado dentro do partido: na disputa presidencial, teoricamente o senador mineiro Aécio Neves é o preferido, e no Palácio dos Bandeirantes o natural é que Geraldo Alckmin lute pela reeleição.
“Existe uma situação bastante embaraçosa dentro do PSDB, que eu acredito que se desenrole em conflitos importantes, desde que o Serra queira se manter no páreo para disputar um cargo majoritário. Teria de haver uma acomodação de forças, de interesses, que eu vislumbro que não será de fácil solução”, aponta Fornazieri. 
Mas, para o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), não é possível sepultar Serra caso a derrota se confirme. Em parte, vai depender da margem com que Haddad vença. Em parte, da reacomodação interna do PSDB, que, aliás, precisa ficar atento para não minguar após dez anos na oposição ao governo federal. 
“O partido tem de forçar a renovação de seus quadros, como fez o PT, que colocou lideranças novas no cenário. Terá de lidar com isso nos próximo anos e com a consolidação de suas propostas. Por exemplo, a privatização faz parte ou não de se suas políticas? O PSDB tem de resolver isso até 2014.”
Se o caminho for o da renovação, Serra, com 70 anos, não é exatamente o que se pode chamar de novo. 
Rede Brasil Atual

Ibope: Cartaxo-PT tem 72%, e Cícero-PSDDB, 28% dos votos válidos em João Pessoa


Luciano Cartaxo e Cícero Lucena vão disputar o segundo turno (Foto: Montagem/G1)O Ibope divulgou, nesse sábado (27), a segunda pesquisa de intenção de voto sobre o segundo turno da disputa pela Prefeitura de João Pessoa neste ano.
A pesquisa foi encomendada pela TV Cabo Branco.
Veja os números do Ibope, considerando os votos válidos:
Luciano Cartaxo (PT) – 72%
Cícero Lucena (PSDB) – 28%
Para calcular esses votos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.
A pesquisa foi realizada entre 25 e 27 de outubro. Foram entrevistadas 602 pessoas na cidade de João Pessoa. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB), sob o número PB-00153/ 2012.
Veja os números do Ibope para a pesquisa estimulada:
Luciano Cartaxo (PT) – 63% das intenções de voto
Cícero Lucena (PSDB) – 24%
Branco/nulo – 7%
Não sabe – 6%
Pesquisa anterior
A primeira pesquisa do Ibope do segundo turno foi divulgada no dia 19 de outubro e registrou os seguintes resultados: Luciano Cartaxo, 65%, Cícero Lucena , 24%, branco/nulo, 6%, não sabe, 5%.
No primeiro turno, Cartaxo teve 38,32% dos votos válidos, e Cícero, 20,27%.
G1 PB e Focando a Notícia 

Casos de raiva fazem população de São Luís temer cães de rua


Em julho deste ano duas pessoas morreram em São Luís vitimadas pela raiva humana. A repercussão negativa das mortes chamou a atenção para um dado que grande parte da população ignorava: dos 70 casos registrados no país em 2011, 55 ocorreram no Maranhão, a maioria deles na capital do Estado.
Alarmada, a população passou a pressionar as autoridades, cobrando o recolhimento de milhares de cães e gatos abandonados nas ruas da cidade, tidos como os grandes responsáveis pelo avanço da doença. A alta concentração de animais soltos nas ruas de São Luís é uma característica da capital maranhense há anos. Não se trata de um fenômeno que aflige apenas as regiões da periferia da cidade, embora nestas o contingente de animais, principalmente cães, obrigue a população a disputar espaço nas ruas com os animais.
Nas feiras e mercados populares da cidade, a situação beira o caos, animais que aguardam por restos de alimentos, atacam constantemente a população.

Campanha de vacinação

A raiva é uma doença típica de cães e gatos, que pode ser transmitida aos homens sendo, portanto, uma zoonose. O vírus causador da doença é mortal tanto em homens quanto em animais.
Embora São Luís possua um alto contingente de animais abandonados nas ruas, as campanhas de vacinação e recolhimento desses animais não vinha sendo feita regularmente até o registro das mortes no mês de julho, quando as autoridades sanitárias iniciaram uma campanha com o objetivo de imunizar tanto os animais soltos nas ruas, quanto os domésticos.
Apenas em 2012, foram registrados mais de 20 casos de raiva animal em São Luís. Com o início da campanha de vacinação, em agosto, a Secretaria de Vigilância em Saúde montou postos de vacinação em vários pontos da cidade, mas na periferia e na zona rural, onde as mortes de duas pessoas foram registradas, os moradores reclamam da ausência de uma ação verdadeiramente efetiva para impedir o avanço da doença. Um morador do bairro do Tibiri, que se identificou apenas como Alexandre, chama a atenção para o fato de que os cães de rua não foram vacinados: ''Não se vê nas ruas nenhuma movimentação para recolher tantos cachorros que vagam por aí. A gente é obrigado a andar com medo de ser atacado pelos animais, porque nunca se sabe se eles podem estar com a doença''.
Outros moradores, dizem que os postos de vacinação não dão conta das demandas da população, uma vez que a maioria dos moradores sentiu dificuldades para se deslocar até eles.
Lilian Nascimento, moradora do Bairro São Raimundo, na zona rural, diz que não levou seu animal para vacinar justamente em função da distância dos postos: ''Eles abriram um posto de vacinação muito longe da minha casa e o prazo para levar os animais era de apenas um dia. Acho que o posto deveria abrir toda semana, ou então a prefeitura deveria passar na casa dos moradores''.
A moradora Mayana Nunes conta ter levado uma gata que possui para vacinar mas diz que ''o problema são os cães de rua. Ninguém toma uma providência para tirar tantos bichos abandonados. Eles sujam as ruas e muitos são doentes. Tem gente morrendo dessa doença da raiva por causa disso".

Estrutura pequena

Procurado para dar informações a respeito das reclamações dos moradores, o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde do Estado, Alberto Carneiro, diz que segundo os relatórios encaminhados pelo Setor de Zoonoses da Prefeitura de São Luís em todo o município, no ano de 2012 foram vacinados até agora 108 mil cães e 27 mil gatos.
No bairro do Tibiri, região onde foi constatado um caso positivo, a Prefeitura diz ter vacinado um total de 1.354 animais.
Embora o número de vacinações tenha superado 100 mil cães e gatos, o município de São Luís dispõe de um número reduzido de equipes de apreensão. Apenas 1.142 aninais foram apreendidos até o momento, graças a três viaturas equipadas com carrocinha de apreensão.
Segundo Alberto Carneiro, ''a localização dos postos foram disponibilizados de modo a atingir as metas pactuadas e que a Secretaria Adjunta de Vigilância em Saúde tem supervisionado a execução destes trabalhos principalmente no que concerne a captura de cães e gatos não domiciliados''.

BBC Brasil

Segundo turno expõe contradições entre alianças regionais e nacionais


No âmbito federal, partidos políticos se unem para fazer parte da base governista ou da oposição. Em âmbito regional, as mesmas legendas se enfrentam diretamente. São as contradições do sistema político brasileiro, evidenciadas pelas atuais eleições municipais.
E o fenômeno será percebido no segundo turno, neste domingo, quando 50 prefeituras (entre elas, 17 capitais) estarão em disputa.
 Em São Paulo, o recém-criado PSD, do prefeito Gilberto Kassab, apoia a candidatura de José Serra (PSDB) contra o petista Fernando Haddad. Mas o partido de Kassab também apoia o governo Dilma no Congresso Nacional – e está cotado para liderar algum ministério na próxima reforma ministerial.
Ao mesmo tempo, o PSD é aliado do PT em Campinas, onde o petista Marcio Pochmann enfrenta o PSB (aliado do governo em âmbito federal) de Jonas Donizette.
Em Curitiba, outra situação curiosa: Gustavo Fruet, do PDT, disputa o segundo turno (contra Ratinho Jr., do PSC) com o apoio do PT. Seus panfletos de campanha contêm elogios feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fruet, porém, é um ex-crítico de Lula. Na época em que era parlamentar filiado ao PSDB, ele acusou o PT de criar um "mantra da mentira" no caso do mensalão.
Uma ressalva: a atual campanha de Fruet não teve a participação pessoal de Lula – já que o PSC de Ratinho Jr. também é da base aliada do governo federal.
Para o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), essas contradições são culpa do excesso de partidos brasileiros – 30, no total – sem uma linha ideológica clara. "Cada Estado brasileiro tem uma política partidária distinta", diz Villa, em entrevista à BBC Brasil. "Os partidos se adaptam às circunstâncias locais ao sabor de suas lideranças."
Como a maioria da população vota segundo sua identificação pessoal com o candidato, "as próprias lideranças partidárias não estão interessadas em dar cor ideológica (a seus programas) porque daí esse tipo de aliança cairia por terra", acrescenta o pesquisador.

Aécio e Campos

O caso mais emblemático de alianças diferentes é o do PSB (Partido Socialista Brasileiro), que integra a coalizão de governo da presidente Dilma Rousseff, mas que alçou voo próprio nas eleições municipais – derrotando candidatos petistas e favorecendo dois importantes potenciais adversários de Dilma em 2014, tanto Aécio Neves (PSDB, na oposição) como Eduardo Campos (PSB, na base aliada).
O PSB teve duas vitórias importantes: em Belo Horizonte, patrocinado pelo tucano Aécio Neves, o prefeito Marcio Lacerda venceu o petista Patrus Ananias, apoiado por Dilma.
No Recife, o pessebista Geraldo Julio também venceu em primeiro turno – vitória que deve projetar em nível nacional o governador pernambucano Eduardo Campos.
PT e PSB também se enfrentarão no segundo turno em Fortaleza. E, no segundo turno em Campinas, uma eventual derrota do PT na cidade será vista como uma abertura de espaço para o PSB no Estado, fortalecendo mais Campos em 2014.
No último dia 19, apesar de estarem em espectros opostos na política federal, Aécio e Campos dividiram o palanque nas eleições municipais: trocaram elogios ao defender o PSB em Uberaba (MG), que enfrenta o PMDB (também da base do governo federal) no segundo turno. Tanto Aécio como Campos têm projetos políticos presidenciais, e especula-se se eles poderiam se aliar em 2014 para enfrentar uma candidatura de Dilma à reeleição.

Negociações

O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, afirma que o partido está "aberto a negociações", sem descartar aliança com os tucanos. Mas diz que é cedo para tratar do assunto.
"Terminado o pleito, é hora de descer do palanque e cuidar do país, 2013 será um ano de turbulências econômicas no mundo, e a presidente Dilma precisará que estejamos todos juntos", diz Amaral à BBC Brasil.
Ele admite que as alianças municipais são uma contradição – "é uma das tragédias brasileiras" –, mas as vê com pragmatismo. "São as circunstâncias. No (pleito) municipal, o que prevalece é o local – o bairro, o posto de saúde."
Já o presidente nacional do PT, Rui Falcão, não vê isso como um problema. "A aliança federal é (parte do) governo de coalizão", diz à BBC Brasil o deputado estadual em São Paulo.
"Como nenhum partido consegue sozinho maioria no Congresso, é natural que, para tocar um programa de governo, haja junção de partidos, que se fragmentam na disputa municipal. O importante é que se pautem por um programa, e não divisão de cargos e interesses."
Quanto à possibilidade de uma aliança PSB-PSDB em 2014, Falcão diz que "Eduardo Campos tem reiterado que vai trabalhar pela reeleição da presidente". "Prefiro ficar com essa afirmação do que especulações de uma eventual candidatura dele", acrescenta.

Partidos descentralizados

 Em Porto Alegre, outro exemplo: houve um embate entre três partidos que apoiam Dilma: o PDT (do prefeito reeleito em primeiro turno José Fortunati), o PC do B, da segunda colocada, Manuela D'Ávila, e o PT de Adão Villaverde.

Para André Borges, cientista político da UnB, a prática de alianças diferentes é uma decorrência da autonomia dos partidos em Estados e municípios.
"Os partidos são descentralizados – quem manda não é necessariamente a liderança nacional", diz. "O lado positivo é a flexibilidade e a maior liberdade de escolha dos eleitores, sem exigir, como em outros países, o voto partidário."
O lado negativo, acrescenta, é "o enorme número de partidos, sua fragmentação e a confusão que isso gera para o eleitor. Alianças inconsistentes são ruins para a democracia."
Já a presidente Dilma defendeu a prática de coalizões na posse do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), em março.
"Este é um país complexo, múltiplo e democrático. A constituição de alianças é essencial para que o Brasil seja governado de forma democrática e o governo represente os interesses da nação", disse a presidente na época.

BBC Brasil