A urina radioativa percorreu dez quilômetros da rede de esgotos de Paris antes de ser enviada a uma estação de tratamento de esgotos na periferia da capital.
Impacto
"Assim que constatamos o vazamento, alertamos a Autoridade de Segurança Nuclear (ASN)", informa o Instituto Gustave-Roussy, em Villejuif, considerado uma referência no tratamento do câncer na França e também na Europa.
A ASN, que investiga o incidente, declarou que a urina continha uma concentração de iodo 131 – elemento radioativo normalmente utilizado em radioterapias de cânceres da tireoide – acima do limite autorizado.
Para a autoridade governamental, responsável por prevenir riscos ligados à radioatividade, a urina contaminada não ocasionou um impacto importante em termos de segurança.
"O índice de radioatividade ficou acima dos níveis regulamentares, mas sem registrar perigo", diz a ASN.
'Repetição'
A autoridade classificou o incidente como nível um na escala internacional INES, de gravidade de acidentes nucleares. A escala vai de zero a sete (somente a explosões da central de Chernobyl, na Ucrânia, e de Fukushima-1, no Japão, atingiram até hoje o nível sete).
A ASN afirma que a decisão de classificar o incidente em nível um é devida à "repetição" do problema e ao fato de que o instituto despejou a urina radioativa nos esgotos em vez de procurar soluções alternativas.
Segundo a ASN, o instituto Gustave-Roussy já havia registrado, em 2010, dois incidentes do mesmo tipo, ligados a vazamentos nas canalizações por onde circulam as urinas radioativas.
O hospital se comprometeu a criar um sistema de fiscalização e de gestão dos reservatórios de urina dos pacientes e estudar soluções alternativas de estocagem caso ocorra uma nova falha nos equipamentos.
Enquanto aguarda que o instituto de cancerologia tome providências, a ASN tem outro problema urgente para resolver na área médica: um pacote contendo uma fonte radioativa líquida de fluor 18 para uso hospitalar desapareceu.
O pacote, que deveria ter sido entregue por uma empresa de transportes ao Centro Hospitalar Universitário de Nîmes, no sul da França, sumiu em 19 de novembro durante o trajeto, informou a ASN nesta quarta-feira.