A Polícia Federal descobriu um plano para matar o deputado federal Luiz Couto (PT-PB). O deputado alega que ficou sabendo do plano por meio de agentes federais, na sexta-feira passada (27). Quando desembarcou no aeroporto Castro Pinto, em Bayeux (região metropolitana de João Pessoa) teria recebido a recomendação de agentes da PF de suspender todas as atividades públicas previstas para o final de semana em sua agenda. O plano envolveria dois pistoleiros de Alagoas, que já estariam em território paraibano, e também teria como alvo a ouvidora da Polícia Civil, Valdênia Paulino. Segundo os agentes relataram, "havia uma majoração do risco à integridade física deste parlamentar". A ouvidora está fora do Brasil.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social da Paraíba desconhece a informação de que haveria um plano para matar o deputado federal Luiz Couto (PT). O secretário Cláudio Lima, nesta terça-feira (01), negou que tenha conhecimento desse plano e alega que soube dos fatos através da imprensa.
Luiz contou que ficou surpreso, ao desembarcar na Paraíba e perceber que, além da escolta da Polícia Federal que lhe acompanha, havia no saguão do aeroporto um reforço de agentes e de policiais militares. Ele cancelou sua agenda na Paraíba e retornou à Brasília (DF).
Pelo relato do deputado federal, os supostos criminosos seriam contratados por R$ 500 mil e a transação desses valores teriam sido articuladas por um ex-policial militar, identificado como Luiz Quintino de Almeida Neto. O deputado sustenta que Quintino foi expulso da PM paraibana após inúmeras denúncias feitas pela ouvidora Valdênia Paulino e por ele. "Quintino foi preso durante a operação Squadre", lembrou.
O parlamentar afirmou ter recebido denúncia de que parte do dinheiro [R$ 300 mil] teria sido transportado por Dinamérico Cardim, agente penitenciário que supostamente fez o carregamento do dinheiro numa caminhonete do Grupo Penitenciário de Operações Especiais da Paraíba (Gpoe), pertencente à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Ainda segundo o deputado federal, todo o levantamento desse plano teria sido feito pelo serviço de inteligência da Polícia Federal, que teria detectado que dois pistoleiros alagoanos estariam em João Pessoa para executar dois militantes que combatem o crime organizado.
Um ofício assinado pelo delegado da Polícia Federal, José Olegário Pereira Nunes, confirma o cancelamento da agenda do deputado federal na Paraíba. No documento, o delegado diz que, como medida preventiva, solicita o cancelamento da viagem e "a participação de qualquer evento público".
Couto ressaltou que, de acordo com a mesma denúncia, Dinamérico Cardim possui em sua guarda um Fuzil IBEL, calibre 762, customizado, com luneta de longo alcance, tripé metálico e munição calibre 762. Acrescentou que o Gpoe é subordinado diretamente à pessoa do secretário da pasta, Walber Virgolino da Silva Ferreira, e que só ele poderia determinar a saída e o deslocamento deste grupo.
O deputado federal relatou, ainda, que tomou conhecimento de que no dia 13 de setembro último, durante o lançamento de uma revista, ocorrido numa casa de recepções em João Pessoa, Walber Virgulino teria "destratado" o secretário de Segurança Pública, Cláudio Lima. O secretário de Administração Penitenciária teria acusando o secretário de Segurança e Defesa Social de proteger Luiz Couto, a ouvidora Valdênia Paulino e de ficar ao lado "do povo dos direitos humanos".
Valber Virgulino não quis comentar as declarações de Luiz Couto. Ele parafraseou o poeta e ex-senador Ronaldo Cunha Lima. "Minha alma, minha vida têm a transparência dos cristais. Coloque coloque minha vida moral e funcional na balança e compare com a de quem esta me acusando. Deixe o povo julgar", disse.
No início da tarde, durante entrevista à uma emissora de rádio de João Pessoa, o secretário de Administração Penitenciária voltou a se pronunciar sobre o caso. "O que eu quero apenas é trabalhar. A gente fica indignado, mas ele está no papel dele de bater, de aparecer. De certa forma a mídia tem que notar a presença dele e eu não preciso disso. Minha vida por si só já repercute. As atividades que eu faço não são pra qualquer um", afirmou.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Institucional do Estado reafirma a versão da Secretaria de Segurança. "A presença de policiais militares na escolta do deputado federal Luiz Couto na data de sua última vinda ao Estado deveu-se a apoio de rotina à Polícia Federal e não à denuncia que fundamentasse a necessidade de reforço na proteção do deputado. A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária abriu sindicância para investigar o suposto uso do veículo do Grupo Penitenciário de Operações Especiais, bem como solicitou ao Ministério Público apuração dos fatos narrados na denúncia do deputado Luiz Couto", informa.
O deputado federal levou o caso, nesta segunda-feira (30) à tribuna da Câmara Federal. Informou ter solicitado ao governador Ricardo Coutinho e ao superintendente da Polícia Federal da Paraíba que investiguem as denúncias. A PF informa que não pode se pronunciar sobre casos que envolvam a segurança de parlamentares.
Ainda na nota, a Secretaria de Comunicação do Estado argumenta que as denúncias do deputado "carecem de fundamentação" para ajudar nas investigações. "O Governo do Estado ressalta ainda que, no limite de suas competências, qualquer ameaça à integridade do deputado será apurada de maneira enérgica pelas forças de segurança da Paraíba", conclui a nota.
Créditos:Portal Correio