sábado, 22 de março de 2014

População precisará de 40% a mais de água em 2030

CataratasNo dia em que se comemora o Dia Mundial da Água (22 de março), a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, em 2030, a população global vai necessitar de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de energia. Neste ano, as celebrações giram em torno do tema Água e Energia e a relação arraigada entre esses dois elementos foi destaque na reunião da ONU, em Tóquio, para celebrar o dia.
Água e energia estão entre os desafios globais mais iminentes, segundo o secretário-geral da Organização Meteorológica Global e membro da ONU-Água, Michel Jarraud, em nota divulgada pela organização.
Atualmente, 768 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, 2,5 bilhões não melhoraram suas condições sanitárias e 1,3 bilhão não têm acesso à eletricidade, de acordo com a ONU.
A situação é considerada inaceitável por Jarraud. Segundo ele, outro agravante é que as pessoas que não têm acesso à água tratada e a condições de saneamento são, na maioria das vezes, as mesmas que não têm acesso à energia elétrica.
O Relatório Global sobre Desenvolvimento e Água 2014, de autoria da ONU-Água, reforça a necessidade de políticas e marcos regulatórios que reconheçam e integrem abordagens sobre prioridades nas áreas de água e energia.
O documento destaca como assuntos relacionados à água impactam no campo da energia e vice-versa. Um dos exemplos citados lembra que a seca diminui a produção de energia, enquanto a falta de acesso à energia elétrica limita as possibilidades de irrigação.
Ainda de acordo com o relatório, 75% de todo o consumo industrial de água é direcionado para a produção de energia elétrica.
Energia e água estão no topo da agenda global de desenvolvimento, segundo o reitor da Universidade das Nações Unidas, David Malone, que este ano é o coordenador do Dia Mundial da Água em nome da ONU-Água, juntamente com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
O diretor-geral da Unido, Li Yong, destacou a importância da água e da energia para um desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável. “Há um forte clamor hoje para a integração da dimensão econômica e o papel desempenhado pela indústria das manufaturas em particular, na direção das prioridades de desenvolvimento pós‐2015. A experiência mostra que intervenções ambientalmente saudáveis nas indústrias de transformação podem ser altamente efetivas e reduzir significativamente a degradação ambiental. Eu estou convencido que um desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável será um elemento chave para uma integração bem sucedida das dimensões econômica, social e ambiental,” declarou Li, em nota da ONU.
O Dia Mundial da Água foi instituído em 1992. Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, a data é referência para as discussões em busca de soluções para os conflitos existentes entre oferta e demanda de água ao redor do mundo.
Créditos: Agencia Brasil

Globo manipula edição e indica volta ao jornalismo 'bolinha de papel'

Na noite da última quinta-feira (20), o Jornal Nacional, da TV Globo, simplesmente omitiu a notícia da primeira pesquisa Ibope deste ano sobre a corrida presidencial. A emissora de TV por assinatura da empresa dos Marinho, a GloboNews, já havia divulgado a pesquisa que  da grande vantagem de Dilma sobre os demais postulantes, desde as 18h. Pelo Ibope, os números não são muito bons para os candidatos de oposição e apontam a reeleição da presidenta já no primeiro turno, com folga, em todos os cenários.
Em seguida, o Jornal Nacional noticiou que o STF havia determinado a prisão do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) por ter oferecido cirurgias de esterilização em mulheres em troca de votos no ano de 2004. Até aí a notícia seria mais um lamentável episódio da história eleitoral do país.
Mas a edição da matéria foi (mais) uma vilania jornalística: associou a figura da má conduta daquele deputado, sem que ela nada tenha a ver com os fatos que levaram à condenação. A extravagância foi enxertar na matéria que a presidenta tinha comandado algumas cerimônias oficiais no Pará no mesmo dia, em uma das quais, aliás, o deputado esteve presente, antes da decisão do Tribunal.
Para "caprichar", o telejornal narrou que o deputado ficou próximo à presidenta e foi citado em seu discurso, exibido apenas no trecho em que ela diz: "Queria também cumprimentar os deputados federais aqui presentes: o Asdrúbal Bentes...".
O telejornal ignorou que a presidenta citou em seu cumprimento – que aliás faz parte do protocolo de qualquer cerimônia oficial – os nove deputados federais presentes. E se o propósito era mostrar a cerimônia deveria pelo menos informar ao telespectador sobre do que se tratava, coisa que a emissora não fez – era o lançamento do edital para melhorar a navegabilidade de grandes embarcações no rio Tocantins, além da entrega de máquinas e equipamentos a municípios do Pará.
Essa edição manipulada, feita claramente para forçar a associação da imagem da presidenta à condenação do deputado, sem mostrar fatos que a justifiquem, é um típico golpe baixo de jornalismo.
Mas no mesmo dia em que as pesquisas mostraram a preferência do eleitorado pela presidenta e foram ignoradas pelo telejornal, a coisa não parou por aí. Em outra matéria, uma nova vilania, o caso da compra de refinaria de petróleo dos EUA, fato que precisa ser melhor apurado. O entrevistado foi o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli. Finalmente, o JN resolveu cumprir a regra básica do jornalismo e ouvir o outro lado? Ledo engano. O telejornal narrou o que bem entendeu, usando trechos do entrevistado para fazer testes de hipóteses.
Pinçou uma declaração de Gabrielli: "A put options é uma cláusula comum em aquisição de empresa (...) é uma cláusula normal em operações de aquisições". Em seguida, interpretou por conta própria que isso contradiria a explicação de Dilma Rousseff para ter aprovado o negócio.
Mas não há contradição alguma. A cláusula pode ser usual, como disse Gabrielli, e a presidenta pode perfeitamente não concordar, como disse ao afirmar que o relatório apresentado ao Conselho de Administração era falho ao não detalhar que havia esta cláusula.
Na narrativa, o telejornal citou diversos números sobre o negócio que não correspondem à verdade, ignorando investimentos feitos, valores de estoques de combustíveis etc., todos já explicados por Gabrielli em uma audiência pública no Senado. O ex-presidente da Petrobras deveria até reivindicar direito de resposta à reportagem.
Em 2010, últimas eleições nacionais, o Jornal Nacional chegou a protagonizar o vexame do episódio bolinha de papel, tentando provar que o então candidato José Serra havia sido ferido na cabeça por um objeto, que se provou, quase simultaneamente, que não passava de uma bolinha de papel amassado. Pelo visto, aquele padrão de jornalismo está voltando à medida que as eleições se aproximam.  Por Helena Sthephanowitz. Foto: Página Internacional.
Créditos: Rede Brasil Atual

Bombas atômicas dos EUA desestabilizam a situação na Europa

rússia, eua, europa, modernização, corrida armamentista, armas nuclearesO Pentágono está nutrindo planos de modernizar o seu potencial nuclear tático instalado na Europa. Na opinião da maioria de peritos, isto poderá pôr em causa a segurança no continente que está vivendo tempos difíceis. 
Segundo a imprensa alemã, se trata de novas bombas atômicas, estacionadas a bordo de caças Tornado, ao serviço da aeronáutica da Alemanha e da Itália. Tais armas estão ao serviço de aviões polivalentes F-16 de outros Estados europeus. A modernização prevê, entre outras, um aperfeiçoamento de software, devendo as bombas atômicas entrar em serviço já em 2020. Espera-se que para a realização do novo programa de rearmamento sejam gastos 10 milhões de dólares, se estimando em 154 bilhões as despesas com a manutenção de segurança das bases nucleares instaladas no território europeu. Neste contexto, se pode referir vários motivos para a concretização desse objetivo, considera o analista Dmitri Danilov:
“A primeira motivação se deve ao desejo de demonstrar a importância da presença militar norte-americana na Europa e as garantias de estabilidade em face das controvérsias crescentes entre a Rússia e o Ocidente na área político-militar. Uma outra razão é incentivar a Rússia e os parceiros europeus para a intensificação do processo negocial, visando o controle dos armamentos táticos. Claro que existem também certos motivos técnico-militares.
Outra coisa seria saber em que medida poderão os EUA investir seus recursos financeiros no programa de modernização de armas nucleares sob o pano de fundo da progressiva instabilidade política. Será que tal iniciativa irá aumentar a instabilidade atual?”
A modernização das forças nucleares dos EUA na Europa não constitui uma medida extraordinária. Os armamentos de todos os tipos requerem a modernização e a renovação. Mas todos compreendem a conexão dessa decisão com a crise de Crimeia. Os motivos políticos disso são mais do que evidentes. Por isso, se pode deduzir que a modernização em questão está orientada contra a Rússia, sustenta o politólogo russo Konstantin Sivkov:
“Como se vê, será impossível dissuadir a Rússia em termos econômicos, uma vez que tal passo afetará os interesses econômicos da Europa. Por outro lado, a Rússia dispõe de um arsenal nuclear tático e estratégico potente. Assim sendo, para equilibrar os potenciais russo e europeu, os EUA pretendem colocar suas bombas atômicas na Europa.
Perante esse cenário, a Rússia deverá suspender o processo de redução das suas armas nucleares e tomar medidas conducentes ao restabelecimento do seu potencial nuclear até ao nível antecedente ao estipulado pelo Tratado START. Deste modo, será necessário aumentar o número de ogivas de 3,5 mil atuais para 4-5 mil. E a Europa se transformará, involuntariamente, em uma praça de armas sob o controle dos EUA, interessados em eventual escala da tensão regional. Washington obrigou a Europa a receber suas armas nucleares. Em princípio, isto evidencia que os EUA se preparam para uma guerra contra a Rússia.”
Tal previsão triste quanto a um provável adversário dos EUA se deve ao alcance de vetores das bombas atômicas americanas. Os aviões F-16 têm um alcance superior a 1.300 km. A essa distância se encontra apenas um Estado que não se integra na OTAN, realça Dmitri Danilov:
“Tudo isso leva a crer persistirem ainda os desígnios militares em relação à Rússia. Não é segredo que os militares se têm baseado em cenários mais pessimistas. As duas máquinas militares - uma russa e a outra da Aliança Atlântica – permanecem em oposição. Em paralelo, os países-membros da OTAN como a Polónia, os Estados bálticos e nórdicos, se manifestam em prol do conceito de defesa coletiva. Após a cúpula da OTAN em Lisboa, se tornou claro que a Aliança se prontifica a manter esta sua função importante. Com isso, a presença nuclear dos EUA faz uma parte integrante desta doutrina.”
Ao mesmo tempo, alguns outros países da OTAN não concordam com tal política obsoleta, exigindo uma revisão da presença norte-americana na Europa. Acontece que os dirigentes europeus não têm acesso ao “botão vermelho”, estando praticamente afastados do processo decisório. Parece que cabe mais aos políticos norte-americanos decidir o seu destino e fazer a opção entre a vida a morte. Mas eles, como se sabe, se encontram muito longe para sentir a importância vital dessa questão. Por Serguei Duz Foto: en.wikipedia.org
Créditos: Voz da Russia

BR Distribuidora destitui diretor ligado à compra de refinaria

O Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora (BR Distribuidora), subsidiária da Petrobras para a área de distribuição de combustíveis, aprovou ontem (21) a destituição do diretor Financeiro da empresa, Nestor Cerveró, envolvido na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Em nota, a Petrobras informou que o presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, vai acumular interinamente as atividades da diretoria.
Nestor Cerveró, que era diretor da Área Internacional da Petrobras quando houve a aquisição da refinaria texana, foi o responsável pelo parecer técnico que levou o Conselho de Administração da estatal a aprovar a compra de 50% da Refinaria de Pasadena.
A compra da refinaria está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Congresso Nacional por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Foto: EBC
Créditos: Agencia Brasil

sexta-feira, 21 de março de 2014

AIDS tem cura

Os médicos militares do Egito anunciaram a conclusão de testes de medicamentos e de aparelhagem para o tratamento de HIV e hepatite C. A tecnologia foi denominada Complete Curing Device, ou CCD. Ela permite rastrear e eliminar os vírus e levar a cabo a terapia geral.
O correspondente da Voz da Rússia foi o primeiro jornalista estrangeiro que teve a oportunidade de conversar com os dirigentes deste projeto que ainda há pouco era ultrassecreto. Nesta palestra, realizada no Departamento de Engenharia das Forças Armadas, estiveram presentes ambos os criadores da tecnologia única – o general-médico Ibrahim Abdel-Atti e o coronel-médico Ahmed Amin. Foi o coronel Ahmed Amin quem falou da nova tecnologia:
"O Departamento de Engenharia das Forças Armadas desenvolveu e testou dois aparelhos. Um deles, que tinha sido desenvolvido sob a minha direção, descobre os vírus, enquanto o outro, desenvolvido sob a direção de Ibrahim Abdel-Atti, elimina estes vírus. O programa geral de tratamento inclui também medicamentos especialmente desenvolvidos. Os medicamentos e a aparelhagem já foram submetidos a todos os testes em modelos, em animais e em humanos. Isto diz respeito ao HIV e ao vírus da hepatite C. Todos os ingredientes dos medicamentos também foram submetidos a testes de toxicidade. Fizemos também um teste de estabilidade de convalescença durante os 33 meses depois do tratamento. O desenvolvimento do nosso método levou cerca de vinte anos.
A propósito, segundo já informou Ibrahim Abdel-Atti, cerca de 70% das análises químicas dos medicamentos foram efetuadas nos laboratórios russos da cidade de Dubna.
Antes de dar início à verificação da eficiência do aparelho no tratamento de pessoas humanas, obtivemos todos os certificados necessários. Sem estes documentos não poderíamos testar o efeito produzido por este aparelho em pessoas humanas. Todos estes certificados encontram-se no Ministério da Saúde do Egito.
Já na fase de testes destes métodos em animais, obtivemos provas patentes de que depois do ciclo de tratamento os vírus no organismo desaparecem.
Os nossos cientistas estudaram vínculos químicos dentro do vírus e os vínculos químicos dos componentes do sangue. Eles descobriram o método que permite romper os vínculos químicos dentro do vírus sem prejudicar os componentes do sangue.
O prazo de tratamento é seis meses. Inicialmente, o paciente toma medicamentos durante dez dias. A seguir, durante uns 15-25 dias, em conformidade com o estado do paciente, ele é submetido ao tratamento com o nosso aparelho uma hora por dia. E depois, novamente toma medicamentos até completar o prazo total de seis meses. Constatamos que os vírus desapareceram do organismo de todos os pacientes submetidos aos nossos testes.” Mas será acessível será o tratamento de acordo com o método novo? E seria possível curar da mesma maneira outras doenças infecciosas? Ahmed Amin prossegue:
“Simultaneamente com a cura da doença, provocada pela infeção básica, pára também o desenvolvimento de doenças secundárias, resultantes da enfermidade principal. Por exemplo, pára o desenvolvimento da diabetes ou o processo de deterioração da visão. O nosso método não exerce diretamente influência direta sobre as infeções secundárias e outras patologias secundárias. Ele elimina o vírus que tinha provocado a doença primária – então as doenças secundárias param de desenvolver-se e podem ser curadas.
Não estudamos a questão do custo de tratamento mas, certamente, haverá uma diferença substancial do custo em comparação com o Ocidente. Um simples operário poderá fazer o tratamento sem enfrentar problemas materiais. E isto vai ocorrer já em breve. Inicialmente pretendemos pôr em funcionamento esta aparelhagem em um ou dois hospitais militares. Mais tarde, os mesmos aparelhos serão instalados nos hospitais civis. Vamos começar a tratar oficialmente os pacientes a partir de 01 de julho.”
Créditos: Voz da Russia

Legado da privatização e contratos intermináveis causam conflitos na Ceagesp

ceagesp.jpgAtaques da última semana tem como pano de fundo reversão de processo de concessão ao setor privado e proposta de permissionários para transição que comece em cem anos. 
O clima de tensão na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) continua após o atentado da última sexta-feira (14), ocasião em que um grupo de 10 a 20 homens causou tumulto entre os trabalhadores, incendiou prédios administrativos, danificou câmeras de segurança e destruíram equipamentos de cobrança de estacionamento e controle de entrada e saída.
Esta é a segunda vez que a cobrança para entrada e permanência de caminhões serviu como estopim de protestos: a primeira, em março de 2012, provocou tumultos de menor intensidade, mas conseguiu adiar a instalação do sistema. Desta vez, no entanto, com incêndios direcionados a prédios onde estão arquivados contratos com os permissionários, os conflitos ganham contorno político e marcam nova etapa de uma disputa entre público e privado que corre no seio da estatal desde 1997, quando o órgão foi entregue pelo então governador Mario Covas (PSDB, 1995-2001) ao governo federal para renegociar a dívida do estado e dar início a sua privatização, processo parado desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002).
A perspectiva de que novos atentados possam ocorrer contra a administração da Ceagesp está vinculada a dois processos políticos em andamento: no âmbito federal, a central já cumpriu todo o ritual burocrático e só depende de um decreto da presidenta Dilma Rousseff para poder deixar o Programa Nacional de Desestatização, no qual está incluída desde 1999. As estatais incluídas no programa pré-privatização criado por FHC não podem receber investimento direto da União nem realizar empréstimos, o que fragiliza o poder de gestão da Ceagesp. O setor jurídico do entreposto afirma já ter encaminhado toda a papelada necessária a Brasília para consumar a transição e espera estar fora da lista de “privatizáveis” até julho deste ano.
Ao mesmo tempo, a Ceagesp prepara um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público para rever cerca de 2,7 mil contratos de permissão de uso dos boxes comerciais no entreposto. Os contratos em vigência, formulados em plena ditadura (1964-85), na década de 1960, foram adquiridos sem concorrência pública e têm validade indefinida, o que criou um emaranhado de transmissão por hereditariedade e negociação de contratos de gaveta no mercado paralelo, sem qualquer fiscalização. Os valores de aluguel previstos nesses documentos variam de acordo com o tamanho do box, mas chegam a R$ 3 mil mensais, muito abaixo do preço médio praticado na capital paulista.
Ambas ações, que começam a reverter uma situação em que o poder público tem poder de fogo insuficiente para regular as atividades privadas (o comércio movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano na Ceagesp, mas a arrecadação do órgão, entre aluguéis e rateio de serviços, não chega a R$ 100 milhões por ano), são vistas pela direção do entreposto como possíveis agravantes dos conflitos. “Na última vez que tivemos protestos, há uns dois anos, os comerciantes baixaram os portões com medo de depredações. Desta vez, continuaram funcionando normalmente”, observa Mário Maurici, presidente da Ceagesp desde 2009, ressaltando que a suspeita de que uma parcela dos permissionários poderia estar previamente informada das ações violentas daquele dia ainda carece de confirmação da Polícia Civil, que recebeu as imagens das câmeras de segurança para identificar os autores do ataque. As associações que representam os permissionários negam envolvimento com atos violentos.
“Aqui há muitas questões, é uma situação muito complexa. Um exemplo: os carregadores recebem o pagamento dos produtores, mas quem intermedia são os comerciantes. Eles, claro, tiram uma parte; eventualmente, a maior parte. Essa é uma questão dos trabalhadores que terá de ser resolvida”, conta. “Por outro lado, temos os conflitos de interesse aqui dentro, a concorrência entre os próprios comerciantes, a disputa entre nós e quem quer utilizar este espaço para atividades particulares, até criminosas.”
Desde maio de 2013, o Ministério Público e a Ceagesp buscam uma forma de coibir os recorrentes casos de trabalho e prostituição infantil nas dependências do entreposto, uma vez que a Polícia Militar se recusa a atuar no interior do entreposto por conta da identidade jurídica do órgão, que é privada. A Ceagesp conta com 70 guardas patrimoniais próprios, além do apoio de seguranças particulares pagos em rateio pelos comerciantes. “A verdade é que somos, hoje, um órgão muito vulnerável”, alerta Maurici.
E, como resultado das ações da última sexta-feira, a segurança da Ceagesp pode ficar ainda mais fragilizada: 96% da arrecadação com o estacionamento era direcionada à manutenção das câmeras de segurança e da central de monitoramento criada neste ano. Com a previsão de que a cobrança não poderá ser realizada por meses, a Ceagesp busca uma forma de reequilibrar o contrato e conseguir pagar os prestadores de serviços. Caso contrário, as atividades podem ser interrompidas.
Na arena do debate político e judicial, o enfrentamento principal da direção da Ceagesp tem sido com as entidades patronais que representam parte dos permissionários: a Associação dos Permissionários (Apesp) e o Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento do Estado de São Paulo (Sincaesp), que, embora tenham natureza distinta, atuam juntas e compartilham quadros. Aqui, a discussão ganha, também, cores partidárias: enquanto os principais diretores da Ceagesp são do PT, lideranças ligadas ao PSDB são predominantes no sindicato patronal. O vice-presidente do Sincaesp, Cláudio Furquim, já foi candidato a deputado estadual pelo partido, e o responsável pela organização dos permissionários na entidade, embora não esteja no quadro de diretores do sindicato, é José Roberto Graziano, irmão de Xico Graziano (PSDB), ex-deputado federal e secretário estadual de Agricultura de Covas em 1997, quando a empresa foi entregue ao governo federal.
Embora as entidades não tenham se manifestado publicamente sobre a retirada da Ceagesp do Programa Nacional de Desestatização, na semana anterior aos atos violentos no entreposto, uma reunião entre associação, sindicato e uma construtora teria discutido a abertura de um entreposto de abastecimento privado, cujo objetivo seria substituir a Ceagesp – hoje, diversos comerciantes já mantêm armazéns do lado de fora do entreposto, onde realizam parte de suas operações. A construtora foi procurada para confirmar a realização da reunião, mas não respondeu à RBA até a publicação desta reportagem.
Já no fronte da revisão do modelo de contrato de permissão de uso dos boxes, as entidades de classe, representadas pelo advogado Rafael Pinto de Moura Cajueiro, tentam atrasar ao máximo a transição dos contratos para um novo modelo, para o qual teria de haver licitação. Enquanto a Ceagesp discute com o Ministério Público um período de até 20 anos para realizar a concorrência pública pelos boxes, o sindicato pede 50 anos, renováveis por mais 50 – o que poderia deixar para o ano de 2114 a primeira licitação por um box no entreposto de alimentos da história do estado de São Paulo.
“Tomamos essa posição para negociar, é claro. De minha parte, acredito que um período de até 30 anos seria suficiente, mas é um chute”, afirma Cajueiro. “O problema é que o Ministério Público só discute com a Ceagesp, e não conosco. Por que não? Nós queremos tempo para que os permissionários possam receber uma amortização pelos investimentos que fizeram do próprio bolso em seus ramos produtivos ao longo desses anos, sem ajuda da Ceagesp”, explica, reafirmando que, para calcular o valor dessa indenização pelos últimos 50 anos de contratos, seria necessário um estudo técnico sobre o assunto. 
O único ponto em que sindicatos patronais e Ceagesp têm consenso é que a ausência de regulamentação federal específica para os entrepostos de abastecimento e para a produção de hortifruti prejudica a aplicação de políticas públicas para a área. “Não temos marco legal, não temos diretrizes gerais de atuação, e essa não é uma questão de São Paulo. Cada entreposto em cada estado do Brasil é administrado de um jeito diferente, mas isso não pode continuar assim”, afirma Maurici. “Ou será que o cidadão prefere não saber direito de onde vem o seu alimento, ou por que tipo de controle de qualidade ele passou antes de ser distribuído?”. Por Diego Sartorato, da RBA
Créditos: Rede Brasil Atual

Nova política com velhas oligarquias

campos_marinaA adesão de Marina Silva à frente de reacionários e ressentidos antilulistas – que está virando o PSB em quase toda a sua totalidade – fará a ex-senadora subir no mesmo palanque do pré-candidato a governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), da bancada ruralista. Para aquela que se destacou como ambientalista, seria razoável lembrar que os liderados por Caiado são os que mais estragos provocaram no texto final do Código Florestal, os que mais radicalmente se opõem ao endurecimento das penas por submeter trabalhadores a regime de escravidão etc. Mas Caiado já declarou apoio a Campos, devidamente retribuído, e organiza sua pré-campanha em Goiás.
Os novos parceiros políticos também a colocarão no palanque ao lado de Jorge Bornhausen, por sua vez, o "novo" cacique do PSB em Santa Catarina. E também com o ex-DEM Heráclito Fortes, recém-integrado ao PSB do Piauí, além de várias outras filiações demotucanas exóticas, para um partido que nasceu se dizendo de esquerda e carregando o "socialista" no nome.
Marina parece não se importar e roda o Brasil proclamando a "nova política", enquanto, do seu lado, o candidato Eduardo Campos prepara sua sucessão ao governo de Pernambuco com uma lista de opções tiradas de seu clã familiar e político. Os três nomes mais cotados por Campos para disputar o poder em seu estado têm algum grau de parentesco direto ou indireto com ele.
Na semana passada, uma reportagem publicada no jornal Correio Braziliense listou cada membro familiar de Campos que está pronto para participar de alguma forma do poder – e do orçamento – de Pernambuco.
O primeiro, segundo a publicação, é o primo de primeiro grau de Renata, mulher do governador, o ex-deputado Maurício Rands, que voltou de uma temporada na África para, segundo ele, ficar "na retaguarda" do governador. Depois de romper com o PT, ele se filiou ao PSB em outubro do ano passado, no limite do prazo legal para ser elegível
Outro nome que desponta na sucessão pernambucana é o do secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar – além de o filho dele, Tomás Alencar, ser namorado de Duda Campos, filha de Eduardo Campos. As duas famílias são próximas desde a época de Miguel Arraes – o avô de Campos e ex-governador daquele estado. Mas, apesar de serem tratados como primos, a Secretaria de Comunicação pernambucana garante que os Alencar e os Campos não estão na mesma árvore genealógica.
A terceira opção de Campos hoje é o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, casado com uma prima de segundo grau do governador. Seu nome não chega a ser unanimidade dentro do PSB pernambucano, mas conta com a simpatia de grande parte dos dirigentes do partido.
O vice-governador, João Lyra, e o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra chegaram a ser cogitados pelo atual governador, mas devem ocupar outros espaços na aliança. Lyra assumirá o governo quando Campos sair para a disputa presidencial em abril e Bezerra pode disputar o Senado. A vaga foi aberta esta semana, quando o peemedebista Jarbas Vasconcelos anunciou que não tentaria a reeleição.
E as coisas não param por aí.
Além dos dois secretários cotados para a disputa, Campos mantém no governo ao menos uma dezena de parentes seus e de sua mulher. A irmã da primeira-dama, Ana Elisabeth de Andrade Lima Molina, médica de carreira da Secretaria da Saúde, foi alçada a um cargo de direção da pasta.
Antes de fazer campanha para que a mãe, a então deputada Ana Arraes, fosse nomeada ministra do Tribunal de Contas da União, em 2011, Campos já havia patrocinado a escolha de dois parentes para ocupar espaços no Tribunal de Contas do Estado. Ele indicou como conselheiros do órgão um primo seu, João Campos, e um primo da mulher, Marcos Loreto. Outro primo do governador, Thiago Arraes Alencar Norões, foi escolhido procurador-geral do Estado no início do segundo mandato de Campos.
No Congresso, há a possibilidade de o filho mais velho de Campos ser candidato a deputado federal. João, de apenas 19 anos, teria a missão de representar a família no Congresso, já que Ana Arraes trocou o mandato na Câmara pela vaga no TCU.
Até para a deputada estadual tucana Terezinha Nunes, a escolha familiar que Campos pretende fazer para a sua sucessão põe em xeque o discurso da nova política adotado pelo governador, no que é apoiada pelo petista Sérgio Leite (PT), que assumiu esta semana a liderança da oposição na Assembleia.
Como Campos, e sobretudo Marina, conseguirão manter seus discursos de nova política mantendo tantas e tamanhas contradições deveremos conferir em breve, assim que comecem as campanhas eleitorais. Leia mais no portal RBA. por Helena Sthephanowitz 
Créditos: Rede Brasil Atual