sábado, 24 de janeiro de 2015

Sete alimentos que roubam seu cálcio

Garanta que seu organismo absorva todo o cálcio necessário para prevenir e controlar a doença. Café, chocolate e outros alimentos quase passam por vilões quando o assunto é garantir ossos fortes e saudáveis: diminuem a capacidade do organismo de absorver cálcio. A solução, entretanto, não é bani-los da dieta, já que muitos deles - como os grãos integrais - possuem outros nutrientes essenciais à saúde. Segundo a nutricionista Juliana Stein, é preciso saber balancear bem: "Para quem já tem doenças nos ossos, como osteoporose, pedimos para não misturar os alimentos fontes de cálcio com os que atrapalham a sua absorção". A clássica combinação de café com leite, por exemplo, deve ser evitada. Conheça esses alimentos e saiba como consumi-los com segurança para os ossos.
Excesso de proteínas
"O organismo gasta muito cálcio para processar a proteína", diz a nutricionista Danielle Moreira, do Rio de Janeiro. Por isso, abusar nas fontes de proteínas pode aumentar a eliminação de cálcio pela urina, dificultando a sua absorção.
Mas como saber se você está passando dos limites na ingestão de proteínas? A nutricionista Juliana Stein explica que uma pessoa que não seja atleta precisa de 0,8 a 1g de proteínas diárias por quilo de seu peso. "Quem passa dessa 1g já tem a chamada dieta hiperproteica", afirma.
Excesso de ferro
 Embora aconteça raramente, é possível que o ferro em excesso faça com que o cálcio não seja absorvido. Isso acontece por causa de uma disputa entre esses dois minerais, como explica a nutricionista Juliana Stein. "Eles são absorvidos pela mesma 'porta' - chamada de glute, que encaminha as substâncias à corrente sanguínea - e competem entre si para serem absorvidos", diz. O cálcio costuma ganhar o páreo, mas perde quando o ferro está em uma quantidade muito maior. No entanto, lembram as nutricionistas Juliana e Sandra, isso é raro de acontecer, já que geralmente as dietas são mais ricas em cálcio do que em ferro.
Gorduras
Existe um tipo específico de gordura que faz com que o cálcio seja liberado pelas fezes, em vez de ir para os ossos: os ácidos graxos saturados de cadeia longa, encontrados em manteiga e carnes gordurosas. A nutricionista Juliana Stein explica que, ao chegar ao intestino, esse tipo de gordura forma uma substância chamada oxalato, que se liga às moléculas de cálcio, formando um complexo insolúvel. "Esse complexo acaba sendo excretado nas fezes", conta.
Chocolate
Além de ter cafeína, o chocolate conta com o ácido oxálico que, como dito anteriormente, aumenta a eliminação de cálcio pelas fezes. "A quantidade de cafeína é a mesma, independente da quantidade de cacau", garante Sandra. Ela também alerta que o chocolate ou achocolatado em pó adicionado ao leite tem o mesmo efeito. Para comer essa delícia com menos culpa, a nutricionista aconselha o consumo de chocolates com maior teor de cacau, pois, apesar de prejudicar a absorção de cálcio, há, ao menos, maior ação antioxidante - o que não acontece com chocolates com menos cacau em sua composição.
Alimentos com ácido oxálico e fitatos
O ácido oxálico - encontrado em gérmen de trigo, nozes, feijão, espinafre, tomate e acelga -aumenta a eliminação de cálcio pelas fezes. O fitato age da mesma forma. Um exemplo de alimento com essas duas substâncias são os cereais integrais. No entanto, isso não significa que eles devem deixar de ser ingeridos, já que são ricos em fibras necessárias para o bom funcionamento do intestino. "Em casos de pessoas que já tenham doenças nos ossos, uma boa alternativa é ter uma alimentação com bastante frutas, vegetais e legumes, o que garantirá o pH ácido ao estômago - condição necessária para a boa absorção do cálcio", diz Sandra, que justifica: "Quanto maior a ingestão desses alimentos, maiores as chances de você consumir zinco, mineral que equilibra o pH do estômago".
Refrigerante
Essa bebida é rica em fósforo, que inibe a absorção de cálcio pelo corpo. "O fósforo aumenta a liberação do paratormônio, hormônio que controla a quantidade de cálcio que temos nas células e nos ossos. Se ele está elevado, acaba mobilizando mais cálcio do osso pra corrente sanguínea, descalcificando os ossos", explica Sandra da Silva Maria, nutricionista da Gastro Obeso Center, em São Paulo.
Atenção especial aos refrigerantes de cola: além do fósforo, eles contam com cafeína, a mesma substância do café que aumenta a eliminação de cálcio pela urina.
Café
Misturar essa bebida com leite pode não ser tão indicado, dependendo das proporções de café e leite em sua xícara. "A cafeína, presente no café, tem efeito diurético, o que faz com que o cálcio seja eliminado pela urina", justifica Juliana Stein. Mas a nutricionista lembra que, para chegar a prejudicar a absorção, a quantidade de café ingerida ao dia deve ser superior a 300mg, o que equivale a três xícaras médias da bebida, aproximadamente.
Sal
Encontrado no sal, o sódio aumenta a excreção de cálcio pela urina. A nutricionista Juliana Stein, de São Paulo, recomenda que pessoas com osteopenia ou osteoporose eliminem o chamado sal de adição, aquele que acrescentamos à salada e a outros alimentos. Dica: use como tempero limão, azeite e especiarias.
Créditos: WSCOM

Governo inclui no PAC obra contra crise da água em SP

O Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento – CGPAC aprovou a inclusão do empreendimento de interligação do reservatório Jaguari-Atibainha na carteira do programa. A obra faz parte dos projetos de segurança hídrica que o governo de São Paulo apresentou à presidenta Dilma Rousseff em dezembro, com o objetivo de reforçar o abastecimento de água no estado.
O empreendimento integra as águas da bacia do rio Paraíba do Sul ao Sistema Cantareira através de um canal entre as represas Atibainha, que abastece São Paulo, e o reservatório Jaguari, no Rio de Janeiro.
A obra, com investimento estimado pelo estado de R$ 830,5 milhões, será executada pela Sabesp e aumenta a disponibilidade hídrica no sistema Cantareira em 5,1 metros cúbicos por segundo, em média, beneficiando toda a região metropolitana de São Paulo.
No dia 4 de dezembro de 2014, a presidenta Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin assinaram termos de compromisso para a execução de obras de infraestrutura em São Paulo, com destaque para a parceria público-privada do Sistema Produtor de São Lourenço, que atenderá 1,5 milhão de pessoas e se juntará às demais medidas que o governo federal e o de São Paulo têm discutido para enfrentar a crise hídrica.
O governador Geraldo Alckmin apresentou em novembro do ano passado uma lista de oito obras que necessitam de um investimento de R$ 3,5 bilhões. A lista dos empreendimentos foi entregue à presidenta Dilma Rousseff em reunião realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Também participaram do encontro as ministras Miriam Belchior (Planejamento) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), além do presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu.
Uma semana depois, técnicos e secretários do estado de São Paulo detalharam para as ministras Miriam Belchior (Planejamento) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), e o secretário do PAC, Maurício Muniz, os oito projetos.
Créditos: Brasil 247

Crise hídrica no Rio pode suspender fornecimento às empresas

Barra do Piraí - Estiagem o rio Paraíba do Sul na cidade de Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro.O secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, André Corrêa, pediu que a população do estado economize água. Correa não descartou a possibilidade de o abastecimento às empresas na região da foz do Rio Guandu ser interrompido para que o uso humano tenha prioridade em face da crise hídrica no estado.
André Corrêa afirmou que a prioridade será o abastecimento humano, e que, por isso, o bombeamento extra que afasta a água salgada do leito no fim do Rio Guandu pode ser interrompido, o que afetaria empresas próximas ao Porto de Itaguaí e do poló industrial de Santa Cruz.

De acordo com o secretário, o abastecimento de água para 75% da população no estado será garantido pelo volume morto do reservatório de Paraibuna nos próximos seis meses, mas, depois desse período, não está descartada a possibilidade de um racionamento no Rio de Janeiro. "Isso é muito difícil de acontecer, mas descartar eu não vou descartar".

Segundo o secretário, a possibilidade de racionamento é pequena e afirmou que, mesmo no pior cenário, em que chuva alguma abasteça o Paraibuna, o volume morto pode abastecer o estado nos próximos seis meses. Depois disso, no entanto, "medidas drásticas" precisariam ser tomadas. Em 84 anos de medição do nível de reserva de água, André Corrêa ressaltou que o Rio de Janeiro convive com "a pior crise hídrica da história do Sudeste”. Ele destacou que o momento é crítico, mas não há motivo para desespero a ponto de a população adotar medidas como, por exemplo, a reserva de água desnecessariamente.

Com menor vazão de água, o Paraíba do Sul também tem enfrentado problemas como a entrada de água salgada em sua foz, na cidade de São João da Barra. Isso torna o abastecimento na cidade "o mais preocupante do estado", segundo Côrrea. O secretário defendeu a cobrança de tarifas diferenciadas pela Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), beneficiando quem gasta menos e onerando quem consome mais. Correa informou que o governo do estado estuda a viabilidade do projeto, bem como formas de reuso de água por meio de tratamento. Ele disse, porém, que o tratamento da água já usada não estará disponível em curto prazo.
Créditos: Agencia Brasil

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Saldo do FGTS agora pode ser conferido pelo celular

A Caixa Econômica Federal lançou uma ferramenta que permite aos trabalhadores receberem todos os meses o extrato do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) via SMS pelo celular.  Ao se cadastrar o usuário passa a receber duas mensagens por mês com informações sobre o FGTS “Por lei a Caixa deveria enviar extrato do FGTS todos os meses para as casas dos trabalhadores, mas como isso não ocorre, resolvemos pleitear a criação dessa ferramenta para as mensagens serem enviadas por SMS, porque hoje em dia todos têm um celular”, Salaciel Vilela, representante da CTB no Conselho Curador do FGTS. 
Para isso, o trabalhador deverá cadastrar senha e assim obter acesso às informações. O cadastramento pode ser feito pelo site da Caixa (www.caixa.gov.br) ou pelo site do FGTS (www.fgts.gov.br), aceitando o Termo de Cadastramento. Após entrar no site do FGTS clique em "Mensagens Via Celular" depois em "Faça Sua Adesão ao Serviço" e se cadastre.
“Essa ferramenta é um grande avanço para que os trabalhadores possam fiscalizar adequadamente os depósitos feitos na sua conta do FGTS”, realça Salaciel. “As coisas não poderiam continuar da maneira como estavam sendo feitas. A maioria absoluta dos trabalhadores só vinham saber que as empresas onde trabalhavam não haviam feito os depósitos no fundo quando eram demitidos”, conta o conselheiro.
Ao optar pelo serviço, o trabalhador passa a receber gratuitamente informações da conta vinculada ao FGTS. Segundo a Caixa são enviadas duas mensagens por mês. “É fundamental que todos os trabalhadores se cadastrem seus celulares a essa ferramenta para não serem pegos de surpresa na hora ruim do desligamento das empresas”, diz Salaciel. O trabalhador pode se cadastrar no site da Caixa e a partir dessa efetivação receberá mensalmente os depósitos efetuados em sua conta do fundo, “assim os trabalhadores poderão fiscalizar e reivindicar que as empresas cumpram com sua obrigação”, assinala.
Créditos: Paraíba Total

País terá "problema grave" se reservatórios chegarem a 10%, diz ministro

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que, se os reservatórios das hidrelétricas chegarem a níveis menores que 10% da capacidade máxima, o país poderá ter "problemas graves", e o governo tomará as “medidas necessárias”, que podem incluir o racionamento de energia. Atualmente, os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste estão em 17,43% de sua capacidade máxima e os da Região Norte estão em 17,18%. 
“Mantido o nível que temos hoje nos reservatórios, temos energia para abastecer o Brasil. É óbvio que se tivermos mais falta de água, se passarmos do limite prudencial de 10% nos nossos reservatórios, estamos diante de um cenário que nunca foi previsto em nenhuma modelagem”, disse Braga. Segundo o ministro, esse é o limite estabelecido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) para o funcionamento das usinas hidrelétricas. "A partir daí, teríamos problemas graves, mas estamos longe disso", ressaltou.
Segundo o ministro, o país enfrenta atualmente uma situação hidrológica pior do que a verificada em 2001, quando foi decretado um racionamento de energia no país. Ele informou que o governo está monitorando o consumo de energia, e que não há previsão de outro pico de demanda, porque a temperatura está amenizando, o que reduz gastos com equipamentos como ar-condicionado.
Para o ministro, o consumidor brasileiro tem capacidade de administrar o gasto de energia. “Esperamos que, de forma inteligente, o povo brasileiro, que sempre soube cuidar da sua economia, possa definir qual o consumo ele quer, porque tem um preço a pagar por esse consumo, e ele está sendo informado sobre isso”, disse.
Braga minimizou a importação de energia da Argentina nos últimos dois dias. Ele explicou que a importação não foi feita por falta de energia no Brasil, e que havia energia sobrando no Nordeste, mas que, por limitações de transmissões, não tinha como ser levada para as outras regiões do país naquele momento. “Temos um intercâmbio desde 2006. É normal nós usarmos energia deles e eles a nossa. Isso sequer é tratado como compra de energia, é uma compensação de energia”. Na última terça-feira (20), o Brasil importou um total de 165 megawatts (MW) médios da Argentina para contribuir no atendimento do Sistema Interligado Nacional.Ante-ontem (21) foram importados 90 MW médios. 
Créditos:Agencia Brasil

Ex-diretor confessa ter recebido US$ 1,5 milhão para aprovar compra de Pasadena

Em depoimento de delação premiada – firmada com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) em setembro do ano passado –, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que recebeu US$ 1,5 milhão do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, "para não causar problemas", na reunião da estatal em foi aprovada a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O acesso aos termos do depoimento foi liberado pela Justiça Federal em Curitiba. 
Costa relatou aos investigadores que foi procurado por Fernando Baiano e aceitou receber o valor, que foi pago no exterior. Ele disse acreditar que a quantia tenha sido disponibilizada pela Astra Petróleo, proprietária da refinaria. Segundo ele, havia boatos dentro da Petrobras de que “o grupo de [Nestor] Cerveró [ex-diretor da Área Internacional], incluindo o PMDB e Baiano" tinha dividido "algo entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra”.
Sobre a relação com Fernando Baiano, Costa disse que viajou com ele em 2007 ou 2008 para Liechtenstein, na Europa, e foram ao Vilartes Bank, onde ele “acredita que os valores tenham sido depositados”. Na ocasião, Costa disse que conheceu Diego, um “operador” do empresário que morava na Suíça  e vinha ao Brasil uma vez ao ano para cuidar das contas de Baiano.
O ex-diretor definiu Fernando Soares como lobista e  “uma pessoa bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial”. Segundo Costa, ele é dono de uma cobertura de 1,2 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, uma casa nos Estados Unidos, casas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e emTrancoso, na Bahia, além de uma lancha, ativos no exterior e uma academia de ginástica. Paulo Roberto acredita que os bens estão em nome de outra pessoa, porque Soares “não teria como comprovar a origem dos recursos para adquirir todos esses bens.”
Paulo Roberto Costa confirmou que a “necessidade de repasses para grupos políticos, especificamente PP e PT”, também ocorria na Diretoria Internacional, comandada na época por Cerveró. Nesse caso, segundo Costa, Fernando Baiano atuava como o operador que “cuidava de viabilizar a entrega de parte devida ao PMDB". Todos os partidos citados negam que tenham se beneficiado da cobrança de propina na Petrobras.
O delator também afirmou que, a partir de 2008 ou 2009, a cobrança de propina da Construtora Andrade Gutierrez passou a ser feita por Fernando Baiano, e não mais pelo doleiro Alberto Youssef.
Em julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras pelos prejuízos causados ao patrimônio da empresa com a compra da Refinaria de Pasadena.
O maior montante, de US$ 580,4 milhões, deverá ser devolvido por membros da Diretoria Executiva da Petrobras, que aprovaram a ata de compra da refinaria, entre eles, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, além de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
Créditos: Agencia Brasil

Sabesp se nega a publicar contratos de empresas que mais consomem água

seca spEmbora a Lei de Acesso à Informação (LAI) determine, já no seu primeiro artigo, que toda a administração pública está sujeita a ela, incluindo “autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades” a Sabesp parece se considerar uma exceção.
Desde dezembro do ano passado, nossa reportagem pede, através da LAI, os contratos de Demanda Firme assinados pela Companhia de Saneamento com cerca de 500 empresas para o fornecimento de altos volumes de água. Juntas, elas consomem, em média, 1,9 milhão de m³/mês.
Agora, em resposta ao recurso da reportagem a Sabesp alega que as empresas têm direito à privacidade como as pessoas, este estabelecido pelo artigo 5º da Constituição. “A pessoa jurídica goza das garantias relativas à privacidade, garantindo-lhe o direito a segredos comerciais, fórmulas e métodos que lhe pertencem reservadamente, constituindo os elementos que compõem sua esfera privada”, defende a empresa na resposta (leia a íntegra aqui).
Para a advogada da organização Artigo 19, Karina Quintanilha, a comparação não tem respaldo legal. “O direito à privacidade, assim como o direito à informação, é um direito humano e tem certos critérios para ser aplicado. Não existe direito à privacidade de uma empresa, de pessoa jurídica.” Segundo ela, a posição da Sabesp não leva em conta a sujeição da empresa à Lei de Acesso. “A regra é o acesso à informação, a abertura dos documentos públicos e contratos. A exceção é o sigilo, e somente nos casos previstos na lei, nenhuma outra hipótese seria possível. Como a Sabesp é uma empresa de economia mista, está enquadrada no artigo primeiro, não tem como fugir disso.”
A Sabesp também alega risco de prejuízo às empresas contratantes. “As informações solicitadas que se referem a um dos segmentos de mercado atendido pela Sabesp podem apresentar uma vulnerabilidade, tais como perdas financeiras e ameaças à realização de seus objetivos.” Mas esse argumento também não se justifica, segundo a advogada. “Estamos falando de contratos públicos já que a empresa por vontade própria estabeleceu uma relação jurídica com um órgão público. A partir do momento em que ela firmou esse contrato de demanda firme com a Sabesp, (o contrato) está sujeito à lei da transparência.” Para ela, a disponibilidade de contratos dessa natureza é fundamental “para que se tenha acesso à forma como esses órgãos administram os recursos públicos – no caso, a água”.
Na mesma resposta, a Sabesp menciona o Artigo 29 do Decreto 58.052, que regulamentou a LAI no estado de São Paulo, e determina: “O disposto neste decreto não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de Justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder público.”
Segundo Karina, para que exceção pudesse ser feita teria que haver uma ação prévia da empresa nesse sentido. “(A Sabesp) deveria previamente classificar o sigilo, se fosse o caso, de acordo com a LAI. No caso do pedido sobre os contratos de demanda firme, caso existisse alguma informação protegida pelo sigilo industrial eles teriam que apresentar o registro disso. Mas essa é uma hipótese muito improvável já que o sigilo industrial ocorre quando tem alguma ‘fórmula’ da empresa a ser protegida por exemplo” explica.

Precedente negativo

Em um caso similar, o TRF da 2ª Região decidiu favoravelmente ao pedido do jornal Folha de S. Paulo para obter “relatórios de análise” de contratos firmados pelo BNDES. “Não há como acolher a tese de que o BNDES exerceria suas atividades de maneira idêntica às instituições financeiras privadas, sob o regime de direito privado, de modo a isentá-lo da fiscalização de toda a sociedade brasileira”, argumentou o juiz. E ainda acrescentou que “(…) os ‘Relatórios de Análise’ objeto do presente mandamus (ação judicial) são documentos produzidos pelo Órgão da Administração Indireta e que versam sobre utilização de recursos públicos, enquadrando-se, portanto, perfeitamente nas disposições da Lei de Transparência”.
Agora a reportagem da Pública recorreu à segunda instância, que é a Corregedoria-Geral da Administração (CGA), e está aguardando a resposta. Para Karina, se a tese da Sabesp for acatada pela CGA, pode abrir um precedente perigoso, “justamente porque através desses documentos de contratos é que a gente consegue informações precisas sobre as negociações estabelecidas ente empresas e o poder público”, explica.
“A Sabesp está colocando o segredo industrial como um princípio maior, acima do direito à informação. Isso levaria com certeza a um precedente muito negativo para a liberdade expressão e o acesso à informação”, diz a advogada da Artigo 19.
A Sabesp já foi alvo de críticas da organização, que monitora a aplicação da LAI no país, em um relatório publicado em dezembro sobre a crise do sistema Cantareira. De sete pedidos feitos à Companhia, nenhum foi respondido. “A gente entende que justamente nesse momento de crise é essencial garantir a transparência. É isso que vai possibilitar que a sociedade possa participar das decisões, e elas podem se continuamente monitoradas e acompanhadas pelas pessoas que são as mais afetadas”, completa Karina.

Contratos estimulam o consumo de água

Os contratos de demanda firme estão no centro da discussão sobre as políticas adotadas pela Sabesp nos últimos anos. Eles começaram a ser usados em 2002 pela Sabesp como forma de “fidelizar” clientes do comércio ou indústria que têm grande consumo de água. Em 2010, o contrato passou a valer para clientes que consomem acima de 500m³/mês. Empresas como a General Motors do Brasil, o aeroporto de Congonhas, a SPTrans, o Jockey Club de São Paulo, a Ford Brasil e a Universidade Metodista já assinaram contratos dessa modalidade, garantindo um desconto que pode chegar a ate 40% do valor pelo alto consumo de água.
O programa prevê um consumo mínimo de água. Se o cliente consumir menos, pagará o valor completo de todo jeito. Se ultrapassar a quantidade acordada, paga a diferença. Ou seja, a empresa é penalizada se economizar, e é instada a usar mais água, já que pagará de qualquer forma. Outro problema nesse tipo de contrato é que a Sabesp exige exclusividade de fornecimento. Uma reportagem do Valor Econômico mostrou que um centro comercial na zona oeste de São Paulo foi forçado a abandonar dois poços artesianos para receber apenas água da Sabesp, em troca do desconto na conta.
As taxas cobradas não estão disponíveis no site da Sabesp. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa afirmou apenas que “cada contrato tem sua característica própria” e “as informações são confidenciais”. De acordo com os dados do Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007, o setor industrial respondia por 30,4% do consumo de água no estado.
A Sabesp finalmente reviu essa obrigação de consumo mínimo em março do ano passado, depois do agravamento da crise hídrica. Em 29 de dezembro, durante uma audiência na Arsesp, chegou a anunciar a intenção de isentar os clientes dos contratos de demanda firme da sobretaxa dos consumidores que aumentarem o consumo em relação à média do ano anterior – afinal liberada pelo TJ para vigorar neste janeiro. Depois da repercussão negativa já no dia seguinte nos jornais, as grandes clientes foram incluídas na sobretaxa. Mas os descontos previstos pelos contratos de demanda firme continuam a vigorar.
Para Marussia Whately, coordenadora da Aliança pela Água, coalizão de organizações da sociedade civil, esses contratos não levam em conta que a água é um bem escasso e é muito importante que sejam conhecidos pela população. “Muitas vezes os contratantes são prestadores de serviços para as pessoas, como supermercados, academia de ginásticas; com a crise há um interesse ainda maior em relação a como a água é consumida”. Além disso, ela destaca que “a postura da Sabesp e do governo do estado, de ausência de informações claras e de canais mais amplos de diálogo com a sociedade, até contribuiu para piorar a crise”.
Créditos: Rede Brasil Atual