quarta-feira, 12 de outubro de 2016

PEC 241 viola princípios

O parágrafo 7º da PEC 241, aprovada em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, chama a atenção pela previsão de que é atribuição do presidente da República propor ao Congresso Nacional, por meio de projeto de lei, a alteração no método de correção do teto de gastos, e somente após dez anos de a emenda entrar em vigor. O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) lembra ainda que as regras ferem a soberania popular ao atravessar cinco mandatos presidenciais, estabelecendo o prazo de 20 anos do novo regime fiscal.

Se a população eleger um candidato ou um programa de governo contra a lógica fiscalista da PEC, mesmo assim ela continuará regendo o sistema. Se a PEC for aprovada em segundo turno, passar no Senado e entrar em vigor, tanto o deputado como analistas jurídicos ouvidos pela reportagem não acreditam que ela seja derrubada no Supremo Tribunal Federal, nem no todo nem em parte. A única possibilidade de mudar os prazos de dez anos para ser alterada (pelo próprio presidente da República) e de 20 anos para o regime vigorar é que uma nova emenda constitucional altere essas regras e quaisquer outras da PEC 241.
Ao negar, pedido de liminar em mandado de segurança feito pelo PCdoB para suspender a tramitação da PEC na Câmara, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, já sinalizou que a Corte vai “lavar as mãos” no caso, como fez no impeachment, embora o ministro não tenha analisado o mérito. “A decisão do ministro Barroso afasta o Supremo desse debate. Depois da decisão que foi tomada por ele, não acredito que o Supremo decida pela inconstitucionalidade de nenhum item dessa emenda”, diz Orlando Silva.
Na opinião de Wadih Damous, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, assim como o deputado do PCdoB, o Congresso pode mudar a PEC mediante outra PEC. Mas, para ambos, a previsão de que só o presidente pode alterar o modelo fiscal daqui a dez anos viola também o princípio da separação de poderes. “Como é que não será permitido ao Congresso, se for o caso, apresentar projeto de lei nesse sentido?”, questiona Damous.
Para ele, “se tivesse uma corte constitucional no Brasil, essa PEC sequer entraria em vigor”. “Mas nós não temos mais tribunal constitucional aqui. Aliás, acho que nunca tivemos.”
Segundo Barroso, não há no caso da PEC 241 “evidência suficiente de vulneração aos mandamentos constitucionais da separação de poderes, do voto direto, secreto, universal e periódico e dos direitos e garantias individuais”.
“O ministro (Luís Roberto) Barroso ultimamente não vê mais nenhuma vulneração à Constituição”, ironiza Damous, que atualmente não exerce o mandato na Câmara. “Alguém que defende o fim do princípio da presunção de inocência não pode enxergar mais nada.” Na semana passada, Barroso foi um dos que votaram a favor da prisão de réus após condenação em segunda instância, mesmo que posteriormente venham a ser absolvidos. No julgamento do STF, a tese foi vencedora por 6 votos a 5.
“Vejo pouquíssima possibilidade de o Judiciário decretar a inconstitucionalidade dessa PEC”, diz o jurista Luiz Moreira. Para ele, o governo Temer está muito bem assessorado juridicamente e a PEC é tecnicamente bem construída. “Ela quebra o pacto político, mas não jurídico. Quebra a disposição do pacto político vigente, mas não a estrutura jurídica e constitucional.”
Para Orlando Silva, o objetivo da PEC traduz com perfeição as intenções do próprio governo Temer. “Um amigo meu comentou uma frase oportuna: ‘Washington Luiz dizia que governar é abrir estradas; Michel Temer inaugura um tempo em que governar é pagar juros’. Porque o congelamento só se dá para despesas primárias, educação, saúde, habitação, salários, e não para as despesas financeiras.” Na opinião do deputado, o dia de ontem “foi vergonhoso para o parlamento brasileiro”.
Créditos: Rede Brasil Atual

ONU pede US$ 120 milhões em ajuda internacional para o Haiti

 A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que a comunidade internacional de doadores reúna cerca de US$ 120 milhões para que se dê uma resposta humanitária a 1,4 milhão de pessoas afetadas pelo furacão Matthew no Haiti. Os recursos serão destinados a atender às necessidades dos atingidos, nos próximos três meses.
A ONU disponibilizou na semana passada, por meio do Fundo Central de Resposta de Emergência (Cerf, a sigla em inglês), US$ 5 milhões para dar início à assistência aos afetados pelo furacão. Os recursos chegam logo após um aporte de US$ 8 milhões recebidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para melhorar a resposta ao agravamento da epidemia de cólera no Haiti.
Desde o início do ano, foram registrados cerca de 28 mil casos de cólera no país, e mais de 240 pessoas morreram devido à doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que um possível surto de cólera pode ocorrer na região em decorrência das inundações provocadas pela passagem do furacão.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também alertou a imprensa, em declarações feitas ontem (10) em Nova York, sobre os riscos de propagação de doenças transmitidas pela água, inclusive a cólera. Ele afirmou que equipes da ONU estão avaliando as necessidades urgentes com as autoridades locais.
"Centenas de pessoas morreram. Pelo menos 1,4 milhão de pessoas precisam de assistência no momento. Algumas cidades e aldeias foram praticamente varridas do mapa. Colheitas e reservas de alimentos foram destruídos. Pelo menos 300 escolas foram danificadas", disse Ban Ki-moon aos repórteres na sede da ONU.
"Apelo à comunidade internacional para demonstrar solidariedade e generosidade e para trabalhar em conjunto, de forma eficaz, na resposta a essa emergência", afirmou o secretário. Segundo o Unicef, os principais componentes de uma resposta imediata incluem a aquisição de comprimidos de purificação de água, tratamento de fontes de água coletivas e a criação de latrinas em abrigos temporários e assentamentos informais.
"Estou desenvolvendo um novo enfoque para esse desafio, que inclui o apoio às vítimas do cólera e os esforços para construir sistemas de água, saneamento e saúde no Haiti. Esse último desastre torna vital a necessidade do aumento do apoio, de forma significativa e imediata", afirmou Ban Ki-moon. O furacão Matthew, de categoria 4, assolou o país caribenho terça-feira passada (4), com ventos de 235 quilômetros por hora, deixando rastros de destruição em todo o Caribe e no Sudeste dos Estados Unidos.  POTO/LOGAN ABASSI/ONU
Créditos: Rede Brasil Atual

Igreja Católica manifesta repúdio à PEC 241: "Os pobres serão as vítimas principais"

A proposta de Emenda Constitucional 241/2016 focaliza a transferência de recursos públicos das áreas sociais para o pagamento de juros e para a redução da dívida pública. Estabelece um “Novo Regime Fiscal”, encaminhado para a Câmara de Deputados no dia 15 de junho de 2016. Esta medida de contenção asfixiante, parte de uma premissa falsa segundo o Economista Francisco Funcia, da PUC- SP, que seria a grave situação econômica do país; em nota à imprensa, foi divulgado pelo Ministério da Fazenda, em 24 de junho de 2016: 

“A situação do Brasil é de solidez e segurança porque os fundamentos são robustos. O país tem expressivo volume de reservas internacionais e o ingresso tem sido suficiente para financiar as transações correntes. As condições de financiamento da dívida pública brasileira permanecem sólidas neste momento de volatilidade nos mercados financeiros em função de eventos externos. A dívida publica federal Nacional conta com amplo colchão de liquidez”. Como se verifica na declaração não há no país uma situação caótica que exija um ajuste tão violento e brutal, a ponto de “congelar” as despesas federais no patamar dos valores de 2016, por um prazo de 20 anos. 

1. Qual o objetivo é finalidade da PEC 241?

A agenda explícita desta proposta é como está na argumentação do governo interino: “estabilizar o crescimento da despesa primária, como instrumento para conter a expansão da dívida pública”. Esse é o objetivo desta proposta de Emenda à Constituição”. No entanto traduzindo para os efeitos reais da sua aplicação, significa cortes drásticos na saúde, educação, habitação, transportes, etc … para priorizar o absoluto do déficit nominal e da dívida pública. Esta visão econômica, que volta aos anos 90 da hegemonia neoliberal e do Acordo de Washington, deixa claro que a dívida está muito acima da vida do povo e que a economia para ser sanada exige o sacrifício da população especialmente aqueles que não estão incluídos no mercado. Para confirmar esta assertiva o Ministro Henrique Meirelles se posiciona em entrevista do 01/07/2016: “As despesas com educação e saúde são itens que … junto com a previdência, inviabilizaram um controle maior das despesas nas últimas décadas. Educação e saúde inviabilizam ajustes”. Trata-se não só de limitar despesas mas de desconstruir a Arquitetura dos direitos sociais que consolidou o sistema de seguridade social da CF de 1988, quer se eliminar o Estado Social de Direito desmontando o SUS, levando-o a falência e colapso total.

2. Se passar esta PEC letal, quais serão as consequências para nossa população?

Se a PEC for aprovada, serão perdidos não somente os direitos sociais inscritos na Constituição Federal, mas a qualidade de vida da população brasileira sofrerá um forte rebaixamento, voltando a expectativas de longevidade bem inferiores às atuais. No caso particular da saúde poderão provocar a ampliação de doenças e, até mesmo, mortes diante da redução de recursos para o financiamento do SUS nos próximos 20 anos. É importante não esquecer que está PEC estabelece que os valores de 2016 serão a base para a projeção de despesas até 2037, ou seja, que não está previsto o crescimento populacional, a mudança de perfil demográfico com o envelhecimento da família brasileira em condições de saúde mais precárias, que demandará mais o sistema, e da incorporação tecnológica crescente neste setor. Para ilustrar o recorte de recursos basta afirmar que esta proposta tivesse sido aplicada no período de 2003- 2015 teriam sido retirados do SUS R$ 314,3 bilhões (a preços de 2015), sendo somente no ano 2015, R$ 44,7 bilhões, cerca de 44% a menos do que foi efetivado pelo Ministério da Saúde no mesmo exercício.

É conveniente alertar também que a redução de recursos federais para o financiamento do SUS atingirão fortemente Estados e Municípios, pois cerca de 2/3 das despesas do Ministério da Saúde são transferidas fundo a fundo para ações de atenção básica, média e alta complexidade, assistência farmacêutica, vigilância idemiológica e sanitária, entre outras.

3. Existe outro caminho que os cortes na saúde, e o recuo nos direitos sociais?

A pesquisadora em saúde da ENSP/ FIOCRUZ e Diretora Executiva do CEBES, a Dra. Isabela Soares Santos, dá uma resposta positiva citando o Economista de Oxford Dr. David Stuckler que estudou a política econômica de austeridade em 27 países (1995-2011). Este renomado cientista gerou o chamado “multiplicador fiscal ” que mostra o quanto de dinheiro se consegue de volta com diferentes gastos públicos. Os melhores índices multiplicadores vem de gastos com educação e saúde, os piores com a defesa. Ele argumenta: “Saúde é oportunidade de gerar economia e crescer mais rapidamente. Se cortar em saúde, gera mais mortes, aumento e surtos de infecções por HIV, TB, DIP, aumento dos índices de alcoolismo e suicídio, aumento dos problemas de saúde mental, risco de retorno de doenças erradicadas. Saúde não deve ser cortada em situação de crise, pois os governos deveriam investir mais em saúde em tempos de crise, para sair dela”. Os próprios diretores do FMI criticam as políticas recessivas de inspiração neoliberal (site da BBC.com, 30 de junho de 2016), em vista disso, o tripé econômico de meta inflação, altos juros e superávit primário trás como consequências: o aumento da desigualdade, colocam em risco a expansão duradoura e prejudicam seriamente a sustentabilidade do crescimento.

4. Não seria o caso de ampliar os arranjos públicos privados e favorecer o seguro privado (PHI) para sair de crise?

Na verdade, nestes arranjos públicos privados o sistema público perde (maiores e mais complexas filas), o arranjo contribui para a iniquidade no financiamento no acesso e no uso, o arranjo não diminui a demanda por serviços e financiamento, o arranjo não contribui para os objetivos gerais do SNS (equidade, universalidade e solidariedade), não há evidência que o PHI alivie o SNS. É interessante constatar que a União Europeia proíbe os países membros de regular o PHI quando houver SNS, com o argumento de defender o “sistema estatutário”, que foi escolhido pela nossa Nação na CF/1988. Lamentavelmente o que vemos é uma aposta crescente no setor privado o que contribui para a segmentação do sistema de saúde brasileiro como um todo, introduzindo a lógica mercantil, abandonando a luta histórica do movimento sanitarista brasileiro que conseguiu a implementação do SUS e sua inserção na Carta Magna, garantindo saúde integral e universal para toda a população.
5. Que fazer para impedir a PEC 241 e os seus desdobramentos perversos na seguridade social e na saúde?
Em primeiro lugar é necessário ter clareza que esta desconstituição do SUS se apoia na ideologia do Estado Mínimo e no retorno a uma Democracia restringida, tutelada, com os direitos sociais à míngua. O problema para estes economistas sem coração é o estado, o tamanho do SUS. Em compensação não há medidas para penalizar os mais ricos, achatar as desonerações fiscais, ou para reduzir os juros: o ajuste acaba se concentrando nas despesas que garantem os direitos sociais como meio de criar superávits primários crescentes, visando a diminuição da dívida pública, de acordo com o economista e doutor em saúde coletiva do IMS-UERJ, Carlos Otávio Ocké-Reis. Na prática, assistiremos ao desmonte do SUS e a privatização do sistema de saúde, onde todo esforço para melhorar as condições de saúde das famílias brasileiras ficará à deriva, prejudicando os recentes avanços obtidos no combate à desigualdade e acesso universal à saúde coletiva.

Em segundo lugar devemos manifestar nosso repudio e indignação, pensando como sempre nos mais pobres que serão as vítimas principais desta política antipopular contra a vida. Conclamar a uma mobilização geral em defesa da Constituição, do Estado Social de Direito, da Seguridade Social e do SUS. O SUS é nosso, o SUS é da gente, direito conquistado, não se compra nem se vende! Que Jesus o Rosto da misericórdia do Pai, nos ilumine e nos fortaleça na caminhada e defesa de saúde integral e universal para todos os brasileiros(as).
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos e Referencial Nacional da Pastoral da Saúde
Créditos: Focando a Notícia

PB ganha autódromo pode receber Fórmula Truck e Stock Car

Os fãs paraibanos do automobilismo ganharão mais uma opção para acompanhar e praticar o esporte. No dia 23 deste mês, será inaugurado o Autódromo Internacional da Paraíba, que fica situado no quilômetro 61 da BR-230, por trás do Condomínio GreenVille, em São Miguel de Taipu, distante 41 km de João Pessoa. A pista, que conta com três traçados diferentes, já nasce sonhando alto, com a possibilidade real de receber provas da Fórmula Truck e Stock Car nas próximas temporadas.
Homologado pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o circuito intermediário de 3.024m inaugurado com a disputa da 2ª Etapa da Copa Nordeste de Marcas & Protótipos, que deve reunir dezenas de pilotos com suas máquinas disputando as primeiras colocações nas categorias CTM 2000, Spirit, Super Turismo e Marcas e Pilotos.
O evento inaugural ainda contará com a presença dos pilotos da Fórmula Truck Djalma Fogaça e Alex Fabiano, que farão uma apresentação com seus caminhões. Eles ainda sortearão dez expectadores da arquibancada e outros dez convidados para darem uma volta rápida no circuito à bordo do caminhão.
Os ingressos antecipados já estão à venda pela internet, com preços promocionais. A arquibancada custa R$ 20, enquanto o ingresso para ficar no padock está por R$ 50. A organização do evento sorteará uma entrada para o GP Brasil de F1, que será realizado no dia 13 novembro, no Autódromo de Interlagos.
O Autódromo Internacional da Paraíba, que terá três traçados de pista (todos eles com mais de 3 mil metros) contará com 60 boxes – atualmente 30 já estão concluído e todos eles têm capacidade para receber um caminhão da Fórmula Truck. O complexo, que ainda tem algumas partes em construção, ainda terá Centro Médico (em conclusão), heliponto, arquibancada coberta com capacidade para cinco mil pessoas, além de restaurantes.
A boa estrutura do Autódromo Internacional da Paraíba faz com o complexo se credencie para receber grandes provas do automobilismo nacional. De acordo com o diretor de marketing Max Weber, o circuito pode até ganhar uma etapa da Fórmula Truck já na próxima temporada.
“A dona da Fórmula Truck já está enviando esses dois caminhões ao nosso evento, por conta dela, porque ela tem interesse em realizar provas aqui na Paraíba. Então, estamos inaugurando esse primeiro circuito com o intuito de receber a Fórmula Truck já no calendário de 2017. Também estamos em negociação com a Stock Car”, revelou Max.
Créditos: Portal Correio

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Salário mínimo seria de R$ 400 se a PEC 241 estivesse em vigor desde 1998

Se as novas regras da PEC do Teto dos Gastos tivessem entrado em vigor há 20 anos, a economia aos cofres públicos teria sido bastante eficaz, mas o salário mínimo em vigor no País não chegaria à metade do valor de hoje: estaria em apenas R$ 400,00, em vez dos R$ 880,00 estipulados atualmente. O cálculo, obtido com exclusividade pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real da Agência Estado, é do economista Bráulio Borges, pesquisador associado do Departamento de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O pesquisador fez uma simulação aplicando as regras da PEC ao orçamento de 1998, quando começa a série histórica dos gastos do governo central, mantida pelo Tesouro Nacional. À época, os gastos equivaliam a 14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 2015, já alcançaram 19,5% do PIB. Caso os critérios da PEC tivessem sido adotados, esse porcentual teria sido reduzido para 7% do PIB no último ano.
"Só que essa conta não é muito precisa, porque se o gasto do governo tivesse sido muito menor, esse resultado do PIB também poderia ser diferente. Aí a gente entra numa discussão política complexa, de qual seria o tamanho ideal do Estado na economia", ponderou Borges.
De 1998 para cá, o salário mínimo teve um crescimento real médio de 4,2% ao ano. "É muito provável que o salário mínimo teria ficado congelado em termos reais, só recebendo a diferença da inflação", estimou o pesquisador do Ibre/FGV.
O levantamento aponta ainda que metade da alta de 5,5 pontos porcentuais no gasto do governo central entre 1998 e 2015 é explicada pelo aumento do salário mínimo. Mas, se por um lado a política de valorização acima da inflação onerou as contas do governo, por outro também ajudou a reduzir a desigualdade e a movimentar a atividade econômica, ressaltam especialistas.
"Se o salário mínimo tivesse ficado congelado, muito provavelmente traria implicações, porque houve melhoria da distribuição de renda. Teve um custo fiscal, mas teve o benefício da distribuição", reconheceu Borges.
O coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo Souza Júnior, concorda que as políticas de transferência de renda tiveram benefícios no passado recente, sobretudo no sentido de reduzir a desigualdade na distribuição de renda. No entanto, ele reforça que o cálculo de um impacto das regras da PEC sobre os gastos do governo não é trivial, porque as variáveis envolvidas no passado e no momento atual são diferentes.
"É difícil dizer por quanto tempo foi benéfico (o aumento no gasto público com transferências de renda), talvez até 2014", arriscou Souza Júnior.
Entenda a PEC do Teto
Na avaliação do Conselho Federal de Economia (Cofecon), é falso o diagnóstico de que o aumento no gasto público seja proveniente das despesas com saúde, educação, previdência e assistência social. A entidade defende que os gastos com juros da dívida pública são responsáveis por 80% do déficit nominal, o que agravou a situação fiscal do País ao lado de renúncias fiscais excessivas, do combate ineficaz à sonegação fiscal, da frustração da receita e do elevado grau de corrupção.
"O salário mínimo foi o principal responsável pela redução pífia da desigualdade. Isso tem um impacto positivo para a atividade econômica, porque esse salário mínimo vai inteiramente para o consumo, para girar a atividade econômica. No entanto, quando o governo paga R$ 502 bilhões de reais em juros da dívida pública, isso não gira a roda da economia. Porque 85% desse volume estão concentrados em megainvestidores, apenas 0,3% dos detentores de títulos da dívida pública", ressaltou Júlio Miragaya, presidente do Cofecon.
Miragaya acrescenta que o congelamento real dos gastos com educação e saúde impedirá que a prestação desses serviços acompanhe o crescimento populacional no País nas próximas décadas, assim como a assistência a um maior número de pessoas idosas. Na avaliação dele, uma solução mais eficaz para aumentar a arrecadação e ajudar a resolver a equação fiscal seria uma reforma tributária, que trouxesse de volta a cobrança de imposto de renda de 15% sobre lucros e dividendos recebidos por donos e acionistas de empresas.
"O Brasil e a Espanha são os únicos a isentar lucros e dividendos. Temos que efetivamente cobrar mais dos ricos, em vez dos pobres e da classe média, que são os que sustentam o sistema", disse Miragaya.
Créditos : Estadão 

PEC 241 joga o peso da crise nas costas dos trabalhadores, diz Stédile

Para o líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241,  que congela os gastos do governo por 20 anos, joga a responsabilidade nas costas da classe trabalhadora. "Significa retirar direitos, diminuir salários, aumentar o desemprego. É uma forma de descarregar a crise na classe trabalhadora".
A declaração foi dada no sábado (8), em evento da Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes que reuniu líderes de movimentos sociais e acadêmicos para discutir a conjuntura política pós-golpe no país.
Para a professora de Ciências Sociais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Maria Carlotto, a PEC do congelamento deve aprofundar os problemas em áreas como saúde, infraestrutura e educação. "O impacto é abissal. O país vai ser absolutamente distinto do que nós conhecemos hoje se a PEC 241 for aprovada."
A professora ressalta que o governo já começou a cortar recursos das universidades federais. A UFABC, por exemplo, perdeu investimentos para a construção de novos campos, para a abertura de novos cursos e até verba de custeio para água, luz e telefone. Segundo Maria, se os repasses forem mantidos no patamares atuais, ainda que mantenha apenas o seu funcionamento mínimo, a UFABC corre o risco de fechar as portas a partir de agosto de 2017.
Para Stédile, a saída é a mobilização popular. "O espaço da burguesia para fazer a luta de classes é o Parlamento, o governo. O espaço da classe trabalhador, do povo, é a rua, são as praças, os teatros, enfim, aonde nós podemos ser maioria."
Créditos: Rede Brasil Atual

Prefeitos mudam de partido após vencer nas urnas

Poucos dias após a eleição do dia 02, alguns prefeitos eleitos nem esperaram assumir o cargo para anunciar que irão mudar de partido.  De uma só vez, cinco futuros gestores informaram, nesta segunda-feira (10), que integrarão o ‘exército’ girassol comandado pelo PSB. Destes, três são do PMDB, um do PMN e um do PSDB.  Especialista em direito eleitoral, Ricardo Sérvulo garante que a mudança de partido não prejudica os novos gestores.
São eles: Manoel Bezerra Rabelo (PMN) – Manaíra, mais conhecido como Nel; Zé Inácio (PSDB), Santana de Mangueira; Divaldo Dantas (PMDB), Itaporanga; Doca (PMDB), de Mato Grosso; e, Magno de Bá, também do PMDB de  Passagem. O anúnciou aconteceu durante o encontro realizado entre governador o Ricardo Coutinho (PSB) e 54 prefeitos e 17 vice-prefeitos eleitos. O evento aconteceu no Hotel Sapucaia, em Tambaú.
Apesar de ter anunciado mudança partidária, Divaldo Dantas informou que só oficializará a troca após assumir o cargo, em janeiro de 2017.  Zé Inácio informou que já vinha apoiando o PSB ao votar no governador Ricardo Coutinho. “Eu já votei no governador duas vezes espero poder administrar a cidade a partir de janeiro com a ajuda dele”, afirmou Nel.
Edvaldo Rosas afirmou que o acerto para que esses prefeitos migrassem para o PSB foi  feito antes das eleições  e teve o deputado estadual Hervázio Bezerra como o grande articulador.  Segundo ele, o encontro com os prefeitos e o governador tem o objetivo de unificar as gestões municipais com as ações do Governo do Estado para os próximos quatros anos.
“Na eleição deste ano o PSB cresceu 100%. Passou de 28 prefeitos para 54. Além disso, passamos de vereadores para 400 e contamos com a adesão de mais cinco prefeitos neste encontro”, declarou Rosas.
Realidade das urnas será diferente em 2018
Para o líder do governo na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Hervázio Bezerra, a realidade apresentada nas urnas na eleição deste ano será totalmente diferente do cenário de 2018, quando ocorrerá a eleição para o Governo do Estado. “Isso vai mudar e muito daqui a alguns dias. Qual o prefeito que não quer se aliar a ele (Ricardo Coutinho) e fazer o município crescer no mesmo patamar da Paraíba?”, indagou o parlamentar.
Para Hervázio, é preciso saber diferenciar a eleição para prefeito e para o governo para não cantar vitória antes do tempo. “Alguns prefeitos vão mudar de legenda, de agrupamento político. Tem muita coisa para acontecer. Essas coisas só começam a acontecer a partir de janeiro não adianta fazer como fizeram no passado e querer cantar vitória antes do tempo”, disse se referindo ao grupo o PSD, PSDB e PMDB em João Pessoa, que reelegeu o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) no primeiro turno.
O presidente estadual do PMDB, senador José Maranhão, disse que não tem conhecimento da intenção dos três prefeitos peemedebistas de  migrarem para o PSB. Segundo ele, apenas o prefeito de Itaporanga Divaldo Dantas teria informado a possibilidade de mudança.
“Ele (Divaldo) me telefonou dizendo que tinha essa pretensão, mas que não iria mais passar de lado. Agora, ele está meio bando, mesmo, porque esta havendo uma grande revolta do eleitorado da cidade com essa possibilidade e ele também teme perder o cargo caso mude de partido”, comentou José Maranhão.
O senador disse, ainda, que prefeitos de outros partidos estão lhe procurando para ingressar no PMDB. “Mas eu estou orientando esses prefeitos a esperarem um pouco, porque a nova legislação os atinge no caso de infidelidade partidária”, declarou.Fonte: Portal Correio.
Créditos: Focando a Notícia